Música: Slipknot Duality
Paredes mofadas, repletas de rachaduras, a pintura esverdeada descascava. Aquela casa de dois andares, de uma certa forma não chamava muita atenção. As janelas venezianas já esbanjavam ferrugens. A frente, três árvores sombreavam o lote extenso; uma mangueira, uma tangerineira e um abacateiro.
A residência ficava ainda mais escondida pelo mato que cresceu na terra avermelhada. O lote era contornado por outras casas, o que explicava a inexistência de muros de tijolo e concreto delimitando-o. Porém a frente era aberta, o que de certo modo, era estranho.
Os quatro observavam intrigados a residência, buscando um movimento diferente, mas a única coisa que remetia a um sinal de vida era as luzes amareladas acesas.
— Tem certeza que é aqui? — Selena perguntou para o Rodrigo.
O bruxo observa atentamente o local buscando a certeza. Acabou por encontrá-la, sua memoria não falhava com frequência.
— Sim, é aqui. Ela foi... a primeira bruxa que busquei, nos meus tempos de lobo. — Respondeu. — Porém ela não quis me ajudar.
— E se ela não nos quiser ajudar também? As outras casas estavam vazias, estamos correndo contra o tempo. — Ela questionou impaciente, eles procuravam um bruxo negro fazia horas.
— Estamos em guerra, as outras raças estão com medo, se vocês ameaçarem, talvez ela aceite. — Argumentou.
— Que bom, estou em ótimo estado de humor pra fazer isso. — Disse dirigindo-se ao local. Porém Rodrigo segurou sua mão, fazendo-a parar.
— Espera, ela é uma bruxa, pode haver truques. — Advertiu.
— Da última vez que veio, havia? — A pergunta veio de Letícia. Rodrigo involuntariamente dirigiu seu olhar para ela.
— Não, mas não duvido que agora tenha. — Disse voltando o olhar para o local.
— E como vamos saber? É ilusionismo, não é? — Dominic aproximou-se também, em dúvida.
— Sim, mas eu como um bruxo branco posso revelar magias ocultas. — Falou, confiante.
Selena o observou aproximar-se um pouco mais do limite entre o lote e o passeio. Sem pisar no solo sombrio, ele se ajoelhou, levando sua mão para dentro. Tocou cautelosamente com dedo indicador a terra.
"Conjuros reveir ilusius." Pronunciou.
A ponta de seu dedo incandesceu, e então as árvores, o mato e o solo desapareceram como fumaça, revelando uma enorme cratera, e dentro dela, um ninho de serpentes peçonhentas e agressivas, de najas a anacondas gigantes.
Quem caísse ali teria um fim desesperador, sofrido e de muita dor. Talvez nem mesmo vampiros sobreviveriam ao veneno de muitas delas, ou o "abraço" esmagador de uma anaconda.
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Anjos do Anoitecer
VampireEm um mundo cuja a existência de vampiros é tolamente tida como lenda, dois jovens descobrem logo cedo de que não se deve enxergar esses seres como mitos. Um programa criado pelos vampiros, consistia em levar crianças órfãs para serem doadoras de sa...