Contratos Velados

Von JS_Malagutti

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Daniel e Estela se esbarram numa noite em que o céu presenteia a Terra com um rastro de fogo. Desde que os do... Mehr

Corpos que caem
O desespero de uma mãe
As vítimas da ala particular
A visita
A experiência
A verdade e uma ameaça
O sumiço
O caso Anelise
A aparição
Cicatrizes e silêncio
A busca
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O vendaval da madrugada
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O pacto de silêncio
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Mudança de Planos
Fuga desesperada
Realidade ou ilusão?
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Fábrica de mentiras
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O Dossiê dos 8
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Operação 53
O reencontro
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Susto na escuridão
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Perdendo a razão
No limbo
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A Rede
A Conspiração
Uma parte do quebra-cabeça
Queda de Braço
Os próximos e perigosos passos
Revelações
É chegada a hora
Mais deles chegam à Terra
O círculo de abduzidos
O último contato?
Quatro anos depois; o fim.

Descortinando os planos

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Von JS_Malagutti

--- 02 horas e sete minutos.

Mais alguns passos e estaria fora daquele lugar. Sentia o ar mais fresco tomar conta de suas narinas. A luz do farolete estava mais fraca. Mesmo que falhasse, a liberdade estaria há poucos passos e o seu olho curado por um estranho milagre o conduziria até a saída. Assim que colocasse o pé ali fora, seria o fim de seu pesadelo.

Ao aproximar da abertura do solo notou luzes piscando coloridas. Barulhos de helicópteros rondando a área. Na sua mente veio toda a lembrança das esquisitices que vivera. Sair daquele buraco e assumir a verdade para a sociedade seria algo que lhe traria um grande regozijo e paz.

"Mas, como explicar aqueles monstros lá embaixo? " -, foi a primeira coisa que veio à mente. Se não tivesse vivido aquilo também não acreditaria. O jeito era fingir esquecimento por um tempo. Mas, poderia correr o risco de ter que fazer exames novamente e parar nas mãos de Dr. Ulysses. Talvez, a melhor saída fosse morrer dentro daquele buraco.

Edilson estava a poucos passos da subida final. Podia ver com um único olho a luz no fim do túnel. Ele preferiu apagar o farolete e se sentar. Naquele momento o melhor que tinha que fazer era relaxar e deixar que as coisas acontecessem naturalmente.

Se o destino o quisesse vivo, o socorro viria. Na sua primeira opção de desistência encontrou o seu maior ato de coragem. O único remorso era ter feito uma moça perder o seu olho para salvar o seu sem que ele pudesse sair de lá.

*****

Inês estava cansada. Encostou em Daniel e sussurrou: "Preciso parar, estou exausta! Alguns minutinhos por favor".

"Precisa de água. Sei onde tem água" -, disse Estela. A moça parecia ter fala mecânica. Isso incomodava Inês. Estela olhou para a professora com seu olho bom e deixou que uma lágrima escorresse. A moça foi em busca de água.

"Não a deixe ir filho" -, tentou Inês.

"A água está perto" -, Daniel sentou ao lado da mãe numa postura completamente ereta. Não era do seu feitio. Inês sabia que ele não seria mais o mesmo.

"Ainda sou eu, mãe. Mudanças acontecem" -, o silêncio imperou e Inês acariciou o queixo do filho como há muito não fazia. Ele acrescentou: "Peça desculpas à Estela. Nós podemos ler os pensamentos e sentir o que sentem".

Inês respirou fundo e sentiu-se perdida pois, de mãe protetora e batalhadora que chegou até ali já não sabia mais o que fazer. Pensou: "Se ao menos Cohen estivesse..."

"Ele não está, mãe. Se você gosta dele. Eu também gosto". Daniel se levantou e pegou a mãe no colo.

"Pare, Daniel, me coloque no chão. Sou pesada!" – retrucou Inês.

Daniel sabia que a melhor forma de a mãe parar com aquela cena era fingir transe. Foi assim que fez e partiu atrás de Estela.

*****

Conforme seguiam, mais o calor aumentava. Os túneis se estreitavam. Cohen percebeu que Zentchen já não andava mais com o mesmo vigor. A fadiga era inevitável.

"Não sinta pena de mim, pois quando chegarmos onde precisamos, você será descartado sem pudor algum" -, ameaçou o Chinês.

Cohen abriu um sorriso. "Aqui, você não me assusta".

"Não duvide de minhas habilidades, Cohen. Nós orientais nos destacamos pela habilidade em criar estratégias e não pela força" -, redarguiu o chinês.

"Só que estamos os dois aqui, perdidos, desarmados e mortos de cansaço. Infelizmente, não há mais o que temer. Então, esqueça sua soberba que tanto me enoja e continua andando" -, emplacou Cohen.

Zentchen o encarou de uma forma diferente. Cohen conhecia esse olhar de triunfo do chinês.

"Filho de uma mãe! Isso é uma emboscada!" -, mal terminou a frase e uma pancada certeira com o cabo de uma picareta fez Cohen cair ao chão quase desfalecido.

Os soldados pegaram Cohen no colo e o levaram até um outro corredor repleto de trilhos. Pegaram um carrinho de uma mina e o colocaram dentro.

"Amordacem e amarrem. É hora de tocar o terror!" -, sorriu o chinês. "Nunca mais esse ufologista metido à cientista falará da área 62".

*****

"Tudo posso naquele que fortalece" -, disse Isaías fazendo grande esforço para seguir nos trilhos com o carrinho. Tinha muita terra e pedra pelo caminho impedindo a roda se seguir nos trilhos.

Parou e calçou uma pedra na roda dianteira do carrinho. Colocou a mão frente ao nariz de André e sentiu de leve a saída de ar. "Graças a Deus, está vivo". Na escuridão, o pastor dobrou os joelhos e olhou para cima como fazia costumeiramente quando queria sentir a presença de Deus.

Naquele momento sentiu paz. Sentiu que estava fora de risco. Agradeceu pela sua vida e pediu a Deus que acolhesse o padre em seus braços e o reconfortasse. "Foi um altruísta" -, pensou.

Estava cansado. Sentou e encostou no carrinho. Precisava descansar um pouco. Não sabia para onde estava indo. Só sabia que sua pupila deveria estar dilatada, pois de alguma forma conseguia enxergar nuances dentro daquelas cavernas pelas quais passara. Resolveu fechar os olhos e descansar.

Nesse mesmo momento em algum lugar do subterrâneo, roncos eram ouvidos. Brenda e Letícia dormiam recostadas e clareadas pelo brilho prata da pedra encontrada no caminho.

Augusto estava assustado. Alguma coisa dentro dele estava mudando. Tinha fome. Sentia seus músculos maiores e mais fortes. Olhava para as duas amigas com um desejo que nunca sentira.

Em si habitava agora um canibal voraz. Se aproximou das meninas e sentiu o cheiro de suor das mesmas. Um cheiro salgado. Não fosse aquela pedra, ele as devoraria ali mesmo.

Tinha picos de humanidade. "Não posso" -, falava seu senso crítico. Mas, o estômago roncava. Ele não estava mais diferente "daquelas coisas". Tinha sede de sangue e queria carne. Talvez fosse melhor voltar e ser devorado pelos demais répteis gigantes.

Ele se aproximou das meninas e tentou falar. Mas, a sua habilidade maxilar e sua língua estavam travadas.

"Aquela pedra era o motivo de tudo"! Teve um pico de ousadia. Se aproximou de Letícia e deu um tapa em sua mão.

Letícia acordou aos gritos fazendo com que Brenda se levantasse. Apedra rolou pelo chão da caverna.

As meninas olharam para Augusto. Ele não era mais o mesmo. Estava inchado. A sua boca parecia um grande corte e a língua insistia em ficar para fora. Seus olhos estavam esbugalhados.

"Augusto, vamos procurar ajuda. Não nos ataque, por favor. Somos amigos, agora". Ele meneou a cabeça negativamente. Não tinha mais amigos. Tinha a fome e a presa e, ates que fizesse alguma besteira, precisava sair dali.

Aproximou-se da pedra e a pegou. Ele vira durante o seu desaparecimento o que os extraterrestres buscavam. Mesmo febril, doente e cansado se escondeu e lutou para não ser descoberto. Ele sabia do poder da pedra. E, antes de partir, mostraria a elas. Mesmo que se machucasse.

Aquela pedra era o combustível da discórdia e seria capaz de eliminar a humanidade. Ele foi em direção às meninas e elas foram recuando com medo. Era o que ele queria: espaço.

Num gesto mais rápido que qualquer humano seria capaz de fazer, pegou a pedra e bateu com força na parede. Uma enorme luz avermelhada acendeu faíscas para todos os lados. Depois disso. Um breu total e um grande silêncio.

*****

Edilson ouvira o eco de longe. Era melhor correr. Uma explosão daquelas poderia contaminar todos e ainda fazer com que a única saída desmoronasse. Mal se virou para correr no escuro quando tropeçou em alguma coisa.

"Socorro!" -, em instante desceu um homem vestido de bombeiro com uma lanterna. Viu ao chão Nadine caída.

"Tantas coisas acontecendo!" -, pensou Edilson. Não sabia se corria ou se ficava.

"Quem é você?" -, indagou aquela linda mulher loira com óculos de aro finos e cabelos presos num delicado coque.

Edilson optou ficar calado.

"Está preso aqui há muito tempo?" -, perguntou o rapaz. "Mendes" -, leu na inscrição do uniforme. Sem graça o bombeiro tampou.

"Nunca nos viu aqui, entendeu? Vamos te ajudar a sair, mas vamos continuar a explorar essa mina. Sabemos que uma grande mentira está sendo contada aqui e isso não pode ser mais propagado. Explosões tóxicas acontecem, mas não são comuns e nem da magnitude como essa está sendo escondida" -, disse Mendes.

"Então, vocês também ouviram?" -, perguntou Edilson quase sem voz. Foi nesse momento que Nadine percebeu que o rapaz estava cego de um dos olhos.

Queria perguntar o motivo, mas não tinha mais tempo para aquilo. Tinha que explorar aquela mina e colher amostras. Era química e não médica. Numa outra ocasião o procuraria. Tinham muitas coisas para conversar.

"Você precisa sair daqui e respirar ar puro!" -, afirmou Mendes.

"Não quero. Tenho medo das perguntas lá fora. Aqui dentro aconteceu muita coisa e antes de entrar aqui, quando nos trancaram no sanatório por causa dos alienígenas também. Não quero e não posso voltar a ficar trancafiado" -, explicou Edilson. "Não quero sair".

"Saia. Vai ser melhor para sua saúde e... se alguém perguntar o que ouve, diga que ficou perdido por túneis até encontrar a saída. Não diga mais nada que isso. É uma dica muito valiosa" -, informou o bombeiro.

"Quando tudo passar, me procure no laboratório da cidade deixarei meu telefone e nos encontraremos em segredo. Tem algo muito errado aqui e é melhor não falar nada" -, explicou a química. "Apenas diga que é um amigo de Nadine, eles lhe darão o telefone sem fazer perguntas. Agora saia".

Mesmo com medo o rapaz caminhou rumo a saída. Nadine aproximou-se de Mendes e sussurrou: "Esse é um caminho sem volta, Mendes, qualquer erro e podemos perder nossos empregos. Tem certeza que quer ir comigo?".

Mendes sorriu. "Mochila está abastecida. Não saio daqui sem desmascarar esses mentirosos. Ainda vou voar num disco voador" -, zombou.

Mendes ajustou a lanterna pelo caminho e seguiu andando seguido por Nadine. Conforme passava a luz pelas paredes, brilhos reluziam.

"Esses brilhos. Tem minérios aqui. Essa mina ainda tem potencial ativo, não era para estar abandonada" -, admirou Nadine passando a mão sobre as pedrinhas pratas.

"Tô te falando! Isso tem a ver com esses fatos que estão escondendo. Extraterrestres existem, mulher!" -, disse Mendes convicto enquanto Nadine com um canivete arrancava uma amostra da parede. "Eu ainda vou pegar um ET e vou mostrar para todo mundo que não é possível só existir vida no planeta Terra".

Nadine soltou um "hum" ironicamente.

"O que foi?" -, perguntou Mendes corado pela possível besteira dita.

"Viver em planetas insólitos sem água, alimentação e animais? Ter tecnologias que voam anos luz e produzirem maquinas e manufaturarem energias renováveis? A NASA já teria descoberto. Os americanos guardam muitos segredos, mas quando descobrem algo, compartilham para a comunidade científica" -, sorriu para ele.

"Explique a área 51" -, indagou Mendes.

"Mitos e lendas. Área restritas para projetos nucleares e teste de novas tecnologias com aeronaves" -, explicou Nadine sem dar atenção ao bombeiro.

Eles ficaram alguns segundos em silêncio.

"Estranho". Essa palavra chamou a atenção de Mendes. Ela entendeu a curiosidade do rapaz. "Esse minério não é catalogado em solo brasileiro e sim em solo norte Americano. Creio que tenhamos encontrado a primeira mina de estrôncio na História do Brasil" -, disse Nadine extremamente excitada.

"O que isso significa? " -, perguntou Mendes curioso pela importância dada pela química.

"Significa que tem motivo para o exército querer isolar isso. Se isso for descoberto, essa região pode virar um caos" -, explicou ela. "Estrôncio ajuda a fazer açúcar, fogos de artifícios, filtra raios ultravioletas. Pode gerar uma grana. Só que é radioativo". Ao dizer isso, lembrou da cegueira do rapaz e ficou atordoada.

"Droga, esqueci de usar as luvas! " -, se irritou com a falha.

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