Já são 12:35 de sexta-feira. O que significa que daqui a poucas horas eu vou a festa de aniversário do Paulo.
O problema é que enfiei a cara nos livros de estudo e fiquei adiando a compra do presente a semana inteira. Agora, me encontro sem presente, quase sem tempo e a um passo de entrar em desespero.
Passei a manhã inteira pensando nisso. Mal prestei atenção nas aulas. O que se deve dar de presente para uma pessoa que você tem uma queda há anos?
Me jogo na cama e pego o celular na mesinha, abro o aplicativo de mensagens e mando uma mensagem para a Cris, torcendo para que ela me dê alguma ideia.
Heloísa: Cris, preciso da
sua ajuda! Não faço a menor ideia do que comprar de presente para o Paulo.
- 12:36
Começo a roer as unhas em ansiedade enquanto aguardo sua resposta, que chega alguns minutos depois.
Cristine: Fala sério, Heloísa! Deixa td para cima da hora, né?
- 12:38
Heloísa: Não é hora de me
dar bronca, Cristine!
O aniversário é daqui a pouco!
- 12:38
Cristine: Ok, ok! Não precisa de tanto desespero. Ainda dá tempo de sobra para você comprar alguma coisa.
- 12:39
Heloísa: O que acha que eu devo comprar? Não faço a menor ideia do que dar de presente a um menino.
- 12:39
Cristine: O mesmo que você sempre compra para o Arthur ou para seu avô.
Blusa, carteira, óculos de sol...
Não tem muito mistério!
É só um garoto, não é? Não é tão difícil assim comprar uma coisa legal.
- 12:40
É em momentos como esse que me pergunto o porquê de eu não contar logo para a Cris que eu gosto do Paulo. Seria tão mais fácil se ela soubesse.
Omitir as coisas dos amigos é uma droga! Por que eu sou assim?
Heloísa: Sabe que eu sou péssima escolhendo essas coisas. Não pode ir ao shopping comigo?
- 12:41
Cristine: Infelizmente não vai dar, amiga. A funcionária do caixa do mercado está doente e vou ficar no lugar dela hoje a tarde e só vou sair em cima da hora de me arrumar para a festa.
Deveria ter marcado antes! A gente teria comprado o presente juntas.
- 12:42
Reviro os olhos. Ela nunca perde uma oportunidade de me repreender. Mas ela tem razão, eu realmente costumo deixar a maioria das coisas para cima da hora.
Ela manda outra mensagem alguns segundos depois:
Cristine: Mas é só comprar uma blusa bonitinha e tudo se resolve. Eu fiz isso. Você se preocupa demais com pouca coisa, mana.
- 12:42
Pelo andar da carruagem, o jeito será eu me virar sozinha mesmo...
Heloísa: Tem razão. Te vejo mais tarde.
- 12: 43
Cristine: Beleza! Passo aí para te buscar.
O Arthur vai levar a gente de carro!!!
- 12:43
Desde que o Arthur tirou a carteira ele tem levado a gente para todo canto. Ter um amigo que dirige é o máximo. E como o pai dele ainda não pode dirigir, devido a ordens médicas, o Arthur tem toda a liberdade para usar o carro dele. E a gente se aproveita muito dessa liberdade.
Heloísa: Ok! Até lá.
- 12:44
Levanto da cama e vou até um potinho de plástico com estampas de florzinhas amarelas, onde guardo as minhas economias.
Como sou uma estudante desempregada, todo dinheiro que tenho foi dado pelos meus avós ou pela tia Lúcia. Sempre gasto esses dinheiro com lanche no colégio ou comprando besteiras no shopping, então nunca junto muita coisa, e agora estou torcendo para que tenha grana suficiente para comprar alguma coisa legal para o Paulo.
Pego o pote, abro a tampa e me sento na cama para contar o dinheiro.
Minutos depois descubro que tenho apenas 48 reais e 35 centavos.
Em um lugar como o Brasil, em que tudo é sempre absurdamente caro, vou ter que me esforçar muito para achar um presente minimamente aceitável que caiba nesse orçamento.
Suspiro frustrada.
Pra quê eu fui comprar tanto pastel de queijo no intervalo, hein?
•••
Depois de tomar banho, me vestir e almoçar; decido finalmente sair atrás do presente – mesmo ainda não fazendo ideia do que comprar.
Peço uma carona até o shopping ao vô Carlos, já que ele sempre joga damas com os amigos todas as quartas e sextas em uma pracinha no centro da cidade. Ele topa me levar e promete me buscar quando terminar sua partida.
E quando ele fala sobre terminar "sua partida", isso quer dizer que vai demorar muito para ele aparecer. Fui em uma dessas partidas uma vez e o vó Carlos ficou mais de três horas em uma única partida do jogo. Três horas!
Apesar das complicações que a idade impõe a ele, vó Carlos ainda tem licença para dirigir e é sempre muito responsável no trânsito. Nunca teve sequer uma multa nem nada do tipo.
Entro no meu quarto para pegar minha bolsinha com o dinheiro e o celular, mas paro no meio do caminho quando, do nada, me lembro do Diogo.
Me esqueci completamente que hoje é dia da nossa aula! Pego o celular, pronta para desmarcar nosso encontro de hoje, mas pondero quando uma ideia se acende na minha cabeça. Uma ideia absurdamente inusitada e idiota, diga-se de passagem, mas estou desesperada o suficiente para tentar.
Heloísa: Oi
- 1:35 da tarde
Envio o comprimento, tentando quebrar o gelo antes de falar o que realmente quero.
Diogo: Oi
- 1:37 da tarde
Heloísa: Não vai dar para
termos aula hoje a tarde.
- 1:37 da tarde
Diogo: Beleza.
- 1:37 da tarde
Heloísa: Poderia me ajudar numa
outra coisa?
- 1:38 da tarde
Diogo: Com o quê?
- 1:38 da tarde
Respiro fundo para criar coragem e começo a digitar:
Heloísa: Preciso comprar um presente de aniversário para o Paulo. Poderia me ajudar? Sou péssima em escolher presentes, principalmente para meninos.
- 1:39 da tarde
Diogo: Te ajudar de que jeito?
- 1:39 da tarde
Começo a digitar a mensagem, mas paro e penso se devo mandar ou desistir dessa ideia maluca.
Bom, como vó rute costuma dizer: quem está na chuva é para se molhar. Agora que já comecei, o jeito é continuar.
Respiro fundo e aperto em enviar.
Heloísa: Pode vir no Shopping comigo e me ajudar a escolher um presente?
- 1:40 da tarde
Diogo: Tá falando sério?
P/q eu faria isso?
- 1:40 da tarde
Sinto vontade de me estapear ao ler a mensagem. Realmente, por que ele me ajudaria com uma coisa dessas? Nem amigos nós somos! Que ideia mais idiota!
Heloísa: Tem razão.
Deixa para lá.
Foi besteira minha.
- 1:41 da tarde
Desligo a tela do celular, mas segundos depois sinto ele vibrar com uma nova notificação.
Diogo: Eu não disse que não iria.
Não tenho nada para fazer hoje mesmo, então posso te ajudar com isso numa boa.
- 1:41 da tarde
Ele concordou?
Quase pulo de alegria, mas me contenho a tempo.
Diogo: Pode ser no Shopping que fica a dois quarteirões daqui de casa?
- 1:42 da tarde
Heloísa: Claro! Te mando uma mensagem quando estiver perto do shopping.
- 1:42 da tarde
Diogo: Tá bom.
- 1:42 da tarde
Heloísa: Até lá ❤
- 1:43 da tarde
Será que o emoji de coração no final foi muito exagero?, pondero, mas logo penso que a hora está contra mim e esqueço o assunto.
Jogo meu celular na bolsa junto com o dinheiro e saio contente em direção a sala, onde encontro meu avô sentado no sofá, vendo TV enquanto me espera. Quando me vê ele desliga o aparelho e se levanta, pegando suas chaves.
Assim que entro no carro mando uma mensagem para o Diogo avisando que já estou saindo de casa.
Meu avô liga o rádio do carro em uma música animada, e eu encosto a cabeça no banco, fechando os olhos e apreciando a melodia.
Começo a pensar na loucura de ter chamado o Diogo para me ajudar. O desespero sempre me faz cometer coisas impensáveis, então nem me julgo.
Mas por qual razão ele aceitou?
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Estamos caminhando para a reta final do livro! Quando chegar ao capítulo 30, vou repostar o resto do livro inteiro de uma vez para vocês. Quem aí quer muito isso?
Até o próximo capítulo!
Bjs e fiquem com Jesus ♡