Zayn chegou por volta das 7:30, devido ao dia agitado as meninas estavam cansadas e já
estavam deitadas enquanto assistiam Bob Esponja na TV do quarto.
Louis desceu as escadas correndo quando ouviu a campanhia tocar, passou a mão no
cabelo uma última vez, e parou pesado de frente a porta. Respirou fundo e girou a chave que já
estava nela, abrindo-a e dando de cara com um Zayn dentro de uma jaqueta preta e uma calça
jeans da mesma.
Não havia como negar que Zayn era um cara bonito e sexy, com aquela barba por fazer e
aquele olhar analítico que te fazia sentir como se estivesse nu na frente dele. As bochechas de
Louis ganharam um novo tom e ele cumprimentou o moreno que lhe sorriu ao entrar em casa.– Estava frio lá fora. – Malik disse enquanto tirava a jaqueta e ficava apenas com uma
regata branca cavada que fez Louis analisar suas tatuagens e seus músculos salientes. – Vem
cá eu tava com saudade de você Lou. – Colocando isso, puxou o menor para um abraço que
sentiu os braços do maior passando por sua cintura e se encaixando bem ali.
– Eu também Z. – Respondeu abafado, seu rosto estava na altura do pescoço do maior.
Soltaram-se e Louis puxou o maior pela mão para a cozinha.
Malik observou o lugar a sua volta e lembrou, mas demorou um pouco a perguntar, a cena
a sua frente exigia ser admirada. Mesmo que fosse uma calça de moletom, na posição em que
Louis estava procurando a pipoca de micro-ondas nas gavetas baixas do armário fica, sua
bunda ficava marcada e redonda, dividida, bem a mostra.
O moreno admirou mordendo o lábio, aquela foi das melhores visões que já teve de
Tomlinson, mas quando viu o outro levantar, logo colocou:
– E a Jay e as irmãs?
– Minha mãe está de plantão hoje, só chega de madrugada e as meninas estão no quarto
assistindo. – Respondeu colocando a pipoca no micro-ondas e abrindo a geladeira para tirar o
refrigerante.
– Então somos só nós dois? – Zayn perguntou a malicia presente em sua voz não foi
percebida pelo outro.
– Na verdade, somos eu, você e a droga do filme de terror que você escolheu. – Bufou e o
encarou fazendo bico, Zayn riu da atitude infantil do menor, Louis não mudou. Continuava a
mesma criança que fazia bico e encarava as pessoas com olhos azuis até conseguir.
– Não adianta Tomlinson, eu podia cair nisso quando éramos crianças, mas não agora. –
Louis desfez a cara e deu de ombros enquanto colocava o refrigerante nos copos, Zayn ouviu o
barulho do apito do micro-ondas informando que a pipoca estava pronta e se encaminhou para
abrir ao mesmo tempo que Louis virava com o copo de refrigerante e... Vocês já imaginam o que
aconteceu.
Louis estava com a boca em um perfeito O, Zayn tentou afastar a regata do corpo para
não molhar, mas foi impossível.
– Tira a camiseta. – Ordenou Louis soltando o que tinha na mão sobre o balcão.
– Pensei que você fosse do tipo romântico Louis. – Brincou com um sorriso no rosto,
Louis revirou os olhos como de praxe, e Malik gargalhou com aquilo, mas tirou a regata.
– Desculpa, eu sou um desastre às vezes. – Tomlinson pegou a regata dele e colocou
sobre a mesa. – Vou colocar pra lavar. Posso te emprestar uma camiseta minha. – Louis
tentava desviar os olhos do corpo de Zayn moreno, definido e exposto. Percebendo isso, Malik se
aproveitou.
– Louis, não é querendo abusar de você, mas suas camisetas não cabem em mim, sou
bem maior – e ouviu um “verdade” de Louis enquanto mesmo – posso ficar assim mesmo?
– O-okay, n-não tem problema. – Droga, pensou Louis, gaguejando inferno. – Vamos
assistir. – Disse colocando outro copo de refrigerante e seguindo para a sala. – Pega a pipoca.
– Okay, Lou. – Zayn sussurrou satisfeito com o efeito que causara sobre Louis, mas aquilo
era apenas o começo de uma noite de provocações.
Evil Dead não era o filme de terror que mais dava medo em Louis, mas ele não conseguia
olhar pra tela quando a garota estava cortando a própria boca com um pedaço do espelho, ou
quando a outra estava bifurcando a língua om um estilete.
Zayn estava sentado ao lado de Tomlinson que se encontrava agora bem próximo do
moreno, sempre que tais cenas surgiam na tela ele fechava os olhos e escondia o rosto contra o
braço de Zayn ou o apertava em cenas de susto.
Malik estava calmo, adorava filmes de terror, e ver a reação de Louis se agarrando a ele
com medo... Não podia negar, e dizer que não estava gostando, se fizesse isso estaria
mentindo.
Quando o filme finalmente acabou, Louis estava quase no colo de Zayn e parecia nem
perceber isso, até que olho para o maior e sorriu sem graça se desprendendo do braço dele.
– Gostou?
– Você sabe minha opinião sobre filmes de terror, mas eu até que gostei, e...
– Louis, sem fazer uma crítica de duas páginas como quando éramos crianças.
– Tá, seu chato. – Deu um soquinho no ombro do outro e sorriu fazendo bico.
Ficaram um tempo em silêncio, fitando os créditos na tela da TV até Zayn romper:
– Senti sua falta.
Louis se virou para ele novamente, Zayn continuava a fitar a TV, mas sua atenção estava
no menor.– Eu também Z, eu não queria ter saído daqui, foi a pior coisa que meu pai fez e isso lhe
custou caro. – Tomlinson mantinha os olhos em seu colo, fitando as próprias mãos, até sentir
uma mão quente entre as suas apertando-as forte.
– Sinto muito.
Louis ergueu o rosto encontrando os olhos de Louis.
– Podemos mudar de assunto? – Perguntou e viu o moreno assentir. – E essas
tatuagens? Quando você começou com isso?
Zayn riu antes de responder.
– Faz mais de dois anos, foi logo depois que você foi embora e quando conheci o Styles. –
Deu de ombros.
– Então Harry te influenciou a isso?
– Não, talvez um pouco, mas se formos pensar assim eu também o influenciei. Fizemos
nossas primeiras tatuagens juntos.
– E quais foram? – Perguntou curioso, sempre isso, sempre a curiosidade o arrastando
para se meter na vida das pessoas, mas Louis era um pouco impulsivo. Mais tinha um ponto a
seu favor, Malik era seu amigo de infância.
– A do Harry foi Can I Cry? (Posso Chorar?), era algo relacionado a seus pais – Louis não
esboçou reação, mas lembrou do que Harry lhe contara sobre os pais e chegava a fazer sentido
até –, e a minha foi essa – aponto para uma inscrição escrita em árabe perto do pescoço, no
lado esquerdo – significa “seja fiel a quem você é”.
Louis ficou em silêncio pensando naquilo, e logo se arrependeu de perguntar enquanto via
o rosto de Zayn se voltando curioso para ele, um sorriso sexy nos lábios.
– E você tem sido fiel a você?
– Sim, desde que descobri o que realmente me interessava. – Respondeu e com a voz
arrastado do outro Louis pôde sentir um arrepio percorrer seu corpo.
Depois disso, desconversaram e Zayn não demorou muito, logo estava vestindo sua
jaqueta (mesmo sem a regata), dando a desculpa de “depois você me devolve” e saiu logo
depois de dar um abraço em Louis. Um abraço apertado e cheio de sentimentos reprimidos.
Louis chegou a escola como nos outros dias: a pé, sua casa era um pouco distante, mas
ele não se importava com ele, adorava andar pelas ruas que lhe faziam tanta falta enquanto
escutava Florence + The Machine e pendurava a mochila no ombro.
Era sexta-feira, motivo de animo e festas e todas as derivações de “diversão” para os
outros, pois para Louis era ficar em casa, sempre foi bastante quieto nesse quesito. Mas não
aquela noite de sexta-feira, naquela noite ele iria sentar a mesa de madeira polida da cozinha
junto a sua mãe e suas irmãs e comeriam enquanto Jay conhecia seu mais novo amigo: Harry
Styles.
Pensar em Harry o fazia sorrir involuntariamente, era como se estivesse ligado no
automático.
Quando deu por si, estava cantarolando um trecho de Shake It Out e lembrando seu pai,
era a sua música preferida, mas que pena, e que engraçado são as pessoas e suas músicas,
ele dizia que ela era tão parecida com ele, mas por fim, ele não conseguiu viver sua letra, pois
não conseguiu se libertar de seu vicio e isso o matou.
Sentiu seus olhos queimarem, mas segurou, passou pelo estacionamento tão rápido e
silenciosamente que duvidava que alguém o tivesse visto. Subiu a escadaria entre o pátio e as
grandes portas de entrada do prédio e correu para os banheiros do corredor das salas de Artes
Cênicas aonde as pessoas mal vão, elas preferem os banheiros mais próximos das salas deles.
Entrou no banheiro e soltou a bolsa sobre a pia, o espaço era grande e amplo, bem
cuidado para um banheiro de escola. Louis olhou para o espelho a sua frente: em seu reflexo
identificou as bolsas vermelhas em seus olhos, as lágrimas que desciam quentes e cortantes
por seu rosto, o cabelo um pouco bagunçado pela corrida.
Deixou o choro invadir seu peito junto a um aperto, e os dois escaparam por seus lábios
em um gemido sôfrego.
– Louis...? – Ouviu uma voz rouca, e até mesmo um pouco insegura o chamar, e ao
erguer a cabeça e olhar para o espelho viu, através do reflexo, ninguém mais do que Harry Styles
com os óculos escuros na mão bonito como um serafim forte misterioso feito um deus feito um
diabo.
Harry franziu as sobrancelhas deixando o verde dos olhos ainda mais aceso quando viu o
estado do menor e se aproximou o tocando no ombro.
– O que aconteceu? – Sua expressão séria se desfez quando Louis, sem dizer nada o
abraçou. Ainda em silêncio ele afagou as costas do menor que soluçava baixinho.Harry soltou sua mochila no chão e puxou o menor com ele quando o mesmo sentou no
chão encostado a parede, com Louis entre suas pernas encolhido e de cabeça baixa, Harry
continuou acariciando o braço e subindo para o ombro de Tomlinson, e lhe beijava fracamente o
alto da cabeça aproveitando para sentir o cheiro bom de seus cabelos.
– Harry porque nós não conseguimos ajudar as pessoas que amamos como nós
queremos? – E de alguma forma estranha, ouvindo aquela voz embargada, e tendo aquele corpo
pequeno apoiado no seu ele compreendeu de quem Louis estava falando, aonde ele queria
chegar com aquilo.
– Porque elas precisam querer nossa ajuda. – Respondeu tranquilamente, a voz baixa e
controlada.
Harry nunca se imaginou preso em uma situação como aquela, talvez Louis fosse o que
ele sempre procurou quando ia a todas aquelas festas e ficava com todas aquelas pessoas,
talvez Louis fosse o conforto que ele procurava e quando chegava o fim da noite ele não
encontrava.
Pois era assim que se sentia quando estava com Louis, ele não precisava fingir aparência,
não precisava brigar com ninguém ou bancar o bad boy, ele podia rir e fazer piadas idiotas como
qualquer adolescente. Ele se sentia bem, em tão pouco tempo, Tomlinson o fazia pensar dessa
forma.
Sem olhar para outro canto além de para frente para não encara Louis enquanto dizia o
que estava pensando, ele disse:
– Você deixa eu te ajudar?
Louis ergueu o rosto do peito de Styles e o encarou. Harry não o olhava, mas ele pôde
sentir o maior ficar tenso a espera de sua resposta. Observou os detalhes no rosto dele, uma
cicatriz pequena no queixo; os lábios tinham um tom bonito assim como seus olhos eram
bonitos, um verde especial, como ele nunca vira antes; os cabelos molduravam seu rosto em
cachos sedosos e desalinhados, o que o deixavam mais fofo, e olhando para as bochechas dele
imaginou como ficavam ainda mais bonitas quando ele sorria e as covinhas apareciam ali.
– Sim. – Respondeu, e viu Harry sorrir mostrando as covinhas tão fofas e virando-se para
ele, fitando-o.
Para Harry o sim de Louis lhe veio como permissão, e ao baixar os olhos encontrou as
duas bolas azuis de Jeff Koons*, eram olhos serenos de água alegre, chuva de deleites, o azul
de seus olhos era como estar na praia e sentir a brisa contra o corpo aplacando qualquer dor.
E toda aquela afeição que sentiam um pelo outro, e que lutavam para negar acabou em
um beijo longo e bonito, calmo e paciente. Era macio, cheio de sabores que combinados
formavam o melhor.
Harry segurou o rosto de Louis com uma das mãos, acariciando o rosto liso, enquanto o
menor se deixou levar.
* O artista Jeff Koons usa de várias e ideias e materiais para fazer suas obras de arte.
Trabalhou inclusive na capa do novo álbum da cantora Lady Gaga chamado ARTPOP e recebeu
homenagens em Applause, música da mesma cantora citada acima. O que tem haver os olhos
azuis de Louis com Koons? Geralmente em suas obras de arte como marca registrada ele
acrescenta uma bola azul, como fez na escultura da capa do CD ARTPOP