Destinos Cruzados || Henry Ca...

Oleh ingridautora

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Allison Williams sofreu uma perda devastadora. Sem o apoio do homem que amava, ela tinha apenas a sua irmã Ka... Lebih Banyak

Book Trailer
Prólogo
Capítulo 1 - Allison
Capítulo 2 - Kate
Capítulo 3 - Allison
Capítulo 4 - Nick
Capítulo 5 - Allison
Capítulo 6 - Ian
Capítulo 7 - Allison
Capítulo 8 - Ian
Capítulo 9 - Allison
Capítulo 10 - Nick
Capítulo 11 - Ian
Capítulo 12 - Allison
Capítulo 13 - Ian
Capítulo 14 - Helena
Capítulo 15 - Allison
Capítulo 16 - Ian
Capítulo 17 - Allison
Capítulo 18 - Allison
Capítulo 20 - Helena
Capítulo 21 - Helena
Capítulo 22 - Ian
Capítulo 23 - Allison
Capítulo 24 - Allison
Capítulo 25 - Ian
Capítulo 26 - Allison
Capítulo 27 - Helena
Capítulo 28 - Ian
Capítulo 29 - Ian
Capítulo 30 - Olívia
Capítulo 31 - Ian
Capítulo 32 - Ian
Capítulo 33 - Allison
Capítulo 34 - Ian
Capítulo 35 - Ian
Capítulo 36 - Allison
Capítulo 37 - Helena
Capítulo 38 - Allison
Capítulo 39 - Ian
Capítulo 40 - Allison
Capítulo 41 - Ian
Capítulo 42 - Allison
Capítulo 43 - Ian
Capítulo 44 - Allison
Capítulo 45 - Allison
Capítulo 46 - Ian
Capítulo 47 - Allison

Capítulo 19 - Ian

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Oleh ingridautora

Eu não estava mais acostumado com aquilo.

Aquela sensação de alguém ao meu lado na cama, a sensação do peso do corpo de outra pessoa sobre o meu, pela manhã. Abri os olhos de repente, um pouco assustado com as sensações que acabei de descrever, e encarei o teto de um quarto que não era o meu.

Voltei a relaxar quando vi Allison dormindo tranquilamente com a cabeça em meu peito. Eu não pude evitar o sorriso em meu rosto.

Acariciei os longos fios castanhos de seu cabelo enquanto ela continuava dormindo. Momentos da noite anterior voltavam à minha memória e eu sabia que eu estava com sérios problemas, porque aquilo não sairia da minha cabeça nem tão cedo.

Talvez nunca, sendo bem honesto.

Há muito tempo eu não me sentia assim. Há muito tempo eu não sabia o que era estar com alguém por algo além de comodidade. Foi diferente de qualquer coisa que tive com Helena nos últimos anos. Aliás, Allison era diferente de Helena em absolutamente todas as coisas que faziam-na ser quem ela é e eu adorava isso.

Allison começou a se mexer um pouco sobre o meu corpo e não demorou muito até eu ver o meu susto inicial sendo refletido em seu próprio rosto. Seus olhos se abriram rapidamente enquanto ela olhava ao redor, tentando compreender tudo. Seu olhar suavizou ao encontrar o meu.

Ri fraco pelo nariz e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Bom dia! – falei sorrindo pra ela, que retribuiu o gesto, voltando a descansar seu rosto contra o meu peito, me olhando de um jeito doce.

— Bom dia! – ela falou preguiçosamente – Acordou há muito tempo? – ela perguntou e eu fiz que não com a cabeça – Bom... – ela sorriu outra vez e eu ri. Ela olhou pro relógio na mesa de cabeceira ao meu lado e suspirou – Eu preciso descer pra preparar o café...

— Cedo assim? – perguntei surpreso e ela fez que sim com a cabeça, fechando os olhos lentamente – Em pleno sábado? – eu estava ainda mais surpreso e ela riu, ainda de olhos fechados.

— Sábado é dia de piquenique no Central Park! – ela respondeu se encolhendo contra o meu corpo e eu ri abraçando-a – Mas eu não tô com a menor vontade de levantar. – ela falou e eu ri outra vez.

— Bom assim? – perguntei com as sobrancelhas arqueadas

— Pescando elogios a essa hora da manhã, Ian Thomas? – ela perguntou erguendo o rosto e me olhando com uma careta, fazendo com que eu gargalhasse – Esperava mais de você. – ela falou voltando a enterrar o rosto em meu peito, fazendo com que sua voz saísse abafada. Ouvi um gemido de insatisfação dela e ri – Eu preciso tomar banho.

— Eu também... – falei com um suspiro.

A verdade é que eu não queria sair daquela cama tão cedo e, pelo visto, Allison também não.

— Infelizmente não temos roupas masculinas nessa casa – ela disse me olhando – Vai ter que usar as roupas de ontem.

— Eu deixo uma mala pronta no carro, caso eu precise fazer uma viagem de emergência. – expliquei e ela fez um biquinho como se estivesse impressionada, me fazendo rir.

— Certo. Vou tomar banho. – ela falou indicando a porta do banheiro com o polegar – E aí você vem.

— Ok. – concordei e então nos separamos.

Allison se espreguiçou e caminhou até o banheiro, sem se preocupar em cobrir a sua nudez.

Definitivamente já passamos desse ponto, pensei comigo mesmo e suspirei.

Levantei a procura das minhas roupas, catando-as pelo chão e vestindo-as. Caminhei silenciosamente pela casa, tentando não acordar ninguém, e fui até o carro. Peguei uma muda de roupas limpas e meus itens de higiene pessoal e voltei para o quarto de Allison.

Quando entrei no quarto, ouvi o barulho do chuveiro ligado vindo do banheiro.

A porta do cômodo estava semiaberta, permitindo que o vapor da água quente escapasse para o quarto e os azulejos azuis da parede fossem vistos do lado de fora. Me aproximei lentamente, abri um pouco mais a porta e me encostei ali, observando Allison de costas, totalmente relaxada enquanto a água quente deslizava pelo seu corpo.

Tentei ser silencioso, mas, não sei se por um barulho ou simplesmente por sentir uma outra presença ali, Allison me olhou por sobre o ombro e sorriu.

— Sabe que pode entrar aqui, se quiser. Não sabe? – ela perguntou e eu sorri fazendo que sim com a cabeça – E tá esperando o que? Um convite formal?

Não precisei que ela dissesse mais nada. Me despi mais uma vez e entrei no box com ela, abraçando-a pela cintura e trazendo seu corpo para o meu.

— Você é muito malcriada. – falei em um tom de voz baixo, beijando o seu pescoço enquanto a apertava mais contra mim.

— Mmhmm... – ela falou esticando mais o pescoço, me dando acesso total à região – O que vai fazer a respeito? – ela perguntou em um tom de voz sensual e eu sorri contra o seu pescoço.

— Você vai já descobrir. – falei antes de beijá-la com força e prendê-la contra a parede.

Em minutos, o banheiro foi preenchido pelo vapor da água quente e os nossos gemidos em sincronia, enquanto, outra vez, nós saciávamos os desejos um do outro. Quando terminamos, ajudamos um ao outro a lavar os nossos corpos entre beijos e outras carícias, até que decidimos sair dali, o que exigiu muita força de vontade das duas partes.

Quando finalmente saímos do box, escovamos os dentes e nos vestimos.

Ela foi direto para a cozinha e eu a acompanhei.

— Precisa de ajuda? – perguntei parando ao seu lado, observando as coisas sobre o balcão da cozinha.

Ela sorriu antes de me responder.

— Não muita... – ela falou dando de ombros – Mas vou agradecer se puder cortar essas mangas e fazer um suco – ela falou me olhando e eu concordei com a cabeça – Não trabalha hoje?

— Até tenho uma reunião, mas é mais tarde – falei dando de ombros – Tá bem doce – falei após colocar um pedaço pequeno de manga na minha própria boca, sentindo a fruta desmanchar e o sumo doce tomar conta das minhas papilas gustativas.

— É mesmo? – ela perguntou erguendo o olhar e sorrindo

— É mesmo! – afirmei – Olha... – falei me inclinando em sua direção, beijando-a lentamente, sentindo Allison corresponder o beijo.

— Uma delícia... – ela sussurrou contra os meus lábios, sorrindo e ainda de olhos fechados.

— Mãe! – ouvimos a voz de Olívia, acompanhada de passos pesados vindo da escada. Allison se afastou mais um pouco, olhando confusa na direção da voz, nos afastamos e fomos até lá – Não tô me sentindo bem... – ela falou com o rosto visivelmente abatido, esfregando o olho preguiçosamente.

— O que houve? – Allison perguntou pegando Liv nos braços enquanto a menina se enrolava em seu corpo – Você tá queimando! – Allison declarou ao sentir a temperatura da pele da menina.

— E a minha cabeça tá doendo... – ela falou deitando a cabeça no ombro da mãe e fechando os olhos.

Kate apareceu no topo das escadas, completamente vestida para ir para o hospital, e suspirou alto.

— Ela ficou assim a noite inteira? – Allison perguntou alarmada e Kate balançou a cabeça negativamente.

— Não. Ela dormiu bem, não se preocupe. A febre começou agora pela manhã. – Kate falou aproximando-se da irmã e sobrinha. – Bom dia, Ian. – ela falou educadamente, visivelmente preocupada com Liv.

— Oi, tio Ian. – Liv falou com a voz fraca e a tentativa de um sorriso – Vai ao Central Park com a gente?

— Acho que ninguém mais vai ao Central Park hoje, meu amor. – falei me aproximando dela e ela concordou tristonha.

— Você precisa comer... – Allison falou e Liv fez uma careta – Preciso terminar de preparar o café da manhã.

— Eu preciso ir para o hospital, tô de plantão hoje. – Kate falou preocupada e Allison suspirou.

— Deixa ela comigo. – falei prontamente – Termina de fazer suas coisas e a mocinha aqui – falei erguendo os braços e vendo uma Liv muito sonolenta se projetar em direção deles – Vai escolher o que vamos fazer enquanto você está ocupada.

— Podemos ver O Clube das Winx? – ela pediu manhosa, enrolando-se em mim da mesma forma como fez com a mãe anteriormente.

— Podemos ver o que você quiser.

— Tem certeza? – Allison perguntou preocupada e eu sorri

— Fica tranquila. – falei indo pra sala com Liv, colocando algumas almofadas no chão e deitando-me sobre o tapete com ela, enquanto ela se escolhia ao meu lado, com a cabeça apoiada em meu braço.

Coloquei o desenho que Liv pediu e fiquei com ela ali enquanto Allison preparava o café da manhã e organizava tudo o que não precisaria mais, já que não iam mais ao Central Park.

— Tio Ian, pode passar o dia aqui comigo? – Liv pediu dengosa e eu sorri.

— É o que você quer? – perguntei.

Ela fez que sim com a cabeça.

— Então eu posso – afirmei e ela sorriu aconchegando-se mais contra o meu corpo.

Fiz uma ligação rápida cancelando qualquer reunião que eu tivesse naquele dia.

— Ian não precisa disso. – Allison falou da cozinha

— Eu sei disso, Allison. – respondi despreocupadamente – O bom de ser o chefe, é que eu só faço o que eu quero e o que eu quero agora, é mimar a sua filha. – falei olhando pra ela, que sorriu lentamente, concordando em silêncio.

Sinceramente, não havia outro lugar onde eu gostaria de estar

Apesar de tudo, a manhã estava sendo muito tranquila. Ainda que Liv tenha nos pegado de surpresa com um resfriado, pelo menos Allison não estava sozinha. Ela pôde preparar um café da manhã para nós três, leve, mas que sustentasse Olívia, que continuava deitada comigo sem nem sequer se mexer, a única diferença é que agora ela estava enrolada em uma manta, depois de ter reclamado que ainda sentia muito frio.

Tudo estava normal, tirando o fato de que Liv estava bem menos falante, provavelmente por causa da dor de cabeça, mas ela ainda fazia alguns breves comentários comigo que prestava atenção em absolutamente tudo o que passava na televisão diante de nós dois.

Na hora de comer, foi uma verdadeira luta.

Segundo Allison, Liv raramente dava trabalho, mesmo doente, mas a menina garantia que a garganta estava doendo, o que fazia com que ela resistisse à possibilidade de engolir qualquer coisa.

— Mas eu não quero... – ela falou chorosa, encolhendo-se contra meu corpo.

Allison suspirou alto, muito próximo de perder a paciência.

Sabíamos que ela não queria comer porque estava com dor, mas também sabíamos que ela precisava comer, pro próprio bem dela.

— Eu sei que está doendo, querida – falei com doçura, tocando os cabelos dela e fazendo um carinho suave –, mas se você não comer, você não vai ficar forte. Se você não ficar forte, você não melhora.

Olívia suspirou, esfregando o próprio rosto, visivelmente irritada com tudo.

— Mas tá doendo! – o seu lábio tremeu, ameaçando um choro e eu a abracei.

— Vamos lá, nós vamos comer com você. – insisti e ela suspirou com uma careta.

— E nada de remédios? – ela perguntou esperançosa.

Allison e eu rimos.

— Você sabe bem que precisa tomar o remédio.

— Tá, mas só um pouco. – Liv falou pegando o garfo e espetando uma fruta que estava disposta na bandeja que Allison havia preparado para nós três.

Liv preferiu o suco, pela facilidade na hora de engolir, mas comeu alguns pedaços de manga e outras frutas mais macias.

Era melhor que nada.

No final, Allison deu-lhe uma dose do remédio para o resfriado e ela o tomou com uma careta e muita má vontade, mas tomou.

— Viu? Você tava com fome – falei e ela voltou a se deitar comigo, mais dengosa do que eu jamais a vi, o que me fez rir.

— Já vai se preparando pro almoço – Allison falou dando um beijo em sua bochecha, ouvindo-a gemer de insatisfação.

O dia inteiro foi assim.

Apesar da febre ter baixado e a cabeça ter parado de doer, a garganta ainda era um problema. Kate pediu algumas fotos da garganta e confirmou a inflamação, sugerindo que Allison desse o antibiótico a ela.

No fim do dia, Allison levou Liv para tomar banho. Enquanto as duas estavam lá em cima, Nora me ligou.

— Ah, então lembrou que eu existo? – brinquei e pude ouvi-la rir, do outro lado.

— Eu sempre lembro. Você que parece ter esquecido o caminho de casa, ontem. – ela comentou e eu suspirei – E do escritório também, pelo visto.

— Eu não fui para o escritório hoje, Nora. Surgiu um imprevisto – expliquei tranquilamente, colocando um biscoito na boca – Eu vou pra casa hoje.

— Helena está procurando por você. Foi até a empresa e depois veio aqui. – Nora contou – Ainda está aqui, na verdade.

— O que ela quer? – perguntei sem entender

— Ela não disse. Sabe como sua esposa é. – ela falou e eu suspirei balançando a cabeça – Preferi deixá-la antes que eu não fosse capaz de refrear minha língua.

— Melhor assim. Não vale a pena se aborrecer.

— Onde passou o dia? – perguntou – Não vou perguntar sobre a noite porque algumas coisas podem ficar longe do meu campo de ideias.

Ri com o seu comentário.

— Allison precisava de mim e eu fiquei aqui.

— Ah, então você acabou respondendo as duas perguntas... – Nora observou – Quer dizer que a Allison precisava de você? Interessante...

– Ainda posso demitir você, sabia? – ri – Mais tarde estarei em casa. Se Helena continuar me procurando, diga a ela que eu morri e que ela está fora do testamento. – ele instruí, ouvindo não só a risada de Nora, mas a de Allison também.

Olhei para ela, que parecia achar graça em ter sido pega.

— Darei essa notícia com todo o prazer. – Nora garantiu e eu ri novamente.

— Obrigado, Nora. – falei – Até mais!

Desligamos a chamada e me virei para Allison.

— O que? – perguntou inocentemente e eu ri.

— Me espionando? – brinquei

— Sua esposa está te esperando em casa? – perguntou com sarcasmo – Não deveria estar com ela?

— Estou exatamente onde eu deveria estar. – falei segurando sua mão com delicadeza, trazendo-a para mim. – Como está Olívia?

— A febre baixou, mas bem pouco. Dei-lhe um remédio e então ela dormiu. – suspirou – Cedo demais para o meu gosto, mas a pobrezinha passou o dia tão mal...

— Não teve tempo nem de uma história? – perguntei e ela soltou um riso fraco

— Ela nem pediu. – Allison comentou – Esse é o nível do mal estar.

— Tadinha...

— Por que fez isso? – perguntou me olhando, depois de alguns instantes de silêncio.

Eu sabia que ela se referia ao fato de eu sequer ter hesitado em passar o dia inteiro assistindo desenho com uma menina de nove anos, doente e dengosa.

Sorri colocando uma mecha de seu cabelo atrás da sua orelha.

— Porque eu me importo. – respondi com um suspiro – Porque eu gosto de vocês duas. – sorri – Não é nenhum sacrifício, pra mim, ficar perto de vocês. Eu gosto.

— Entendi. – ela respondeu e pude notar que ela até tentou, mas não conseguiu evitar o sorriso. Sorri com ela. – Também não sabia que era tão próximo assim da sua governanta.

— Com ciúmes? – ergui uma sobrancelha e ela riu.

— Curiosa, na verdade. – respondeu, ainda rindo.

Ela sorriu enquanto se aproximou de mim, sentando-se em meu colo. Ela estava visivelmente cansada e imaginava que ainda viria muito pela frente, visto que Olívia ainda não estava se sentindo melhor.

— Nora é minha governanta, sim, mas também é uma espécie de irmã mais velha para mim. – falei abraçando sua cintura.

— Entendi. – falou descansando a cabeça em meu ombro – Precisa mesmo ir?

— Infelizmente – sorri fraco – Mas eu volto.

— É melhor que volte mesmo – falou mandona e eu ri, puxando-a para me dar um beijo.

— Não só volto, como também tenho alguns planos para compensar a não ida ao Central Park, hoje. – comentei e ela franziu o cenho, me olhando sem entender.

— Compensar algo que não é sua culpa? – perguntou e eu ri.

— Olívia passou o sábado inteiro doente. Um sábado que ela esperava passar rindo e correndo pelo Central Park. – comentei com um suspiro.

— O que está planejando? – Allison perguntou com um sorriso.

— Eu ainda estou planejando. – falei rindo – Quando estiver tudo organizado, você vai saber. – garanti, dando um beijo rápido em sua boca.

Ela riu do fato de não estar esperando aquilo.

— Eu espero que não esteja achando que vou deixar você ir embora só com esse beijo sem graça. – falou, me olhando sério.

Eu ri.

— Ah, eu não sonharia com isso!

Eu não sei o que era aquilo. Não sei como seria depois que eu saísse pela porta da frente, mas, naquele momento, eu queria aproveitar o que eu pudesse, porque o que quer que fosse, era muito bom.

...

Quando cheguei em casa, encontrei Nora na cozinha, olhando álbuns antigos de quando Kevin e eu éramos crianças, lá em Phoenix.

A vida era fácil.

— O que é isso, uma viagem pelo túnel do tempo? – perguntei chamando sua atenção e ela sorriu.

— Às vezes, sinto saudade dessa época. Tudo era muito mais simples. – ela falou com um sorriso carregado de nostalgia – Olhe para você e Kevin nessa foto!

Devíamos ter uns sete anos, estávamos com lama até os cabelos e cada um tinha um sorriso imenso estampado no rosto. Kevin tinha a janela de um dente recém caído aparente e eu fazia a clássica careta de olhos cruzados e língua pra fora. Ele sempre viajava conosco quando íamos ao sítio dos meus avós e nós dois sempre tínhamos um bom motivo para rolar na lama. Kevin era mesmo como um irmão para mim. Houve uma época em que Charlie morria de ciúmes, porque Kevin e eu éramos inseparáveis.

— Quem diria que nos tornaríamos dois adultos respeitáveis? – brinquei e ela riu.

— Eram crianças adoráveis, embora fossem um tanto quanto atentados. – Nora observou e eu ri.

Sentia mesmo falta dessa época. Da infância e de como eu não precisava me preocupar com tudo o que preciso pensar agora.

— Gostaria de poder voltar nessa época.

— Imagino que sim, mas não é assim que funciona. – Nora suspirou, fechando o álbum – Falou com Helena?

— Não. – respondi – Ela vai voltar, então não me dei ao trabalho de procurá-la. Tive um bom dia. Vê-la só estragaria o prazer da coisa.

— E imagino que a responsável por isso seja a tal Allison. – Nora chutou e eu ri, olhando pra ela com divertimento e um pouco de timidez – Da última vez, você tinha dito que eram só amigos.

—Somos amigos. – falei imediatamente – Allison e eu temos muitas questões pessoais e tivemos relacionamentos muito difíceis. Não sei se quero algo sério com ninguém por um bom tempo.

Nora riu como se soubesse melhor que eu que não aconteceria dessa forma.

— Acho lindo como você tenta racionalizar as coisas, é um comportamento inteligente. Muito inteligente. – ela elogiou e eu ri fraco – Mas eu conheço você desde o dia em que você nasceu.

— E isso significa? – perguntei e ela riu rolando os olhos

— Que você é um homem muito racional nos negócios – ela sorriu –, mas na vida pessoal, seus sentimentos sempre seguram as rédeas das suas decisões. Gosta dela?

— Muito.

— E da filha? – ela perguntou com a sobrancelha arqueada, eu ri.

— Como se fosse minha. – assumi balançando a cabeça, suspirando alto ao pensar nisso.

— E quer mesmo que eu acredite que a sua razão vai vencer, quando eu vejo claramente que tanto a mãe quanto a filha já têm um efeito enorme sobre você? – ela riu apoiando o rosto na palma da mão – Não lembro de vê-lo faltar trabalho nem quando estava doente.

— A menina estava doente. – me justifiquei e ela riu – Pediu pra eu ficar.

— Teria ficado de qualquer maneira, Ian. – ela sorriu – E eu te entendo. Não tente controlar as coisas. Deixe que tudo aconteça da maneira que deve acontecer. Eu só aconselho que você seja prudente.

Deixar as coisas acontecerem como estão acontecendo era o extremo oposto de ser prudente.

— Prudente? – perguntei com uma careta

— Tenha cuidado com a Helena. – ela aconselhou e eu suspirei – Ela não me convence.

— Kevin me deu o mesmo conselho. – suspirei – E vocês estão certos, sei disso. Ela não disse o que queria?

— Não, mas disse que viria amanhã.

— Deseje-me sorte.

— Toda sorte do mundo.


NOTAS FINAIS:

Compensar o sumiço, né?

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