Do Que o Amor é Feito | Amore...

By Tayh_Souza

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O que você faria se um estranho descobrisse um segredo seu? Heloísa nutre um amor platônico pelo mesmo garoto... More

Sinopse e Nota
Capítulo 02 - Eu disse isso em voz alta?
Capítulo 03 - Você estava me espionando!
Capítulo 04 - Fui pega em flagrante!
Capítulo 05 - Não vou mais pensar nele
Capítulo 06 - Que tal fazermos um acordo?
Capítulo 07 - Um caso perdido de amor platônico
Capítulo 08 - Sou uma completa e perfeita azarada
Capítulo 09 - Tão cortês quanto um quadrúpede
Capítulo 10 - Você vai voltar amanhã?
Capítulo 11 - A gente meio que começou com o pé esquerdo
Capítulo 12 - Meus amigos favoritos
Capítulo 13 - Você é um desastre ambulante
Capítulo 14 - Uma discussão sobre namorados
Capítulo 15 - 17 anos
Capítulo 16 - Essa foi por muito pouco!
Capítulo 17 - Que espécie de pergunta é essa?
Capitulo 18 - Foi só sua imaginação
Capítulo 19 - Somos best friends para sempre
Capítulo 20 - Uma ideia absurdamente inusitada e idiota
Capítulo 21 - E se fosse você que gostasse de alguém?
Capítulo 22 - O que foi que eu perdi?
Capítulo 23 - Você está diferente
Capítulo 24 - O que me deu na cabeça?
Capítulo 25 - Isso significa o que eu estou pensando?
Capítulo 26 - Esse garoto é impossível!
Capítulo 27 - Ele está me chamando para sair?
Capítulo 28 - O que será que houve com ele?
Capítulo 29 - Que tipo de opinião eu posso dar sobre isso?
Capítulo 30 - O que está rolando aqui?
Capítulo 31 - Detesto segundas-feiras!
Capítulo 32 - Qual é, afinal, o meu problema?
Capítulo 33 - Apaixonado? Por mim?
Capítulo Bônus
Capítulo 34 - Como pude ser tão cega?
Capítulo 35 - Estava sentindo tanta falta dele!
Capítulo 36 - Do que o amor é feito
Capítulo 37 - Clima de desastres amorosos
Capítulo 38 - Ele é um cara de sorte
Capítulo 39 - Ele... foi embora
Capítulo 40 - Clichê?
Capítulo Bônus
Capítulo Final
Agradecimentos
Premiações
Outra Vez o Amor Acontece

Capítulo 01 - O garoto do corredor

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By Tayh_Souza

  Eu provavelmente estou a um passo de ter um aneurisma.

Minha respiração está irregular, meu coração dói dentro da caixa torácica e gotículas de suor estão começando a se acumular na minha testa.

Minha avó diria que esses sintomas poderiam ser um claro sinal de derrame cerebral. No mínimo.

Mas, dramas de uma senhora de 65 anos à parte, na verdade, essas reações corporais são apenas o resultado que eu obtive ao estar correndo feito uma desesperada nos últimos dois minutos e meio.

Aperto a alça da mochila pesada pendurada no meu ombro e continuo a correr pelo corredor vazio do colégio, com 0% de vontade de me atrasar para a primeira aula do ano com ninguém mais, ninguém menos, que Edgar, o professor de química mais exigente, estressado e intolerante da história do ensino médio.

Esse é apenas mais um daqueles dias na minha vida em que nada (absolutamente nada!) parece dar certo.

Para começo de conversa, hoje minha manhã já começou do pior jeito possível: o despertador não tocou, mal tive tempo de engolir o café da manhã, perdi o ônibus do colégio e, no fim, tive que vir de carona no carro da minha avó - que devido a idade já avançada dirige muito devagar.

E tudo isso só está acontecendo comigo porque o meu carregador estava mal conectado na tomada durante toda a noite, o que levou meu celular com bateria viciada a desligar durante a madrugada.

Pois é, eu sou uma azarada com A de anta.

O som estridente do último sinal para entrar na sala ecoa pelo pátio e faz meu coração acelerar ainda mais — se é que isso é humanamente possível.

Não me resta mais nenhuma esperança: eu vou chegar atrasada!

Valeu celular viciado!

Fecho os olhos, faço uma prece silenciosa para que Edgar ainda não tenha chegado, respiro fundo para tentar recuperar o fôlego e enfim chego ao corredor que leva à porta da minha sala.

Mas, como a sorte nunca está do meu lado numa manhã de segunda-feira – ou em qualquer outro dia da semana –, assim que viro o corredor sou surpreendida por um indivíduo parado na frente da porta da minha sala, e acabo esbarrando nele com tudo, fazendo nós dois irmos de encontro ao chão como sacos de batatas, cada um para um lado. Para completar o desastre, meus livros, cadernos e canetas tomam conta de todo o piso branco ao nosso redor, graças ao maldito zíper da mochila que eu nem sabia que estava aberto.

— Olha por onde anda, tapada! – uma voz masculina irritada esbraveja ao meu lado. — Você é cega, por acaso?

Viro meu rosto em direção ao mal educado, pronta para dar uma resposta a altura para quem quer que seja, e o que encontro é um garoto loiro, usando preto da cabeça aos pés, com olhos castanhos cheios de fúria, me encarando de cara amarrada.

Tento me lembrar se já o conheço, mas, como nunca o vi no colégio nesses quase três anos estudando aqui, e levando em consideração que não está usando o uniforme, só pode ser um novato.

— Você que estava parado parecendo um idiota na frente da porta e ainda quer me culpar? – Começo a pegar meus livros do chão, sem nem me dar ao trabalho de continuar olhando para ele. — E, a propósito, o único tapado que eu estou vendo aqui é você – revido ao seu xingamento ridículo.

Quem ele pensa que é? Me chamou de tapada! T-a-p-a-d-a! Não gosto de discussão, mas também não vou permitir que ele me destrate desse jeito. Mesmo que eu não saiba ao certo o que tapada signifique. Que tipo de chigamento é esse, afinal?

— O quê?! – O loiro se levanta. Vejo pelo canto do olho ele pegando do chão o que eu acho ser um óculos de grau. — Veio correndo na minha direção tão delicada quanto um flamingo pulando corda e eu que sou o idiota? – diz ele, claramente zombando do cardigã rosa chock que estou usando por cima do uniforme branco do colégio.

Fico ainda mais indignada ao ouvir a ofensa à minha peça de roupa favorita. Apesar da cor rosa chock ser, de fato, um pouco chamativa, eu amo esse cardigã, pois foi o primeiro presente que ganhei de Cristine, minha melhor amiga – e é ainda mais especial pelo fato de que ela mesma personalizou a peça com mini girassóis na barra especialmente para mim.

Ergo um pouco a cabeça e encaro o loiro com irritação. Ele agora está usando um óculos de grau de armação preta e grossa no rosto magro, e uma touca preta cobre metade dos seus fios claros. O garoto cruza os braços em frente a blusa preta sem estampa e levanta uma das sobrancelhas loiras, como se me desafiasse a contradizê-lo.

— Olha aqui, seu...

— Heloísa? – sou interrompida por uma voz ranzinza e arranhada chamando meu nome.

Sinto um frio subir pela minha espinha e olho para o lado, onde encontro o motivo dos meus pesadelos acadêmicos parado a poucos passos de mim, com as sobrancelhas grisalhas franzidas em descontentamento enquanto me encara com um ar questionador.

O professor não chegou na sala antes de mim. Estou salva! Porém... é provável que tenha acabado de me pegar numa discussão em frente a sala de aula. Estou ferrada!

— O que está acontecendo aqui? – pergunta ele enquanto se aproxima ainda mais.

— Nada, professor – respondo, abrindo um sorriso amarelo e torcendo internamente para que ele não tenha presenciado a discussão.

Tudo que não preciso é de uma anotação de mau comportamento na minha ficha escolar impecável. Do jeito que o professor Edgar é meio surtado, ele me mandaria para a Diretoria sem pensar duas vezes e ainda pegaria no meu pé pelo resto do ano letivo.

Então, sem perder mais tempo, pego o último livro do chão, me levanto e passo pelo garoto loiro, que ainda ostenta a mesma cara de – como diria minha querida vozinha – quem comeu e não gostou.

Viro a cara, o ignorando, e caminho até a porta.

Não é da minha natureza discutir e fazer as pessoas me detestarem. Longe disso. Na verdade, em um dia comum, onde eu não estivesse estressada e ele não tivesse gritado comigo, eu teria me desculpado e ficaria com vergonha do papel de trouxa que fiz jogando o garoto no chão daquele jeito. Mas ele decidiu entrar no meu caminho logo em um dia péssimo e... Ah, que vá para o raio que o parta! Eu tenho a maior parcela de culpa nisso tudo? Tenho! Mas nem por isso ele tinha o direito de falar comigo daquela forma.

Assim que entro na sala, me arrependo de não ter ficado do lado de fora. Trinta pares de globos oculares me observam com curiosidade, em um claro sinal de que a sala em peso ouviu toda a discussão para lá de infantil do corredor.

Sinto meu rosto arder, e fico grata por ter melanina o suficiente na minha pele negra para disfarçar o calor eminente que toma conta das minhas bochechas. E a vergonha aumenta em níveis catastróficos quando encontro o par de olhos azuis do Paulo Dias me encarando com diversão.

Abaixo a cabeça, encarando as pontas dos meus tênis Vans amarelos, e sem encarar nenhum dos meus colegas caminho até minha mesa, que se localiza ao lado da janela que tem vista para o pátio do colégio.

Coloco minha mochila em cima na mesa azul e branca, sento na cadeira e finjo estar muito interessada nas minhas unhas roídas, desejando internamente que a terra debaixo dos meus pés se abram e me engulam para todo o sempre.

Quando a vergonha começa a se extinguir do meu sangue e os meus colegas começam a conversar entre si, enfim relaxo na cadeira.

Coloco as mechas do meu cabelo escuro, que se desprenderam do rabo de cavalo frouxo durante a corrida, para trás da orelha e pego o caderno para abrir na matéria de química, a fim de ocupar minha mente.

Folheio algumas páginas, mas acabo me detendo no nome escrito a lápis no canto de uma das folhas.

Paulo Dias.

O garoto por quem sou platonicamente apaixonada desde os 14 anos. Levando em consideração que faço 17 no próximo mês, são quase três anos gostando dele.

A gente nunca conversou de verdade, nem sequer interagimos fora dos muros do colégio, mas, para meu coração idiota, algumas trocas de olhares que acontecem de vez enquando é mais que suficiente para continuar apaixonada.

E o pior nem é o amor platônico. Não! A maior vergonha mesmo são em momentos como esse, quando vejo que escrevi – inconscientemente na maior parte das vezes – seu nome nos livros e cadernos do colégio. É infantil (eu sei!) mas acho que é o tipo de coisa que acontece quando se gosta da mesma pessoa por tanto tempo. Minha mente sempre me leva a pensar, escrever ou, se estiver por perto, olhar para ele.

E, como se tivessem vida própria, meus olhos se dirigem para a mesa que está alguns metros à frente da minha, de onde posso observar o garoto que gosto sem ser pega no flagra.

Nesse exato momento, o cara dos meus sonhos está conversando com um dos seus amigos, estampando um sorriso com covinhas que tem o poder de tirar o fôlego de qualquer garota – principiante o meu.

Saio de minhas divagações quando a porta é aberta e o professor Edgar passa por ela com o garoto loiro do corredor logo atrás dele. Como já é comum, o mais velho está com a mesma cara amarrada de sempre. Acho que nunca o vi sorrindo. Não é à toa que ele recebeu carinhosamente o apelido de Zangado entre os alunos - sim, exatamente como o anão resmungão da Branca de Neve. Super criativo.

— Bom dia – cumprimenta o professor, enquanto coloca suas coisas em cima da mesa em frente à sala. Alguns alunos respondem com um "bom dia" nada animado. — Esse é o novo colega de vocês. Garoto, pode se apresentar para a turma.

O loiro leva uma mão até o rosto, ajeitando os óculos de grau, como se quisesse ganhar tempo antes de começar a falar. Posso até imaginar como ele deve estar se sentindo. Numa escala de 1 a 10, eu considero que se apresentar em frente a uma turma de 31 alunos é nível 9 em constrangimento.

Olhando para a frente sem se focar em ninguém em específico, ele começa a falar.

— Eu sou o Diogo, me mudei para São Paulo na semana passada e, bom... agora tô aqui, nesse colégio incrível. – sua ênfase sarcástica na última palavra faz alguns risinhos se espalharem pela sala, que se cessam quando Edgar lança um olhar irritado para a turma.

— Certo, Diogo, escolha um lugar e pode ir se sentar – o professor ordena, já ocupando a cadeira atrás da sua mesa. Aposto um rim que, depois dessa gracinha, o novato é o mais novo alvo no radar de Edgar. Mais um passo em falso e o loiro estará ferrado pelo resto do ano.

O garoto do corredor, que agora sei como se chama, anda pela sala e joga sua mochila na primeira mesa vazia que encontra – que, por ironia do destino ou não, fica bem ao lado da minha, a pouco mais de meio metro de distância.

Ele tira de dentro da mochila preta um caderno e duas canetas, empilha tudo sobre a mesa, e depois a pendura por uma das alças na cadeira, finalmente se sentando.

Não percebo que ainda estou o observando até que o loiro se vira para mim. Ao encarar suas íris castanhas, chego a conclusão de que se olhares pudessem matar eu estaria exalando minha última respiração no chão nesse exato momento.

Viro o rosto para frente.

Enquanto o professor faz a chamada, aproveito para pegar uma borracha do meu estojo e apago o nome do Paulo do caderno. Tenho que parar com essas loucuras ou, qualquer dia desses, alguém pode acabar descobrindo e eu vou virar motivo de zombaria do colégio inteiro.

Quando finalmente termino de encobrir as evidências, tenho a sensação esquisita de que estou sendo observada. Desvio o olhar para o lado e vejo o tal Diogo com os olhos grudados na borracha em minha mão. Quando ele percebe que estou o encarando, sorri de um jeito que considero como maquiavélico e se vira para a frente.

Meu coração afunda no peito. Será que ele... Não! É impossível que tenha visto o nome do Paulo no meu caderno. Nossas mesas estão separadas por mais de dois passos de distância. Ninguém tem uma visão tão boa assim – nem mesmo usando óculos de grau.

Mais aliviada, olho para a frente, me arrependendo disso quando vejo que o professor Edgar já começou a encher o quadro branco de equações químicas indecifráveis.

Expiro de forma ruidosa e começo a passar as anotações para meu caderno, tendo a certeza de que, mais tarde, vou passar horas em casa tentando entender esse novo assunto.

Será um longo ano...

Apesar do livro ter começado com essa carinha de clichê adolescente, ainda tem muita história, mistérios, "segredos" e algumas (lê-se muitas) trapalhadas da Heloísa pela frente, e eu espero ter você por aqui até o final :))

Ah, e não esqueça de deixar seu voto no capítulo, hein? Se gostou, riu ou se divertiu ao menos um pouquinho, clique na estrelinha e deixe essa pessoinha aqui do outro lado da tela feliz ;)

Alguém que leu a primeira versão do livro já começou a notar as diferenças dessa nova edição? O que acharam? Esse capítulo, por exemplo, tem 500 palavras a mais... e erros a menos... rs


Bjss e fiquem com Jesus ♡

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