Red

By beingbel

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Livro interativo, você faz escolhas pela personagem. Primeiro livro da série Escolhas. Conteúdo adulto. Cassa... More

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By beingbel

No meio do caminho, ouvimos um som esquisito. O guarda parou, segurando meu braço com mais força, e olhou em volta, mas sem a tocha era impossível de ver qualquer coisa. Um novo som foi feito, mas, dessa vez, diferente, era como se algo estivesse rasgando o ar, e eu entendi quando a flecha perfurou o peito do homem.

Saindo da penumbra, o corpo de Louise tomou forma. A ruiva correu em minha direção e me apertou em um abraço rápido, saindo de perto com o nariz um pouco franzido e envergonhada.

- São seis dias sem banho - dei de ombros, fazendo graça.

Ela sorriu, agora mais aliviada ao ver que não havia me ofendido.

- Alteza, não imagina a falta que fez. - Me abaixei, sorrindo ao ouvir o que ela havia dito, e roubei a espada do guarda, a mexendo no ar para que me acostumasse com o peso. - Fiquei muito preocupada, sabia?

Não conseguia parar de sorrir enquanto sua voz fina e doce chegava aos meus ouvidos.

- Sem motivo, não aconteceu nada, apenas uma greve de fome forçada... - menti, ocultando o quase estupro, e meu sorriso, antes verdadeiro, agora era forçado.

Ela soltou um suspiro de alívio, e meu coração doeu por precisar mentir.

- Vem, por aqui. - Puxou minha mão, me levando pelo caminho certo, apesar de eu não fazer ideia de como ela conseguia andar naquela escuridão. - Uma mulher, a conhecida do Titus, o avisou que havia te conhecido. Foi graças a ela que conseguimos achar alguns outros do Red Rebels e entrar aqui no castelo com um número razoavelmente bom de gente. Seu plano foi terrível, Alteza.

- Obrigada.

O som de espadas batendo umas nas outras se fez presente, disparamos em uma corrida e, ao chegar lá, já havia uma melhor iluminação, vinda da grande e alta janela. Um homem usando uma capa vermelha lutava com um dos guardas de Nighy, mas ele não parecia estar se dando tão bem.

- Fica aqui, vou resolver isso - ordenei, e Louise assentiu.

Sem muita demora, eu já estava próxima dos homens e, com uma rapidez ainda maior, conseguimos matá-lo.

Com um sorriso no rosto, me virei para Louise, que me olhava preocupada, mas meu sorriso morreu na hora. Abri a boca para gritar, mas já era tarde.

A ruiva tinha uma enorme espada atravessando seu peito, que transbordava em sangue. Seus olhos verdes saíram de meu rosto e desceram até o objeto, assistindo a lâmina sumir enquanto o dono a retirava.

Seu corpo caiu como um saco de batatas, e seu assassino correu até mim, bradando a espada e gritando; eu mal podia ver suas feições, meus olhos estavam cobertos de lágrimas, e, no minuto em que ele se aproximou o suficiente, eu enfiei minha própria espada, a que havia surrupiado do outro guarda, no mesmo local que ele havia acertado Louise.

Voltei a correr, dessa vez em direção à ruiva, e me ajoelhei no chão, colocando sua cabeça em minhas coxas. Larguei a espada ensanguentada do meu lado e pressionei minhas duas mãos em seu corte, sem saber se gritar por ajuda seria uma boa solução ou não.

- Louise, Louise, não se atreva a dormir! - implorei, vendo a mulher piscando cada vez mais devagar.

- Alteza. - Sua voz fina estava fraca e trêmula de dor, meu coração afundou. - Você precisa ir, não tem nada que você possa fazer. - Eu sacudia a cabeça em negação, enquanto sentia meu corpo tremer pelo choro. Suas mãos pequenas e delicadas tocaram as minhas, em um pedido para que eu parasse com a pressão. - Eu agradeço por ter se disposto a nos ajudar, Alteza. A senhorita tem alma nobre, sinto muito que tenha passado por tudo que passou, você não merecia.

- Louise...

- Eu amo vocês - sussurrou, fechando seus olhos.

Enxuguei as lágrimas, esquecendo que minhas mãos estavam cobertas pelo sangue quente de minha amiga, portanto acabei ficando com um rastro do líquido escarlate nas bochechas. Limpei o que ainda restava em meu vestido para que a espada não ficasse escorregadia em minha mão.

Durante o caminho, precisei parar algumas vezes para ajudar os estranhos com a capa vermelha, sempre recebendo uma saudação em troca.

A porta da sala do trono estava arreganhada, mas eu precisei de uns minutos para tomar coragem de entrar no local em que havia sido quase violada. Reconheci a cabeleira de Berryan, ele lutava com um homem enorme, mas estava se dando bem; Fedore também estava no local e lutava com dois guardas ao mesmo tempo, ela se movimentava com graça, parecendo estar em uma dança; já Hawk levava a pior, não que estivesse machucado ou perdendo uma luta, mas porque ele havia avançado para Nighy, mas esse estava cercado de guardas.

Sua pele negra brilhava pelo suor, e, apesar de demonstrar cansaço, eu sabia que ele poderia deter todos aqueles homens, mas que não conseguiria fazê-lo a tempo de impedir que Alfred fugisse. Enquanto Ivey lutava, um guarda escoltava o traidor do reino.

Atravessei a sala correndo, buscando não chamar atenção dos três para que eles não se distraíssem por minha causa, mas fui parada por um outro guarda do reino. Ele sorriu perverso antes de avançar em minha direção, e eu havia encontrado uma dificuldade maior com ele do que com os anteriores, já que o homem era o dobro de meu tamanho.

Assim que enfiei a espada bem no meio de seu olho esquerdo, consegui seguir os dois, Nighy e o guarda que o escoltava, que haviam acabado de passar por uma porta na lateral do lugar. Senti falta de meu arco, até mesmo de uma faca, para que eu pudesse acertar o guarda sem precisar me aproximar tanto quanto uma espada pedia. E me xinguei por não ter pego o que Louise estava usando antes.

Minhas pernas queimavam pelo excesso de exercício, afinal, eu estava parada há quase uma semana, e meu corpo estava fraco, mas a adrenalina, a raiva e o desejo de justiça me impulsionavam cada vez mais para frente.

Quando eles, enfim, me notaram, o guarda colocou Nighy atrás de suas costas, usando seu próprio corpo de escudo, e empunhou a espada em minha direção. Não foquei em outra coisa além de sua arma, buscando redobrar minha atenção em seus movimentos, mas estranhei quando ele, surpreendentemente, a abaixou. Voltei meus olhos para seu rosto e compreendi: era o guarda que havia levado minha refeição no dia anterior, o mesmo que havia me mostrado sua tatuagem com o símbolo dos Red Rebels.

- O que pensa que está fazendo? - perguntou Alfred, demonstrando medo apesar de sua voz áspera. - Mate-a!

O guarda sorriu para mim e se afastou de Nighy, passando do meu lado em direção à sala do trono.

- Ajudarei Ivey - murmurou.

Assenti com a cabeça, mesmo que ele já estivesse longe e sem olhar para mim, e sorri vendo o homem acuado como um animalzinho indefeso. Ele tornou a se virar para onde, antes, estava indo e tentou correr para a porta no final do corredor. Deixei que ele tivesse uma pontada de esperança, que acreditasse que conseguiria fugir e se livrar de mim.

Sabia que, apesar da fraqueza e da queimação em minhas pernas, eu conseguiria alcançá-lo facilmente. Sua mão agarrou a maçaneta em desespero, mas a porta não abriu. Ele se jogou contra a superfície, mas ela não cedeu um milímetro. Gargalhei, tendo plena certeza de que o guarda havia preparado o terreno para mantê-lo preso ali até que ele me levasse até lá.

Refiz seus passos e encostei a ponta da espada em sua nuca. O corpo do velho retesou, e ele, finalmente, parou de se debater contra a porta.

- Vire-se - ordenei.

Ele obedeceu, levantando as duas mãos na altura da cabeça, em sinal de rendição.

- Eu devia deixá-lo passar fome, devia deixá-lo mofar naquela cela nojenta e podre - falei, e ele soltou um leve suspiro aliviado, acreditando que eu o deixaria fugir. - Devia sentenciá-lo à mesma morte, deixá-lo sofrer antes de, finalmente, livrar o mundo de sua presença. Mas eu não aguento mais saber que você está aqui, vivo, respirando, enquanto, por sua causa, famílias estão despedaçadas.

Ele abriu a boca, pronto para falar alguma coisa. Mas eu o interrompi:

- Te vejo no inferno.

Enfiei a espada em sua garganta e a retirei na mesma hora, seu corpo caiu no chão, as mãos correndo para o corte, na esperança de que ele conseguisse impedir o sangramento. Sentei ao seu lado, de forma que pudesse vê-lo.

Assisti enquanto ele continuava lutando para ficar vivo, enquanto ele olhava para o teto sem conseguir se mover pelo medo de abrir ainda mais o machucado. Só percebi quanto sangue ele havia perdido quando senti algo quente tocando minhas pernas cobertas pelo vestido.

- Você é tão filho da puta que não morre logo de uma vez - falei.

Ele me olhou de canto de olho, tentando falar alguma coisa, e eu já sabia o que ele queria: misericórdia. Nighy queria que eu o matasse de uma vez, finalmente desistindo de brigar por sua vida, e o livrasse daquele sofrimento.

Mas eu não queria.

Eu queria assistir enquanto seu corpo agonizava ao lado do meu. Queria assistir seu desespero.

Quando ele, enfim, parou com qualquer som, além de seu sangue pingando no chão, e com os espasmos de seu corpo, eu sorri, feliz por ter livrado o mundo de alguém como ele.

Peguei a espada que eu havia deixado ao meu lado e a encaixei no seu ferimento, serrando a pele que ainda restava, até que sua cabeça estivesse solta.

- Acabou! - gritei, na sala do trono.

Minha voz estava forte e profunda, o total contrário de como era normalmente.

Berryan e Fedore já haviam derrotado os guardas que eles lutavam antes e a maior parte dos que estavam com Hawk, estavam mortos no chão. Com meu grito, os poucos que ainda sobravam ali, se distraíram por um momento e olharam em minha direção, mas ninguém olhava propriamente para meu rosto ou corpo, eles olhavam para minha mão.

A mão que segurava a cabeça decapitada de Nighy.

Os guardas paralisaram, sem saber se deviam continuar defendendo um rei morto ou se paravam com a luta. Decidiram pela segunda opção, que, ao meu ver, era a mais inteligente. Eles largaram as armas no chão e se curvaram, mostrando respeito.

- Avisem que Alfred Nighy está morto e que a guerra deve acabar agora mesmo, matem qualquer um que decidir continuar com essa luta estúpida - ordenei, e eles assentiram. - E reúnam o povo no jardim.

Os homens saíram, inclusive o Red Rebel disfarçado que havia me ajudado, deixando na sala somente Hawk, Berryan e Fedore.

- Cassie, você está bem? - perguntou Hawk, e eu assenti. - Onde está Louise? Ela não conseguiu te achar?

- Louise está morta - declarei, e os três tomaram um baque.

- O quê? - perguntou Fedore, seus lindos olhos cor de mel enchendo d'água.

- Um dos guardas, covarde como seu rei, a matou pelas costas. Não tive tempo nem de avisá-la. Sinto muito.

- Cassie, você está coberta de sangue - apontou Berryan, preocupado.

- Não se preocupe, nenhuma gota dele é minha.

Me encaminhei até o lado de fora, e eles me seguiram, ainda em uma espécie de torpor pela morte da amiga.

Eu sentia como se a ficha ainda não tivesse caído, como se, no minuto que eu parasse para pensar em tudo que havia acontecido em menos de uma semana, eu finalmente desmoronaria.

Passei pela porta de entrada do castelo, olhando o jardim com algumas poucas pessoas. Era claro que não estavam todos ali, mas sabia que minhas palavras se espalhariam com rapidez.

Joguei a cabeça de Alfred Nighy no chão, e as pessoas fizeram um som de espanto e, até mesmo, de nojo. Seus olhos opacos e castanhos ainda estavam abertos e pareciam julgar todos nós, mesmo sem o brilho de vida neles. Lembrar deles me encarando enquanto o dono me quase violava, me fez ter um embrulho terrível no estômago.

Prestei atenção em cada um presente no jardim, prestei atenção no cheiro das rosas vermelhas, mesmo que meu próprio fedor - pelo tempo sem banho e pela quantidade de sangue em meu corpo - estivesse mais forte. Eles me olhavam confusos, sem entender o motivo de meu silêncio, mas, acima de tudo, me olhavam assustados.

E não era porque eu era uma Red. Não era porque eu era uma bastarda.

Era porque eu havia matado o traidor de meu pai. E, até onde eles sabiam, qualquer um que havia sido contra meu nascimento, também poderia ser considerado um traidor.

Eu nunca tinha estado lá, eu não havia crescido ali, cercada de luxo ou aprendendo sobre como cuidar de um reino. Eu não tinha experiência alguma com isso.

Mas eu tinha uma responsabilidade agora.

E era hora de fazer o necessário.

Se você quiser que ela assuma o reino, que se torne uma rainha, vá para o capítulo 19.

Se você acha que ela já fez até demais por todos aqueles que só a fizeram sofrer e que ela deveria abdicar do trono, nomeando alguém, para viver em sua antiga casa com Berryan ou Fedore (que você ainda escolherá), vá para o capítulo 29.

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