LIBERTY ✵

By GabhiHolland2013

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Ter sonhos é o que há de mais humano em nossa essência. O sonho de Lyli é trabalhar em uma grande Editora e s... More

✵ APRESENTAÇÃO ✵
✵ PRÓLOGO ✵
✵ CAPÍTULO 1 ✵
✵ CAPÍTULO 2 ✵
✵ CAPÍTULO 3 ✵
✵ CAPÍTULO 4 ✵
✵ CAPÍTULO 5 ✵
✵ CAPÍTULO 6 ✵
✵ CAPÍTULO 7 ✵
✵ CAPÍTULO 8 ✵
✵ CAPÍTULO 9 ✵
✵ CAPÍTULO 10 ✵
✵ CAPÍTULO 12 ✵
✵ CAPÍTULO 13 ✵
✵ CAPÍTULO 14 ✵
✵ CAPÍTULO 15 ✵
✵ CAPÍTULO 16 ✵
✵ CAPÍTULO 17 ✵
✵ CAPÍTULO 18 ✵
✵ CAPÍTULO 19 ✵
✵CAPÍTULO 20✵
✵CAPÍTULO 21✵
✵CAPÍTULO 22 ✵
✵CAPÍTULO 23 ✵
✵CAPÍTULO 24 ✵
✵CAPÍTULO 25 ✵
✵CAPÍTULO 26✵
✵ CAPÍTULO 27 ✵
✵CAPÍTULO 28✵
✵CAPÍTULO 29✵

✵ CAPÍTULO 11 ✵

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By GabhiHolland2013

TALVEZ SEJA MESMO UMA COISA BOA QUE A GENTE NUNCA PARE DE SURPREENDER OS OUTROS.❞ - Becky Abertalli (Com Amor, Simon)

••• "VALERIE, você não vai acreditar."

Disse Lyli ao ver sua amiga perambulando pelo campus da universidade. A moça foi ao encontro da morena de pele chocolate saltitante feito um veadinho entre a relva alta.

"Eu quero te enforcar!" Val mostrou as mãos como se fosse estrangular a amiga. "Por que não quis me contar nada desde que chegou?" Val estava possessa de raiva.

"Por que eu queria contar tudo pessoalmente. Se eu começasse a conversar com você por mensagens eu não iria aguentar e contaria tudo de uma vez." Lyli apresentou uma justificativa plausível para não haver desentendimentos.

"Eu espero que seja uma história realmente boa, porque eu estava quase arrancando os cabelos da cabeça de ansiedade." Valerie e Lyli se assentaram em um banco de madeira para colocar em dia seus assuntos.

"Pois bem..."

Mais uma vez naquela semana Liberty estava narrando a história da viagem para a França. Por incrível que pareça Valerie teve as mesmas reações que Maurice teve ouvindo a mesma história. Dessa vez Lyli foi mais detalhista e mencionou que fez um combinado com Christopher. Aquele de que só iria à celebração caso ele a permitisse entrar na biblioteca. Isso lembrou Lyli que ela devia conversar sobre isso com seus colegas de trabalho. Porque ninguém tinha essa permissão para entrar na biblioteca a não ser para as limpezas. Sendo que as limpezas eram quinzenais por ser um cômodo que vivia fechado e não se sujava facilmente. A única que tinha permissão para a limpeza era Andrea. Escolhida por ser a mais discreta de todas as funcionárias da limpeza. Poucas vezes via-se a voz dela. Exatamente em todas as vezes em que se perguntava sobre o cômodo secreto Andrea fazia questão de manter a discrição.

"Certo. Tudo isso me deixou chocada, porém, tem uma parte que não consigo entender. Você teve a oportunidade de pedir o que quisesse como condição para ir à tal festa, e escolheu ter a permissão de visitar a biblioteca da casa?" Val estava mesmo intrigada com a escolha da amiga.

"Sim."

"Você poderia ter pedido um carro, um aumento em seu salário ou até mesmo o colar que você estava usando."

"Aquela biblioteca tem muito valor para o Senhor Christopher. Eu poderia pedir um carro que enão faria nem cócegas em seu bolso, mas há algo naquela biblioteca que a torna muito importante para ele." Lyli não carregava nenhum pingo de arrependimento sobre sua escolha.

"Olá, meninas." O surfista de cabelos castanhos se assentou ao lado das duas amigas.

"Oi, Trevor." Cumprimentou Lyli toda polida e educada como uma princesinha de Hampton.

"Hi, mate?!" Val totalmente ao contrário de sua amiga o saudou com uma tradicional gíria australiana acompanhada de um toque de mãos.

"Senti sua falta na sexta-feira, Lyli." O mesmo passou seu braço por cima dos ombros da moça, fazendo com que ela se sentisse um pouco surpresa por tal ato.

"Eu estava viajando a trabalho."

"Por onde estava? Meulborne, Adelaide...?" Trevor citou algumas cidades próximas ao entorno de Sydney, mas errou miseravelmente em suas suposições.

"Na verdade eu estava em Paris." Lyli soltou um risinho discreto.

"Caramba!" Trevor ficou encabulado pois não esperava uma resposta como esta.

"Ela trabalha para o Christopher Hartmann." Valerie contou vantagem com o trabalho da amiga.

"Da H Company?"

"Esse mesmo, mate." Val estalou os dedos indicando o acerto de Trevor.

"Então você deve conhecer meu irmão. Ele se chama Simon. É o assistente pessoal de Christopher Hartmann na empresa." O moreno achou interessante aquela descoberta.

"Bom, eu não trabalho na empresa. Trabalho na casa do Senhor Hartmann. Sou a contratada para cuidar das roupa dele e alguns outros assuntos." Lyli explicou para que não né houvesse confusão.

"Agora eu entendi." Trevor assentiu com a cabeça em afirmação. "Sinceramente, Simon é o maior puxa-saco de seu patrão e daquela empresa."

Lyli em seus pensamentos ficava tentando compreender a saga de alguém que fosse bajulador de Christopher Hartmann. De certo modo é um pouquinho difícil de agradar aquele homem. O que o agrada? Lyli indagou-se. Talvez pessoas que acatem suas imposições com rapidez e disponibilidade garantam um apreço de sua parte. Por isso Lyli e ele se desentendiam com uma breve frequência.

"Enfim... Estou passando para fazer um lembrete." Disse o moreno e as duas amigas assentiram para que ele continuasse sua fala. "No próximo final de semana festa na minha casa."

"Dessa vez até a Lyli vai." Valerie abraçou o pescoço da loira.

"Eu farei o possível para ir." Liberty mostrou um sorriso sem apresentar os dentes.

Em sua cabeça ela torcia com toda a força de seu ser para que algo acontecesse e a atrapalhasse de ir. Francamente Lyli detestava essas acumulações de pessoas bêbadas, com a mente completamente aturdida pelo álcool dançando e se esfregando com seus corpos suados. Há pessoas que gostam, tudo bem. Nenhum mal nisso. Mas Lyli não se sentia à vontade, preferia dar razão à sua personalidade introvertida.

"Eu não vou aceitar nenhum pretexto dessa vez." Trevor olhou seriamente pra a moça loira com quem ele tinha um certo carinho.

"Tudo bem." Um pouco envergonhada por todas as vezes que cabulou as festas ela colocou um fio de cabelo atrás da orelha.

"Eu aguardo." Saiu Trevor com um sorriso confiante de que dessa vez ela iria mesmo.

"Lyli, você ainda tem dúvidas que ele gosta de você?" Val questionou a amiga enquanto enfiava um pirulito na boca.

"Não."

"Dá uma chance para ele. Pelo menos para vocês se conhecerem, se não der certo não deu. O que vale é a tentativa." A morena chocolate bancava a conselheira amorosa.

Lyli permaneceu em silêncio, preferindo nada dizer. No entanto ficou pensativa sobre o assunto. Talvez Valerie estivesse certa. Não custava tentar. Trevor parecia ser um rapaz muito bom. Gentil, educado e prestativo. Começando pelo fato de que ele há um tempo ainda insistia em conquistar Dona Liberty. Segundo a visão da moça loira um relacionamento sério no momento não era a sua maior prioridade, mas sim, concluir seu curso e conseguir um emprego em uma editora de Sydney. Lyli dava graças aos céus por ter conseguido o emprego na casa do Hartmann. Naquele período foi o acontecimento mais grandioso de sua existência. Ganhou um lar para morar, amigos para conversar nas noites solitárias e a comida do melhor chef de todo esse gigantesco mundo. Os seus sonhos estavam cada vez mais próximos de se realizarem.

A tarde na universidade foi mais que excelente. Não há maior alegria do que a de um aluno ao olhar seu livro perceber que sabe o conteúdo de estudo. A gratidão no coração de Lyli ao saber todos os critérios da seguinte avaliação a deixava confiante para realizar uma excelente prova. Ao chegar em casa estava Benjamin, o jardineiro, ajeitando as lindas rosas amarelas. Dias se passavam, noites se passavam e Lyli estava sempre contemplando aquelas pétalas tão aveludadas.

"Mon petit." Ele a conclamou.

"Sim, Mauri?" Lyli estava na lavanderia engraxando um dos inúmeros sapatos do Hartmann quando o francês se achegou a ela.

"Está tudo bem, chérie?" O amigo percebeu que a moça se portava de um modo diferente ao costumeiro.

"Sim. Só estou um pouco pensativa." Disse continuando seu trabalho.

"Diga. Não guarde só para você." O chef incentivou e ela pensou um pouquinho antes de dizer, como se estivesse se perguntando se era realmente necessário pedir um conselho sobre isso.

"Tem um cara lá na faculdade que gosta de mim. Isso já tem algum tempo. Ele é persistente e até hoje não desistiu dessa ideia de tentar me conquistar. Não que ele seja uma má pessoa, pelo contrário, ele é muito gentil e educado comigo, mas... sabe... eu já tive um relacionamento quando mais nova e não tive boas experiências. Tenho medo de acontecer novamente." Liberty soltou o sapato do patrão por um tempo.

"O que aconteceu com o outro namorado, petit?"

"Ele me forçou a fazer coisas que eu ainda não estava preparada. Por isso terminamos. Se fosse para ter um amor no qual eu sempre saísse ferida, seria melhor que eu não tivesse." Ela não olhava para o amigo porque tinha medo dele a olhar com uma expressão de pena.

"Eu sei como você se sente, chérie, e você fez o certo ao tirar da sua vida algo que non te fazia bien. No entanto, non são todas as pessoas de mau caráter. E, infelizmente, só descobrimos se tentarmos." O amigo a puxou para perto de si e a apertou com um abraço.

"Eu entendi o que você quis dizer, Maurice." Ela aconchegou-se nos braços do chef.

"Mas seja cautelosa, seu coraçãozinho é como o martelo do Thor, alguém precisa ser digno para portá-lo." Disse ele para ajudar na descontração, funcionando muito bem.

"Eu adoro essas alusões à cultura pop." Lyli riu levemente.

"Ainda bem que você já conheceu seu deus nórdico." Entre cochichos disse Maurice, mas a moça não compreendeu perfeitamente suas palavras.

"O que disse?"

"Oh! Nada, mon petit. Coloca seu sorriso esplêndido no rosto e ilumine esta casa." Ele colocou as mãos no rosto de Lyli e esticou suas bochechas formando um sorriso extremamente desengonçado. "Vou começar a preparar o jantar de Monsieur Hartmann. Je t'aime."

"Je t'aime."

A moça continuou seu trabalho com um sorriso cativante no rosto. Amigos são para isso. Para nos ajudar nos momentos em que mais precisamos. O cardápio do dia envolvia um salmão grelhado com um excelente molho agridoce. Maurice Duchamps era um espetáculo na cozinha! Sempre agradava o paladar exigente de Christopher Hartmann. Como um tradicional dia às 18 horas Josefine, Andrea, Margot e Benjamin retornavam para suas casas, ficando apenas a tríade da governanta, o cozinheiro e a serviçal. Esses colegas de trabalho amavam as noites na mansão, quase sempre gastavam até suas últimas energias jogando algum jogo e afanando os potes de sorvete.

"Siiiim." Maurice e Lyli disseram em coro.

"Eu não vou a um encontro com o Benjamin." Dora franziu o cenho e voltou a comer suas almôndegas que pareciam mil vezes mais interessantes do que aqueles dois tagarelas.

"Por quê? Ele está derretendo de amores pela senhora." Lyli fingiu estar se liquefazendo como um picolé no sol.

"Mas também, uma madame dessas, dou toda minha razão para Ben." O chef usava um pijama cheio de listras.

"Vocês estão conspirando contra mim." Dora os acusou.

"Não estamos, não. Juro que não estou envolvida com convite que o Ben te fez." Disse Lyli empolgadíssima com a ideia da governanta constituir um novo relacionamento.

"Dê um pouco de felicidade ao homme, madame. Amanhã diga a ele que aceitou o convite." Maurice estava ralhando com a colega de trabalho que por sinal era bem mais velha que ele.

"Eu não devia ter contado isso para vocês dois. Agora vão me atazanar para o resto da vida." Dora bufou.

"Por falar nisso... eu também devo contar algo que eu não contei sobre a viagem." Disse Lyli exibindo uma expressão pura e desajeitada.

"A-há! Eu sabia que estava escondendo algo! Nos conte, vamos!!! Ande!!!" Maurice saltou em um pulo de sua cadeira.

"Calma, eu vou contar. Não é nada demais." A moça respirou fundo. "A verdade era que eu não queria ir de jeito algum na celebração da H Company com o Senhor Christopher, então eu me aproveitei da situação porque percebi que ele estava desesperado atrás de uma companhia. Eu disse que só iria caso ele me permitisse entrar na biblioteca. Pronto, falei."

"Você devia ter se aproveitado era dele, não da situação." Maurice riu maleficentemente ganhando um olhar de Lyli que queimava mais que ácido sulfúrico.

"E ele permitiu?" Dora perguntou curiosa.

"Até o presente momento nem se manifestou. Mas ele me deu sua palavra e disse que pensaria." Disse ela com resquícios de dúvida.

"Então ele deixará. Senhor Christopher é um homem de palavra. O conheço. Só quis manter a pose de rígido não permitindo de primeiro momento. Ele sempre foi assim, nunca dá o braço a torcer." Dora falava como se sua relação fosse além de patrão e empregado. Ela parecia o conhecer desde pequeno fazendo aquela sondagem psicológica para seus colegas de trabalho.

Ao término da fala da governanta o interfone que comunicava a parte do térreo da mansão com os andares de cima tocou. Maurice estava próximo ao interfone então se levantou e o atendeu gentilmente.

"Sim, monsieur... Tudo bien... Bonne nuit!" Disse o chef em uma curta comunicação e encerraram o bate-papo. "Mon petit, o patrão está pedindo para você ir até o escritório." Maurice a olhou suspeito.

"Mas já estou de pijamas." Lyli apontou para suas vestimentas.

"Está tudo bem, querida." Dora confortou.

Não havia nada de mal naquela roupinha de dormir, era uma calça bastante folgada nas pernas e uma camiseta de mangas cavadas. Temente do que poderia ser àquelas horas da noite ela subiu as escadas rapidamente com seu chinelinho de dedos. A porta do escritório estava aberta e Christopher estava segurando uma chave em suas mãos com muita atenção. Aquela era a chave da biblioteca, em seus pensamentos ele analisava se deveria dar a permissão para a moça visitar o local ou não. Algo dizia em seu subconsciente que nenhum mal havia em permitir a pobre moça curiosa de ler alguns livros. Lyli por educação bateu apara que o patrão notasse sua presença.

"Boa noite, senhor. Deseja algo?"

Ela pôde observar pela primeira vez em sua vida o Hartmann com uma roupa que não fosse ternos e camisas chiques e bem alinhadas. Uma bermuda e camiseta de dormir, o que fez com que ela se sentisse mais à vontade. Já estava na hora de todos realmente estarem de pijamas e prontos para dormir.

"Boa noite, Liberty. Sente-se." Christopher indicou para a cadeira almofadada, todavia ela estava paralisada em pé, então o patrão disse mais uma vez. "Pode se assentar." Ela receosa se assentou de frente para o homem.

"Senhor, desde já, peço que não me demita desse emprego eu sou muito grata por ele e preciso muito dele para..."

"Calma. Calma. Calma." Christopher fez sinal de pausa com a mão que não segurava a chave. "Eu não vou te demitir. Apenas quero saber de algo."

Lyli pôde respirar com mais tranquilidade, não ficou ansiosa sobre o que o patrão desejava saber. Afinal ela não fez nada errado, por isso, não havia nenhum motivo para a temeridade. Christopher pensava assim como Valerie e Maurice sobre a escolha de Liberty pela biblioteca. Interrogações rondavam a mente do Hartmann como formigas circulam alguma migalha qualquer no balcão.

"Só lhe permito entrar na biblioteca se você me dizer por que escolheu a biblioteca entre tantas outras coisas. Naquela ocasião você poderia ter pedido o que quisesse e eu poderia ter dado tudo aquilo que o dinheiro pudesse comprar."

"A biblioteca era a única coisa que o senhor tinha e jamais poderia ser comprada. O valor que há nela não é em moedas, é um valor sentimental." Ela disse apenas o que pensava, e era a mais pura verdade.

"Então você queria a única coisa que seria a mais difícil de conseguir por mim?" Deduziu o patrão.

"Sim." Disse simplesmente. "Mas se eu pedir um carro o senhor me dá?"

"Eu não vou te dar um carro, Liberty." Negou apertando a chave com sua mão.

"Mas o senhor disse que poderia me dar tudo o que o dinheiro pudesse comprar." Lyli usou as palavras do Hartmann contra ele mesmo.

"Meus parabéns, você me convenceu pela esperteza. Eu deixo você ir na biblioteca." Disse ele se levantando da cadeira giratória de seu escritório.

"Sério?" Estava ela estupefata. "Eu não acredito."

"Não se empolgue. Vou estabelecer alguns combinados." Christopher declarou antes da moça surtar de felicidade. "Venha." O homem forte saiu andando para se retirar do escritório, Lyli saltitante como uma gazela foi atrás de seu patrão.

Christopher andando descalço pelo corredor carpetado, e seu perfume - como de práxis - exalava de longe. Cheiroso até para dormir. Sorte dos lençóis, não é mesmo?! A felicidade de Lyli não poderia ser equiparada a absolutamente nada nesse mundo. Quando o patrão girou a chave e puxou a maçaneta, as luzes automaticamente se acenderam exibindo o lindo ambiente da biblioteca. Os olhos da moça brilhavam mais que a galáxia de andrômeda. Chegava lhe dar palpitações de alegria ao entrar naquele mágico espaço. Quiçá porque foi algo muito almejado por ela, chegando a sonhar que estava sentada na poltrona confortável e correndo os dedos por alguma obra de Jane Austen enquanto bebericava um chá preto. Lyli inspirou todo o ar para dentro de seus peitos até o máximo que sua caixa torácica suportava, apenas para sentir aquela fragrância de papel.

"Quais são os combinados, Senhor Chistopher?" Ela olhava minuciosamente cada detalhe das prateleiras e a escada de metal como se estivesse flutuando num sonho.

"A biblioteca tem um sistema retentor de umidade para que os livros não envelheçam com rapidez ou até que proliferem fungos. É sempre bom checar este dispositivo ao lado da porta para ver se está funcionando bem. Jamais dobre as páginas e as capas dos livros, tem algumas peças que são basicamente relíquias, para elas é importante que use as luvas, estão dentro na primeira gaveta da escrivaninha. Nada de comida, nada de bebida. Não quero nem pensar na ideia de algum único inseto aqui dentro. A biblioteca será para o seu lazer, então venha aqui somente quando tiver cumprido com todo o seu trabalho. A entrada é restrita apenas para você, e na verdade eu nem sei o porquê de eu ter permitido sua entrada. Andrea, como deve saber, limpa a biblioteca quinzenalmente, você agora pode oferecer suas ajudas. E, para finalizar, durante o dia a biblioteca é para o seu lazer, à noite é o meu momento de descanso, e em grande parte do tempo eu gosto de ficar aqui, sozinho." Disse o belo homem dos cabelo loiros escuros. Lyli o olhou por um instante e franziu o nariz denotando não gostar daquilo. "Quer que eu imprima as regras ou ficaram bem entendidas?" Christopher apenas perguntou para provocá-la, pois sabia que quando o nariz de Liberty enrugava era sinal de desgosto por algo.

"Se o senhor puder imprimir esse pergaminho de regras eu serei grata." Ironizou ela de volta.

"Está se contaminando com minha ironia e sarcasmo, Liberty Stevens." O Hartmann a fitou com seus olhos de oceanos.

Ele não possuía seriedade no tom de voz, tampouco humor, mas sim, uma leveza e serenidade. Teria Liberty que estudar oceanografia para entender o que aqueles olhos azuis oceânicos queriam lhe dizer?

"É verdade, não é? Estou me tornando uma pessoa irônica." Ela indagou ao se referir à fala do patrão.

"É."

"Não pegando o azedume do senhor para mim tudo bem." Ela era ousada mesmo.

"Eu não sei por qual motivo eu ainda não te botei na rua." Christopher deu de costas para se retirar da biblioteca.

"Eu sou uma contratada bastante eficiente, sou jovem, não me canso com facilidade, estou sempre disposta a fazer o que precisar, além de que eu sei fazer um pouco de tudo. Sei fazer uma calda muito boa também." Lyli o seguiu para sair do ambiente. Era noite, ou seja, aquele departamento não podia mais ser do seu lazer.

"Tenho que concordar, Liberty." Disse ele passeando pelo corredor de sua mansão descalço. Tal fala surpreendeu a moça. "Porém, é muito curiosa. Isso só aumenta meu azedume." Afirmou Christopher.

"Falando em minhas curiosidades... Por que ninguém chama o senhor por 'Chris'?" Este é um apelido que todos os Christophers costumam usar." Ela era realmente muito entusiasmada.

"Eu sou como todos os Christophers?" Devolveu-lhe a pergunta.

"Ninguém é igual ao outro."

"Exatamente, e ser chamado de Chris Hartmann não passa um ar de uma pessoa séria e comprometida apenas com seu trabalho. Perceba entonação que você usa em dizer meu nome."

"Christopher!" Repetiu ela como se estivesse o conclamando para comprovar.

"É uma entonação fortificada e temerosa." De fato era verdade, ainda mais quando vinda da voz grave do patrão.

"Melhor ser temido que amado?" Interrogou.

"Este é o meu lema. Porque com o medo vem o...?" Christopher fez um gesto para que Lyli completasse.

"Respeito."

Contudo, seria mesmo bom ser respeitado e nem mesmo ser infectado por aquela praga avassaladora de corações chamada Amor? O amor é assim, não importa o tipo de amor, ele sempre, em algum instante da vida, irá nos render um coração partido. Seja por paixões, seja por amigos, seja pela família. Mas o que importa é a clareza e brilho que traz às nossas faces tão previsíveis.

"O senhor está lendo muito as obras do Maquiavel." Lyli tão conhecedora dos livros como seu próprio patrão disse.

"Este é o manual para a ascensão de um bom líder, Liberty." Disse o homem colocando as mãos dentro do bolso de sua bermuda.

"Pelo jeito é verdade. Olha onde o senhor chegou." A moça consumou com uma breve análise da vida de seu patrão.

Um grande empresário, dono de uma multinacional renomada, formado em Administração na Universidade de Harvard. Possuía tudo o que queria, tudo estava ao seu alcance. Christopher tornou seu olhar para encarar a moça loira que estava em sua companhia como se tentasse desvendar a sua autenticidade e especificidade.

"Boa noite, Liberty."

"Boa noite, senhor."

Ambos desejaram reciprocamente. O homem forte e alto seguia o caminho para o seu quarto quando foi interrompido pela doce voz que o fez virar-se para atender ao seu chamado.

"Senhor Christopher. Muito obrigada!" Agradeceu a moça com um megassorriso estampando seu rosto.

Christopher Hartmann nada disse. Ele apenas exibiu um singelo sorriso, sem extravagâncias e os dentes estavam escondidos por trás dos lábios. Lyli entendeu aquilo como um simples e habitual "não há de quê". Então ela extremamente contemplada pela felicidade abundante desceu as escadas perneando. Na cozinha estavam Maurice e Dora detonando um pote sorvete de morango.

"Vocês estão comendo sorvete escondido sem mim?" Lyli disse com voz manhosa.

"Oui. Você estava muito entretida com Monsieur Hartmann lá em cima. O que estavam fazendo? Vamos, diga, ma Liberté." Maurice apontou-lhe a colher para se juntar a eles. Lyli não perdeu tempo, tascou a mão na colher e encheu a boca com o sorvete, o que congelou seu cérebro por um instante.

"Eu tenho que me levantar para dizer." A moça posta sobre seus pés respirou fundo e disse. "O Senhor Christopher permitiu minha entrada na biblioteca." Ela soltou um gritinho bem agudo.

"Non acredito!" Maurice deixou sua colher cair dentro do pote de tão surpreso.

"Lyli, o melhor da mansão de Christopher Hartmann é que ela tem você dentro." Riu a governanta.

"Como sempre, Dora estava certa." Maurice exaltou a colega de trabalho.

"A senhora parece saber muito sobre o patrão." Falou Lyli enquanto levava mais um colherada de sorvete à boca.

"Agora que você pode entrar na biblioteca, você também tem acesso aos álbuns de fotografia que ficam lá. Em sua primeira oportunidade olhe algumas fotos antigas que você entenderá porque eu sei tanto do Senhor Christopher."

"Tenha certeza de que não perderei essa oportunidade."

GENTE DO CÉU! EU FICO MUITO EMPOLGADA COM ESSA HISTÓRIA. EU COMEÇO ESCREVER E NÃO TENHO VONTADE DE PARAR. FRANCAMENTE, EU SOU DEVIDAMENTE APAIXONADA POR ESSA TRAMA.

XOXO

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