Alvorecer

由 ichygochan

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O destino nunca pareceu estar do lado de Izuku. Criado desde pequeno como um alfa lúpus, todos a sua volta ti... 更多

INTRODUÇÃO
Preparação
Presença
Suscetível
Incontrolável
Descontrole
Conflito
Decisão
Decepção
Percepção
Reflexões
Convicção
Retorno
Apatia
Humilhação
Ímpeto
No limite
Consequências
Visita
Mudanças
Sentimentos
Ômega Insaciável
Compreensão
Lenda
Confortável
Por você
Conhecer
Heat
Encurralado
Rival?
Descaso
Intimação
Novidades
Ânsia
Em vão
Reencontro
Desconfiança
Momentos Conturbados
Escolhas
Proposta
Acidente
Tensão
Saudades
Coincidências
Redefinir
Viagem
Ultimato
49 - Preocupações
50 - Fuga
51 - Cortesias
52 - Planos
53 - Farmer

Obstinação

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由 ichygochan

Eis-me aqui de novo! EEHEHEEHHEHEHEHEH

Eijiro respirava pesadamente, completamente paralisado. Queria correr, se afastar daquele desconhecido, mas não conseguia sequer se mover, submisso à vontade de um desconhecido por ser apenas um ômega. 

Seu corpo no entanto reagira amedrontado frente a violência que estava para acontecer, as lágrimas acumulando e descendo pelas bochechas enquanto os lábios trêmulos deixavam chiados quase inaudíveis escaparem. 

Se fosse um ômega marcado aquilo não aconteceria. O outro alfa não tentaria tomá-lo à força pois o sinal da marca o afastaria, assim como o aroma do outro alfa. Mas ele não tinha uma marca, era apenas um ômega expectante e desempedido. 

O homem se abaixou, o olhar carregado de desejo e expectativa como uma besta satisfeita em caçar, roçando os lábios nos seus ombros antes de ser arremessado para longe de si abruptamente. 

No instante seguinte o alfa estava no chão, sendo brutalmente nocauteado por Katsuki que o esmurrava e chutava sem piedade alguma. 

— Tira as mãos do meu ômega, filho duma puta! Ou eu vou arrancá-las e enfiar dedo por dedo no meio do seu cu!— continuou a socá-lo, exasperado e cheio de fúria. 

De alguma maneira, o alfa conseguiu se levantar e debandar antes que Katsuki o assassinasse ali mesmo, escapando por pouco de uma morte agonizante. 

— Não deveria sair sozinho, porra, olha o que aconteceu, quase foi estuprado e... — esbravejou, ralhando com Eijiro antes de parar subitamente, grunhindo de raiva e se contendo ao se aproximar. Sentou-se, puxando-o para o próprio colo — ... Me desculpe, Eiji, por tudo, eu não deveria estar gritando com você. — o aroma dele o acalmou — Venha, eu te levo para casa. 

Eijiro poderia discutir ou tentar afastá-lo, mas não tinha forças para discutir. Queria apenas voltar para casa.

*****

Izuku havia se preparado para aquela aula ferrenhamente, dando tudo de si ao estudar as leis e montar o caso. Seria uma espécie de "tribunal improvisado", com a apuração de diversos casos fictícios para avaliar o nível de aprendizado de cada estudante. O professor quem escolhera as duplas, entregando a cada um uma cópia do dossiê do caso e  orientando-os quanto ao seu papel. O caso que lhe caiu em mãos o deixou possesso e sensível por uns dias, pois mesmo sendo ficcional ele se embasava em tantos outros que de fato ocorreram. Uma jovem ômega de quinze anos havia sido raptada após um estupro e mantida refém até seu cio, quando seu agressor a tomou, marcou e engravidou, reivindicando-a para si. Por lei ela estava presa à ele por causa da marca e do filhote e não poderia se afastar do alfa ou impedi-lo de vê-lo pois a lei garante que o alfa possa manter seu ômega marcado aromatizado para que a gestação aconteça da maneira mais saudável possível.

Era nojento e injusto que a pobre garota nem ao menos pudesse se defender ou escolher levar a gestação a termo por estar marcada e Izuku sentiu-se mal por ela.

Quantos ômegas passavam por aquilo? Sendo atados e marcados a força, sem chance de defesa?

No final a justiça permitiu ao alfa levar a garota para sua casa, mesmo com os constantes apelos dela para que não o fizessem, pois ele era violento e a estuprava constantemente. A ômega foi obrigada a levar a gestação adiante e se submeter ao alfa até que a criança nascesse, somente então poderia ir embora, o que nunca ocorreu, pois ela não sobreviveu o suficiente para dar a luz.

A perícia concluiu que ela havia sido vítima de homicídio. Izuku seria o promotor do caso e deveria apresentar ao júri e ao juiz as provas aparentemente irrefutáveis de que a ômega havia sido submetida a tratamento desumano, ao passo que seu colega faria a defesa do alfa, alegando que ele agiu sob influência de sua natureza primordial e não era consciente de seus atos. 

O início foi aparentemente moderado, com ambas as partes expondo suas alegações sem muita comoção, contudo era óbvio que seu colega, também alfa, estava começando a perder o decoro por conta do modo tranquilo e certeiro como Izuku apresentava cada argumento. Ele parecia muito centrado e preparado para tudo, tendo sempre uma resposta ou contra-resposta pronta para rebater ou refutar qualquer argumento. Não era preciso ser um especialista para perceber quem estava comandando todo o jogo. 

— Por isso, meritíssimo, considerando todas as privações e constantes tentativas de libertação do cárcere privado ao qual foi submetida, fica mais do que claro que o alfa não agiu sob efeito de nenhuma outra influência que não fosse o próprio desejo. — colocou a pasta sobre a mesa, os olhos passeando pela bancada avaliadora e juri antes de se focar em seu colega de classe — Crime premeditado é o único que se encaixa ao contexto desse delito. 

— Impressionante o modo como conduz o caso e tenta nos convencer, senhor Midoriya, contudo devo lembrar ao júri que a perícia avaliou como um homicídio, e é a esse fato que devemos nos ater, pois ele foi cometido quando o alfa já não mais estava em domínio de sua consciência. 

— Então nos concentremos no homicídio, senhor Huaraka — não se deixou intimidar — O senhor alega que o acusado estava sob efeito de sua natureza, mas então eu levanto a questão: o que é necessário para ativar essa essência primitiva? O senhor é um alfa, sabe melhor do que eu como funciona para vocês, peço que me responda, por favor.

O olhar do alfa foi de pura incredulidade enquanto ele ensaiava um sorriso sem graça.  

— É sério isso? — moveu as mãos teatralmente. 

— Responda a pergunta do senhor Midoriya, por favor, senhor Huaraka? — o professor que fazia a vez de juiz solicitou com interesse. 

— Ele me parece muito confiante de saber a resposta, porque eu deveria responder? 

— Tudo bem, já que parece ser difícil para o senhor colaborar, eu mesmo o faço — prosseguiu, cutucando-o de propósito — Um alfa tende a perder o controle sobre seus pensamentos e se entregar ao lado animal nas seguintes situações: Há alguém o confrontando, ameaçando sua autoridade e espaço, representando um risco ao seu ômega marcado ou prole ou o incitando com feromônios agressivos. Agora eu pergunto: O que uma omêga, fêmea, aterrorizada, vítima de sequestro e estupro, com o psicológico atordoado e reinvindicada poderia fazer para suscitar esse tipo de instinto irracional e animalesco? — parou um momento, esperando que os demais absorvessem. Alguns múrmurios se elevaram enquanto cabeças se moviam em concordância — A resposta, meus caros colegas é: nada. Dadas as circunstâncias em que se encontrava era impossível a ômega ser capaz de provocar seu alfa a ponto de induzir tal estado mental. O máximo que ela pôde fazer foi implorar pela vida ou chorar em desespero sem conseguir verbalizar e isso deveria ativar outro lado de seu alfa, acordando seu senso protetivo. Por isso eu torno a repetir, o que houve foi minuciosamente premeditado. Provavelmente o alfa queria descartá-la como companheira e certo de que apenas a morte pode quebrar o vínculo, ele levou a cabo seu plano, alegando estar fora de controle para escapar da punição.   

— Um lindo discurso — o colega bateu palmas de modo lento e zombeteiro — Mesmo assim não serve para encerrar o caso. Os exames solicitados após a chegada da polícia provou que havia um nível acentuado de hormônios no sangue do alfa, o que prova que ele estava fora de seu juízo quando tudo aconteceu. 

— O que pode ter acontecido por uso exagerado de medicamentos ou qualquer outra droga de aceleração de calor. 

— Vai alegar que ele quis induzir o hut dele e acabou perdendo o controle? — riu desacreditado — Isso não faz sentido. 

— Faz quando você busca uma segunda análise do exame solicitado com amostras guardadas — ergueu uma nova pasta que colocou na mesa do colega para que ele apreciasse. O alfa abriu os olhos confuso e um tanto alarmado com aquela prova e o professor sorriu, admirado da postura de Izuku — Como pode ver os dados revelam que os hormônios encontrados no sangue eram de origem artificial e não natural. 

— Tá, digamos que ele realmente quis acelerar seu hut e porventura tenha se descontrolado, ainda se classifica como um ataque feito sob seus instintos. 

— Não se ele premeditou — mais uma cartada, e os olhos dos demais brilhavam em expectativa — Ele se automedicou e provocou o estado de inconsciência, senhor, o que classifica seu crime como homocídio doloso pois houve a intenção de matar. 

Humilhado, o alfa se levantou arfando com a vergonha que estava sentindo de ser desmerecido por um simples ômega. 

— O ômega pode muito bem ter sido o causador, ter trocado as medicações por puro sadismo. — acusou. 

— Claro que sim, sem dúvida ela estava louca para causar a própria morte — Izuku ironizou — Você tem que admitir, colega, que não há muito o que defender. 

— Ômegas como você sempre tentam nos fazer parecer monstros. — resmungou entredentes.

— Agindo e falando dessa forma preconceituosa você não faz nada além de corroborar a afirmação de Izuku — Shoto afirmou convicto, encarando o alfa que tentava em vão conter os rosnados descontentes.

— O que um ômega sabe sobre ser alfa? — apelou frustradamente

— O que um alfa sabe sobre ser ômega? — Izuku rebateu, mantendo a postura ao lidar com toda a situação sem deixar-se intimidar ou perder a compostura. Mantinha-se em um nível superior, dono do próprio controle, evitando que sua natureza primal viesse a tona como fazia o alfa com quem debatia — Todos somos comandados por instintos, todavia não lhes falta apoio da lei, que lhes concede privilégios e abona suas faltas enquanto nos submete à culpa. Libera vocês do compromisso de respeitar a individualidade do sujeito ômega e os perdoa quando perdem o controle de seus instintos. — seu olhar se afiou desafiadoramente — Isso, meu caro, é o mais puro e repulsivo tipo de injustiça e essa deveria ser a pauta mais discutida quando se fala em igualdade de gêneros. 

O alfa tentava desesperadamente conquistar novamente um lugar de fala, rindo em deboche como se Izuku estivesse falando tolices. 

— Nunca ouvi tanta estupidez na minha vida — desdenhou, o olhar superior e um tanto opressor — Toda essa ladainha me soa como simples tolice, incapacidade de argumentação. Existem provas fundamentadas de que a natureza alfa é, de fato, incontrolável. Como espera que condenemos um sujeito por agir como ele mesmo? Já vocês ômegas, sempre agem com o coração, são vulneráveis e facilmente manipuláveis, deveríamos levar em conta isso também?

— A sua estratégia de inviabilizar os meus argumentos através da chacota não é suficiente para me calar, senhor, estou mais do que acostumado a ter meus raciocínios desmerecidos por alfas que não possuem capacidade argumentativa para defender as próprias teses e tentam me transformar em chacota — aproximou-se perigosamente, a sobrancelha erguida e o olhar de quem sabe onde está pisando, seguro de si — Se não é capaz de debater sem me ofender ou tentar desmerecer pela minha natureza eu sugiro que abandone a carreira jurídica meu caro, pois a minha função é justamente mostrar ao mundo a fragilidade dos alfas que se dizem superiores, mas só sabem ganhar no grito. 

O silêncio foi quebrado pelo som das palmas que se iniciaram calmas, aumentando o ritmo gradualmente e reverberando com o acréscimo de tantas outras. Logo toda a classe estava aplaudindo de pé a coragem de Izuku que ainda sustinha o mesmo olhar afetado, sem se deixar intimidar pelos rosnados do colega. 

— Acostume-se, pois haverão mais ômegas como eu, senhor, e nenhum de nós vai recuar por medo. — acrescentou, colocando as mãos sobre a mesa enquanto o mirava — Não podem nos calar ou menosprezar por mais tempo.   

*****

— Ora, deixe-me ser o felizardo a parabenizá-lo pelo belíssimo trabalho de antemão, senhor Izuku, sua postura foi impecável e de fato me surpreendeu — o professor o elogiou com um aperto de mão firme e Izuku teve que conter as lágrimas para não desabar tamanha alegria em ser reconhecido — Eu realmente espero que siga seus ideais e continue fazendo o máximo para colocar os alfas ditatoriais em seus lugares. 

— Obrigado, senhor, eu realmente me esforço para mudar essa realidade, sonho com um mundo mais igualitário, onde ômegas não serão responsabilizados pela conduta de terceiros por causa de sua natureza. 

— Um ideal nobre e desafiador, afinal estamos falando de um sistema controlado quase majoritariamente por alfas. Acha que está pronto para os desafios? 

— Vou estar, e a cada desafio vou me preparar ainda mais para que nunca me faltem argumentos. 

— A sua obstinação é louvável, senhor Midoriya, torço para que a torne realidade — ajeitou o cabelo, sorrindo honestamente — Foi realmente um prazer poder presenciar a sua atuação como promotor e pode ter certeza de que haverão recomendações minhas quando seu estágio se iniciar. 

— Obrigado, senhor, isso é muito importante para mim, muito mesmo. — agradeceu efusivamente, pronto para sair correndo e contar para a mãe e Shoto e...

Seu sorriso morreu por um momento enquanto o professor se afastava para a porta. Ele queria poder compartilhar aquilo com Shoto, mas como poderia fazer agora? Por mais que desejasse incluí-lo em sua vitória para que ambos vibrassem juntos, seria egoísta. Shoto era bom e merecia mais do que algumas migalhas de atenção. 

Ignorando o desânimo que esse breve pensamento lhe causou, Izuku se preparou, arrumando os materiais para sair. 

Estava anoitecendo e aquele não era um bom sinal, principalmente por Bakugou e Uraraka não atenderem suas ligações. Teria que arriscar ir sozinho mesmo, talvez conseguisse chegar em casa antes crepúsculo se encerrar de fato. 

Durante o percurso ele alternou o olhar entre seus pés e o entorno, observando as pessoas passarem por ele em seu caminho. Alguns corriam, outros voltavam do trabalho ou saíam com animais ou filhos. De repente sentiu-se muito sozinho em meio a todos, principalmente ao avistar alguns casais. 

Se ele ao menos não fosse ômega, tudo seria tão mais simples. Não haveriam imposições absurdas por parte de seu pai, nem correria o risco de ser estuprado ou algo do gênero. Mesmo que fosse um beta sua vida não se resumiria às fraquezas de seu segundo gênero e ninguém mais o subestimaria. 

Conquanto não podia negar que havia certa satisfação em ser ômega e conseguir desbancar um alfa em seu território. Só de lembrar de como encurralou seu colega e arrancara aquele maldito sorriso prepotente de sua cara já parecia valer a pena, ao menos um pouco.

Virou a esquina para casa e mal deu dois passos, se viu obrigado a parar instantaneamente quando algo pontudo encostou em suas costas, fazendo-o travar em pânico.

— Sem alarde, apenas siga em frente. 

***  

Pois é amores, podem lançar suas teorias. 

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