Musica: Nightwish - The Islander
Em passos lentos, Drake, ao lado de Heigi, caminhava pelas ruas da cidade. O cenário caótico o entristeceu, as belas casas, agora queimadas e em ruínas, o fazia se lembrar do tempo em que eram gloriosas e belas, um tempo nada distante. Não tinha ainda ido ao castelo para ver os estragos que ocorreram por lá, no entanto, já imaginava quais seriam. Doía em seu coração ver o local depredado daquela maneira, ele que tanto já defendeu a cidade, fez tanto por ela, agora a via destruída.
Dentre os destroços, encontraram um vampiro preso aos escombros, este clamava por ajuda. Drake prontamente foi até ele, seguido de Heigi. Estava ensanguentado, gravemente ferido, e pelo cheiro de seu sangue, era um vampiro jovem. Juntos, os dois levantaram a grande pedra que o prensava, algumas vigas haviam perfurado seu corpo, e ele grunhiu quando elas saíram.
Heigi pegou o rapaz no colo e o tirou dali. Drake deu seu sangue a ele, que bebeu sem relutar, para em seguida sentir seus ferimentos se fecharem de maneira significantemente mais rápida. Drake se perguntou se havia mais sobreviventes ali, e por isso, retornou ao encontro dos outros, deixando o jovem aos cuidados deles. Reuniu um grupo de nobres para resgatar aqueles que possivelmente estavam vivos, porém debilitados.
Ele não estava errado, nas buscas, encontrou vários vampiros,ainda vivos em meio a tanta destruição, e alguns deles, haviam infelizmente perdido algum de seus membros. Braços ou pernas arrancados, eram os casos que eles mais se depararam, alguns puderam serem recuperados, outros no entanto, as perderam definitivamente.
Vladimir havia revelado que nem todos os vampiros haviam sido mortos, os mais poderosos foram capturados e levados. O ancião supunha que usariam eles como a prova de que vampiros existem, e não estava errado. O poder da Ordem havia tomado enormes proporções, tanto que conseguiram manipular os satélites para que a batalha deles fosse televisionada a todo o pais. Obviamente, num mundo globalizado, a noticia sobre sugadores de sangue não permaneceu só por aqui, espalhou-se pelas Américas, chegando a Europa, África e Ásia.
A Ordem havia realizado seu primeiro ataque no núcleo mais forte de vampiros, no entanto, haviam mais vinte deles espalhados pelo mundo. Por isso, não pararam, seguiram em direção a mais um, na Tailândia, onde também transmitiram para a rede de televisão local.
O pânico no mundo estava se instaurando, as pessoas estavam com medo, depois da noticia, as ruas a noite ficaram desertas e os dias não foram os mesmos. O principal assunto era sobre os vampiros, uns duvidavam, outros acreditavam, mas independente disso, eles temiam. A Ordem estava conseguindo espalhar desespero pelo mundo, e com isso, o teve nas palmas da mão.
Não demorou muito para os governos das superpotências e o governos dos países mais ricos se unirem para tentar entrar em contato com essa sociedade que estava supostamente defendendo os humanos dos vilões. Tudo estava acontecendo rápido, haviam se passado apenas 3 dias depois do ataque. No entanto, não encontraram a Ordem, pelo contrário, a Ordem os encontrou. Entraram em contato logo após perceberem o interesse das grandes nações, revelaram sua origem e seus objetivos, disseram também as forças e principalmente as fraquezas dos vampiros.
Bastou saberem que de fato se tratavam de vampiros, criaturas que dormem de dia, acordam a noite e bebem sangue, para que a população mundial entrasse em pânico. O fanatismo religioso contribuiu ainda mais para que esse medo tornasse ainda maior. As Igrejas, das mais diversas religiões fizeram seus fiéis acreditarem que os vampiros eram demônios enviados pelo Diabo. Na teoria, não estavam errados, mas eles não sabiam que o vampirismo era um estado de vida, assim como as pessoas humanas, e que os vampiros não eram demônios. No entanto, convencer uma corja religiosa sobre isso era impossível.
Haviam aqueles que ainda não acreditavam, e outros que até mesmo ficaram do lado dos vampiros, que haviam levado em consideração que esses seres convieram com os humanos "pacificamente" durante todos esses séculos. No entanto, essas pessoas eram a minoria, e correspondendo aos pedidos desesperados do povo, os exércitos mundiais se uniram a Ordem na caçada aos vampiros.
A mansão já não era mais segura, nenhuma das propriedades eram seguras, os vampiros agora estavam com medo. Eles, que sempre foram os predadores, agora estão sendo as presas. As ruas das grandes cidades foram tomadas por soldados e caçadores, e com isso muitas lutas aconteceram devido a revolta de alguns vampiros. Infelizmente, não ganharam, e com isso foram capturados para servirem de exemplo.
Passaram-se vários dias, Drake e os outros não viram outra alternativa se não se esconderem. Os bruxos brancos vieram ao encontro deles, assim que souberam que a guerra tinha se iniciado.
— Então, foram os caçadores que começaram isso... — A voz triste de Tâmara foi a única que soou naquela sala cheia de vampiros.
Assim como Selena, ela se lamentou por não ver o que ia acontecer com a Cidade dos Vampiros, suas visões sempre foram aleatórias, e essa não veio. Os caçadores tinham tudo em mente, não eram tolos, tomaram a decisão de atacar numa forma repentina, de uma hora para outra, sem que houvesse um planejamento ou ações que criariam uma visão de seu ataque.
O futuro é alterado através de ações, os caçadores, cientes disso, mantiveram suas estratégias na mente, sem realizar um ato relevante, e com isso, o futuro tornou-se incerto. Um pensamento não é uma ação, e sem ações não há alteração do futuro. Eles sabiam disso.
— Me surpreende ver bruxos se unindo a nós. — Vladimir comentou desviando o olhar para Tâmara, andava de um lado para outro com as mãos para trás.
— E me surpreende o fato do Drake ainda não ter arrancado sua cabeça. — Selena rebateu. Um sorriso debochado surgiu no rosto de Vladimir, o que acabou por irritá-la.
— Suponho que não só ele como todos nós temos prioridades maiores do que os nossas... pequenas desavenças.
— Concordo com você Vladimir, no entanto, não pense que esquecemos as coisas que você fez. — Darius advertiu serio, o ancião o encarou. — E saiba que há uma fila de pessoas dispostas a te torturar e matar caso você tente nos trair.
— Eu não também não esqueci o que os pais da sua falecida namorada fizeram. — Disse, deixando-o sem resposta. — De qualquer forma, não há mas nenhum reino a ser governado, e nem é de meu interesse mais. Quando a guerra acabar, eu vou ir embora e esquecer que vocês existem. — Falou com certo desdém. — Enfim... — Virou-se para Tâmara. — O que te levou a se unir a nós? Pensei que bruxos brancos nos achavam demônios sugadores de sangue.
— Foi esse preconceito que iniciou essa guerra, eu sei que nem todos são... como você!
— Nossa agora eu sou o vilão, ora ora, gostei! Então os vampirinhos que não matam pessoas são os mocinhos? — Riu com ironia, continuando. — Que eu saiba, nós bebemos o mesmo tipo de sangue...
— Claro! — Dominic concordou. — Só com apenas uma vida de diferença.
— Garoto deixa de ser hipócrita, você gosta de caçar pessoas pra enfiar suas presinhas juvenis nelas. Você não me engana. — Questionou. Dominic chegou a abrir a boca para retrucar, mas Selena irritada, o repreendeu antes.
— MANO, fica caladinho pra eu não odiar você.
— Ok, ok. — Ergueu as mãos em sinal de rendição. — Não digo mais nada, já que a senhorita pediu com tanta... educação. — Finalizou sua frase com o mesmo sorriso debochado de antes, e vira-se, caminhando.
Os vampiros ainda não haviam revidado a retaliação dos caçadores, estavam fragilizados. No entanto, os capturados foram levados para a Ordem, que tinha um plano obscuro para eles.. A Ordem queria os humanos odiando os vampiros, e por isso teriam que encontrar um meio de o fazer. Era aí que entrava os capturados, presos em celas sujas, e em péssimas condições, foram deixados sem sangue, famintos.
Um vampiro sedento perde a razão, e os caçadores pretendiam usar isso a seu favor. Um ponto movimentado da capital era ideal para a realização do feito, uma avenida, especificamente. Mesmo com as recentes notícias, as pessoas não pararam suas vidas, tinha obrigações, trabalho, mesmo que suas atenções estivessem totalmente voltadas para os vampiros.
As bases de refúgio dos caçadores eram os locais onde os deixavam presos. Por segurança, arrancaram as presas deles. A Ordem ainda mantinha os Projetos nas sombras, e só os usavam caso fosse muito necessário. Contudo o poder de destruição deles comparado ao dos caçadores era muito maior.
Mesmo assim, na vigilância mantiveram os caçadores no comando, e eles foram os mesmos que montaram um grupo composto de 20 vampiros, acorrentados entre si, pelos pés e algemados. Sedentos e fracos, foram jogados em caminhões baú como animais, deixados ali de forma impiedosa.
Como planejado, uma avenida foi o foco, bem no centro ainda movimentado de São Paulo. A viagem foi curta,somente para os caçadores, pois para os vampiros havia sido uma eternidade, a sede os corroía cada vez mais, estavam enlouquecendo. Sabiam que iam morrer e já estavam se conformando com isso, no entanto, não imaginavam que antes seriam usados pelos caçadores.
Alguns haviam adormecido, era um momento de alívio, outros, devido a escuridão dentro do veículo, continuaram acordados, mesmo com sono. O caminhão parou, chamando a atenção deles, um cheiro de sangue invadiu suas narinas e com isso, até os adormecidos despertaram.
No intuito de seguir o cheiro, aproximaram-se com dificuldade das portas, e para susto deles, ela foi aberta repentinamente. A claridade entrou, fazendo com que eles levassem os braços ao rosto. Quando a visão tornou-se nítida, seus olhos contemplar a multidão de pessoas rodeando-os. Um dos caçadores, cujo o braço tinha cortado, sorriu ao vê-los, e os outros se aproximaram, notando o estado deplorável em que se encontravam aqueles vampiros.
O contentamento ficou estampado no rosto deles, os nobres estavam mais pálidos que o normal, raquíticos, com olhos fundos e olheiras pesadas, os lábios ressecados clamavam por sangue.
Os caçadores viraram-se para as pessoas, que encontravam-se claramente assustadas. Os olhos brilhantes daquelas criaturas estavam bem destacados na escuridão do interior daquele veículo.
O cheiro de sangue fez os vampiros entrarem num estado de insanidade que os fez sair de si, ali começaram a rosnar enquanto se arrastavam pelo piso, o caçador foi dando passos para trás, atraindo-os para fora. E então eles começaram a sair, caindo ao chão como folhas, e o sol os impediu de reunir forças para se levantar.
— Suponho que esteja assustados , a aparência deles não está das melhores...
Sua voz para o susto daquela gente soou alta o suficiente para que aquelas centenas de pessoas o ouvissem. Havia uma caixa de som nas proximidades, e um microfone com ele. O seu tom de voz deixava claro que ele estava se divertindo com a situação.
— Estão dessa forma por que estão famintos, na verdade eles se assemelham conosco, e a única diferença física que os diferem como podem ver são os olhos, as presas e a palidez. — Explicou gerando cada vez mais dúvidas nas pessoas, afinal ainda estavam acorrentadas aos mitos que a mídia havia criado referente a eles. — Como podem ver, o sol não os queima, mas os enfraquece e os deixa sonolentos, eles só estão acordados devido ao cheiro de vocês.
Algumas pessoas exclamam assustadas, outras levam as mãos a boca. O medo, os caçadores estavam chegando ao seu objetivo, despertar o medo.
— E mesmo que estivessem somente sob a luz do sol, eles ainda conseguiriam atacar. Nesse caso, estão sedentos, e dessa forma, são mais fracos até mesmo que nós. — Comentários entre as pessoas criaram um falatório que faz o caçador ficar impaciente, pedindo para que eles prestassem atenção. Quando o silêncio novamente reinou, ele continuou — Vejam uma demonstração do que eles são capazes de fazer...
Continua...