– Zayn? – Harry chamou ainda atônito sem querer acreditar na cena que acabara de acontecer, ainda com os olhos presos em um Louis que bem dizer corria para dentro do prédio da escola.
– O que foi?
– Precisava falar daquele jeito, Louis só queria te ajudar.
– Eu não preciso da ajuda dele. – Deu de ombros, olhando para qualquer lugar menos para o garoto de cabelos cacheados ao seu lado.
– Você o magoou com isso, não percebeu? – Harry desencostou do carro para seguir para dentro do prédio também, mas se virou para ele, ainda próximos. – O que deu em você cara?
– Nada que seja da sua conta.
Harry riu amargo.
– Tudo bem, Louis estava com a razão, você está sendo um idiota.
E foi nesse ponto que Zayn estourou, e não conseguiu conter as palavras que saíram de sua boca.
– Eu não tenho culpa. Eu estou fodido. Estou apaixonado pelo cara que meu melhor amigo está pegando. Deu pra entender agora? – Cuspiu contra Harry, só então, quando seus ombros se curvaram cansados, ele percebeu o que havia falado e se condenou de imediato.
Styles o encarou em silêncio, sabia daquilo, há algum tempo na verdade, já havia percebido, mas estava esperando uma evidência mais forte, mais concreta, e ali estava a resposta saindo da boca do próprio.
Ele estava apaixonado por Louis.
– Antes disso tudo, eu queria te contar que iria pedir Louis em namoro. – Falou sério, o que deixou sua voz rouca, mas adulta do que o normal.
– E não vai mais? – Zayn arqueou uma sobrancelha.
Harry não o responde apenas jogou a mochila pendurando-a no ombro e andando em direção a escola, pensando, ele também estava apaixonado por Louis.
Tomlinson entrou na escola, mas ao invés de ir para a primeira aula, que seria de Filosofia, ele correu até a entrada da biblioteca, mas estava fechada. Ele bufou com raiva, queria ficar ali, ao menos ninguém o incomodaria, seus olhos ardiam e algumas lágrimas lhe escaparam.
Ele correu de lá para o banheiro masculino, não tinha ninguém, apenas um garoto lavando as mãos, mas logo saiu.
Aproximou-se da pia de mármore e lavou o rosto, logo enxugando em seguida. Abriu a bolsa e pegou seus óculos de grau, tinha esquecido os óculos escuros, pelo menos aqueles disfarçariam um pouco o que tinha acontecido.
Pegou o casaco e o vestiu assim como fez com a toca, o cinza dele destacava sobre sua pele e davam um ressalto aos seus olhos azuis. Ele realmente sentia frio, estava quase tremendo.
Louis voltou a caminhar para a sala de aula quando ouviu o sinal tocar, chegou a tempo na porta. O professor assentiu para que ele entrasse, olhou por toda a sala. Fazia mais de uma semana que tinha chegado àquela turma, mas ainda não tinha se acostumado com todo mundo.
Os outros alunos olharam para ele e se sentiu desconfortável, até encontrar os olhos verdes que sorriam para ele do final da sala, ele sorriu de volta e algumas garotas pensaram ser para elas. Louis começou a andar até a cadeira vazia do lado de Louis dando graças a Deus por não ter aquela aula com Zayn, não queria vê-lo tão cedo, mas antes que pudesse chegar onde Harry estava.
– Louis, senta aqui, tem um lugar vago. – Uma morena magra de cabelos cacheados segurou seu pulso, ele a olhou, as sobrancelhas unidas como se reclamasse por ela ter feito aquilo, a garota o soltou.
– Desculpa, mas vou sentar com o Harry. – Respondeu segurando na alça da mochila e a garota se virou na cadeira para ver Harry sorrindo sínico em sua direção, ela bufou e cochichou com uma garota ao lado enquanto Louis andava até Harry.
– Oi. – Louis cumprimentou assim que sentou e sentiu sua cadeira ser puxada mais para perto de Harry pelo mesmo. Louis sorriu tímido.
– O que aquilo queria com você? – Perguntou baixo, fingindo prestar atenção no que o professor dizia.
– Com ciúmes Harry? – Levantou uma sobrancelha divertido, elas esbarraram no cabelo da franja que fugia da toca.
– Não! – Harry se ajeitou na cadeira, mas depois de virar o rosto na direção do menor e ver o quão fofo ele estava naquele casaco e toca, acabou se rendendo. – Okay, eu estava. Não quero esses projetos de Hooker dando em cima de você.
– E porque não? – Louis provocou e sentiu Harry apertar sua cintura discretamente.
– Porque nós estamos juntos. – E sorriu mostrando as covinhas. – E você é meu Tommo.
No intervalo Harry pediu a Louis que os dois fossem para fora do refeitório, mal sabiam os dois que estavam fugindo da presença da mesma pessoa. Louis por raiva Harry por dúvida. Queria pensar longe do moreno.
Pegaram seus lanches e foram para junto das mesas estilo piquenique que ficavam espalhadas pelo jardim, que na verdade, tinha mais árvores do que propriamente flores.
Sentaram, e começaram comer, Louis recebeu uma mensagem de Liam perguntando aonde estava, e ele respondeu que estava com Harry, mas os convidou a se juntar, Payne respondeu dizendo que Niall não queria ir, depois se falavam.
Quando leu, imaginou que por Louis estar com Harry que era o amigo de Zayn ele também estaria lá, então não veio. Louis deu de ombros, depois explicaria tudo a eles.
Ele e Harry dividiam uma coca, enquanto ele comia um sanduiche vegetariano e Harry se agarrava com cheeseburguer de queijo extra.
– Como você consegue comer isso, é muito gorduroso. – Louis falou com uma voz chocada encarando a cena que Harry fazia com o cheeseburguer.
– Isso é uma delicia, melhor do que isso que você tá comendo. O que é isso? Só tem alface e cenoura nisso? Ah, tinha que ter cenoura. – Brincou Harry franzindo o cenho na espera da resposta de Louis.
– Isso é saudável Styles, – rebateu, mas logo colocou – por isso tenho esse corpo. – Ironizou passando a mão na própria cintura.
– Você ganhou essa bunda só comendo folha? Não tem cabimento uma coisa dessa. – O maior virou o corpo para poder ter uma visão melhor da bunda de Louis naquela calça apertada, e realmente, não tinha cabimento.
Louis corou um pouco.
– Você é fissurado pela minha bunda, não é?
– E quem não é? – Riu –, mas também por você – e com essas palavras e as covinhas no sorriso ele se tornou irresistível.
Louis deu um soquinho em seu ombro em quanto ria.
– Experimenta isso aqui. – Harry estendeu a mão que segurava o cheeseburguer com queijo extra que deixava esse último fato bem visível.
– Não, Hazza, isso é cheio de gordura.
– Uma vez não faz mal, vai. – Styles ainda tinha a mão estendida, depois de insistir sorriu ao ver Louis concordar revirando os olhos.
Ele ergueu a mão com o cheeseburguer e Louis mordeu, mastigando e fazendo uma expressão pensativa.
– Não é divino?
Mas antes que Louis pudesse dizer algo às duas garotas se aproximaram da mesa que ele estava, era a magra que tinha falado com Louis na primeira aula e a garota loira com quem ela havia cochichado em seguida.
– Fazendo serviço de caridade, Harry? – Ela soltou sorrisinho debochado e os dois garotos fizeram cara de confusão. – Ah, tô falando de você bancar bom samaritano alimentando os menos favorecidos. – Ela apontou para os sanduiches nas mãos dos garotos.
– Taylor, certo? – Harry perguntou e ela assentiu sorridente. Falsa. – Porque você não vai pastar e nos deixa em paz.
– Okay, só estranho você ajudando os necessitados.
– Eu não sou necessitado! – Tomlinson exclamou os olhos azuis semicerrados encarando a garota de calça colada e sem curvas.
– Ah, Tomlinson, eu já puxei sua ficha. Você é bonitinho, mas entrou na escola como bolsista isso quer dizer que você não tem dinheiro. Mais um perdido nessa escola. – Ela atingiu forte. Louis se encolheu um pouco no banco, calado.
Percebendo isso, Styles passou o braço pelos ombros de Louis, o puxando para perto.
– Porque você não vai procurar um nutricionista pra cuidar dessa sua anorexia garota? – Harry rebateu.
As duas, juntas, como gêmeas, levaram as mãos ao peito, ofendidas.
Elas encararam o braço de Harry sobre os ombros de Louis, todos na escola sabiam que Styles já havia pegado meninos, mas nunca saia em público com eles, ou demonstrava isso, mas ali estava, mais explicito que nunca.
– Esquece isso Okay, Harry, eu vim aqui porque senti saudade. – Ela tentou ser meiga, mas foi uma cena ridícula aquele bico que ela fez.
Louis entendeu de imediato do que ela estava falando e se virou para Harry esperando por uma resposta. Niall e Liam já o haviam alertado sobre a fama de Harry e tudo que ele já havia aprontado, mas não conseguiu se afastar, pois quando se deu conta não sabia mais ficar sem Harry.
Ele se encolheu mais sobre o braço do cacheado, aquilo estava sendo demais, seus olhos queimavam, e se odiava por isso, porque não era tristeza, mas raiva, e quando sentia raiva, ele chorava.
– Eu não senti nem um pouco. – Ele balançou a cabeça e levantou – vem. – Pegou a mão de Louis e o puxou para ficar de pé ao seu lado, passou o braço não pelos ombros, mas pela cintura do menor, e antes de se virarem e saírem, Harry colocou: - Só pra constar. Você beija mal. – E foi embora com Louis, deixando a loira alta de boca aberta.
Tomlinson estava se sentindo mal, mas melhorou um pouco e até sorriu fraco ao perceber o que acabara de acontecer: Harry tinha mostrado para elas que estavam juntos.
Zayn estava pensativo e se achando a pior pessoa do mundo. Estava dividido entre tudo, e a cada instante que passava parecia piorar, quando pensava que não podia ficar pior, ficava.
Niall, o loiro com sotaque engraçado, ele era bonito, e talvez fosse uma boa pessoa, mas Malik não havia tido oportunidade de descobrir isso, já que foi completamente idiota se deixando dominar pelo desejo e o álcool. O olhar assustado do menor de cabelos loiros no Halloween ainda passava por sua cabeça. Ele parecia tão frágil, tão inocente.
Se pudesse não teria feito aquilo, mas já estava feito.
E com isso, como uma onda crescente se aproximando da praia, veio Louis. Zayn lembrava bem dessa qualidade do pequeno de olhos azuis. Ele sempre fora assim, protetor com os amigos, era baixinho, mas crescia e partiu para briga, tanto de bate boca quanto de tapas.
Lembrou-se de quando os dois se meteram em uma briga com os meninos na rua de cima por causa de uma partida de futebol, na verdade, Zayn tinha se metido e para ajudar o amigo Louis se meteu também.
Quando chegaram a suas casas, os dois passaram uma semana de castigo.
Riu ao lembrar daquilo, um riso triste, porque agora a situação era diferente. Louis não o estava defendendo, ele estava defendendo outra pessoa da imbecilidade de Zayn.
Passou as mãos na cabeça. Porque ele precisava ser tão bonito em tudo? E porque ele precisava estar apaixonado pelo garoto de olhos azuis? Malik podia ter quem quisesse e sabia disso, mas não era de agora que gostava de Louis, só nunca teve coragem, teve medo.
Mas agora, vê-lo ali, depois de tanto tempo, crescido e cheio de vida, e ainda mais bonito o fez acender aquele sentimento. Mas lá estava a pior coisa que poderia ter acontecido: Harry, seu melhor amigo, bem dizer irmão, estava gostando da mesma pessoa que ele, e o outro parecia retribuir tal sentimento. Mas hoje mais cedo, depois da discursão, quando Harry o disse que pediria Louis em namoro foi que ele se lembrou de uma coisa que o fez ficar um pouco tonto.
Em uma de suas conversas com Harry, o mesmo lhe disse a seguinte frase, ele lembrava bem disso: “Eu só quero namorar com alguém quando eu tiver certeza que a amo”.
Mesmo depois do terceiro cheeseburguer que comera, Niall continuava sentindo um vazio dentro de si. Ele estava sentado com Liam em um dos corredores da escola, as pessoas geralmente faziam isso, era algo normal por ali. Pane estava respondendo uma atividade e Horan estava esperando para copiar dele, deu a desculpa de estar com dor de cabeça e que pensar só iria piorar a situação, a verdade é que não sabia do assunto mesmo, Liam sabia disso mais sempre mimava o menor. Era seu pequeno irlandês.
Niall realmente gostava de Malik, não era nenhuma novidade, antes mesmo de Louis apresenta-los, ele já havia admitido para si mesmo o que sentia pelo moreno estilo bad boy.
Mas tinha sido tudo tão louco e ruim, aquela noite na festa, o que começou bem acabou sem sentido. Ele queria qualquer coisa que fosse oferecida por Malik, queria a dor, queria o drama, queria o estilo horror, contanto que tivesse mais daquele beijo sujo de couro e areia, aquele estilo garage glamorous.
Ele queria aquele romance ruim, contanto que pudesse ser seu.
Não desistiria tão fácil.
Saindo de onde estavam Harry caminhou com o braço envolto da cintura de Louis até a entrada da clareira na parte de trás da escola.
Sentaram em um tronco, mas antes Louis o limpou pelo pouco musgo que continha.
O maior sentou e puxou Louis para mais perto, o menor deitou a cabeça no peito dele fechando os olhos e tentando relaxar. Ele sabia que aquilo ia acontecer em algum momento, e sabia também que não adiantava dizer “eu não me importo” “isso não me atinge”, porque atinge, sempre atinge.
– Lou? – Ouviu Harry chamar com a voz baixa enquanto mexia em seu cabelo.
O menor fez um barulho de que entendeu.
– Não fica assim por causa delas. – Era preocupação o que Louis percebeu na voz de Styles? Sim, era uma preocupação bonita.
– Desculpa, eu tô acabando com sua imagem, né. – Louis levantou o rosto, os olhos molhados, mas não chorando, deixando o azul de seus olhos cada vez mais claros.
– Não. – Suspirou. – E na verdade eu não me importo com isso de imagem, até porque você não acabaria com a imagem de ninguém. – Hesitou. – Eu só quero que eles me respeitem, não quero que eles achem que porque eu gosto de garotos eles podem me julgar ou fazer piadas. E não vou deixar fazerem isso com você.
Depois de um tempo apenas em silêncio Louis falou:
– Você é o melhor.
Os dois riram bonito.
– Você e Taylor já namoraram? – Não aguentou a curiosidade, e quando percebeu já tinha perguntado.
– Não. Nós ficamos uma vez em uma festa. – Virou-se mais para o menor e o beijou no nariz, já que sua testa estava coberta pelo cabelo e pela toca. – Não se preocupe com isso, não significou nada.
Mas o menor não disse nada, e ele continuou:
– Boo... quero que você entenda, eu tenho uma certa fama com relação a relacionamentos, talvez você já tenha ouvido algo – Tomlinson assentiu minimamente –, mas com você é outra história. Eu realmente gosto do que temos. Você me faz bem.
Louis, outra vez, não disse nada.
Mas virou o rosto para cima e sorriu para Harry.
– Você me chamou de Boo?
Harry riu.
– Sim, desde que você me explicou achei ainda mais fofo, igual a você. – Os dois trocaram um beijo, o real sentido do nome é que quando as meninas eram menores, por volta dos quatro anos, elas tinham um urso chamado Boo, elas o amavam, mas acabaram perdendo ele no parque e passaram um bom tempo desolado por conta da “tragédia” fizeram Louis colocar até cartazes om fotos dele com a legenda de PROCURA-SE e o número de telefone para contato. Só que não acharam e ele prometeu a elas que seria o novo Boo, que brincaria com elas sempre que quisessem como o urso fazia nas festas de chá das gêmeas, então elas o apelidavam de Boo Bear.
– Eu estou apaixonado por você Hazza. – Sussurrou, mas pra si mesmo do que para o outro, e esperava que o maior nem o tivesse ouvido, mas recebeu uma resposta que o fez sorrir.
– Eu também estou apaixonado por você Tommo. – E o beijou outra vez.