Quando Louis entrou no carro de Harry seu coração parecia perdido, um satélite fora de orbita. Sem rumo, seus olhos vermelhos de lágrimas eram vagos e distantes, não tinham brilho, e aquilo fazia Harry, que estava ao volante, se distrair um pouco, preocupado.
Ele estava com raiva, isso borbulhava em seu corpo e descia por suas veias junto a vontade de quebrar a cara de Zayn, ele ouvira tudo e vira tudo que aconteceu na biblioteca, não culpava Louis por nada, até tentava imaginar o que ele estaria sentindo, sua cabeça deveria estar dando nós, ele só queria pegá-lo nos braços e apertá-lo dizendo que tudo ficaria bem.
Tentou se concentrar na direção, não ligou o rádio, Louis também não o fez.
Tomlinson se encolhia no banco de passageiro, seus lábios queimavam tanto quanto seus olhos, ele estava apavorado, em choque, não sabia a reação de Harry, e tinha medo disso, tinha medo de perder alguém que o fazia tão bem, Harry era sua pessoa especial, sem ele... não gostava nem de pensar, não conseguia mais, agora, Louis não sabia viver sem Styles.
Styles correu com o carro pela rua movimentada, por conta do horário e parou com o carro, na frente da escola das meninas, Louis percebeu pouco tempo depois que não estava na frente da sua casa e quando fez sinal de retirar o cinto, Harry o parou.
– Fica aqui, eu vou busca-las – colocou, por fim, e se aproximou cuidadoso depositando um beijo na bochecha do menor, que forçou bastante para poder sorrir fraco.
Saiu do carro deixando Louis com o rosto corado e mais pensamentos perturbados, ele havia dito, e tinha certeza que Harry teria ouvido, era realmente verdade? Seu coração deu as mãos ao seu cérebro e os dois gritaram juntos um sonoro: SIM! , que ecoou por sua cabeça. Então era verdade, ele amava Harry Styles.
Ele foi arrancado de seus pensamentos por gargalhadas exageradas e bastante conhecidas, a porta esquerda de trás foi aberta e por ela entraram Carmen e Clary ainda rindo para um Harry que retribuía a tudo.
O de olhos verdes deu a volta e entrou no lugar do motorista outra vez, e quando sua mão foi para a marcha sentiu a de Louis tocá-la, o menor brincou com seus dedos nos de Harry, sua mão era pequena se comparada a dele, ela era bonita e forte, os dedos longos e esguios. Levantou seus olhos e viu que Harry o encarava, mas com o olhar e o pequeno sorriso que Louis lhe lançou, ele entendeu, era como um agradecimento sem palavras.
Styles pegou sua mão na sua e acariciou, passando o polegar, pelas costas lisas da mão pequena de Tomlinson que aproveitou o carinho, mas sem desgrudar seus olhos dos de Harry, era um troca intensa e boa, para os dois.
Baixou o rosto e levantou as mãos unidas, beijando a de Louis, e sorriu junto ao de olhos azuis quando ouviram risadinhas abafadas e quando se voltaram para trás encontraram as gêmeas olhando-os engraçado, elas soltaram o seu tradicional “awn” prologado e acompanhado de olhinhos brilhantes e mãozinhas unidas debaixo do queixo.
Harry dirigiu até a casa dos Tomlinson, como das outras vezes, as meninas desceram primeiro, correndo pela varanda e abrindo a porta depois da terceira tentativa de achar a chave certa.
Louis e Harry estavam em silêncio dentro do carro, cada um em seu banco, o menor queria dizer tudo o que estava pensando, mas era tanta coisa que não sabia por onde começar, então optou por ficar calado, e quando já pensava que o melhor era sair o mais rápido possível do carro, sentiu a mão de Harry em seu braço.
– Lou, eu sei que tudo deve estar confuso pra você, e eu não te culpo. Vou deixar você sozinho e decidir. – Louis entendeu o que estava nas entrelinhas, o verdadeiro sentido daquelas palavras e a dor que estava impressa nelas. – Mas quero que saiba, antes de tudo e de qualquer coisa, ninguém nunca me fez tão feliz quanto você em tão poucos dias. – Seus rostos estavam próximos e Louis sentiu o inebriante hálito do maior. – Eu te amo. – E o beijou, não com desejo ou luxuria, sem pressa e calmo. Provador. Seus dedos se embrenharam, nos cabelos um do outro e seus lábios eram macios.
Separaram-se, mas mantiveram as testas unidas, Harry sorriu mostrando suas covinhas, Louis estava vermelho, seus olhos brilhavam, ouvir aquilo de Harry o fez suspirar.
– Eu acredito. Eu também te amo. – Sorriu ao dizer isso, as palavras eram tão verdadeiras quanto seus sentimentos e Harry ficou feliz ao perceber isso. – Eu já fiz minha escolha e não me arrependo.
E se beijaram outra vez, da mesma forma apaixonada de antes.
Era noite, Zayn dormira a tarde inteira, sua cabeça ainda doía, sabia o que tinha feito, mas foi impulsivo, errado e inconsequente, mas tudo que ele queria era uma chance com Louis, com a pessoa que ele acreditava estar apaixonado. Então, com consequência de seus atos ele não tinha mais Louis, nem muito menos Harry, estava perdido e totalmente sem direção.
No centro da cidade, próximo ao Music Store – uma loja de discos muito boa, na opinião de Harry – ficava o Welch Pub’s, era um lugar interessante e bem frequentado por estudantes, era o que pode chamar de “point da galera”, claro, se você achar que isso é adequado.
Era o lugar aonde vinha com Harry quando queriam beber, eles sempre foram bem próximos, tanto que a primeira vez que ficaram com garotos foi entre eles. Lembrar-se de Harry doía, e mais ainda quando sabia que Louis e Harry estavam distantes dele, mas distantes que nunca.
Ele entrou e sentou em uma mesa do fundo pediu algo para comer, pouco, não sentia muita fome, e cerveja, precisava de algo para se acalmar, mas seu espirito foi outra vez sacudido quando escutou as primeiras notas que alguém tocou no piano dentro do pub e lembrou que era terça-feira. Eram três dias na semana que havia apresentações ali, e ele não poderia ter odiado mais a escolha da música.
Quando a garota sentada ao piano soltou as primeiras palavras: “Está desligado, está ligado. A festa começou”, ele bebeu mais um pouco e tinha uma expressão irritada, ouvira pouco daquela música, talvez alguns trechos, mas só agora ela se encaixava em sua mente.
E com as palavras “Eu sei que fodi tudo de novo, porque eu perdi meu único amigo. Deus, perdoe meus pecados”, suas mãos desceram até o bolso e puxou um cigarro, o acendeu e tragou, sentindo seus pulmões incharem. Tudo tinha sido uma merda, e ele nunca se sentiu tão dolorido, tão quebrado.
Quando Louis foi embora pela primeira vez, para fora do país ele se sentiu mal, chorou, um maior abandonado, arrependido por não ter dito o que sentia pelo menor e pedido para que ele ficasse, simplesmente o havia deixado ir. Mas agora, tinha sido pior, pois perdera duas pessoas importantes, e ele era o único culpado, e dessa vez, por falar de mais e não se controlar.
Impulsivo de merda e fodido inconsequente, era mais ou menos assim que estava tratando a si mesmo.
“Desculpe-me e eu te amo. Cante comigo, “Bell Bottom Blues”. Eu continuarei procurando por uma resposta, porque eu preciso mais de você do que de drogas”, a voz da garota ao piano se espalhava dolorida, mas nada como o coração machucado de Zayn, ele o havia esfaqueado e agora sangrava feio.
Ele terminou o cigarro, e ao jogar os restos fora, imaginou o que Louis diria se o visse fumando, reclamaria daquela forma escandalosa gesticulando com os braços e depois o faria prometer que nunca mais fumaria. Sorriu triste, Louis era perfeito, coisa que ele não era, nem merecia alguém assim.
Nunca agira assim, e isso era o que tinha tornado tudo pior, era uma sensação ruim e ao mesmo tempo arrebatadora. Correr atrás de Louis, tentar, tentar e tentar, mas havia Harry. Que era seu melhor amigo, tinham feito tudo, eram inseparáveis até poucos dias, e agora se olhavam com desgosto.
Zayn realmente queria ter Styles de volta, era simples pensar em tê-lo de volta como antes, mas não era fácil de si fazer ele tinha fodido com tudo, e reconhecia, mas não tinha como voltar atrás e reverter o ocorrido.
Sabia que Harry realmente gostava de Louis – nesse momento, para mais irritação dos pensamentos de Malik, junto à melodia tristonha e arrastada, a garota repetia “Preciso de você mais do que de drogas” diversas vezes num refrão grudento que se inseria cuidadosamente em seu corpo –, Harry já lhe dissera e isso o só fazia ter mais certeza do que existia entre os outros dois. O cacheado o contara que só pediria alguém em namoro se realmente amasse a pessoa. Então, ele amava Louis e Louis o amava também – o próprio havia lhe dito.
O que fazer?
Não havia o que fazer, era isso, chegou a hora de desistir e seguir em frente. Com o coração em frangalhos? Sim, mas tentando reconstruir tudo que destruiu com sua estupidez.
“Brinde uma última baforada e dois últimos arrependimentos”, Tomou o seu quarto copo de cerveja, quando pediu para mudar para Vodka, Louis Tomlinson e Harry Styles eram seus arrependimentos e sua escada para o ceu.
Harry estava em seu quarto, se arrumando para ir à casa de Louis, já passava das sete da noite, vestia algo mais largado, não tão chamativo, mas bonito, estava arrumando o cabelo quando ele ouviu batidas leves na porta e a voz de sua mãe chamando seu nome.
– Entre – disse e ouviu os sapatos de sua mãe contra o piso de madeira, logo Anne entrou com um sorriso meigo e terno ao ver o filho de frente para o espelho, ela o beijou na bochecha e sentou em sua cama.
– Vai sair?
– Sim, vou na casa de Louis. – Respondeu e viu, através do espelho, sua mãe esperando por sua reação.
Ela sorriu.
– Você gosta dele? – Anne perguntou simples.
Anne sabia sobre a sexualidade do filho e o aceitava, ela se sentia culpada por não poder estar com ele a todo o tempo, o mínimo que podia fazer, acreditava ela, era apoiá-lo no que fosse possível.
– Muito. – Harry respondeu sentando ao lado dela e passando o braço por seus ombros.
– Eu gostaria de conhecê-lo.
– Você vai. – Ele sorriu, e ela percebeu os olhos dele brilhar. Realmente, estava ali, vendo que realmente seu filho estava feliz. – Ele é uma pessoa maravilhosa mãe, e o melhor, não liga para o meu sobrenome nem futilidades.
Ela estava quase tão feliz quanto o filho.
– Vocês estão namorando?
– Eu o pedi em namoro. – sorriu sem mostrar os dentes, mas deixou aparecer as covinhas.
– Você contou ao Zayn? – Ela perguntou, inocente.
– Ele já sabe. – Disse seco, mas logo colocou, a voz um pouco triste, mas verdadeira. – Nós não estamos nos falando.
– Quer falar sobre isso?
– Não. Ao menos não agora – sincero e incerto.
– Tudo bem, mas se lembre que ele é seu melhor amigo, pense bem. – Ela arrumou o cabelo dele, como ela achava certo, os dois riram.
– Mãe! – Ele a repreendeu.
– Você acha que eu vou deixar você sair assim pra casa do seu namorado. – Ela brincou e o beijou na bochecha, com carinho.
– Okay, obrigado. – Styles devolveu o beijou.
– Faz o seguinte, se quiser, leve-o ao Rising Sun, eu vou para lá daqui a pouco. – A mulher levantou e saiu do quarto deixando Harry com um sorriso como nunca vira antes.
Louis estava jogado no sofá, era uma noite quente e ele usava um short esporte e uma camiseta larga, seus cabelos estavam uma bagunça e passava alguma reprise na televisão, mas ele estava mais ocupado com seus pensamentos e com a mecha de seu cabelo que ficava enrolando freneticamente com o dedo.
A campanhia tocou, e com o susto ele caiu sentado no chão fazendo um baque alto.
– Louis é você? – Harry perguntou da porta, a voz preocupada ao ouvir a pancada.
O menor levantou e correu para a porta, a mão ainda massageando a nadega esquerda dolorida. Abriu a porta e teve a visão de um Harry lindo com os cachos perfeitamente arrumados.
– O que aconteceu?
– Me assustei com a campanhia e cai do sofá. – Louis andou em direção a sofá com Harry vindo em seguida.
O maior observou e poderia ficar olhando aquilo pra sempre, Louis massageando a nádega daquela forma, Okay, talvez fosse torturante aquela imagem.
– Harry para de secar minha bunda. – Louis disse ao tentar sentar no sofá.
Styles riu.
– Você sabia que eu sou ótimo com massagens? – Ergueu as sobrancelhas sugestivamente.
– Para, se você insistir muito talvez eu aceite. – Louis sorriu e Harry o beijou, bagunçando mais seus cabelos.
– É uma proposta tentadora, mas que tal nós irmos jantar no Rising Sun? – Perguntou acariciando a bochecha do menor que arregalou os olhos em surpresa e Harry sorriu, ele ficava lindo fazendo isso. Escandaloso.
– Isso é sério?
– Sim.
– Sua mãe sabe?
– Ela quem chamou.
Louis pareceu pensativo.
– Ela vai estar lá?
– Uhum.
– Ela sabe sobre nós?
– Sim.
– Ela vai estar lá?
– Yep.
– Preciso de um banho e uma roupa descente. – Levantou indo em direção as escadas. – Faz o que quiser, não demoro.
Mas ao se virar ouviu Harry assoviar.
– Sobe devagar e de dois em dois degraus, assim da pra apreciar melhor a visão daqui – Styles disse apontando pro short que subiu minimamente quando Louis mudava a passada.
– Argh, Styles! – Murmurou e subiu apressado.