LIBERTY ✵

By GabhiHolland2013

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Ter sonhos é o que há de mais humano em nossa essência. O sonho de Lyli é trabalhar em uma grande Editora e s... More

✵ APRESENTAÇÃO ✵
✵ PRÓLOGO ✵
✵ CAPÍTULO 1 ✵
✵ CAPÍTULO 2 ✵
✵ CAPÍTULO 3 ✵
✵ CAPÍTULO 4 ✵
✵ CAPÍTULO 5 ✵
✵ CAPÍTULO 6 ✵
✵ CAPÍTULO 7 ✵
✵ CAPÍTULO 8 ✵
✵ CAPÍTULO 9 ✵
✵ CAPÍTULO 10 ✵
✵ CAPÍTULO 11 ✵
✵ CAPÍTULO 12 ✵
✵ CAPÍTULO 13 ✵
✵ CAPÍTULO 14 ✵
✵ CAPÍTULO 15 ✵
✵ CAPÍTULO 16 ✵
✵ CAPÍTULO 17 ✵
✵ CAPÍTULO 18 ✵
✵ CAPÍTULO 19 ✵
✵CAPÍTULO 20✵
✵CAPÍTULO 21✵
✵CAPÍTULO 23 ✵
✵CAPÍTULO 24 ✵
✵CAPÍTULO 25 ✵
✵CAPÍTULO 26✵
✵ CAPÍTULO 27 ✵
✵CAPÍTULO 28✵
✵CAPÍTULO 29✵

✵CAPÍTULO 22 ✵

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By GabhiHolland2013

A ALEGRIA EVITA MIL MALES E PROLONGA A VIDA. ❞ - William Shakespeare

••• "FESTA?" Lyli disse desanimada.

"Não aceito 'não' como resposta." Trevor disse por chamada de voz.

"Quando é?" Ela deixou o celular no modo auto-falante para continuar passando a camisa branca de seu patrão.

"Quinta à noite."

"No meio da semana, Trevor?"

"Sim, Lyli. Vamos, vai ser legal. O Simon também vai e vai convidar a Valerie. Você sabe que ela não recusa festas." Trevor tentava duramente convencer a namorada.

"Mas na quinta eu trabalho e estudo também." Ela estava tentando escapar.

"Todos nós trabalhamos, Lyli. Não vamos amanhecer o dia na festa." Ele explicava para que ela pudesse ao mínimo se interessar um pouquinho.

"Então não vamos chegar tarde em casa?"

"Não passaremos da meia-noite. Eu prometo."

"Com que roupa devo ir?" Ela passava delicadamente o colarinho da camisa de seu patrão.

"Coloca uma que você gostar. Uma roupa que as pessoas usam em baladas e bares."

"Okay. Eu acho que não tenho roupas assim mas eu improviso algo."

"Esse é o espírito, Lyli. Vamos viver a vida." Trevor disse como se tivesse conquistado o maior dos prêmios, sendo que ele conseguiu convencer a namorada a ir em uma festa.

"Eu nunca fui em uma balada." Lyli disse pensativa.

"Bom, então agora você irá."

"Lyli." Josefine gritou. "Tem entrega para você."

"Só um momento, Trevor. Depois eu te ligo."

"Beijos."

"Beijos." Ela encerrou a chamada e colocou o celular no avental do uniforme.

"Tem uma entrega para você." Margot disse enquanto carregava uma vassoura.

"Para mim? Mas eu não pedi nada." Lyli não entendeu muito bem.

"Olha isso!" Josefine apareceu segurando um buquê de tulipas azuis com alguns raminhos de flor mosquitinho brancas salpicados pelo buquê. "Quem te mandou isso?"

"Deixa eu ver." Liberty foi empolgada e pegou o buquê em sua mão, a primeira coisa que ela fez foi sentir o maravilhoso perfume daquelas flores.

Havia um bilhetinho ao lado, ela o abriu e leu atentamente.

"Lyli, um pequeno símbolo de minha gratidão por você. Hoje concluí que sua sugestão de café + chocolate + citação de livros é igual a um aumento de salário :)

Abraços, Simon McGregor

Ps: Diga a Valerie de um modo DISCRETO que eu estou interessado nela."

Ela riu alto cativada pela sensibilidade de Simon, seu cunhado.

"Quem foi que te deu? Conta logo, chérie." Maurice batia o pé impaciente.

"Foi o Simon McGregor. Ele é o irmão do Trevor e assistente particular do Senhor Christopher. Ontem ele pediu uma sugestão de algo que comprasse para fazer um agrado para o nosso patrão. Eu sugeri coisas simples mas que sabia que ele iria gostar." Lyli deu uma pausa. "O Senhor Christopher gostou bastante da atitude do assistente e deu-lhe um aumento. Por isso, ele me mandou um buquê em agradecimento."

"Qual foi a sugestão que você deu a ele, querida?" Dora perguntou.

"Café, chocolates e versos de livros."

"Na mosca!" A governanta riu.

"Vamos colocar esse buquê em um vaso." Empolgada ela saiu procurando um vaso para colocar as flores exuberantes.

"Vamos lá." A governanta acompanhou a moça e as duas saíram.

Não muito tarde naquele mesmo dia o sol já desaparecia no horizonte, os raios luminosos coloriam a parte interna da casa de uma maravilhosa cor bronze. Ao cair do sol uma pequena friagem dava sinal de sua presença. Indícios de que o inverno em poucos meses se iniciaria. Já era noite quando Christopher adentrou sua casa segurando o paletó de seu terno na mão. A comida de Maurice exalava pela casa toda, o cheiro do queijo derretido entre o macarrão era divinal. Naquele momento, o Hartmann ansiava um banho quente e relaxante, foi isso que ele fez. Estava tão cansado, do jeito que ele gostava. Ele não tinha preguiça. Alguns dizem que esse é o segredo do sucesso, disposição para exatamente tudo relacionado ao trabalho e propostas de inovação. De banho tomado e roupas limpas e confortáveis o Hartmann lembrou-se da pequena citação que havia deixado para Lyli na biblioteca. Christopher nem sabia porque havia escrito aquilo e ofertado à moça. Algo aleatório e espontâneo. Ele entrou na biblioteca e as luzes automaticamente se acenderam, o bilhete com as iniciais LS não mais estava lá, havia sido substituído por um novo papel dobrado com as iniciais CH. Ele abriu o papelzinho e com uma letra meiga e redondinha estava lá escrito.

"A alegria evita mil males e prolonga a vida.
- William Shakespeare."

Christopher havia escrito um trecho shakespeariano para Lyli e assim ela retribuiu ainda utilizando um trecho do mesmo escritor. Ah, Shakespeare... Que poder tem seus versos! Um batuque foi ouvido na porta da biblioteca, lá estava ela sorridente como sempre.

"Senhor, o jantar está na mesa." Ela disse com voz suave e gentil.

"Vamos descendo." Ele disse e foram juntos andando pelo corredor.

"Como foi o dia, senhor?"

"Foi bastante cansativo, exaustivo e cheio de responsabilidades." Ele respirou fundo. "Assim como eu gosto."

"Fico feliz por o senhor ter voltado à rotina normal." Ela demonstrou fraternidade.

"Sabe, hoje mesmo eu estava pensando e com base nos contos clássicos para você se encaixar no perfil das princesas da Disney só bastava que soubesse cantar. Hoje eu descobri que você canta."

"O senhor ouviu?" Ela ficou surpresa.

"Creio que todos da casa tenham escutado."

"Que vergonha!" Ela cobriu o rosto com as mãos, ainda deu para notar-se um pequeno rubor nas maçãs das bochechas.

"Não sinta." Ele disse deixando Lyli mais confortável diante da situação. "Você transmitiu tanta paz, tanta... leveza. Isso me trouxe a lembrança de minha mãe, ela cantava essa música até que eu caísse no sono. Todos os dias ela cantava para eu dormir."

"Vocês eram próximos, não é, senhor?"

"Sim. Éramos. Não tem um único dia sequer que eu não passe sem me lembrar de meus pais. Antes eu sentia uma mágoa em lembrar disso, mas agora não. Agora eu sinto saudade, mas fico feliz que o tempo que passamos juntos foi bem aproveitado."

O corredor parecia ser tão longo, ou os passos de Lyli e do patrão cada vez mais curtos para que desse o prazo exato de terminarem seu diálogo.

"Quanto aos seus pais?" Christopher perguntou. "Nunca ouvi você falando deles."

"Apenas minha mãe. Meu pai nod abandonou quando eu ainda era bebê e se mudou de cidade, ou talvez país, desde então não tive contato com ele. Minha mãe se esforçou bastante em minha criação, ela conseguiu cumprir bem a função de um pai e uma mãe." Lyli sentia muito orgulho do exemplo de mulher que era sua mãe. Uma mulher que não fugia à luta.

"Há muito tempo que você não a vê?"

"10 longos meses." Ela sentiu um aperto no coração.

"Quando irá vê-la?"

"Quando eu conseguir um descanso dos estudos."

"Assim que desejar ir é só comunicar com a Dora e você está liberada. Não precisa se preocupar com o trabalho."

"Muito obrigada, senhor." Ela agradeceu se sentindo bastante grata.

"E os estudos? Quando se encerram?"

"Estou na fase final. Se encerrará no segundo semestre desse ano." Ela disse empolgada para ter seu esperado diploma. "O que mais me preocupa é em ter que sair daqui. Todos me acolheram tão bem. Não sei mais se consigo viver sem vocês."

"Liberty, quem se preocupa de você sair daqui somos nós." Ele riu com sinceridade. "Dora gosta de dizer que essa casa precisava de liberdade. Ouso dizer que ela está certa."

"Quando eu sair virei aqui todos os dias tomar um cafezinho com o senhor e o pessoal." Ela disse com um sorrisinho sapeca no rosto, Christopher riu acompanhando-a.

Ainda tinha muita água para passar debaixo da ponte até que conseguisse seu tão almejado diploma. As metas estavam cada vez maiores de serem alcançadas, mas não impossíveis. O próximo passo era conseguir um apartamento novo, bom e em condições adequadas. O trauma do apartamento antigo ainda recendia em suas memórias causando-lhe calafrios na espinha. Assim que comprasse o apartamento ela poderia então trazer sua mãe de Byron Bay para Sydney. Eram metas antigas estabelecidas por mãe e filha desde mais jovens. Tendo um emprego em sua área de formação profissional Lyli não poderia mais residir na Mansão do Hartmann. Não lhe sobraria tempo para trabalhar em dois lugares ao memo tempo. Morar lá sem pagar as despesas e não servindo ao dono é um pouco de abuso. Logo, em sua mente, ela teria que sair, caso contrário estaria lá de favor. Ela não queria isso.

Ah, Lyli. Tão cativante e doce. Mas será mesmo que ela iria sair dessa casa tão maravilhosa que agrega pessoas tão especiais e únicas? Sabe-se lá o que o destino ainda haveria de aprontar por aqui.

[...]

Lá estavam Lyli e Trevor caminhando com os pés descalços na areia morna da praia. Um daqueles passeios aleatórios de início de noite. Era um dia após suas aulas na faculdade. As ondas leves batiam em seus tornozelos e recuavam puxando a areia debaixo de seus pés. Eram movimentos contínuos das ondas.

"... a partir daí houve uma reviravolta na sala de aula, cada formando parecia querer algo diferente para a festa após a colação de grau." Lyli dava o relatório de seu dia na faculdade. "Havia uma turma que queria a festa no estilo havaiano, outra anos 80, uma grande parte à fantasia. Por mim qualquer um estava bom. O foco é pegar o diploma." Ela estava decidida do que realmente queria.

"Mas qual tema decidiram por fim?" Trevor chutava as ondas.

"Um totalmente diferente de todos os outros, porém o mais tradicional." Lyli sentia um entusiasmo fora do comum.

"E qual foi?"

"Baile de Gala. E eu adorei." Ela bateu palmas com as pontas dos dedos. "Tenho um vestido que é deslumbrante, ele é lindo, magnífico e vermelho." Ela girou de olhos fechados como uma bailarina parecendo sentir novamente aquela peça em seu corpo.

"Gostaria de ver você o vestindo." Trevor pareceu atencioso.

"Você já o viu por foto." Ela riu.

"Já? Não me lembro."

"Então você só verá ele novamente no dia da minha formatura." Ela riu toda sapeca.

"Qual é?"

Trevor a pegou por trás rodeando os braços na cintura da moça e erguendo-a no ar. Ele enchia a mesma de cócegas infindáveis, Lyli esperneava como um franguinho magricela. Trevor não conseguindo segurar a namorada esperneando os dois caíram na areia quente. Ele caiu por cima dela. Permaneceram olhando um nos olhos do outro por um bom tempo até que seus lábios se encontraram, dando início a um beijo acelerado e caloroso. Não havia mais ninguém na orla da praia, apenas os dois, o que dava uma certa permissão para entrarem nos amassos. Podiam ficar ali nos amassos por uns bons minutos. A mão atrevida de Trevor subia pela cintura de Lyli até chegar em suas costelas e sua boca beijava-lhe a nuca avassaladoramente. Um flashback atingia os pensamentos de Liberty não permitindo-a desfrutar daquele momento. Em suas memórias ela conseguia relembrar uma mão correndo por seu corpo sem seu consentimento. A dor no meio das pernas parecia estar acontecendo novamente, o rasgar, o queimar, mesmo que ele não estivesse tocando-lhe a região. Lyli tentava esquecer o passado e voltar sua mente para o presente, onde ela já havia crescido e estava com uma pessoa que a apreciava. A mão de Trevor subia em seu busto e apertou-lhe um dos seios. A ocasião aliada àquelas lembranças angustiantes lhe deram um nó na garganta e os seus punhos cerraram. Aquilo estava lhe causando incômodos, vendo que não conseguia prosseguir com o namorado ela pediu:

"Trevor... para."

Ele estava bastante concentrado e interessado naquele momento que sequer ouviu os afagos de Lyli.

"Trevor, para por favor!" Ela o empurrou para longe, sua voz pareceu um choro.

"O que foi, Lyli?" Ele a olhou incrédulo.

"Nada." Se negou a dizer.

"Como nada? Você me empurrou para longe e está chorando." Ele se levantou e parecia estar bravo com a atitude da loirinha, o que causou um certo espanto nela.

"Me leva para casa, por favor." Pediu desviando seu olhar para outra direção contrária a Trevor.

"Por que você sempre quer bancar a difícil, Lyli. Sempre é isso, troca essa fita. Uma hora as pessoas se cansarão." Ele dizia em alta voz.

Aquilo ardia em raiva nos ouvidos de Lyli por ser mal compreendida pelo namorado. Ela apenas virou as costas e saiu andando para pegar um táxi. A moça optou por privilegiar sua saúde mental naquele instante e evitar discussões.

"Você vai me ignorar agora?" Trevor foi andando atrás dela.

"Eu pedi para você me levar para casa mas você não quis, então eu estou indo sozinha." Disse olhando para frente.

"Aquela não é sua casa e aquelas pessoas não são sua família." Ele foi duro ao proferir aquela frase.

Lyli sentiu um choque ao ouvir tais palavras que parou como se houvesse uma barreira invisível em sua frente.

"Aquela é minha casa e eles são sim minha família. E é para onde eu estou indo agora."

Sem dar mais satisfação ela saiu de perto de Trevor e pegou o primeiro táxi que viu estacionado. Lyli entrou no carro e foi para onde ela se sentia bem e para junto de pessoas que lhe davam amor fraterno. Ao adentrar a mansão que possuía muros de pedra e portões de grade ela ouviu sons de conversas. Estavam o patrão e os empregados da casa sentados todos à mesa. Lyli não imaginou que o patrão já estaria em casa, por isso entrou pela porta da frente, normalmente ele era o último a sair da empresa e só chega depois das 19h. Todavia, hoje havia chegado mais cedo e estava sentado à mesa com seus contratados.

"Ela chegou." Christopher disse se levantando da cadeira e indo até a moça.

Lyli não soube o que dizer, estava maravilhada de ver todos lá conversando e sorrindo com suas taças cheias de suco de laranja e outras com xícaras de chá.

"Venha se sentar com a gente, Liberty." O patrão convidou dando-lhe a passagem para ir até à mesa.

Maurice se levantou e deu seu lugar para a moça, o lugar mais próximo ao patrão. Lyli estava analisando aquela mesa farta de quitandas, frutas, bolos e pequenos sanduíches. As uvas roxas estavam graúdas e brilhando, parecia que a qualquer segundo iriam estourar espalhando seu suco pela bandeja de vidro. Lyli ainda não havia identificado o que se procedia ali.

"O que estão comemorando?" Questionou.

"Nada. É apenas um lanche de final de tarde." Respondeu o patrão.

Lyli ficou bastante surpreendida. Aquela era uma mudança da água para o vinho. Uma mudança extremamente importante e significativa para os funcionários que se sentiam queridos e valorizados. Eles estavam assentados à mesa que costumeiramente serviam o patrão e sentiam-se parte fundamental da vida de Christopher. Não estavam errados em pensar isso.

"Nesse caso, Maurice, me passe as rosquinhas que estou faminta." Ela estendeu as mãos para pegar a bandeja.

"Elas estão ótimas porque eu sou um ótimo cozinheiro, mon petit." Disse mostrando seu convencimento como um pavão mostra sua cauda exuberante.

"Eu gostaria de aproveitar a ocasião para contar algo." Disse Josefine tímida - sim, Josefine ficou tímida.

"Estamos ouvindo." Christopher indicou que ela prosseguisse.

"É uma coisa que eu de maneira alguma imaginei que fosse acontecer por agora, sabe, porque eu sempre estava focada em outras coisas e..."

"Josefine, vá direto ao ponto!" Maurice estressou.

"Eu estou grávida!" Ela disse com um sorriso enorme no rosto.

"Grávida de quem, Josefine?" Margot perguntou assustada.

"Do meu namorado que por acaso namoramos há 10 anos." Ela fez o número com os dedos.

"AI. MEU. DEUS. Eu estou tão feliz! Vamos ter um mascote para o grupo." Lyli aplaudiu e abraçou Josie fortemente.

"Meus parabéns, nova mamãe." Christopher desejou todo cordial como de práxis.

"Bem-vinda ao time das mamães, Jose." Andrea a saudou.

"Descobri hoje pela manhã quando peguei o resultado. Eu era uma daquelas mulheres que afirmavam com toda a certeza que jamais queria ter filhos. Mas, no instante em que descobri que estava grávida eu senti uma sensação tão boa. Eu não queria ter filhos até descobrir que estou carregando um na barriga. Eu já estou pensando no quartinho e nas roupinhas." Ela se emocionou. "Obrigada por tudo, eu amo todos." Já denotava sinais de emotividade da gravidez.

"Te amamos, maman Jose." Maurice disse banhado pelo carinho em nome de todos.

Aquele café da tarde acabou se tornando um café em comemoração à gravidez de Josefine. O clima na mansão era o melhor que já pôde existir, em que até o ar parecia mais leve. Liberty se encontrava perdida no incrível mundo de seu subconsciente refletindo e se perguntava: Como essas pessoas não podiam ser uma família? É claro que eram! Não do modo convencional como era imposto, mas eram uma família, a instituição onde reinava o amor e o carinho.

Mais tarde, ainda naquela noite, Maurice, usando pijamas de bolinhas, passou em frente ao quarto de Lyli e a viu sentada sentada na cama olhando para o nada. Algo não parecia estar certo. Percebendo uma ausência de vigor e alegria em sua face achegou-se a ela.

"Mon petit..."

"Sim, Mauri?" Desviou-se de seu transe.

"Está tudo bien?" Se sentou na cama com ela.

"Sim, sim. Claro. Por que não estaria? Hoje dia foi excelente." Riu falsamente.

"Está sendo sincera?" Perguntou desconfiado.

"Não." Ela se jogou de costas na cama.

"O que foi, mon amour?"

"Mauri, você se lembra de eu dizer sobre experiências antigas com meu primeiro namorado?"

"Oui."

"Eu irei contar melhor essa história." Disse tomando coragem. "Eu tinha uns quatorze anos quando começamos essa paixãozinha de ensino médio. Ele era mais velho, tinha dezessete. As meninas da idade dele faziam de tudo para chamar sua atenção, para serem notadas, e ele me queria. Eu estava completamente apaixonada, me sentia a escolhida. Devia ter imaginado que não podia ter as melhores intenções. Mamãe sempre detestou a ideia de namorar antes de terminar a escola. Tudo era lindo no início, no primeiro mês, ele me levava para passeios legais, me dava flores e chocolates. Era o sonho de qualquer garota em seus quatorze. Após algum tempo ele mudou, queria dar um passo à mais, ele queria..." Pausou sua fala, respirou fundo e cerrou o punho apertando o polegar. "Eu disse que não estava preparada, podíamos esperar. Ele aceitou bem, mas depois de um tempo, ele tirou fotos minhas durante o banho sem meu consentimento e me ameaçou para transar com ele, caso eu não fizesse ele iria espalhar as fotos. Eu ainda era muito ingênua, Mauri, e tinha muito medo que isso acontecesse, eu não percebi que ele era um covarde quando me interessei por ele. A única solução que me restava era fazer o que ele queria." Ela parou de falar por uns segundos como se sentisse novamente aquela horrível sensação de incapacidade. "Eu fiz o que ele quis, mas de modo algum era o que eu queria, aquilo me machucou e doeu, não apenas feriu meu corpo, mas meu psicológico. Me dá uma... uma raiva quando me lembro, e um sentimento de fraqueza. O que dói mais foi que mamãe descobriu, eu contei, e procuramos a delegacia, a delegacia não fez nada por mim. Não fez nada por ninguém. Não acreditaram em mim. A fama do rapaz na cidade era boa, os pais dele tinham posses e nome. Na verdade, a minha fama que ficou ruim. Me acusaram de querer me beneficiar. No final, minhas fotos rodaram pelos corredores da escola, mostrando o quão covarde ele era."

"Eu... eu sinto muito que tenha que ter passado por isso."

"Hoje, Trevor e eu tentamos dar mais um passo na relação e eu não consegui. Eu senti como se estivesse se repetindo novamente. Eu o joguei longe e quase chorei, ele ficou assustado e indignado. Foi horrível, Maurice."

O amigo a puxou para perto de si e fez com que ela deitasse a cabeça em seu colo. O mesmo suspirou fundo como se buscasse algo para dizer à amiga que lhe confortasse. As mãos do francês acariciavam seus cabelos delicadamente.

"Mon petit, me dói tanto em saber que você tenha passado por isso. E me impressiona que você nunca quis retirar o sorriso do rosto. Você é forte. Muito forte de espírito."

"Maurice, e se eu nunca mais conseguir ter mais um prazer com uma pessoa que eu goste? Eu tenho medo. Um relacionamento necessita de um pouco de sexo."

"Mon petit, o sexo aproxima um casal, é um momento de sentirem uma sensação maravilhosa juntos, mas ele non é o principal. Existe o carinho, o afeto, o companheirismo, a fidelidade e o amor. Sem eles o sexo se torna apenas uma diversão carnal."

"E se eu não conseguir mais fazer? Eu criei um medo de sexo."

"Mon petit, você deve fazer quando sentir que deve, quando sentir seus pelos do braço se arrepiarem de vontade e quando estiver confortável para isso. É preciso de um homme que compreenda seu tempo. Gaste o tempo que precisar. Non se importe! Se o seu companheiro non esperar seu tempo, meta o pé na bunda dele. Ele non te merecia. Porém, essa missão principal cabe ao companheiro que você tiver. Ele deve fazer com que você se sinta única, especial e acima de tudo, que você se sinta protegida por ele."

"Mauri, obrigada. Eu acho que ouvi tudo que precisava."

"Caso algum homme te ameace novamente entre em contato comigo que eu arranjo uma gangue para bater nele." Disse com a voz firme.

"Essa ideia não pode ter surgido do acaso. Começo a suspeitar que você quem contratou a gangue para dar uma surra no Senhor Christopher." Fingiu desconfiança.

"Você viu como ele estava empolgado hoje? Ele me parece um novo homme." Maurice ainda caminhava seus dedos no cabelo dela.

"Ele é incrível, não é? A Dora sempre dizia mas eu nunca acreditava. Como podia aquele bruto sem escrúpulos ser incrível? Eu o subestimei. Ainda bem que eu estava errada sobre ele." Lyli não tinha um pingo de orgulho em admitir seu pensamento errôneo a respeito do patrão.

"O monsieur é uma caixa de surpresa igual você, mon petit. Por mais que a gente tente entender vocês dois sempre serão indecifráveis." Maurice olhava para a loirinha deitada com a cabeça em seu colo.

"Desde que ele voltou para o trabalho está diferente. Um diferente bom." Disse entremeio um bocejo de sono.

"Ele está feliz, muito feliz." O chef olhava Lyli semelhante a um querubim com os olhos quase se fechando de cansaço.

"Eu gosto de vê-lo feliz. Eu gosto de ver todos felizes." Disse quase entre sussurros e então deu início a um sono profundo.

"Ah, mon petit, a sua simplicidade non a permite ver que é você quem desperta o que há de bom nele." Maurice disse mesmo sabendo que Lyli não o ouvia.

Ele se levantou cuidadosamente colocando afavelmente a cabeça da moça no travesseiro, apanhou o cobertor e cobriu a moça para que ela não sofresse com a friagem da madrugada. Ele deu um beijinho na testa dela com muito amor que sentia por aquela pessoa tão original e humilde e desligou a luz do quarto da amiga fechando a porta logo em seguida.

EU QUERIA UM MAURICE PARA MIM, SÉRIO! EU AMO ESSES DOIS INCONDICIONALMENTE.
ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO. PORQUE EU MESMO QUE ESCREVO FICO TOMADA DE EMPOLGAÇÃO KKKKK

AMO TODOS
XOXO

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