My Anne with an E

By APMatias

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Uma versão da série Anne with an E pela visão de Gilbert Blythe. Essa versão é da série, apesar de eu conhece... More

Prefácio
1 - Uma vida "normal"
2 - A Calúnia
3 - Cenoura
4 - Contando minha história
5 - O Incêndio
6 - Uma Bela Concorrente
7 - A Morte Espreita
8 - Decisão
9 - Despedida
10 - No Primrose
11 - A Mansão
12 - A carta
13 - Ruth
14 - O Retorno do Filho Pródigo
15 - Reencontro
16 - Convite
17 - Natal em Green Gables
18 - Complicações
19 - O Trem
20 - O Gueto
21 - Senhorita Stacy
22 - Mudança de Planos
23 - Reconhecendo Erros
24 - Concertando as Coisas
26 - O Mural
27 - Mudando de Foco
28 - O Visitante
29 - Más Notícias
30 - Precisando ser Forte
31 - A Páscoa de Mary - parte I
32 - A Páscoa de Mary - parte II
33 - A dificuldade de Bash
34 - Flores e Abelhas
35 - Obituário
36 - O Ensaio
37 - Dúvidas
38 - A Feira
39 - O Que é Justo?
40 - A Censura
41 - Manifestação
42 - Consequências
43 - Permissão
44 - A Ruína
45 - O Anel
46 - A Concha
47 - Não Correspondido
48 - Minha Anne com E
49 - Seguindo em Frente
50 - Que Carta?
51 - Querida Anne
52 - Querido Gilbert
Bônus I
Bônus II
Bônus III
Bônus IV
Nova História

25 - Família

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By APMatias

Alguns dias depois Bash e eu seguimos para Charlottetown para o seu casamento. Apesar da certeza do amor de Mary, ele estava extremamente nervoso, imaginando os motivos mais inusitados para a cerimônia não acontecer. Eu tentei acalmá-lo durante todo o trajeto.

As únicas pessoas de Avonlea que foram convidadas foram os Cuthberts. Eram nossos únicos amigos. Digo, amigos da nossa família. Eu era extremamente grato a eles por terem acolhido Bash desde o início.

Quando chegamos à igreja Bash foi direto para o altar e eu ia me dirigir a um banco quando escutei Marilla chamar.

- Gilbert! Sente-se conosco.

Anne, Marilla e Mathew estavam sentados em um banco perto do corredor. Eles se movimentaram para abrir espaço para mim. Ao lado de Anne.

Me senti um pouco estranho sentado ali. Estava desconfortável, não sabia muito bem onde colocar as mãos. Mas, ao mesmo tempo era prazeroso estar tão próximo dela... e dos Cuthberts todos, por sinal.

A cerimônia foi simples, mas muito bonita. A igreja não tinha enfeites e Mary estava vestida de forma simples. Mas naquele casamento havia amor, repeito e sinceridade. E isso era o que realmente importava.

Mary pediu que Elijah a levasse ao altar, mas ele se recusou. Depois apareceu na cerimônia, bêbado. Ele observou do fundo da igreja com um semblante de deboche. Pelo menos teve a decência de ir embora antes de causar algum escândalo.

- Foi uma cerimônia adorável. - eu disse para Anne após a cerimônia.

- Foi sim... bela... - ela me respondeu com um sorriso - Lembra que eu disse que desculpas dão resultado? Pelo curto tempo que nos resta na escola, decidi ser menos antipática.

- Vou ficar aqui... - eu a interrompi.

- Me alegro de ter achado sua vocação... - ela continuou falando sem me ouvir, parecia ter um discurso preparado, mas parou - O quê?

- O quê? - fiquei confuso - Fala você.

- Não, você.

- Ficarei trabalhando na fazenda com Bash, como planejamos. A faculdade virá depois.

- Então... não sairá da escola mais cedo? - podia ser apenas minha imaginação, mas ela pareceu feliz com a notícia.

- Quero estar em família. - olhei para Bash e Mary, que conversavam alegremente com Marilla e Matthew - Sua vez!

- Decidi que serei professora. Exatamente como a Srta Stacy.

- Com o romance trágico e tudo?

- Isso ainda veremos!

Ela me olhou e sorriu. Éramos pouco mais que crianças, mas às vezes minha mente me levava a um futuro onde seríamos mais que amigos. Onde poderíamos ser companheiros de vida e de sonhos. Era um sonho que eu ainda não tinha ideia se floresceria um dia.

Mary nos ofereceu um pequeno almoço em sua casa. Marilla simpatizou com ela de imediato e desenvolveram uma amizade rapidamente. Anne também a conquistou com seu jeito espontâneo. Pensando bem as duas tinham personalidades bem parecidas. Percebi que ao menos as duas acolheriam Mary em nossa comunidade.

Quando voltamos a Avonlea estávamos prontos para colocarmos nossos planos em prática novamente. Eu ia à escola e trabalhava com Bash na fazenda. O ensinava sobre a terra e a plantação.

Aos poucos a fazenda foi revivendo e em alguns meses poderíamos dizer que estava tudo andando como deveria. Tínhamos galinhas para os ovos, uma vaca para o leite, Mary tinha um jardim e uma horta e as famosas macieiras dos Blythes estavam devidamente podadas e fertilizadas prometendo uma boa produção.

Mas o principal era que tínhamos uma família. Bash estava extremamente feliz com seu casamento. Ainda mais após a notícia de que teriam um bebê. Mary cuidava de tudo na casa e se tornou uma irmã para mim. E tínhamos os Cuthberts que se tornaram praticamente parte da família.

Marilla vinha sempre tomar chá e Anne vinha aprender a cozinhar com Mary. Perdi as contas das vezes que me deparei com ela em minha cozinha ao retornar do trabalho com Bash. E das vezes que uníamos as duas famílias para provar os resultados de tais aulas.

Com o tempo as pessoas da região aceitaram a presença de Bash e Mary em nossa comunidade. Não, não era aceitação, eles se acostumaram com a presença deles. Os viam na igreja e na venda, alguns até cumprimentavam com um bom dia ou outro. Mas não os convidavam para suas casas nem aceitavam os convites de Mary. A maioria dos moradores da região ainda se deixava levar pelo preconceito.

Quando chegou o momento do parto nós trouxemos uma parteira do gueto, Mary se sentiu melhor assim. Marilla, Matthew e Anne estavam lá conosco e a pequena Delphine chegou a este mundo rodeada de amor.

Ela era o bebê mais simpático desse mundo e conquistou o coração de todos nos unindo ainda mais. Marilla e Anne estavam sempre presentes ajudando Mary com a casa e a bebê.

Mesmo com a proximidade de nossas famílias às vezes Anne me olhava com aqueles olhos grandes e azuis e eu me sentia completamente sem ação. Eu estava cada vez mais encantado com ela. Estávamos crescendo e a cada dia ela ficava mais bonita, se é que isso era possível.

Quando eu chegava em casa e Anne estava com Mary, eu gostava de escutá-las conversando. Era bonito ver como a amizade entre elas era forte. Muitas vezes pegava um livro e ficava estudando por ali, apenas para estar perto e observar sem chamar a atenção.

Teve um dia em particular que Mary estava amassando o pão e Delphine começou a chorar. Anne pegou a bebê no colo e começou a cantar uma doce canção de ninar. Eu estava na sala, onde conseguia estar atento, mas não em evidência. E não posso colocar em palavras a beleza daquela cena. O olhar dela para a bebê, sua voz tão bonita, ela era perfeita!

Bash passou pela sala, parou e ficou me observando. Eu rapidamente disfarcei e fixei os olhos no livro à minha frente.

- Só uma dica. Blythe! - ele disse se inclinado perto de mim - Vire as páginas de vez em quando. Vai parecer que realmente está lendo!

- Não sei do que está falando. Me deixe estudar. - virei a página e ele saiu rindo.

Na escola as coisas também haviam mudado bastante. O entusiasmo da Srta Stacy contagiou muitos de nós e ela teve que criar um grupo de estudos para nos preparar para os exames da Queens. Tínhamos Moody, Charlie, os Pauls, Ruby, Tillie, Josie, Jane além é claro de Anne e eu.

A Srta Stacy também criou a Gazeta de Avonlea, era um jornal estudantil que ela usava para nos incentivar a escrever e pesquisar. Era divertido e nisso Anne era melhor que qualquer um de nós.

Ela era muito dedicada e levava o jornal a sério. Mais que qualquer um de nós. Tinha paixão por tudo o que fazia. Se não tivesse determinada a se tornar professora seria uma ótima jornalista.

Eu acreditava que finalmente Anne e eu havíamos nos tornado amigos. Como me prometeu no casamento ela se tornou menos hostil comigo na escola. E com a implantação do jornal estávamos sempre envolvidos num mesmo projeto. Era incrível como seus pensamentos estavam à frente do tempo em que vivíamos.

(T3E1)

Num sábado frio, típico do inverno canadense, marcamos um jogo de hóquei no lago congelado. Estávamos todos lá. Os meninos jogando e as meninas assistindo. Ruby havia ficado responsável por escrever uma matéria sobre a partida no nosso jornal.

O jogo já havia começado quando vi que Anne estava na beirada do campo. Ela falava com Ruby, Josie e Diana. Elas riam e Anne estava linda. Seus cabelos estavam soltos, eu gostava demais de suas trancinhas de cenouras, mas aqueles cabelos soltos moldando seu rosto...

Me aproximei, meio sem saber o que dizer. Então vi que ela estava com um caderno anotando algo e Ruby não tinha nada nas mãos.

- Espere! - eu disse - A Ruby não está cobrindo o jogo?

Ela me olhou e ergueu os ombros com quem diz "fazer o que".

- A Ruby está muito preocupada. - Tiilie gritou, já que estava um pouco distante de nós - Com um certo alguém.

Tillie e Jane riram. Eu olhei para Anne e depois para Ruby que sorriu para mim com aquele jeito bobo de sempre. Saí de lá antes que aquilo se tornasse mais constrangedor do que já era.

A paixonite de Ruby por mim já não era segredo para ninguém. Virou uma piada comum entre nossos colegas. Eu nunca demonstrei que poderia estar interessado. Mas parecia que ninguém estava se importando com a minha opinião sobre o assunto.

Voltei para o jogo e Moody estava reclamando que seu taco estava curto. Sempre que errava uma jogada culpava o taco.

Ele tinha encomendado um novo dos índios da tribo Mikmaq e eles chegaram para lhe entregar durante o jogo. Eu achava fascinante que existissem pessoas de uma cultura tão diferente vivendo tão próximos de nós.

Moody foi até eles. Um homem alto e forte e uma menina, com cerca de 12 ou 13 anos. O homem lhe entregou o taco. Era realmente um taco muito bom. A tempos que eu queria trocar o meu também e me aproximei.

- Olá, boa tarde! Gostaria de encomendar um taco, se possível. - peguei moedas no bolso - Eu trouxe dinheiro.

Estendi as moedas para ele que pegou algumas. Aquilo já me falou muito sobre eles. Eram honestos. Ele poderia ter pego tudo, e ainda me pedir mais, eu não tinha ideia de quanto poderia custar um taco, mas ele não se aproveitou disso.

- Sim. Faremos para você. - o homem me falou - Traremos quando estiver pronto.

- Quando devo receber?

- Quando estiver pronto.

Ele riu de mim. Como se eu tivesse dificuldade de entender algo lógico. Eu ri também, nossas formas de pensar eram diferentes. O que era lógico para nós, parecia tolice para eles.

Quando voltei ao jogo Anne se aproximou dos índios. Eu não conseguia escutar o que diziam, mas aquilo era típico de Anne. Todas as meninas pareciam estar com receio de se aproximar dos "selvagens", com escutei Josie Pye dizer. Mas Anne se sentia atraída pelo diferente.

Billy parecia concordar com Josie, aliás era quase certo que assumiriam um compromisso a qualquer momento. Sinceramente eu também nunca gostei muito da Josie Pye. Ela sempre me pareceu um pouco falsa, sei lá. Pareciam o casal perfeito.

Billy havia deixado a escola, estava trabalhando com o pai que em breve lhe entregaria o comando dos negócios. Vivia se gabando que logo as negociações para o compromisso com Josie se concretizariam. Como se o casamento fosse apenas um negócio.

Enfim, Billy gostou bastante do taco de Moody e resolveu pedir um também. Vi a cena de longe, mas acredito que ele ofendeu os índios, já que a menina lhe jogou um lenço no rosto. O homem, porém não quis briga e puxou a menina para irem embora. Ela estava indo com ele, mas voltou e falou com Anne de novo. Parecia que Anne havia encontrado uma nova amiga.

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