Observo enquanto Vicente fala feliz das suas conquistas enquanto fotógrafo, o sorriso no rosto do rapaz entrega o quanto ele ama a profissão deixando-me encantada com seus relatos. Gargalhadas são roubadas de mim ao mesmo tempo que ouço as situações engraçadas e improváveis que ele já passara trabalhando.
Hoje através de uma mensagem de texto ele me convidou para um jantar, pensei bastante e enfim decidi aceitar o convite. Talvez Michela e suas filhas estejam certas, está na hora de eu tentar seguir em frente e Vicente é a pessoa que mais vem me fazendo bem dos últimos dias.
Minha intenção não é usá-lo, tampouco fazer o rapaz de estepe, o fotógrafo é um homem bonito que me deixa encantada dia a pós dia e se eu dissesse que o interesse dele não é recíproco estaria mentindo, estou me sentindo envolvida por ele e porque não deixar fluir?
A pessoa que realmente amo não está disponível para ser minha e nunca estará e preciso me desfazer dessa utopia que criei em minha cabeça.
O sentimento que tenho por Luigi ainda lateja vivamente dentro de mim juntamente com a saudade, não pensar nele se tornou uma tarefa difícil, ainda que eu tente ele não sai do meu coração. Essa sensação corrosiva e intensa já me dominou por completo, cheguei a conclusão que não o esquecerei tão facilmente e então preciso aprender a conviver com o mal que a falta dele me faz.
Maldito dia que aceitei aquela carona.
Aquele italiano me marcou de uma forma tão intensa e única que quando olho pro fotógrafo a minha frente me sinto vazia. Ainda que ele seja um homem incrível e bonito ele não é o Luigi, não é a mesma coisa, não tem a mesma força e nem é tão avassalador.
Estou diante uma pessoa perfeita para mim, com menos de trinta anos, estabilizando, solteiro e divertido.. e porque diabos me sinto tão indiferente a ele?
Com Luigi era tão estrondoso que não consigo sequer comparar.
Porque tudo é tão injusto? Tão difícil?
Eu estou fazendo o certo, me afastando de alguém comprometido, me priorizando e tentando esquece-lo. Mas porque estar fazendo algo bom é tão ruim pra mim?
Qual o propósito disso?
— Lorena – Vicente chama minha atenção — Está me ouvindo?
— Sim, claro – minto.
— Parecia estar distante.
— Estava apenas te ouvindo – digo com um sorriso — Essa vida de fotógrafo já te proporcionou diversos momentos.
— Sim, é verdade – concorda — Um dos melhores momentos foi ter conhecido você.
Abaixo o olhar desconcertada.
— É a verdade – insiste — Estou encantado por você de tantas formas que não consigo sequer numera-las.
— Eu acredito em você, de verdade.
— Você não se interessa por mim? Por favor seja sincera – pede dando um gole no copo com suco a sua frente.
— Claro que sim – respondo de imediato — É quase impossível não se interessar por você, é um cara tão bacana e bonito..
— Então porque toda essa resistência?
— Tem outra pessoa – digo rapidamente.
— Você gosta de alguém?
Assinto com a cabeça.
— Lorena, não estou te pedindo em namoro e não quero forçar nada. Eu realmente gosto de você e penso que talvez tentar fosse uma boa ideia – fala calmamente — Mas pra isso tem que estar disposta a viver o que for necessário ao meu lado, assim poderíamos chegar em uma conclusão juntos sobre o que somos um para o outro e o que poderemos ter a partir disso.
— Isso parece bom – falo divertidamente.
— Sim, é bom – confirmo e sinto Vicente colocar sua mão em cima da minha sob a mesa.
— Obrigada por ter aceitado meu convite.
— É um prazer estar aqui com você. Pode acreditar.
— Essa noite está sendo muito melhor que eu imaginava. Já sabia que você era uma boa companhia, mas estar aqui perto de você me faz bem.
— Você também vem me fazendo um bem danado, pode acreditar – confesso.
E nesse momento Vicente deposita um beijo no dorso da minha mão arrancando de mim mais um sorriso.
— Vou pagar a conta e já estou de volta – exclama se levantando.
Olho para mesa a minha frente voltando a me perder em meus pensamentos mais uma vez.
— Que coincidência encontra-la aqui – ouço a voz prepotente já conhecida por mim e levanto meu olhar gradativamente encontrando a mulher a minha frente.
Sabrina.
— Uma coincidência bastante infeliz presumo.
— Posso falar com você rapidamente? – pede ela.
— Eu não tenho mais nada com o Luigi, então por favor me deixe em paz. Não tenho nada para conversar com vo..
— Quero me desculpar – me interrompe — Eu agi como uma tola, você não precisava ter ouvido nenhuma daquelas coisas. Não tem nada a ver com meus problemas com Luigi e não deve passar por isso.
"Meus problemas com Luigi"
Solto um riso sarcástico.
— Desculpada – digo apenas.
— Vocês não estão mais juntos então?
Sua pergunta presunçosa faz uma raiva se apossar de mim, respiro fundo antes de responde-la.
— Sim.
Um sorriso leve brota nos lábios da mulher fazendo meu interior ferver.
— Tenha uma boa noite, Lorena – fala despedindo-se.
— Igualmente.
— Voltei – exclama Vicente assim que Sabrina se afasta — Era sua amiga? – pergunta se referindo a ela.
— Apenas uma conhecida – digo brevemente.
Saímos do estabelecimento juntos, olho para trás e Sabrina ainda encara eu me afastar ao lado do fotógrafo.
Entramos no carro e ele da partida, o rapaz ao meu lado começa a falar diversas coisas enquanto eu simplesmente permaneço em silêncio sem esconder o quanto estou desconfortável com o que acabou de acontecer.
Quando eu finalmente consigo esquecer aquele homem por poucos minutos aquela mulher aparece das cinzas fazendo com que tudo vá por água abaixo.
Inferno.
Não tem como piorar, realmente não tem.
O que ela pensa que é pra se aproximar de mim de novo? Ainda mais com um pedido de desculpas pra lá de cínico. E aquele sorriso quando eu confirmei que não estava mais com Luigi?
Será que ele teria coragem de ficar com ela novamente?
Bom, não devo me questionar isso, pois não tenho mais nada com ele, aliás, ele é casado!
Mas porque ela sorriu daquele jeito?
Desgraçada!
— Tudo bem Lorena? – pergunta Vicente.
— Sim sim, tudo ótimo – minto da melhor forma que posso.
— Está calada. O que está havendo?
— Só um pouco pensativa – explico.
— E no que está pensando?
— Em tudo, nessa noite..
— Pensamentos bons espero – fala entre risos.
— Todos que envolvem você são realmente bons.
Sem percebermos o trajeto até minha casa chega ao fim e o rapaz estaciona o carro na frente a minha residência.
— Chegou a hora de dar tchau – exclama com um tom divertido — Mas antes disso estou com um pouco de cede. Poderia me dar um copo de água?
— Claro – digo de imediato – Venha comigo.
— Ah, não.. posso te esperar aqui fora.
— Por favor, vamos entrar. Não há mal algum.
Após minha declaração o fotógrafo cede, descemos do automóvel e caminhamos juntos até a porta da minha casa. Viro a maçaneta e assim que adentro o lugar toda minha família está reunida na sala de estar vendo TV assim como acontece toda noite e imeditamente dirigem o olhar a nós.
— Boa noite família. Esse é o Vicente, fotógrafo que trabalha comigo e meu.. – penso um pouco antes de terminar a frase — Meu amigo.
— Olá rapaz, seja bem vindo – cumprimenta meu pai se levantando e oferecendo a mão para ele.
— A janta ainda está quentinha, quer comer um pouco querido? – diz minha mãe carinhosamente surpreendendo-me.
Amora parece sentir minha presença, a cachorra sai do cômodo em que estava e corre até mim. Assim que a vejo a pego em meus braços, seu pequeno corpo se balança juntamente com seu rabo e um choro de felicidade é ouvido por mim. A abraço com força depositando incontáveis beijos nela e então a filhote permanece ali, nos meus braços.
— Por favor não se incomode, acabamos de jantar – fala Vicente — Só vim mesmo beber um pouco de água.
— Ah, eu pego pra você! – exclama mamãe caminhando até a cozinha.
— Como ela se chama? – questiona o jovem passando a mão na cabeça da cadela.
— Amora – respondo sorrindo.
— Ela gosta de passear?
— Sim, ama!
— Eu acabei de ter um ótima ideia – indaga com um sorriso no rosto.
Antes que ele diga no que pensou minha mãe volta com seu copo de água, ele bebe e agradece. Se despede de todos educadamente, sai da residência e eu o acompanho até o lado de fora.
— Que tal fazermos um programa diferente amanhã?
— O que sugere?
— Podíamos correr um pouco no centro da cidade, aproveitamos e levamos Amora pra passear com a gente.
— Correr domingo de manhã? – pergunto — Inovador, nunca fui a um encontro do tipo.
— Então significa que temos outro encontro marcado?
— Eu acho que sim – confirmo.
Então Vicente olha nos meus olhos e eu retribuo o olhar, nós sorrimos um pro outro enquanto nos encaramos.
Ele posiciona uma das suas mãos em meu rosto e se aproxima gradativamente depositando um beijo terno em meus lábios. Fecho meus olhos e sinto sua boca macia encostada na minha.
Então ele se afasta com um sorriso largo, me fitando carinhosamente.
— Obrigada pela noite, até amanhã.
— Até amanhã – digo enquanto ele se afasta andando de costas me encarando a cada passo que da.
Assim que entra dentro do carro volto para casa, minha família me olha apreensiva e começam a fazer perguntas ao mesmo tempo sem cessar.
— Hoje não, por favor. Eu prometo contar a vocês amanhã – digo.
Dou as costas a eles e caminho com Amora até o meu quarto a fim de fugir do questionamento que todos estão avidamente empenhados em me fazer agora.
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Eu fico tão feliz quando consigo entregar um capítulo antes do esperadoooo. Ahhhhh
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