– Logan! – Daniel chamou enquanto via o amigo abrir seu armário no corredor, seus armários ficavam próximos, era segunda-feira, e ele só queria poder voltar para sua cama e dormir pelo resto do dia.
– Oi – sorriu forçado, estava se sentindo cansado de sorrir daquela forma, quando o que queria fazer eras desejar bom dia a Sharman e poder lhe dar um beijo, mas nada além do seu oi parecia ser real. Voltou a atenção para os livros que estava tirando do armário.
– Melhorou? – Perguntou e Logan sabia do que ele estava falando, mas respondeu rápido e claro, dando a entender que não queria entrar naquele assunto.
– Sim.
– Não entendo porque não quer me contar quem é, nós nunca escondemos nada um do outro. – Daniel o encarou, era quase palpável a tristeza em sua voz, e foi mais torturante ara Lerman quando ele encarou aqueles olhos, eles ainda pareciam mais decepcionados.
Ele tocou o antebraço de Daniel por não precisar fazer aquela cena ridícula de deixar o braço mais alto que sua cabeça para tocá-lo no ombro.
– Não é falta de confiança, Dan. É só que não estou pronto. – Disse cabisbaixo e deixou sua mão escorregar para longe do braço do amigo.
– Então, quando estiver pronto.
– Talvez eu nunca esteja. – Respondeu ainda cabisbaixo, sua voz era uma linha fina prestes a partir, seu coração sentia o aperto e ele só queria fugir.
– Só deixe isso ir, se você acha que não dará certo, tente esquecer. – Aconselhou inocentemente.
– Você acha que não tentei? – Disse um pouco exasperado.
– Acho que não tentou com vontade, porque você mesmo gosta de estar dentro disso. – Levantou um pouco a voz.
– Você nunca vai entender, Daniel.
– Claro que não, você não me conta nada, nem quer que eu te ajude, e nem muito menos toma uma atitude. Faça algo! Não deixe isso assim.
– Eu não consigo.
– Então desiste, droga, eu só não quero ver você triste pelos cantos e chorando o tempo todo. Isso não é vida para uma pessoa como você! – Falou um pouco mais alto, chamando a atenção de algumas pessoas que logo voltaram a fazer o que faziam antes.
Logan o encarou, mas fechou o armário e jogou a bolsa sobre o ombro.
– Talvez você devesse se afastar um pouco. – Disse por fim e saiu, tentando se manter firme sobre as próprias pernas.
Louis sorriu para Harry quando o mesmo parou o carro no estacionamento da escola. Styles ainda não havia contado sobre o passado de seus pais para Louis, por não saber por onde começar e por não querer estragar seu final de semana que estava ótimo, como o próprio Louis mencionou.
Mas contaria hoje, já havia decidido e pensado várias e várias vezes, quando deixassem as meninas na aula de balé no Instituto conversariam sobre aquilo.
– Harry? – Ouviu Louis chamar, sendo puxado de seus devaneios, ele piscou tentando ver mais claramente, e encontrou um par de olhos cor do mar o fitando com curiosidade.
– Ah, desculpa.
– Tudo bem...? – Perguntou um pouco curioso e indeciso.
– Sim, sim, eu só estava pensando em uma conversa com meu pai. – Admitiu, o que não era uma mentira.
– É sobre a empresa? Harry, nós já falamos sobre isso, não precisa se preocupar. – Louis tocou sua coxa e apertou, lhe passando algum conforto.
– Tudo bem, obrigado. – Disse e o puxou pela nuca o beijando, ele não queria que aquilo acabasse. Aquele momento. Ter Louis em seus braços parecia fazê-lo mais forte, seu corpo aquecia e seu coração batia como se corresse uma maratona.
Seus lábios puxaram os de Louis eles eram finos e bem desenhados, com uma coloração natural de rosa, e tinham um gosto bom, não conseguia dizer que era como morango ou algo assim, era um gosto próprio dele. Mas afinal, era de Louis que estava se falando, o garoto de calças vermelhas que às vezes parecia ter cinco anos e meio.
Seus dedos cumpridos desceram e puxaram um pouco os cabelos da nuca de Tomlinson que arfou.
– Harry é melhor pararmos por aqui, ainda temos aula e não se eu vou conseguir...
– Resistir? – Arqueou uma sobrancelha ao completar a frase do namorando e viu o mesmo corar forte. – Eu sei, ninguém resiste a mim.
– Convencido, vá à merda Styles. – Retrucou com um tom que deixava claro que não passava de uma brincadeira.
Harry o puxou, roubando um último beijo estalado antes de saírem do carro.
Eles, antes mesmo de se afastarem do carro, deram de cara com um Niall que Louis classificou como sinistro devido ao imenso sorriso que tinha no rosto.
– Bom dia, miladys. – Brincou, ainda com aquele sorriso.
– Bom dia, Cheshire*, qual o motivo deste sorriso encantador? – Louis ironizou enquanto Harry assistia a tudo com um sorrisinho limitado nos lábios.
Horan parou de sorrir e encarou os dois, seus olhos passeavam de Louis para Harry e de volta para Louis. Niall mordeu os lábios, sempre fazia isso quando ficava em situações como aquela: apreensivo.
– Tenho que falar com vocês sobre uma coisa aconteceu nos últimos dias...
– Niall James Horan, seu irlandês loiro falsificado – até Styles ergueu as sobrancelhas ao ouvir o tom que o namorado estava usando com o amigo que tinha os olhos arregalados – o que você aprontou? Por favor, diga que não tem haver com ele.
Niall ficou em silêncio, o que só confirmou, Louis sacudiu a cabeça, como quem não quer acreditar.
– O que aconteceu, o que ele fez? – Tomlinson pareceu mais calmo, mas não menos preocupado.
– Um momento. Quem é ele? – Harry perguntou, desencostando do carro e descruzando os braços, a curiosidade evidente em seus olhos verdes brilhosos.
– Zayn. – Louis respondeu monossílabo, mas sem tirar os olhos de Niall. – Vamos, diga o que ele fez com você.
– Ele me pediu desculpas. – Horan respondeu e Louis revirou os olhos em descrença, como se achasse aquilo um absurdo. – Eu sei o que deve estar pensando, Louis, mas ele foi sincero. Por favor, acredite em mim, quando digo que ele mudou.
– Eu sei que ele mudou Niall. – Tomlinson pareceu inflexível quando o assunto se voltou para seu amigo de infância. – E esse é o problema, eu não reconheço mais Zayn, você sabe o que ele fez com você e comigo.
– Claro, mas ele se arrependeu, e ele quer tentar recuperar a amizade com vocês dois, ele também sofreu bastante, Louis, ele mesmo me disse. Contou tudo a mim.
– E porque ele faria isso?
– Porque ele confia em mim, e porque estamos saindo. – Disse colocando um ponto final na conversa, Horan encarou os olhos azuis de Louis surpresos, Harry não parecia demonstrar nada, ele era ótimo nisso.
* Cheshire é o gato de Alice no País das maravilhas, conhecido por seu sorriso pronunciado.