Quando chegou o filho do casal, estranhou o garoto desconhecido ali sentado assistindo TV. Antônio Jaques era o filho mais velho, e também o mais desconfiado. Quando viu a criança, logo questionou porque tinha um menino estranho na sua casa. Já que ali era um casa afastada da sede da cidade, não havia vizinho por perto, e o mais próximo tinha apenas filhas.
—Quem é este, papai?— Antônio perguntou.
—É Kaio, seu novo irmão.― Sr. Silas respondeu com a maior naturalidade.
—Como assim? É de outra mulher?—Antônio deduziu.
—Não, Antônio! Que isso!? Eu o achei na estrada perdido.
—E trouxe para casa?― Antônio perguntou indignado.
—Sim! —Silas respondeu calmamente. —Que tem haver?
—Era para deixar com a polícia. — Antônio disse estranhando a atitude de seu pai.
—Eu sei, mas olhe direito para ele, meu filho. Não poderia deixá-lo com ninguém.
—Por quê não?— Antônio perguntou assustado.
—Olhe bem para ele. — Silas mandou.
O rapaz resolveu atender seu pai, foi para o sofá, sentou perto do menino,logo se levantou, pois sentiu calafrios pelo do garoto. Antônio foi para perto do pai, e sentiu medo, mas não disse para não passar vergonha.
―Que foi?
―Entrega a policia.
―Não. Fale com ele. Seja um bom irmão. ―Sr. Silas mandou.
Antônio fez careta, mas obedeceu a seu pai, e voltou a se aproximar do garoto, a uma distancia de 2m.
—Deixe me ver você de pertinho. De onde você é? Ei, garoto, fala!—Antônio perguntou.
O menino não respondia nada, entretanto o fitou bastante. E Antônio se afastou com medo. Eram estranhos seus olhos, tinha cabelos brancos, olhos cinza com pontos azuis, uma pele muito branca opaca que não tinha tom rosado, diferente de um homem branco da região.
—Pai, onde o senhor achou esta "criança"?— Antônio disse desconfiado.
—No meio do nada, na BR 116, perdido, deitado no chão.
—Pai! Estou achando ele muito estranho, não parece uma criança normal.
—Pois é! Ele nem fala nossa língua e usava roupas curiosamente estranhas.
Antônio se assustou e deu um pulinho para trás.
—Pelo amor de Deus, pai, o que o senhor trouxe para dentro de casa?
—Uma criança perdida.― Sr. Silas respondeu com compaixão.
—Uma criança? Eh? Tem certeza?― Antônio duvidou muito.
—Sim! Não ver?
—Eu estou com medo. — Antônio revelou.
—Não precisa ter medo de mim, eu sou do bem. —Disse o garoto.
—Ah! Você fala?— Silas perguntou contente.
—Sim! Aprendi sua língua, é difícil, mas assistindo um pouco de TV deu pra entender o básico.
—Mas está falando fluente!— Antônio ressaltou.
—Fala melhor do que eu!— Silas comentou.
—O Senhor acha?— O garoto perguntou.
—Claro, agora me conte tudo sobre você? — Silas perguntou curioso.
—Quem é você?—Antônio perguntou assustado.
Neste instante, chegaram Adrizia e André, outros filhos do casal Jaques.
—Bom dia, papai.― Adrizia disse toda sorridente sem fazer ideia da novidade.
―Bom dia, pai. ―Andre disse.
—Bom dia, filhos, como foi à viagem?— Silas perguntou.
—Bem! —Eles disseram juntos.
—Todos foram para muito longe, hein?― Silas disse emburrado, pois não sabia da viagem deles.
—Por quê?—Os dois perguntaram.
—Mas longe do que São Paulo! Não!?
—Não! Claro que não, pai! Fomos a um festival!— André contou.
— E onde foi? E porque nem avisaram a mãe de você?— Silas perguntou.
—Somos adultos, lembra-se?! — Disse André.
—Estávamos na festa do Santo, na cidade vizinha. —Adrizia revelou.
—Durou muito, não foi? Faz mais de uma semana que cheguei e não vi nenhum dos meus filhos aqui, mas para comer e pedir dinheiro estão aqui rapidinhos.― Silas os lembrou.
—Que isso, papai!—Adrizia disse reclamando.― Tá igual a mãe!
—Não se preocupe, já vamos se mudar na próxima semana. Vamos contar para mamãe e tudo ficará quieto do jeito que vocês querem. — André disse.
—Já contei tudo. Não se preocupe. — Silas revelou.
—Espere! Que menino é este? —André perguntou assustado ao ver o visitante.
—Este é Kaio, ele vai morar aqui! — Silas contou.
—Como é? Por quê? — André perguntou estranhando.
—Eu achei na estrada. E agora ele vai explicar quem é ele, e de onde veio. Fale Kaio nos conte sua história. — Silas pediu. — Não teremos mais interrupção.
Kaio contou tudo, não escondeu sua origem. Todos ficaram surpresos, assustados e temerosos, pois abrigava de fato um ET em casa.
—Ele é de outro planeta! —Adrizia se exaltou. —Tô passada!
—Parece conversa de filme!—Antonio disse, tentando não acredita, meu seu coração começou a bater forte, com medo enorme.
—Parece é história de HQ!— André disse empolgado.
—Melhor! Série americana com pano de fundo o Ceará! Não acha? — Adrizia comparou rindo.
—Não acho! Parece é conto do vigário! Tudo mentira! Ele quer nos assustar, está brincando!—Antônio disse, tentando não demonstrar medo.
—Acho que fala a verdade! Eu acredito nele. —Silas disse.
—Papai, então, tem que entregar logo as autoridades. — Antônio pediu.
—Não! Eu o achei e vou cuidar dele. — Silas decidiu.
—Mas ele nem é humano!—Antônio disse exaltado. — Se tem certeza, vão descobrir!
— Que raios! Antônio está certo! Todos vão notar que ele é estranho, e o governo vai levá-lo daqui a força, vai ver. — André concordou.
—Legal! A gente com nosso próprio ET de estimação! —Adrizia brincou sem medo da situação perigosa que a família estava exposta.
—Não deixarei! Eu vou dizer que é meu filho, tem uma doença séria e precisa ficar em casa. — Silas inventou uma desculpa.
—Não vão acreditar de um filho que nunca viram na cidade. Aqui é cidade pequena, todos se conhecem, especialmente o senhor que é muito conhecido na região. Todos vem comprar suas peças, vem até turistas. — Antônio argumentou.
—Não se preocupe, eu posso ficar parecido com vocês. —Kaio revelou se metendo na conversa dos adultos.
—O que disse, Kaio? — Silas perguntou assustado.
—Vou mostrar. —Kaio disse.
Kaio mudou a cor dos olhos para preto, a pele ficou parda, o cabelo ficou castanho escuro, em tudo semelhante como os filhos de Silas Jaques.
—MEU DEUS! —Risa gritou ao se aproximar e ver a alteração. — O que é isso?
—Que transformação!— Silas disse assustado.
—Meu Deus! —Os três filhos disseram em alta voz.
—MAMÃE, PAPAI TROUXE UM ET PARA CASA. —Adrizia gritou.
—Adrizia! Não fale assim! Vai contar para toda cidade?— Silas reclamou exaltado.
—Oh! Papai, ele pode ser perigoso. —Adrizia argumentou, mudando seu sentimento. — Não tem medo!?
—Não! Ele é de paz. —Silas o defendeu.
—Calma! Crianças. ― Risa disse, chegando na sala. ―O menino é bonzinho! Não fez nada de mal! É obediente e calmo.
—Mamãe! Tem certeza?— André perguntou desconfiado.
—Sim! No começo fiquei com medo também, mas ele parece estar sozinho mesmo. É quietinho, e nós entende, acredita!?
—Sim!— Todos os filhos disseram.
—E já tínhamos suspeitado que ele não fosse desse mundo. —Risa continuou.
—Risa, Kaio nos contou tudo agora. — Silas interrompeu. —Ele aprendeu nosso idioma em uma semana.
—Contou?—Risa perguntou arregalando os olhos.
—Acabou de mostrar que já aprendeu nossa língua e muito bem!—Silas disse.
—Como?—Risa perguntou admirada.
—Pela TV! —Silas contou.
—Não apenas pela TV, mas pelas pessoas, livros e jornais. —Kaio contou.
—Menino esperto!—Adrizia disse admirada. — Mais que meus irmãos que repetiram vários anos escolares!
—Eu sei que sou mais esperto que os Terráqueos. —Kaio concordou.
―E besta! Tá se achando. ―André disse.
―Eu sei do universo que você. Não adianta implicar. ―Kaio disse com confiança.
―Gostei dele, tem confiança em si. ―Adrizia disse sorrindo para o menino.
Por morarem no interior das brenhas, Senhor Silas Jaques conseguiu registrá-lo como filho mesmo. Seu nome passou a se chamar Kaio Lemuz Jaques.