Red

By beingbel

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Livro interativo, você faz escolhas pela personagem. Primeiro livro da série Escolhas. Conteúdo adulto. Cassa... More

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By beingbel

Olhei para frente e me deparei com uma cabana simples e, aparentemente, confortável. Os arredores eram muito bem cuidados e repletos de flores brancas, o que contrastava com o vermelho escarlate de meu vestido e das capas de meus companheiros.

Um homem de cabelo grisalho estava varrendo o local, seu corpo era baixo e extremamente magro; pensei, por um momento, que, caso um vento forte batesse ali, ele partiria ao meio. Ou sairia voando.

Louise desatou a correr em direção ao velho, sorrindo de orelha a orelha. A vassoura foi jogada no chão e um baque surdo reverberou pela mata, mas nenhum dos dois pareciam ligar quando, enfim, se abraçaram.

- Eles são parentes ou algo do tipo? - perguntei, olhando para Berryan.

- O quê? - Riu. - De onde tirou isso?

Dei de ombros.

- Eles parecem muito próximos.

- Louise se apega muito fácil e, de todos nós, é a que tem uma relação melhor com ele. No início, todos nós ficamos com certo receio de confiar no irmão de nosso inimigo, mas ela confiou de cara.

- Ela é louca - murmurei, olhando para os dois, agora, conversando.

- Não nego. - Sorriu. - Louise nunca conheceu os pais, tudo o que ela sabe sobre eles é que eram muito pobres e, assim que ela nasceu, eles a venderam em troca de algumas moedas. - O olhei em choque, enojada com aquela história. - Seu pai era contra venda e compra de pessoas, mas ele ficou com pena do que aconteceria com ela.

- Meu pai a comprou? - Ele afirmou com a cabeça.

- Sim, deu casa, roupa e um emprego para ela. Ele era um homem bom, Red.

- Por que está me chamando de Red? Já falei para me chamar de Cassie - resmunguei.

- Cassie é um nome terrível - provocou, querendo me atingir como eu o atingi ao falar de seu nome. - E, para falar a verdade, ele parece mais um apelido do que um nome.

- É porque é um apelido. - Soltei uma risada, dando um peteleco em seu braço. Ele se encolheu todo e agiu como se tivesse doído muito mais do que seria possível. - Meu nome é Cassandra. - Berryan abriu a boca, mas eu não o deixei falar e completei: - Nem adianta dizer que meu nome é feio, stulte, sei que estará mentindo.

Dei uma piscadinha em sua direção, seu rosto se tornou emburrado e ele bufou.

- Quando você vai explicar o que são essas maluquices que você fala? - perguntou, frustrado.

- Provavelmente nunca.

Apressei os passos para que pudesse, enfim, me aproximar dos outros e do tal Francis Nighy, o deixando para trás me xingando.

- Francis - chamou Louise -, é ela. Essa é a filha do Rei George.

O homem voltou seus olhos castanhos para mim, piscando algumas vezes seguidas. Ele caminhou até parar em minha frente e, involuntariamente, minha mão se fechou com mais força na lança.

Fedore, devolvendo a ajuda e cuidado, colocou sua mão na minha, esperando que eu diminuísse o aperto, mas não o fiz.

Eu não confiava nele. Ainda mais depois de saber que ele era irmão do perfide que roubou o trono de meu pai.

Senti suas mãos rodearem minhas bochechas e seus olhos analisarem cada traço de meu rosto.

- Você é tão diferente dele... - falou. Sua voz grossa não condizia com sua aparência quase frágil e, portanto, tive um pequeno sobressalto ao ouvi-la. - Mas tão bela quanto. Sua beleza não deixa dúvidas de que tem o sangue da família real em suas veias.

Não gostei do que ele havia dito. Na verdade, achei extremamente ofensivo, não para mim, claro, mas não disse nada. Permaneci calada e paralisada, em estado de alerta. Embora soubesse que, caso tudo isso fosse uma armadilha, eu estava em menor número e perderia.

Percebendo a rigidez em meu corpo e a posição de ataque, ele disse:

- Por que está tão tensa, menina? Estamos a salvo aqui, não precisa se preocupar.

Hawk deu uma risada e apertou o ombro do mais velho.

- Não adianta, Francis. Ela está o tempo todo desse jeito - brincou. Aproximou a boca do ouvido do homem e, em um sussurro que não tinha nada de sussurro, ele completou: - Ela até dorme com os olhos abertos, é assustador. A gente só consegue ver tudo branco.

Soquei o ombro dele com força, ele se encolheu e passou a esfregar o local com a mão contrária do machucado.

- Deixe-a em paz, Ivey - ralhou Nighy. - Vamos, menina, vamos. Preparei um quarto para que você possa dormir tranquila, deve estar cansada.

Ele começou a me empurrar para dentro da cabana, um sentimento terrível me tomou e eu senti que mal podia respirar; comecei a ofegar e levei a mão esquerda até meu pescoço. Louise se desesperou e quis se aproximar, mas Francis não deixou. Ele apenas colocou suas mãos em meus ombros e começou a sussurrar, mas eu não conseguia entender.

Eu fazia esforço para conseguir compreender suas palavras e, aos poucos, fui capaz. Já conseguia respirar melhor, apesar de ainda estar ofegante. O aperto no peito ainda era incômodo, mas não tanto quanto antes.

Nighy voltou a me levar para dentro, em direção à porta mais afastada da entrada. Eu estava tão aérea que mal prestei atenção nos detalhes do lugar. Tudo o que eu conseguia me lembrar era de deitar na cama e apagar.

Acordei no susto, dei um pulo na cama e me sentei de supetão. Não fazia ideia do que havia me acordado, mas meu coração estava acelerado a ponto de quase saltar por minha garganta.

O quarto estava iluminado pela luz do sol, o que me mostrou que havia dormido por muito tempo. Eu suava demais e o pesado vestido não ajudava, muito menos o enorme e grosso edredom que, antes, me cobria.

Ouvi uma batida na porta antes que pudesse, de fato, me levantar da cama.

- Alteza? Já está acordada? - perguntou Louise, a voz em um sussurro quase nulo, enquanto abria uma pequena fresta da porta. - Que bom que já acordou, a senhorita dormiu muito, sabia? - Sorriu, invadindo o quarto.

- Eu estou morrendo de calor - declarei, a voz rouca. - Preciso de um banho. Tem algum rio por aqui?

- Tem. - Franziu o cenho, confusa, e completou: - Mas nós temos uma banheira aqui, eu posso enchê-la para a senhorita. Não precisa ir até o rio.

Eu estava acostumada com os banhos de rio e não seria agora que mudaria minha rotina. Portanto, finalmente, levantei da cama e andei até minha bolsa, a mesma que Louise carregou durante o caminho, que estava jogada no canto do quarto.

- Pode me levar até o rio? - perguntei, depois de pegar o que precisava.

A ruiva assentiu, suspirando em frustração e saiu do quarto.

- Red! - gritou Hawk.

Eu mal havia me aproximado da cabana, ele já veio correndo e sacudindo os braços. Seu corpo negro brilhava em suor, os olhos castanhos reluziam em divertimento. Ele agarrou meu braço e me puxou, correndo, para a parte de trás da casa.

Durante o caminho, pude ver a tatuagem de rosa em suas costas, bela e enorme.

Berryan e Fedore estavam ali, um engalfinhado no outro. Em desespero, quis correr até eles para separar a briga, mas, ao nos verem chegar, eles pararam. Só então percebi que eles não estavam brigando, estavam treinando.

Titus mostrava seu peito nu, coberto de pintas e a linda rosa; seu corpo também estava suado e seu cabelo encharcado. Não usava nada em seu corpo, nem mesmo sapatos, apenas uma calça velha cobria sua pele. Fedore usava uma calça, quase tão velha quanto a de Berryan, e um top. A parte de cima de seu cabelo, a única parte um pouco mais longa, estava uma bagunça. Seu peito subia e descia com uma velocidade assustadora, demonstrando todo o cansaço que ela sentia. Mesmo diante de tantas tatuagens, meu olhar caiu na minha; na rosa vermelha desenhada em sua costela.

- Pronta 'pra começar o seu treinamento? - perguntou Ivey.

Ele estava tão animado e excitado que, por um momento, pude jurar que ele começaria a saltitar.

- Treinamento? - Levantei uma de minhas sobrancelhas, rindo.

Berryan andou até uma pilha de panos, que acredito serem suas camisas, e tirou algo de cima. Me entregou e, ao tê-la em mãos, meus olhos se arregalaram. Com certo medo, olhei o objeto.

- Mentula! Uma arma de fogo? - perguntei, assustada. Hawk assentiu vorazmente, apertando o lábio inferior entre os dentes para controlar o sorriso que queria rasgar sua face. - Pensei que estivessem extintas.

- E estão - segredou Berryan. - Seu pai tirou todas de circulação, mas ele as guardou em um local seguro, e nós conseguimos roubar algumas.

Ao contrário de Ivey, ele não tentava disfarçar o sorriso.

Não pude evitar o pensamento de que, se o lugar era assim tão seguro, como eles conseguiram invadir e roubá-lo?

- Eu não quero isso. - Negando com a cabeça, a devolvi para ele.

- O quê? Por que não? - Fedore franziu o cenho, sem entender. - É a porra de uma arma de fogo. Sabe como foi difícil consegui-la?

- E daí? Vocês as roubaram antes mesmo de me conhecerem, não foi um pedido meu. - Dei de ombros. - Não aja como se fosse um favor para mim.

- Você precisa aprender a lutar, nós estamos indo para uma guerra - insistiu Hawk.

- Eu sei lutar. E não estou me recusando a treinar, estou me recusando a usar algo que não estou acostumada.

- Mas... - começou Berryan.

- Deixem-na em paz! - Uma voz grossa reverberou, me fazendo dar um pulo de susto. Virei e encarei o homem grisalho. - Vocês usam as armas que se sentem mais confortáveis usando. Com ela não seria diferente.

Eu estava acostumada com facas, arco e flecha e lanças, não com armas de fogo. E não gostaria de entrar para uma guerra usando algo que eu mal sabia como segurar, isso só me traria desvantagem e me atrasaria, podendo, até mesmo, ser fatal para um de nós.

- Eles me falaram do seu arsenal de facas, você gosta de espadas? - Acredito que meus olhos brilharam ao ouvir a última palavra, já que, no mesmo minuto, ele riu e me mandou acompanhá-lo.

Esquecendo todos os meus medos e receios quanto ao homem, o segui com uma afobação fora do comum. Na sala, na parede principal, existia um armário velho e grande. E foi exatamente em sua frente que paramos.

Francis fez suspense, demorando para abrir, mas, antes que eu tivesse um ataque cardíaco, ele abriu as portas de uma vez.

Sorri, encantada com tudo que estava vendo. O armário estava repleto de armas.

Armas de fogo, facas, espadas, arcos, bestas.

- Sabe usar uma espada? - perguntou Nighy, e eu assenti com a cabeça.

- Sei. Ganhei uma de madeira de minha mãe depois de muito insistir. - Passei a mão em uma das espadas. - Mas ela nunca me deixou ter uma de verdade, dizia que a gente só precisava aprender a usar armas de caça, não de briga.

Ele retirou uma de lá e me entregou.

- Acha que consegue usá-la?

- Não sei, ela é muito mais pesada do que a minha de madeira - constatei, a analisando. - Mas acho que com um pouco de treinamento...

Deixei minha voz morrer, não era necessário um complemento.

A espada era feita de aço, o que era um material maravilhoso para esse tipo de arma, pois ele a deixava mais leve do que às de ferro e mais resistentes por causa da flexibilidade que ele a dava. O punho era preto e simples, para que desse o conforto necessário para quem a segurasse. A única estética da arma ficava na guarda, onde uns desenhos estavam entalhados ali.

- Tudo bem, nós ainda temos um pouco de tempo para seu treinamento, já que os guardas de meu irmão ainda não descobriram a localização de minha cabana - afirmou. - O mais importante era tirá-la daquela casa.

- Por que está indo contra seu irmão? - Tirei meus olhos da espada e o encarei. - Digo, por que está armando uma conspiração onde seu irmão pode ser destronado ou, pior, morto?

- Porque não concordo com seus atos - respondeu, dando um ponto final no assunto. - Pronta para começar o treinamento?

Foi a minha vez de assentir vorazmente. Sentindo a excitação e a adrenalina correndo em minhas veias.

- Mas eu preciso fazer algo antes - murmurei, e ele me olhou em dúvida.

O deixei para trás, voltando ao local anterior e gritei Berryan, que veio na mesma hora.

- Está na hora - declarei.

Ele sorriu ao entender o que eu queria dizer.

Entramos no quarto que eu havia dormido e, enquanto ele fechava a porta, arranquei o vestido de meu corpo. Ao se virar, ele deixou que seus olhos percorressem cada centímetro de minha pele, e eu senti arrepios.

- Tem certeza? - perguntou, sua voz rouca fez com que meu estômago embrulhasse.

- Tenho - respondi.

Ele se aproximou e me sentou na cama. Logo em seguida, sentou no chão, de frente para mim. Por ser alto, ficava com o rosto na direção de meus seios, e eu, de imediato, fiquei ruborizada.

- Vai doer um pouco, mas, caso você não esteja aguentando, é só me falar e eu paro por alguns minutinhos, ok? - Assenti.

Berryan pegou um algodão, o embebeu em álcool, o cheiro forte tomando o quarto, e o passou na área abaixo do meu seio direito.

- Terminei - anunciou.

Saí do transe em que estava e o olhei. Titus se levantou, me ajudando a fazer o mesmo depois e caminhou, segurando minha mão, até um grande espelho no quarto. Observei a pequena e delicada rosa vermelha em minha pele, abrindo um sorriso.

Seu corpo estava posicionado atrás do meu, e eu podia sentir sua respiração batendo em minha nuca. Corri até meu vestido e o coloquei, sentindo incômodo com minha parcial nudez. Ele suspirou, parecendo aliviado.

Se você quiser um pequeno resumo dos treinos, vá para o capítulo 28.

Se você quiser pular os três meses de treinamento, vá para o capítulo 17.

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