Não pare a Música

By AliceHAlamo

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A dança é composta por vários elementos. Você tem a coreografia, o tempo, a música, o dançarino, a técnica... More

Capítulo 1 - Sasuke
Capítulo 2 - Naruto
Capítulo 3 - Ino
Capítulo 4 - Gaara
Capítulo 5 - Quebra de rotina
Capítulo 7 - Interesses
Capítulo 8 - O que os outros pensam
Capítulo 9 - Encantado
Capítulo 10 - Ajuda "mútua"
Capítulo 11 - Punição
Capítulo 12 - Fora de Foco
Capítulo 13 - Desafio
Capítulo 14 - Intensidade
Capítulo 15 - Mudanças
Capítulo 16 - Tensão
Capítulo 17 - Entre jogos e bebidas
Capítulo 18 - Escolhas
Capítulo 19 - A queda
Capítulo 20 - Bolha
Capítulo 21 - Luz acesa
Capítulo 22 - Segredos
Capítulo 23 - Permissão
Capítulo 24 - Montanha Russa
Capítulo 25 - Gravidade
Capítulo 26 - Amarga Vitória
Capítulo 27 - Forjada em veneno
Capítulo 28 - Aberto
Capítulo 29 - Relações
Capítulo 30 - Linda
Capítulo 31 - Cores
Capítulo 32 - Oportunidades
Capítulo 33 - Elos
Capítulo 34 - Marcas da alma
Capítulo 35 - Resgate
Capítulo 36 - Suporte
Capítulo 37 - O que tem atrás das cortinas
Capítulo 38 - Socos da vida
Capítulo 39 - A morte do Cisne
Capítulo 40 - Acerto de contas
Capítulo 41 - Vida
Epílogo

Capítulo 6 - Suas lentes

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By AliceHAlamo


Na terça-feira, Ino não dormiu, sua gata estava sobre seu travesseiro, os olhos atentos nela. Eram três da manhã, mas não dava para simplesmente dormir! Havia assinado o contrato com a agência no dia anterior, e Konan tinha lhe pedido que levasse algumas de suas roupas para fazer o primeiro ensaio fotográfico.

Agora, quais roupas???

Os vestidos estavam já na bolsa sobre a cama, mas... vestidos? Mordeu o lábio, indecisa. Possuía dois croppeds lindos que Sasuke e Sakura tinham lhe dado de presente, combinavam com a saia longa e solta que amava e lhe dava um ar hippie que achava bonito, mas... olhou-se no espelho. Seria ser sem noção levar aquelas roupas, as fotos precisavam ser bonitas, era sua primeira imagem, a famosa primeira impressão! Não podia ficar mostrando a barriga, não tinha corpo para aquilo, não agradaria, e ela precisava agradar, nunca teria aquela chance outra vez!

O coração batia dolorosamente com os pensamentos, embora sua racionalidade discordasse dos medos que eram materializados no reflexo do espelho. Encarar-se ali era como ver duas grandes sombras consigo, uma de cada lado, apoiadas em seus ombros a repetir tudo aquilo em que ela deveria evitar pensar.

Apertou as mãos com força, até que doesse e isso a fizesse desviar o olhar. Pegou a saia nas mãos e a jogou na bolsa junto com um dos croppeds, no fundo; não seria sua culpa se, por acaso, a equipe visse as roupas e, talvez, quem sabe, gostassem, não é? Não era como se ela fosse vestir apenas por levar, era?

Vestidos justos ainda estavam no armário, para levá-los teria que levar as cintas junto, e só de pensar em ficar tendo a cintura marcada, a barriga apertada... sem falar na respiração! Não conseguia nem respirar quando usava a cinta, odiava ter que vestir durante as apresentações de ballet e não queria ter que usar em seu dia a dia também.

Fechou a porta do guarda-roupa com força e abriu a parte dos acessórios. Ali seria mais fácil, pegou uma segunda mochila e colocou todos os anéis, brincos, lenços, boinas, chapéus, tudo. Estava animada e seu estômago dava voltas, Sasuke só acordaria às cinco, nem tinha como o amigo a ajudar a se acalmar.

Fechou as bolsas, decidida a se forçar a dormir mesmo que fosse um pouco. Teria aula no curso pré-vestibular às oito horas, depois deveria ir para a agência às duas da tarde e então aula de ballet à noite. Seria corrido, mas estava ansiosa para tudo.

Pela primeira vez, não perdeu a hora, logo no primeiro toque do despertador ela já se sentou na cama alheia ao miado descontente da gata por ser empurrada sem delicadeza. Correu para o banho, queria lavar o cabelo, deixá-lo secar naturalmente. Gostava daquele ânimo, da vontade de se arriscar e de encarar algo novo que lhe parecia promissor. Fazia tempo que não se sentia assim! O ballet era sua paixão, mas era como um romance conturbado em que várias pessoas se intrometiam para destruí-lo. Professores, rivalidades, pressão social, peso, padrões, eram como mãos que se esticavam para segurá-la para, não só impedir que avançasse, mas também puxá-la para trás, para o chão, para qualquer lugar longe dos holofotes e dos aplausos da plateia.

Entretanto... aquilo também era assustador, afinal, já diziam que, quanto maior a expectativa, maior a dor da decepção ao tombo, não? E isso ela definitivamente não queria, não saberia se conseguiria lidar com mais uma desilusão. Não era justo que tudo que almejasse fosse tão difícil, cercado de tantos preconceitos e barreiras. Quantos tapas a sociedade achava que ela aguentaria? Quantas vezes esperavam que ela fosse capaz de se erguer?

Sorrir era fácil, bastava usar os músculos corretos e enviar o comando, mas motivos para isso eram cada vez mais difíceis de se achar.

Carpe diem, Ino, carpe diem — repetiu em voz alta e com firmeza.

Vestiu-se, gostou do resultado e pegou a mochila e os livros. Seu pai a esperava para o café da manhã e respondeu ao seu bom dia com o mesmo sorriso e animação.

E tudo então pareceu transcorrer lentamente a partir daí. As aulas se mostraram ainda mais chatas que antes, o relógio no pulso devia estar com algum problema porque era impossível que as horas demorassem tanto para passar!

Quando a última aula acabou, ela se despediu dos colegas, colocou a mochila nas costas e não se importou no quão ridícula poderia estar carregando outras duas bolsas pesadas no metrô até a agência.

O celular possuía mensagens, a maioria de Sakura. Neji lhe desejava sorte, e Sasuke já avisava que estaria livre das três horas até a aula à noite. Agradeceu o apoio e usou o vidro da janela do metrô para arrumar o cabelo.

Chegou quase uma hora antes do combinado, e Konan a ajudou a levar as bolsas até um dos camarins onde alguns modelos conversavam sobre o almoço.

— Há algum lugar por perto para almoçar? Vim direto da aula — Ino perguntou a Konan.

— Eu também não almocei ainda. Há um restaurante no primeiro andar, podemos almoçar juntas se quiser.

— Seria ótimo! — Ino sorriu, e Konan a guiou pelo ambiente.

Aquele dia estava diferente de quando tinha ido com Sasuke. Havia muitos modelos masculinos, algumas pessoas corriam com cabides e roupas nas mãos enquanto falavam ao celular ao mesmo tempo.

— Mudança na campanha de última hora — Konan explicou com certo desgosto. — Alguns clientes acham que temos que resolver qualquer problema que eles criam.

A maior parte dos andares do prédio pertencia exclusivamente à agência, menos os quatro primeiros onde havia um restaurante, bancos e empresas financeiras. E Ino, inconscientemente, sentiu-se melhor com isso, poderia comer como qualquer pessoa, sem achar que estava sob observação dos demais modelos ou fotógrafos ou quem fosse. E foi ainda melhor por ver que Konan comia de verdade, um prato colorido, variado, sem muitas coisas gordurosas, mas que deixava claro que era comida o suficiente para ela aguentar o dia de trabalho.

Era tão bobo sentir os ombros mais leves... sabia que não devia se importar com o prato dos outros ou com o que pensariam do seu, mas... Ah!! Como queria que tudo se resolvesse apenas por saber o que era ou não certo.

Sentaram-se numa mesa próxima à janela, e Konan sorriu ao mirar um ponto distante e erguer a mão. Ino olhou para trás e então identificou o fotógrafo a quem tinha sido apresentada e com quem trabalharia.

Ele estava sério, o cabelo ruivo, bagunçado, como se tivesse acabado de sair de uma briga, segurava uma bandeja com seu prato e uma lata de chá gelado, e Ino percebeu a surpresa nos olhos verdes quando enfim a perceberam.

— Boa tarde — ele cumprimentou ao se sentar ao lado de Konan.

— Boa tarde — Ino respondeu animada.

— Aconteceu alguma coisa? — Konan perguntou antes de levar o garfo aos lábios bem marcados pelo batom escuro.

— Clientes querendo o impossível, Hanabi passando mal pela manhã e modelos com estrelismo. — Ele abriu a lata e tomou um longo gole antes de começar a comer.

— Acontece muito? — Ino perguntou, interessada, e Gaara apenas balançou a cabeça enquanto Konan explicava.

Com extrema discrição, ele a observou. Ino era bonita, óbvio que era, ele já sabia disso desde quando a fotografara, mas era impossível não se surpreender toda vez que a via. Os cílios eram longos, os olhos azuis brilhavam em algo que lhe lembrava inocência, mas que desaparecia assim que ela sorria de canto ao soltar um comentário mais irônico. A pele clara se corava com facilidade, as maçãs do rosto adquiriam um tom rosado sempre quando Konan comentava uma ou outra situação constrangedora por que tinham passado com os modelos antigos. O cabelo loiro estava solto, chegava até o meio das costas com uma discreta ondulação. A franja era longa, e ele tinha notado que Ino a usava do lado direito dessa vez.

Não era difícil entender um dos motivos que o tinha feito fotografá-la, ela era única, com uma beleza singular que há muito não encontrava. Diferente das modelos com que estava acostumado, Ino era... como podia explicar? Natural não era a melhor palavra, Hanabi também era, mas Ino tinha mais... ela tinha um brilho próprio, uma beleza que parecia simples, mas que não o deixava desviar os olhos. Queria registrar, queria conseguir captar todos os ângulos, ela com certeza seria uma modelo incrível, e estava ansioso por poder ser ele o responsável por ajudar naquilo.

Era como ciúmes, algo bobo e totalmente injustificável, simplesmente tinha que ser ele o primeiro a capturar as nuances em cada expressão, a graciosidade nos movimentos, a delicadeza da dança, a força do corpo para realizar tudo com perfeição.

— Preciso ir na frente, terão que me dar licença — Konan desculpou-se ao checar o celular. — Pain precisa de ajuda com os documentos.

— Boa sorte — Gaara comentou com certo pesar.

— Até mais, Ino. Qualquer coisa, pergunte ao Gaara, ele a ajudará a escolher as roupas para o booking.

Ino ergueu a cabeça de súbito e, ainda que tivesse sido rápida em disfarçar a surpresa, Gaara já a olhava com o cenho franzido pela reação.

— Tudo bem? — ele perguntou, ela estava pálida de repente e a boca se abria na tentativa de falar algo que não saiu. — Você já fez algum booking antes?

— Ah... não. — Ela apoiou o rosto na mão com um suspiro. — Ser modelo não era algo em que havia pensado.

— Por que não? — ele questionou com sincero interesse.

Ino tombou a cabeça para o lado enquanto buscava nele algum sinal de deboche. Arqueou a sobrancelha como se o motivo fosse óbvio e estivesse bem ali, na frente dele, contudo, Gaara ainda esperava a resposta com palpável curiosidade.

— Não achei que fosse para mim — resolveu responder por fim.

— Eu tenho certeza que é — ele respondeu tranquilamente enquanto comia, e Ino riu.

— Mimar as modelos faz parte do seu trabalho também? — provocou.

— Não, eu só mostro para os outros e, quando é necessário, para elas mesmas o quanto são bonitas. — Ele sorriu, gentil, e tentou não prestar atenção no vermelho que voltava às bochechas de Ino.

Conversaram um pouco sobre como a agência, a forma como o booking funcionava e alguns clientes mais frequentes que a agência possuía. Ao terminarem de comer, Gaara recolheu sua bandeja e a de Ino antes de se levantar.

— Vamos?

Ela concordou de maneira desajeitada e permaneceu em silêncio no elevador. Gaara caminhou à sua frente, ele era quieto, acenava para algumas pessoas que vinham cumprimentá-lo, mas não demorava a cortar o assunto quando paravam para discutir sobre algo. Ele chamava atenção, era bonito, podia muito bem se passar por um dos modelos que transitavam pelo set, entretanto, algo lhe dizia que não era por esse motivo que as pessoas cochichavam ao vê-lo passar.

Entraram no camarim após baterem na porta e as modelos de dentro autorizarem. Ino viu uma delas, sentada sobre a mesa, sorrir com animação ao ver Gaara. Era uma modelo bonita, talvez da sua idade, cabelos castanhos e olhos claros, que Ino certamente conhecia de alguma revista de que não se lembrava no momento. Tentou ser discreta e caminhou até as bolsas, mas toda a atenção do cômodo se voltou para ela quando Gaara se justificou:

— Sasori vai ter que fazer seu ensaio hoje, Hanabi, Pain me escalou para fazer o booking de Ino, e você sabe que isso demora.

Ah, Hanabi Hyuga... Ino a encarou de boca aberta. Hanabi, a Hanabi, a que havia sido a primeira a ser convidada para um desfile internacional da marca Rinnegan e que agora a encarava. Ela parecia de certa forma decepcionada por Gaara não poder acompanhá-la, contrariada seria a melhor palavra, mas sorriu para si enquanto estendia a mão para a cumprimentar.

— Hanabi, muito prazer. Primeiro dia?

— Ino. Sim, desculpe roubar seu fotógrafo, eu não sabia...

— Ah, não se preocupe. — Hanabi fez um gesto de descaso. — Eu só preciso manter o drama senão ele achará que perdi o interesse, né, Gaara? — piscou, divertida, e Ino viu Gaara não responder e apenas sorrir educadamente. — Boa sorte, Ino, tenho que ir para não me atrasar.

Gaara deu passagem para ela, passou a mão pela nuca e então virou-se para Ino.

— Essas são as roupas? — perguntou ao se aproximar. — Posso ver?

Ino quis dizer não, esperava que fosse uma mulher a escolher suas roupas, não se sentia confortável com Gaara vendo as peças que tinha escolhido, ainda mais agora, ali, no meio de tantas outras modelos, depois de ver Hanabi! Onde estava com a cabeça? Ele fotografava modelos como Hanabi Hyuga, modelos dentro do padrão de beleza esperado, no peso certo, que ficavam bem em qualquer roupa, que podiam vestir o que quisessem sem se preocupar com o quanto do corpo mostravam. O que via nela? O que qualquer um podia ver nela?

O coração acelerado queria correr para trás, bater em retirada enquanto ainda havia tempo, enquanto ainda não tinha passado por um mico sem igual, por um vexame que levaria na memória para sempre.

Não precisava de mais uma humilhação.

— Ino?

Os olhos dele pareceram preocupados e desceram até suas mãos que seguravam firmes a bolsa.

— Preciso fazer uma ligação antes, se importa? — ela respondeu, baixo, sem o ânimo que ele tinha visto antes.

— É claro.

Ino pegou o celular e saiu do camarim, caminhou até o final do corredor onde não havia ninguém e discou com pressa o número de Sasuke. Andou de um lado para o outro enquanto o celular chamava e fingiu que cada toque não a estimulava ainda mais a desistir de tudo.

Está tudo bem? — Sasuke atendeu.

— Isso não é para mim, Sasuke, não é. Por que deixaram eu vir?

O que aconteceu?

— Nada! Ainda nada! Porque eu não vou deixar acontecer! Minha deusa, onde eu tava com a cabeça para aceitar isso?

Ino...

— Você sabe quem eu acabei de ver? — ela o interrompeu. — Hanabi Hyuga. O meu fotógrafo é o mesmo que faz as fotos de Hanabi Hyuga, Sasuke! E ele teve que se desculpar com ela porque não vai fazer o ensaio dela hoje por estar comigo!

Ino, se acalme.

— Eu quero ir para casa, Sas...

Primeiro, respira — ele falou, sem se abalar. — Ele pode ser o fotógrafo de quem for, Ino, mas hoje ele vai fazer as suas fotos.

— Sasuke, comparada às pessoas que ele está acostumado a fotografar...

Não ouse terminar a frase ou vai ter muito que me ouvir na aula mais tarde — ele a cortou, irritado. — Ele te fotografou porque gostou do que viu, ele sugeriu que te contratassem por algum motivo, Ino. Por que razão Pain te ofereceria essa oportunidade se não visse qualidades em você? Você mesma disse, Hanabi Hyuga está aí, Pain possui uma agência séria e de nome, ele nunca te faria um convite se você não estivesse à altura, não acha?

Ino respirou fundo. Sasuke fazia sentido... Gaara não a fotografaria e Pain não a aceitaria se fosse uma má escolha, afinal, aquilo ainda era um empresa, e empresas visam a lucro, a sucesso, ela era um investimento, e não se fazem investimentos ruins no mundo da moda.

— Obrigada — respondeu quando o coração se acalmou.

Qualquer coisa, liga.

— Pode deixar.

Desligou o celular e o apertou com força antes de caminhar até o camarim. Gaara virou-se para vê-la quando entrou no cômodo, e ela inspirou o ar devagar enquanto abria as mochilas.

— Eu trouxe algumas que achei boas, mas vou entender se não gostarem — falou, colocando o cabelo insistentemente atrás da orelha em um tique.

— Tem alguma que prefira? Quero você confortável hoje — ele perguntou ao tirar o primeiro vestido da bolsa e estendê-lo sobre o sofá.

— Pode mesmo escolher, gosto das que trouxe — ela falou e foi até o frigobar para pegar uma das garrafas de água só para não ter acompanhar enquanto Gaara selecionava as roupas.

— Todas foram você que escolheu? — ele perguntou enquanto via a bolsa com os acessórios.

— Sim.

— Tem bom gosto. Peguei cinco delas. Se der tempo ou você quiser, podemos fazer com mais. Você pode escolher com qual quer começar e se trocar ali naquelas portas. — Ele estendeu as roupas em suas mãos e apontou na direção dos vestiários. — Eu vou arrumar o set e peço para a equipe de maquiagem vir te buscar, tudo bem? Ali estão alguns dos acessórios que eu gostei, mas a maquiagem vai dizer se é melhor ou não usá-los, não se preocupe.

— Certo — ela deixou o ar escapar todo dos pulmões, e Gaara lhe sorriu de forma encorajadora antes de sair do camarim e fechar a porta.

Ino deixou-se cair em um dos sofás e então olhou para as roupas que o fotógrafo tinha lhe escolhido. Grunhiu e jogou a cabeça para trás ao ver o que achava impossível. De todas as outras roupas que tinha levado, Gaara escolhera logo a que ela não deveria ter levado... Agora, tinha um novo desafio: vestir o maldito cropped e conseguir a coragem necessária para sair do camarim com ele.

Deixaria aquele conjunto por último, talvez o clima do set a animasse, talvez se sentisse mais confiante depois de algumas fotos, ou era por isso que torcia ao terminar de colocar o primeiro vestido...

* * *

A equipe de maquiagem e cabelo era animada. Eles falavam, falavam e falavam muito! E Ino simplesmente amava isso! Respondia a tudo, ria dos comentários e sabia fingir não ficar surpresa ou chocada demais com as fofocas que ouvia. Como seu primeiro vestido era claro e feito para eventos durante o dia, sua maquiagem era leve, o batom rosa dava um tom de delicadeza a mais a ela, os brincos eram médios e combinavam com os anéis. A sandália possuía um salto de médio para baixo, nada que a fosse cansar muito, e o cabelo estava solto, apenas com algumas mechas da frente separadas e presas atrás da cabeça para que seu rosto ficasse mais evidente.

A equipe a fez se levantar e se afastou um pouco para a analisarem de cima a baixo. Fizeram pequenos ajustes, desamassaram a barra do vestido e sorriram para o resultado final. A maquiadora a guiou até o set onde Gaara estava e foi impossível não sentir de novo um pequeno frio na barriga.

Havia um fundo que se estendia até o chão e cobria parte do piso. Três iluminadores distribuídos em posições diferentes e uma pequena mesa branca elegante com água e alguns copos de vidro. Gaara estava discutindo com um outro homem, apontava para os iluminadores e mostrava o display da câmera. Quando se aproximou, eles a olharam, e Gaara a analisou bem antes de virar-se para o outro.

— Konohamaru, diminua um pouco a luz do iluminador um e deixe o iluminador dois focando o fundo — pediu. — Ino, preciso te fazer algumas perguntas antes, tudo bem?

— Sim — ela respondeu, nervosa, ainda vendo Konohamaru erguer o equipamento para mudá-lo de posição.

— Preciso saber o que gosta e o que não gosta em você nas suas fotos. Pode me dizer?

— Como assim?

— Quando tira uma foto sua ou com seus amigos, há alguma parte sua que acha que fica mais bonita? Por exemplo, eu odeio fotos que focam meu lado direito, gosto das que mostram o esquerdo porque tenho uma tatuagem e acho legal quando ela aparece.

Ino pareceu compreender, os olhos automaticamente se fixaram na tatuagem que Gaara levava na testa e que o cabelo falhava em esconder. Mudou o peso de uma perna para a outra, tinha a resposta fácil, mas não queria pronunciá-la. Odiava fotos que mostravam seus quadris porque tinha a impressão de que ficava ainda mais gorda quando eles apareciam, entretanto, Gaara já a tinha fotografado de corpo inteiro na apresentação... E, nossa, ela nunca tinha se visto tão bonita antes.

— Gosto dos meus olhos e acho que meu rosto fica melhor quando as fotos são contra o lado que uso a franja — respondeu. — Odeio foto de baixo para cima, meu nariz fica enorme. — Riu, Neji tinha uma foto dela assim, e ela o tinha ameaçado mais de uma vez se ele ousasse postar aquilo em qualquer rede social. — Não gosto muito de fotos com cabelo totalmente preso quando uso vestidos sem alça também, nunca consegui me achar bonita nessa combinação.

— Mais alguma coisa? — Gaara perguntou, e ela negou. — Você pode ir me falando conforme formos fazendo as fotos. Como é seu booking, ficaremos só eu, você e Konohamaru para que fique mais à vontade. Nós vamos te ajudando com as poses e, quando precisar descansar, basta nos dizer.

Konohamaru parou ao lado de Ino. Era um homem um pouco mais jovem que Gaara, animado e um pouco desajeitado pelo que ela notou devido à quantidade de vezes que o viu tropeçar nos fios enquanto Gaara lhe pedia cuidado. O sorriso animado a deixou mais confiante, e ela o seguiu até o centro do set. Ficou parada enquanto ele ouvia Gaara coordenar a posição dos iluminadores e, quando enfim ele se afastou, Ino respirou fundo.

— Ino — Gaara chamou a pouco mais de um metro de si. — Eu vou tirar algumas fotos portrait, do tronco para cima, primeiro.

— Ok — respondeu, nervosa, e ele sorriu de canto discretamente.

— Vou precisar que você trabalhe com as mãos, as duas, uma diferente da outra, explorando o seu rosto. Pode deixá-las perto dos olhos para destacar o seu olhar ou perto da boca e evite posicionar muito perto do nariz para não chamar atenção para ele.

Ino assentiu, as mãos erguidas enquanto ela tentava imaginar como faria aquilo.

— Não segure o cotovelo — ele falou quando percebeu a intenção. — Podemos começar?

Ela concordou, ainda que não fizesse ideia de onde enfiar as mãos. Gaara ergueu a câmera na altura do rosto, e Ino percebeu Konohamaru logo atrás dele em uma pose para auxiliá-la.

Girou um pouco o corpo, deixou uma mão meramente apoiada no queixo enquanto a outra tocava de leve a bochecha.

— Olhe para mim, Ino — Gaara pediu.

E ela fez. Os olhos azuis capturaram a atenção das lentes, mas não só, era como se eles atravessam a máquina para invadir Gaara. O clique da câmera soou no set.

— Abaixe o queixo e depois vá subindo olhando diretamente para mim, bem devagar — ele pediu, concentrado.

Ino era fotogênica, e só a primeira foto já havia criado na mente de Gaara diversas opções de como fotografá-la que ele queria explorar só naquela primeira prova de roupa.

— Isso, muito bom... De novo, Ino, por favor — pediu, queria ter certeza de que aquela foto ficaria boa. Ela abaixou o rosto, e ele esperou, viu o momento em que os olhos se abriram, a cabeça se erguia, o olhar voltava-se para a câmera. Pressionou o botão e sorriu. — Mude de pose.

— Assim? — perguntou ao tombar um pouco um dos ombros e deixar uma das mãos no pescoço e outra no queixo.

— Abaixe um pouco os cotovelos e não esconda os dedos no cabelo, mostre um pouco deles — Gaara pediu e, assim que ela fez, outro clique foi ouvido. — Ótimo. Agora, mantendo as mãos desse jeito, erga um pouco a cabeça e feche os olhos. Isso, agora respire pela boca.

Os cliques da máquina eram... indecifráveis. Ino não sabia se eram um sinal de que a pose estava certa ou se Gaara apenas precisava fotografá-la. Ela seguia os comandos dele, o tom de voz era baixo, mas a tranquilizava. Não conseguia vê-lo por trás da câmera, então apenas mirava a lente, como se conseguisse atingir os olhos verdes adiante. Ele movia-se pouco, e ela o seguia, um sorriso quase imperceptível brotou em seus lábios quando percebeu que não estava mais tão nervosa quanto antes, e os disparos da câmera pareceram aumentar.

Não soube quanto tempo se passou, mas tanto ela quanto Gaara olharam surpresos para Konohamaru quando ele interviu:

— Gaara, ela precisa mudar de roupa. Acho que você já tem muitas apenas com esse look.

Gaara parecia discordar, mas concordou ao espiar o relógio de pulso. Ino caminhou até ele sem conter a curiosidade. Os braços dela estavam para trás do corpo, e Gaara leu a pergunta na expressão ansiosa.

— Ficaram ótimas. Você poderá vê-las antes de irem pro booking.

— Mesmo?

— Sim. Eu vou selecionar algumas para análise e, depois, a equipe e você montarão o booking.

— Obrigada.

Konohamaru fez sinal para a mulher que levaria Ino de volta ao camarim e depois para a maquiagem. Enquanto as via se afastar, cruzou os braços e observou Gaara analisando os iluminadores.

— Hanabi vai ficar chateada por saber que você tem uma nova favorita — provocou risonho.

— Do que está falando? — Gaara franziu o cenho e ergueu um dos iluminadores para afastá-lo e aumentar a luz dele.

— Você tirou o dobro de fotos que o usual.

— É para um booking, temos que tirar várias fotos para Konan avaliar com Pain.

— Aham — Konohamaru murmurou descrente. — Eu vou avisar Konan então que não acabaremos hoje, Ino precisa sair daqui antes das seis.

— Ah...

— Você não sabia?

— Esqueci — ele girou o ombro direito que começava a doer.

Konohamaru arqueou a sobrancelha.

— O que foi? Fala logo. — Gaara estreitou os olhos.

— Nada. — Konohamaru ergueu os braços enquanto ria e se afastava, afinal, não seria ele a dizer o quão engraçado e animador era ver Gaara trabalhando com tanto empenho e entusiasmo. Não, com certeza não seria ele, deixaria isso para Konan, a chefe certamente poderia provocar o fotógrafo sem correr risco de vida.



E ae, gente? Tão curtindo? Eu tive que assistir umas aulas de fotografia para esse capítulo hahahahahaha

Próximo capítulo teremos mais do Sasuke e do Naruto <3 

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