Não pare a Música

By AliceHAlamo

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A dança é composta por vários elementos. Você tem a coreografia, o tempo, a música, o dançarino, a técnica... More

Capítulo 1 - Sasuke
Capítulo 2 - Naruto
Capítulo 3 - Ino
Capítulo 4 - Gaara
Capítulo 5 - Quebra de rotina
Capítulo 6 - Suas lentes
Capítulo 7 - Interesses
Capítulo 8 - O que os outros pensam
Capítulo 10 - Ajuda "mútua"
Capítulo 11 - Punição
Capítulo 12 - Fora de Foco
Capítulo 13 - Desafio
Capítulo 14 - Intensidade
Capítulo 15 - Mudanças
Capítulo 16 - Tensão
Capítulo 17 - Entre jogos e bebidas
Capítulo 18 - Escolhas
Capítulo 19 - A queda
Capítulo 20 - Bolha
Capítulo 21 - Luz acesa
Capítulo 22 - Segredos
Capítulo 23 - Permissão
Capítulo 24 - Montanha Russa
Capítulo 25 - Gravidade
Capítulo 26 - Amarga Vitória
Capítulo 27 - Forjada em veneno
Capítulo 28 - Aberto
Capítulo 29 - Relações
Capítulo 30 - Linda
Capítulo 31 - Cores
Capítulo 32 - Oportunidades
Capítulo 33 - Elos
Capítulo 34 - Marcas da alma
Capítulo 35 - Resgate
Capítulo 36 - Suporte
Capítulo 37 - O que tem atrás das cortinas
Capítulo 38 - Socos da vida
Capítulo 39 - A morte do Cisne
Capítulo 40 - Acerto de contas
Capítulo 41 - Vida
Epílogo

Capítulo 9 - Encantado

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By AliceHAlamo


Três horas e quarenta e dois minutos da manhã.

Gaara coçou os olhos, a vontade de dormir não conseguindo superar a insônia. Estava sentado na cama, as pernas esticadas, o apoio para notebook sobre o colo, a luz da tela refletindo em seu rosto. A câmera estava desligada sobre o criado mudo, e ele observava com surpresa a quantidade de fotos que havia conseguido de Ino.

Tinha que selecionar as melhores para enviar a Konan pela manhã, a montagem do booking seria naquela tarde. Contudo, quanto mais passava pelas fotos, mais indeciso ficava. Estipulou um número para cada figurino, outro para cada tipo (portrait, corpo todo, sentada, deitada, em pé), mas era horrível não conseguir se decidir. Além disso, tinha que se controlar, já havia percebido que escolhia muito as fotos em que Ino olhava diretamente para a câmera, e isso era ruim, ele precisava de fotos variadas, não podia prejudicar o booking dela.

Passou a mão pelo rosto. Talvez, se conseguisse dormir um pouco que fosse, a mente se clareasse, mas não conseguia, já havia tentado de tudo...

Mais da metade das fotos já haviam sido avaliadas, escolhera mais do que devia, mas ignorava esse detalhe, Konan saberia melhor que ele lidar com aquilo. Bateu no teclado com um pouco mais de impaciência e então chegou no figurino que havia causado certo... problema.

Quando tinha escolhido o cropped e a saia longa solta, imaginava que Ino gostaria de vesti-los, afinal, ela mesma havia posto as peças na bolsa e eram ótimas roupas. Entretanto, quando mais de trinta minutos havia se passado entre a troca de um figurino e outro, desconfiou de que algo estivesse errado.

Lembrava-se de ter batido na porta do camarim, entrado e esperado do lado de fora do vestiário enquanto ouvia o salto do outro lado da porta.

Passos constantes e sons de frustração.

— Precisa de ajuda, Ino? Quer que eu chame alguém? — indagou e, automaticamente, os sons pararam.

— Não, tudo bem — ela respondeu depressa.

Afastou-se da porta e se sentou para esperá-la. Ela saiu depois de mais algum tempo, a porta se abriu de maneira lenta, a cabeça dela aparecendo primeiro pelo vão e só então o corpo. As mãos seguravam a saia, e ela mudava o peso de uma perna para a outra com constância enquanto espiava a imagem no espelho ao lado.

Assim como tinha suspeitado, ela ficou linda. A roupa dava-lhe um ar mais solto, livre, confortável, perfeita para primavera. A saia solta dava movimento, chegava aos pés sobre uma sandália com um salto quase inexistente. Era delicado, de uma beleza simples, duvidava que outra mulher conseguisse ficar tão bem em tantas diferentes roupas como Ino. Ela combinava com tudo! Destacava-se em tudo! Como era possível??

— Uau...

Tanto ele quanto Ino se viraram para a porta ao ouvir a voz nova no recinto. Hanabi media Ino de cima a baixo sem qualquer discrição.

— Você está linda! — Hanabi sorriu e se aproximou para girar ao redor de Ino enquanto a examinava.

Ino corou, sorriu de volta, os braços cruzaram-se em frente ao corpo, um pouco abaixo dos seios enquanto Hanabi tomava distância para olhá-la mais uma vez.

— Como vai usar o cabelo? — Hanabi perguntou e o olhou buscando resposta.

— Acho que preso, no alto, com algumas mechas soltas do lado contrário à franja — respondeu sem desviar o olhar de Ino, como se pudesse ver exatamente o que descrevia.

— Maquiagem?

— Somente base, um batom vermelho e destaque nos cílios. Sem acessórios — acrescentou, e Hanabi pareceu aprovar a escolha.

— Vai ficar incrível — ela garantiu a Ino, pegou uma bolsa que estava sobre a mesa e acenou antes de deixar o camarim.

— Vamos? — Gaara se levantou, e Ino concordou em silêncio.

Silêncio. Ino não era silenciosa, e ele estranhou o comportamento. Enquanto passava o que queria para a equipe de maquiagem, percebia que não era o único a perceber a mudança. Posicionou-a no set depois, estavam sozinhos daquela vez. E ele achou que talvez aquilo pudesse ajudá-la a ficar mais à vontade, contudo, o que a lente percebia era o oposto.

Algo estava absurdamente errado. Ino olhava ao redor com constância, o incômodo era tão visível que sua câmera pareceu focá-lo e ampliá-lo.

— Está se sentindo bem? — Abaixou a câmera para olhá-la.

— Sim, claro — ela respondeu com nervosismo.

— Eu vou começar com as fotos de corpo inteiro. Vou pedir para você mexer de leve na saia ou segurar um pouco o tecido para dar ideia de movimento. Tente deixar os ombros inclinados um pouco e siga a câmera com os olhos. Tudo bem?

— Certo, tudo certo — ela respondeu, em tom baixo, mais para si mesma do que para ele.

Ergueu a câmera e esperou, ela respirou fundo e olhou para a câmera sobre o ombro esquerdo, de lado, a mão segurando delicadamente a saia.

— Sorria — ele pediu, ela fez, contida, o clique da máquina soou.

Ele encarou o display com cenho franzido e mudou a posição ficando do outro lado de Ino. Ela se posicionou o braço direito cruzado à frente do corpo, escondendo a pele que o cropped deixava à vista.

— Ergue só um pouco o rosto, isso, assim está bom. Agora, deixe os braços soltos, mexa na saia ou no cabelo.

Hesitação. Diferente de todos os comandos anteriores, ela demorou para responder a aquele e, quando o fez, olhou para a câmera de um modo diferente dos outros dias. As lentes não filtravam a angústia, pelo contrário, eram lupas que permitiam a Gaara olhar detalhadamente cada traço da expressão facial e corporal dela.

Ela estava tensa. As mãos seguravam a saia como se o ato fosse para a impedir de mover os braços, a respiração estava um pouco acelerada, o corpo parecia querer virar de lado, um ato de defesa, o rosto não conseguia se manter erguido, muito menos os olhos.

Ino estava se escondendo da câmera, e os olhos azuis clamavam para que ele não a obrigasse a aquilo. Abaixou a máquina, sem entender exatamente o que estava acontecendo. Ino estava indo bem antes, bem demais até, eles possuíam uma ótima conexão, então não entendia o que havia mudado.

— Está preocupada com alguma coisa, Ino? — Caminhou até ela. — Algo te incomodando?

Ela abriu a boca, mas virou o rosto para ver um dos membros da equipe de iluminação se aproximar. Os braços voltaram a cruzar diante do corpo, e ela não demorou para dar as costas e se afastar para que ele falasse com o técnico.

Ela não se escondia da câmera, estava se escondendo dos olhares: ela estava com vergonha.

Quis bater na própria testa por não ter adivinhado antes! Terminou de explicar como o próximo set deveria ser montado e, assim que o técnico saiu, voltou-se para Ino enquanto tirava o celular do bolso.

— Ino, podemos fazer uma pausa? Eu esqueci de almoçar.

— Ah, claro...

— Já venho, um minuto — pediu e correu até a sala de descanso para pegar dois lanches e dois sucos. Conferiu a validade, não podia ter Ino passando mal como Hanabi.

Voltou para o set, Ino digitava no celular com pressa, andava de um lado para o outro e tentava ajeitar a saia, puxando-a ainda mais para cima. Compreendeu... finalmente conseguindo entender o motivo da vergonha e da apreensão dela.

Nunca tinha tido aquele problema antes, as modelos com quem trabalhava eram como Hanabi, magras ou então já com muita experiência para deixar transparecer o que abalava a mente. Ino não era nem uma coisa nem outra, e ele precisaria contornar aquilo, fazê-la sentir-se bem de novo.

— Me acompanha? — perguntou sobressaltando-a ao colocar os lanches e as bebidas sobre a elegante mesa alta ao canto.

— Eu já almocei, mas aceito o suco.

Ele abriu a lata e a ofereceu para Ino.

— Se importa se eu colocar uma música? — ele perguntou enquanto procurava pela banda no celular.

— Não, fique à vontade.

— Gosta de eletrônica?

— Adoro. — Ino sorriu, e ele percebeu que ela reconhecera a música. — Você não parece combinar com esse tipo de música — comentou enquanto o analisava.

— Não? Que música me daria?

Ela batia os dedos na mesa, marcando o ritmo enquanto a cabeça balançava suavemente junto ao corpo. De repente, a diversão tinha voltado aos olhos dela.

— Talvez... rap?

— Rap? — ele repetiu, surpreso.

— Heavy metal? — Ino arriscou.

— Deixa eu adivinhar — Ele cruzou os braços sobre a mesa e se inclinou na direção dela, calmo, segurando o sorriso enquanto repetia aquilo que já lhe tinham dito milhares de vezes: — você também acha que tenho cara de marginal?

Ino corou violentamente e riu, levando o suco à boca para tentar disfarçar, muito mal, a vergonha.

— Eu não disse isso — ela tentou parar de rir, mas ele já tinha cedido e ria de leve com ela.

— Já estou acostumado. E também não vou negar que já tive uma fase rebelde.

— Jura? — Ela arqueou a sobrancelha interessada. — Quão rebelde?

Ele olhou para o teto enquanto pensava e coçou a nuca antes de voltar a olhá-la.

— Digamos que, se eu tivesse filhos, nunca deixaria que contassem sobre minha adolescência para eles.

Ino arregalou os olhos.

— Você não parece ter um passado tão sombrio assim — ela provocou. — Aliás, você parece alguém extremamente... calmo, quase zen.

— Os milagres da psicologia. — Ele deu de ombros enquanto os olhos não conseguiam parar de olhar a forma como Ino parecia se deixar levar pela música.

— Você dança? — ela perguntou de repente com extrema curiosidade, afinal, música eletrônica era contagiante, música comum em baladas, e a ideia de Gaara dançando aquilo era tão distante que a fazia querer rir ao imaginar.

— Não. — Gaara arregalou os olhos. — Nada, dançar e ser eletrocutado deve ser a mesma coisa no meu caso.

Ino riu abertamente e deixou a lata de suco sobre a mesa antes de segurar a mão de Gaara e o puxar para o set.

— Não, é sério, Ino, eu realmente não danço, não adianta — ele tentou falar, mas ela o colocou no centro do set e parou ao seu lado.

— Todo mundo dança — ela rebateu, incrédula. — Só tenta repetir o que eu faço.

— Vai ser um desastre.

Ela não lhe deu ouvidos, e, na verdade, ele não quis a impedir. Enquanto marcava o tempo da música, ela parecia livre da vergonha que a preocupava antes, como se a música tivesse tomado conta de toda a sua mente, não deixando espaço para qualquer divagação. Ela o olhou, a ansiedade e animação tão evidente, que ele balançou a cabeça incrédulo por se sentir diante de uma criança a receber um presente.

— Tente me imitar — ela falou. — Cinco, seis e sete e oito!

Os passos começaram, os pés moviam-se, rápidos, os braços executavam uma sequência que ele não conhecia, mas que Ino deveria estar familiarizada já que não havia intervalos, eram movimentos perfeitamente interligados e contínuos, fluidos.

— Você nem está tentando, Gaara!

A felicidade dela com algo tão simples era invejável, todo o silêncio em que antes ela estava mergulhada havia sumido e agora a voz voltava a espalhar a alegria que normalmente possuía. Ele passou a mão pelo rosto, a ideia de dançar era tão estranha que podia enfiar a cabeça na terra só por estar a considerando. Mas seu corpo moveu-se antes que ele se decidisse, seus pés tentaram imitar o que Ino fazia, e ela segurou suas mãos para ajudá-lo.

Aquilo estava horrível! Ele olhou ao redor e agradeceu por ninguém estar vendo, Konan nunca o deixaria esquecer daquela cena se visse. Uma ideia de repente o fez abrir a boca em surpresa, ele soltou-se de Ino enquanto ela ainda dançava e se afastou para correr até o celular.

— Vou colocar uma das minhas preferidas — ele avisou. — Pode dançá-la para mim? Se me deixar tirar as fotos enquanto dança essa, eu danço uma também.

Ino sorriu em desafio e piscou para ele.

— Quero só ver!

— Isso é um sim? — Ele segurou a câmera nas mãos.

— Só apertar o play. — Ino sorriu.

Tinha conseguido as fotos, inúmeras... Os cinco minutos das música passaram rápido e se emendaram aos da próxima e depois a outra até que Gaara não soube dizer quando tinha parado de fotografar para apenas assistir a dança livre e sensual que a música, agora lenta, ditava. Seu coração acelerava com a melodia, quando Ino olhava em sua direção, quando ele próprio percebia que estava fora de seu usual. Nunca tinha se perdido tanto em uma modelo, era focado em seu trabalho, mas Ino era tão espontânea, tão sem amarras, que era como se o puxasse para ser como ela, para rir alto e sorrir a todos, para brilhar por onde andava e contagiar quem quer que fosse!

Engoliu em seco. Suas lentes percorriam o corpo das modelos de maneira profissional, mas seus olhos lhe traíam naquele momento e observavam Ino com interesse demais e profissionalismo de menos...

Havia sido constrangedor quando a música acabou. Ino parou a dança de frente a ele, a respiração ofegante, a boca entreaberta, os fios do cabelos desalinhados, o rosto corado; nos olhos, satisfação e desafio, mas foi a satisfação, o prazer, que Gaara quis, incontrolavelmente, registrar.

O clique da máquina soou. E era agora essa foto que ele admirava em seu computador às quatro da manhã, a última de todas as que havia conseguido. Não podia a selecionar para o booking, ela parecia íntima demais, sentia como se fosse uma lembrança a que apenas ele e Ino pudessem ter acesso. Os olhos dela estavam lindos, provocantes, e ele decidiu fechar a imagem antes que a imaginação fizesse o que sabia fazer de melhor: ganhar asas e invadir terrenos proibidos.

Enviou as fotos para Konan e desligou o notebook. Os olhos agora pesavam, e foi com alívio que ele finalmente sentiu que conseguiria dormir um pouco.

* * *

Acordou com dificuldade e não foi surpresa alguma perceber que tinha ativado a função "mais cinco minutos" do despertador quatro ou cinco vezes antes de se pôr de pé. Tomou um banho gelado, obrigando o corpo a despertar antes de encher, mais do que deveria, a xícara com café. Arrumou-se, com pressa, havia mais de dez mensagens de Konan em seu celular com um pedido muito claro para que ele se apresentasse na empresa mais cedo. Ser convocado fora do horário só podia significar que Konan precisava lhe falar sobre as fotos de Ino, e isso o fez tentar se lembrar se tinha algo errado nas que havia selecionado. Claro, já imaginava que a chefe poderia dizer alguma coisa sobre a quantidade de fotos enviadas, mas nada além disso parecia chamar atenção.

Encontrou Konohamaru no elevador, o garoto que fazia parte de sua equipe era mais novo, ainda na fase de estágio, animado e parecia sempre bem disposto. Ele sorriu assim que o viu entrar no elevador e perguntou, um pouco mais alto do que deveria:

— Você também foi chamado, Gaara?

— É o que parece...

— Me pergunto o que Konan pode querer com a gente a essa hora...

De repente, uma das mulheres no elevador se virou para eles e franziu o cenho, Gaara a reconheceu como uma das modelos a quem tinha fotografado há uma ou duas semanas.

— Vocês não ficaram sabendo? Hanabi Hyuga assinou ontem a renovação do contrato, e parece que Pain teve que adicionar uma ou outra exigência dela.

Gaara a encarou com surpresa à medida que entendia o que aquilo queria dizer. Hanabi era o assunto do mês em qualquer revista, era óbvio que ela poderia, e até mesmo deveria, aproveitar-se disso para rever certas cláusulas de seu contrato, era assim que o mundo da moda funcionava, afinal. Lembrava-se também de uma conversa com Hanabi, ela tinha lhe dito que entraria na faculdade aquele ano, uma condição que sua irmã havia estabelecido para continuar a apoiá-la como modelo, imaginava então que os horários de Hanabi deveriam ter sido revistos.

Saiu do elevador com Konohamaru logo atrás, os dois pararam em frente à sala de Konan, um espaço com paredes de vidro transparente que permitiu que ela apenas erguesse os olhos e sinalizasse para que entrassem. A mesa dela estava organizada, o notebook aberto ao canto esquerdo, papéis brancos à frente, envelopes à direita perto das canetas e dos papéis de dobradura que ela gostava de usar no tempo livre.

— Bom dia, sentem-se, por favor — ela pediu.

Gaara estranhou. Konan raramente usava sua sala, ela gostava de ficar na recepção ou acompanhando as filmagens e só cedia ao trabalha mais burocrático quando realmente era preciso, ou melhor, quando Pain pedia que algo fosse resolvido de forma rápida e eficiente.

— Vou ser breve, porque sei que Gaara irá ajudar na escolha do booking de Ino e Konohamaru vai ajudar Sasori com outro novo modelo — ela falou ao pegar uma das pastas e retirar algumas folhas para entregar a eles. — Essas são cópias de alguns trechos do contrato que Hanabi assinou ontem conosco, trechos que interessam a vocês, obviamente. Como podem ver, ela terá um horário diferente a partir de agora e, além disso, uma das exigências dela foi quanto aos fotógrafos para suas fotos.

Gaara encarou Konan naquele momento, e ela ergueu uma das mãos pedindo que ele a deixasse prosseguir.

— Sasori e ela tiveram um desentendimento no set, ele comentou alguma coisa da roupa dela, não sei ao certo, mas a discussão forçou que a equipe tivesse que interromper o trabalho. Por isso, ontem, ela foi bem específica ao apontar que queria apenas vocês dois para as fotos dela de agora em diante e, por isso, estou passando os horários em que ela estará disponível.

— Hanabi não se ofende fácil, o que Sasori falou? — Konohamaru perguntou enquanto Gaara lia o contrato.

— Segundo ele, nada demais, porém Hinata nos disse que ele comentou que algumas poses de Hanabi não poderiam ser feitas porque ela precisava perder peso para isso ou ele teria que editar as fotos para apagar "dobras" — Konan massageou as têmporas.

— O quê? — Konohamaru perguntou, sem acreditar.

— Não vem ao caso, Pain está lidando com Sasori, agora preciso que vocês dois vejam os horários livres dela e a programação dos novos trabalhos que ela aceitou, além de finalizar o trabalho que Sasori não concluiu — ela completou outra pasta para eles. — Eu sei que é muita coisa, por isso, até conseguirmos colocar tudo em ordem, vocês ficarão apenas com Hanabi.

— Pain já me escalou para um novo projeto com Ino — Gaara rebateu, depressa.

— Eu sei que sim, mas-

— E eu realmente gostaria de permanecer nele — completou, firme, e Konan bateu a caneta na mesa enquanto o analisava.

— O projeto dos esportes não começará por enquanto, então aproveite o tempo para adiantarem o possível com Hanabi. Se conseguir adiantar o suficiente, ainda terá como fotografar Ino — ela decidiu.

Gaara bagunçou os cabelos, e Konohamaru sorriu confiante ao bater em seu ombro.

— A gente consegue!

Ah, como queria ter o ânimo daquele garoto....

— Era só isso. Pode voltar ao seu trabalho, Konohamaru, e, Gaara, você vem comigo falar com Ino sobre o booking, consegui que ela viesse mais cedo hoje.

Os três se levantaram, e Konohamaru seguiu em direção diferente enquanto Gaara ia ao lado de Konan para uma das salas mais reservadas.

— Como foi escolher as fotos? — Konan perguntou com um sorriso divertido nos lábios que Gaara não percebeu.

— Difícil.

— Ah, isso eu percebi — ela riu, discreta. — Eu esperava um terço da quantidade que você me mandou. Mas consegui descartar algumas. Aliás, ficaram ótimas, bom trabalho. Pensei que teria dificuldades com Ino.

— Dificuldades? — ele repetiu ao olhá-la.

— Ino é nova no ramo e, apesar de ser bailarina e se apresentar nos palcos, você deve ter notado que, algumas vezes, ela é insegura. Pain me disse que as duas vezes em que conversou com ela não teve certeza de que ela se sentiria muito bem posando para as câmeras e que desistiria. O contrato dela possui até uma cláusula para isso, como se esse primeiro mês fosse um período de adaptação. Se ela quiser continuar depois, assinaremos um novo.

Gaara não sabia daquilo. Claro que tinha visto um pouco da insegurança de Ino, mas não era como se aquilo fosse algo novo, todo modelo passava por isso, era normal, não era? Eles se acostumavam depois à rotina e deixavam certos medos de lado. Não tinha notado que com Ino aquilo era maior que com os outros, ela parecia à vontade com ele durante os ensaios.

— Não tive problemas com ela — falou após refletir.

— E da onde veio a ideia de fotografá-la dançando de novo para o booking? — Konan perguntou realmente curiosa. — Devo dizer que foi genial, eu devia ter te pedido algo assim para o ensaio mesmo, aquelas fotos ficaram magníficas e mostram um diferencial dela aos nossos clientes.

— Imaginei que fosse ajudar — mentiu, e Konan arqueou a sobrancelha para o leve rubor que cobriu o rosto dele. — Vamos? — Apontou para a porta.

— Certo... — ela riu, desconfiada, e entrou na sala com ele.

Dentro da sala, estavam Ino e alguém que Gaara não reconheceu. Não era Sasuke ou o pai dela, era outro homem, que permanecia sentado, inexpressivo, enquanto Ino o segurava pelos ombros e falava tão rápido que ele não conseguiu entender mesmo estando a poucos passos de distância. O homem olhou para eles, e Ino arregalou os olhos e o soltou, sorrindo sem jeito.

— Bom dia! — ela disse, animada.

— Bom dia — respondeu ao mesmo tempo que Konan e se sentou de frente para Ino, do lado oposto da mesa.

Konan colocou o booking provisório e a pasta com as fotos a mais para que Ino pudesse trocar se quisesse. O som de um celular tocando chamou atenção, e Gaara viu o homem ao lado de Ino pedir licença enquanto saía da sala para atender.

— Namorado? — Konan sorriu para Ino, que riu.

— Neji? Não! Ele é um amigo, nós fazemos ballet juntos — ela esclareceu.

— Ele é bonito, não pensa em tentar também ser modelo?

— Vocês iriam à falência — Ino brincou. — É extremamente difícil fazer aquilo ali relaxar e sorrir de vez em quando. Neji é sério demais com estranhos.

— Ah, eu entendo, eu só consegui uma foto de Gaara sorrindo, e foi a muito custo — Konan provocou, mas Gaara sabia que ela estava apenas quebrando o gelo para que pudesse sondar Ino sobre o trabalho. — Ele não é uma pessoa muito sociável.

— Sério? — Ino franziu o cenho e encarou Gaara com diversão. — Não achei isso, ele até está me devendo uma dança.

— Uma dança? — Konan apoiou os cotovelos sobre a mesa, e Gaara quis não estar naquela sala.

— Fizemos um combinado, ele vai ter que aprender uma coreografia agora. — Ino sorriu vitoriosa, e Konan riu ao olhar para Gaara e perceber que ele mantinha os olhos no telefone para não participar da conversa.

— Que bom que vocês se deram bem, estava curiosa para saber se você tinha aceitado bem a equipe.

— Ah! Todos são muito atenciosos — Ino respondeu quando Neji voltou para a sala e se sentou ao seu lado. — Eu converso bastante com o pessoal da maquiagem e dos penteados, e Konohamaru me ajuda nas poses quando não tenho mais ideia do que fazer, e Gaara é bastante paciente ao me explicar tudo, é divertido quando ele tira as fotos.

Gaara a encarou com curiosidade, "divertido" não era a definição usual para o seu trabalho, mas Ino sorria verdadeiramente para si enquanto dizia isso.

— Isso é ótimo — Konan falou. — Bem, esse é o resultado do seu booking. Gaara me mandou as melhores fotos, e eu montei o booking, mas aqui há algumas das fotos que não usei e você pode sugerir trocar algumas.

— Nossa, são muitas... — Ino comentou, surpresa, e Neji abriu o booking ao lado dela enquanto retiravam as fotos que haviam sobrado de dentro da pasta.

— Sim, você e Gaara se empolgaram durante os ensaios. — Konan sorriu, e Gaara percebeu os olhos de Neji saírem das fotos para então o analisarem detalhadamente. Não desviou o olhar. — Mas todas as fotos que estão aqui são boas, eu faria dois bookings com elas se pudesse.

Ino virava as páginas com cuidado. O coração batia de forma tão descontrolada que ela não sabia explicar, as mãos suavam, os olhos corriam pelas imagens sem que ela acreditasse no que via. Lembrava-se das fotos, dos momentos que as tinham gerado, mas nunca podia imaginar que era daquele modo que Gaara a estava vendo enquanto a fotografava. Sentiu-se constrangida, durante alguns ensaios, ela havia mesmo se deixado levar, havia uma aura em Gaara que a fazia se sentir bonita, então ela olhava para a câmera com intensidade, como se fosse a melhor das mulheres, e agora podia ver o resultado daquilo. Engoliu em seco. Não posaria daquela forma em sã consciência, não teria aquele olhar provocante nem mesmo sensual, e agora sentia o rosto corar intensamente pelo que tinha feito.

Ah, e tinha as fotos do cropped... Arregalou os olhos quando as viu ali.

— Foi você quem fotografou Ino em uma das nossas apresentações? — Neji indagou para Gaara enquanto analisava as fotos dela dançando no set.

— Sim.

— Eu posso trocar essas? — Ino perguntou, e Gaara não conseguiu esconder bem o descontentamento.

— Não gostou? — ele perguntou.

— As fotos ficaram lindas, não é isso — ela apressou-se a dizer. — É só que eu acho que ficaria melhor se-

— Ino — Neji a interrompeu, de repente. — você gostou das fotos?

— Ah, gostei, mas...

— Eu achei que elas ficaram incríveis e não mudaria nenhuma. Nenhuma mesmo. Agora, você gostou das fotos? — ele repetiu.

— Já disse que sim!

— Então, resolvido. — Ele deu de ombros e fechou o booking. — Se não tivessem ficado boas ou fosse atrapalhar qualquer coisa, Gaara não as teria escolhido. Se ele, que trabalha com isso, não viu problema, não somos nós que vamos achar, não concorda?

Gaara percebeu quando os olhos dela se voltaram a ele como se buscasse alguma confirmação para o que Neji tinha falado. Sentiu-se um pouco irritado. Como ela podia ter dúvida sobre as fotos? Ela estava incrível em cada uma que tinha selecionado! Não esperava aquela reação... parecia que ela queria se esconder como havia tentado durante o último ensaio, e ele não gostou disso. Para ele, era tão óbvio o quão bonita ela estava em cada imagem, que não conseguiu nem mesmo uma resposta boa o suficiente para dar.

— Não entendo o que não gostou nas fotos... — foi o que conseguiu falar, um tanto perdido após alguns segundos.

E havia sido um comentário tão sincero, que Ino teve, mais uma vez, a sensação de que Gaara não conseguia enxergar o que estava diante dos olhos. Ele a olhava como quando tinha lhe perguntado o motivo de ela nunca ter considerado ser modelo, com a mesma... ingenuidade? Ela suspirou, não conseguiria convencer Gaara do problema se ele realmente parecia não ver um.

— Tudo bem — ela assentiu. — Não vou mudar as fotos.

Neji entregou o booking para Konan e segurou as fotos restantes.

— E essas?

— Nós vamos ficar com as cópias digitais dessas — Konan explicou ao entregá-las a Gaara.

— Já volto, com licença. — Ele se levantou e saiu da sala.

Normalmente, as fotos impressas e não escolhidas eram jogadas fora, uma vez que cópias digitais bastavam, contudo, Gaara não se sentiu nenhum um pouco inclinado a jogar aquelas fora. Entrou na sala de materiais e não precisou procurar muito para achar o que queira. Retirou uma das pastas, parecida com a utilizada no booking, e organizou as fotos, uma a uma, em sequência de figurino.

Virou-se para a porta quando ouviu o barulho da maçaneta e estranhou Ino entrar.

— Eu... perguntei se alguém tinha te visto — ela se justificou rapidamente. — Só queria... me desculpar... você pareceu ofendido quando sugeri mudarmos as fotos... Não queria que achasse que tinha a ver com o seu trabalho, ele é realmente ótimo! Sério! Não é nada com o seu trabalho, eu juro.

— Não fiquei ofendido por isso — ele respondeu com calma ao terminar de organizar o booking. — Não fiquei ofendido aliás, só achei estranho você querer mudar fotos tão bonitas.

— Eu achei que elas pudessem atrapalhar. Essas fotos são para a empresa, precisam então causar uma boa impressão e....

— E você achou que, porque usava um cropped e uma saia, não causaria uma boa impressão? — ele franziu o cenho e se aproximou. — Aqui. — Entregou o booking. — São as fotos que sobraram. Eu selecionei todas elas, e foi difícil. — Suspirou, cansado, e Ino olhou para o chão. — Foi extremamente difícil conseguir escolher apenas uma ou outra sendo que você ficou linda na maioria delas. Eu acabei mandando para Konan três vezes mais fotos do que ela pediu porque não consegui tomar uma decisão.

Ino corou ao encará-lo e colocou o cabelo atrás da orelha enquanto tentava achar uma resposta para aquilo.

— Esse é o meu trabalho, se eu digo que uma foto ficou boa e que acho que você deve usá-la, você pode confiar em mim — explicou com calma, e eles se viraram para a porta quando Neji apareceu de repente. — Pode ficar com essas, basta não usar em outra agência e coisas assim. Eu vou avisar Konan, licença.

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