Red

By beingbel

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Livro interativo, você faz escolhas pela personagem. Primeiro livro da série Escolhas. Conteúdo adulto. Cassa... More

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By beingbel

Apenas afirmei com a cabeça, sem vontade de rebater as provocações de Hawk. Louise soltou um gritinho feliz e abraçou Fedore, que resmungou que estava morrendo de fome e iria fazer os peixes, e se afastou de nós.

Em pouco tempo, Louise já havia acendido uma fogueira e Hawk ajudava Fedore a preparar o que iríamos comer. Berryan havia dito que iria até o rio, o mesmo que eu estava há poucos minutos, buscar água.

Sem que ninguém percebesse, já que estavam todos atarefados, decidi ir com ele. Titus estava distraído, caminhando tranquilamente enquanto estalava seus dedos no ritmo de alguma música. Era uma mania irritante e horrorosa, mania essa que eu tive que aturar no dia anterior e, agora, já não aguentava mais.

- Para com essa porra, stulte! - exclamei, de saco cheio.

Ele pulou com o susto, levando a mão até o coração.

- Porra, Red, o que você está fazendo aqui? - Seus olhos castanhos estavam voltados para mim, o que me fez ficar sem graça.

- Eu... Eu vim te ajudar, mas você está me deixando louca com essa estalação de dedos. - Ele gargalhou com a palavra que eu usei, jogando sua cabeça para trás, o que fez com que seus cachos ficassem pairando no ar.

Tive vontade de rir com o som que saía de sua garganta, mas estava hipnotizada olhando para ele. Encarando sua pele dourada e os minúsculos pontinhos escuros em seu rosto, pintas que, eu juro, poderiam ser usadas para o jogo de ligar os pontos.

- Eu não estava estalando meus dedos - afirmou, parando de rir.

Voltamos a andar, seguindo em direção ao rio.

- Então você o faz de maneira inconsciente, Berryan - falei. - E eu odeio quando você faz isso.

- Bom, agora que eu sei que você não gosta, farei questão de estar bem consciente ao estalar os dedos.

Abri a boca, fingindo indignação e bati meu ombro no seu. Quer dizer, tentei. Como ele era bem mais alto que eu, meu ombro bateu em seu braço.

- Red, você se importa se eu der um mergulho? - perguntou assim que chegamos no rio.

Neguei com a cabeça, e ele logo tirou a blusa, permanecendo apenas com a calça. Me deixei encarar suas costas enquanto ele entrava na água, percebendo que ele também possuía algumas pintas espalhadas por ali.

Me sentei na pedra onde tinha estado mais cedo, perdida em pensamentos.

Estava aterrorizada. Eu não conhecia nenhum deles, eu não conhecia um mundo além do meu. Era um passo no escuro.

- Red? - Saí do transe quando notei Berryan me chamando algumas vezes.

Ele já havia saído do rio e, pelo que pude perceber, já havia enchido as garrafas. Sua camisa repousava em seu ombro direito e começava a ficar molhada pelas gordas gotas que escorriam de seu cabelo.

Meu olhar desceu por seu pescoço até parar em seu peito esquerdo, onde estava tatuada uma rosa vermelha. Sorri, levando meus dedos até ela. Rodeando o traçado como se estivesse a desenhando. Ao contrário da tatuagem de Fedore e Louise, sua tatuagem tinha traços borrados, ora grossos ora finos, e mal feitos, quase como se a pessoa que a havia feito não tivesse estabilidade alguma com a mão.

- Foi você quem fez? - sussurrei.

Apesar de achar que seria impossível para que ele a tatuasse em si próprio, ainda mais no peito, acreditava que havia essa possibilidade já que o traço estava terrível.

- Não, acredito que se eu tivesse feito teria ficado melhor. - Riu. - Foi Ivey quem me tatuou.

- Ivey? - perguntei, confusa, ainda passando a mão na rosa.

- É o sobrenome do Hawk. - Sua voz estava ainda mais rouca que o normal.

Soltei um murmúrio de compreensão, mas não respondi. Sua mão rodeou meu pulso, pressionando a palma de minha mão contra seu peito. Sem poder contornar o desenho, levantei meu olhar até o seu.

Berryan estava com a boca entreaberta e a respiração ofegante, encarando meus lábios.

- Puta que pariu, como você é linda, Red - sussurrou, o que fez com que eu passasse a encará-lo.

Sentia seu coração batendo acelerado contra minha mão e água gotejando em meu rosto, tamanha nossa proximidade.

- Me chame de Cassie, por favor - pedi, sua boca se esticou em um sorrido lateral.

- Me chame de Titus. - Neguei com a cabeça, ainda hipnotizada com a situação. - Não? - Sua voz exalava confusão, apesar da rouquidão fora do comum, e eu apenas neguei novamente. - Por quê?

- Porque seu nome é horrível, prefiro Berryan.

Ele gargalhou com sua característica jogada de cabeça. Senti que quebrei o clima que estava entre nós, mas encarar seu pescoço tão exposto e convidativo me fez ter vontade de enfiar meu rosto ali e tocar sua pele com meus dentes e língua.

Tirei minha mão da sua, deixando-a livre para percorrer o caminho de sua clavícula até o meu local de desejo. Meu movimento fez sua gargalhada cessar, e ele engoliu em seco, abaixando o rosto apenas o suficiente para que pudesse me olhar, mas que seu pescoço continuasse esticado.

Rocei minhas unhas com suavidade, vendo seus poros arrepiados. O ar de seu suspiro alcançou minha face, e eu olhei para seus castanhos e nublados olhos. O desejo estampado ali fez com que eu me arrepiasse também.

Mas eu não o conhecia. Eu não sabia quem ele era.

A única coisa que eu sabia era que eu só estava me sentindo assim porque ele era o único homem que eu já havia visto durante minha vida inteira. E eu não queria beijá-lo apenas por isso, apenas pelo desejo de nossos corpos.

Infernos, eu nem ao menos sabia beijar.

Sua mão voltou a segurar a minha, me impedindo de continuar com a carícia.

- É melhor a gente parar, Cassie - falou, a voz em um fio. - Ou não conseguirei me segurar e te beijarei. - Meu corpo inteiro tremeu, e ele, percebendo o que aconteceu, perdeu o ar por alguns segundos.

- Você faz uma em mim? - perguntei, querendo mudar de assunto.

- O quê?

- Uma rosa vermelha. - Ele assentiu, e eu, ainda com a mão presa na sua, levei as duas até o ponto abaixo de meu seio direito, passando a ponta de seus dedos onde eu gostaria que ele fizesse a tatuagem. Deixando que o comprimento de seus dedos roçasse na carne mais acima. - Bem aqui.

Ele engoliu em seco novamente e se afastou, levando a mesma mão até seus cabelos e os bagunçando, fazendo com que água voasse para todos os lados.

Sem falar mais nada, ele saiu andando. E eu, com um suspiro, fui atrás.

- Ei, vocês demoraram. 'Tá tudo bem? - perguntou Fedore.

- Uhum - murmurou Berryan. - Eu só resolvi dar um mergulho.

Hawk cerrou os olhos em sua direção, parecendo tentar entender mais do que o amigo estava dizendo.

- Venham comer, já está pronto. - Louise sorriu e começou a apontar para o espaço ao seu lado. - Alteza, senta aqui. Guardei um lugar para a senhorita.

Olhei para Fedore, que apenas deu de ombros e riu, ouvindo, em seguida, Ivey bufar.

- Você está com algum problema? - Me direcionei a ele, o encarando com raiva.

- Estou farto de você, Red - respondeu, pura e simplesmente. - Agora, será que dá para a princesinha sentar? Estou morrendo de fome e precisei ficar te esperando.

Louise ralhou com ele, Berryan lhe deu um tapa na nuca e Fedore apenas permaneceu nos olhando.

- Eu acho irônico você me chamando de princesinha quando quem foi criado como um príncipe foi você. Quando você está resmungando porque quer comer o peixe que eu pesquei.

- Você é egoísta para caralho - falou, sacudindo a cabeça.

- Eu sou a egoísta? Nenhum de vocês nunca me procurou antes daquele perfide tomar o trono para ele. Nenhum de vocês, tenho certeza, nunca nem ao menos parou para pensar em como seria minha vida. Em como era uma vida de exílio. - Berryan botou a mão em meu ombro, mas eu o sacudi. - E, agora que vocês precisam de ajuda, vocês já saíram exigindo que eu fizesse algo. Saíram usando meu nome e minha imagem como a porra de um símbolo para vocês antes mesmo de me perguntarem se eu queria ajudar. E mesmo assim, mesmo com toda essa merda que vocês jogaram em cima de mim, eu decidi ajudar. E ainda sou obrigada a escutar que sou egoísta? Vindo de um sus, um amens, um... Um stultissime como você.

Respirei fundo, sentindo meu rosto queimar de ódio.

- Quer saber? Eu estou cansada de falar isso - continuei. - Pareço um disco quebrado de tanto que repito tudo isso, mas vocês parecem não entender. Vocês só olham para a porra do umbigo de vocês. Agem como se fossem o centro do universo e o resto que se foda, que se curvem aos seus pés e obedeçam a seus comandos. - Cravei meus olhos nos de Hawk e completei: - E vendo quem você é, me sinto, de certa forma, aliviada por não ter sido criada por Rei George. Porque eu odiaria ser alguém como você.

Comecei a andar para longe deles, mas antes que me afastasse por completo, virei e falei:

- Já que você está com tanta fome, pode comer o meu peixe também. Espero que engasgue com a merda da espinha e morra sufocado.

Voltei a me afastar e me sentei com as costas encostadas no tronco de uma enorme árvore. Perto o suficiente para conseguir vê-los e longe demais para ouvi-los. Assisti os três falarem com a postura brava e os braços se movimentando com rapidez e precisão, enquanto Hawk ficava com os ombros levemente inclinados para frente, parecendo apequenado por tantas palavras que, julgo eu, não o eram de seu agrado.

Sorri, satisfeita, por ver como eu não era a única que percebia o quão errado ele me tratava. E, apesar de sempre ter sido feliz em minha casa e com minha mãe, gostaria que todos eles entendessem que não havia sido fácil e que eu não era a garota mimada que ele deixava implícito ao me chamar de princesinha.

Eu não precisava disso. Eu não precisava estar ali e, muito menos, os ajudar. Red Fortress não era meu lar e, ao meu ver, nunca seria. Eu nem sabia se era verdade que estavam a minha procura, poderia ter sido uma mentira de Titus.

Fedore levantou e veio em minha direção, parando no meio do caminho para dar um chute na perna de Ivey. Carregava um prato na mão direita e um copo na esquerda, e meu estômago roncou na mesma hora. Traíra.

- Aqui, trouxe para você. - Colocou-os em minha frente e sorriu. - Coma, você precisa se alimentar, temos um longo caminho pela frente.

Sem me deixar falar ou agradecer, ela me deu as costas e voltou para os amigos, não sem antes dar outro chute no homem. Sentou-se em seu lugar e voltou a comer o peixe, olhando de relance em minha direção e me deu um esticar de lábios, quando assenti com a cabeça demonstrando minha gratidão.

- Cassie, acorda. Cassie, pelo amor, já está tarde. - Meu corpo era sacudido por mãos grandes e ásperas, e eu as empurrei para longe, piscando lentamente. - Até que enfim, Bela Adormecida.

Encarei Berryan irritada, desencostei da árvore e me forcei a levantar, bocejando.

- Onde nós vamos? - perguntei, caminhando até onde estavam nossas coisas.

- Vamos para a cabana de Nighy. - Ele me empurrava para que eu andasse mais rápido, mas eu estanquei no lugar. - Ah, não. O quê? Desistiu de ir conosco?

Sua voz era suplicante e dolorida.

- Nighy? - Ele assentiu, franzindo o cenho.

- Você o conhece?

- Fedore falou sobre ele... - murmurei, ainda sem entender. - Nós vamos de encontro ao perfide?

- Ao quem? - perguntou, coçando a nuca. Seus cachos balançavam com o movimento.

- Ao traidor. - Rolei os olhos. - O homem que tomou o trono de meu pai.

Como assim? Ir até ele sem nenhum preparo seria suicídio.

- Não, Cassie. Esse é o Alfred Nighy. - Voltou a me empurrar. - Estamos indo encontrar com o irmão dele, Francis.

- Irmão? - Franzi o cenho. - E vocês confiam nele?

Ele apenas acenou com a cabeça e foi arrumar suas coisas. Me abaixei, colocando minhas facas em minhas botas e o saco de flechas e arco nas costas, do mesmo jeito que vim até aqui. Agarrei minha lança com a mão direita e fiquei encarando minha bolsa de roupas, sem saber como a levaria, mas envergonhada demais para pedir que Titus a levasse novamente.

Louise se aproximou e segurou na alça, a jogando em suas costas. Sorri em agradecimento e a abracei, querendo mostrar o quanto estava grata pelo modo que ela havia me tratado desde o primeiro segundo. Seus braços trêmulos rodearam minha cintura e os meus se fecharam em seu pescoço, os cachos avermelhados roçando em meu nariz e me fazendo cócegas.

- Vamos? - chamou Fedore.

Se você quiser acompanhar a jornada deles até a cabana de Nighy e, por consequência, conhecer mais os personagens, vá para o capítulo 34.

Se você quiser pular a caminhada de horas e chegar logo na cabana, vá para o capítulo 12.
Lembrando que pode ser que alguma coisa que foi dita durante a jornada seja mencionada mais para frente e isso te deixe levemente confuso.

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