Contratos Velados

Oleh JS_Malagutti

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Daniel e Estela se esbarram numa noite em que o céu presenteia a Terra com um rastro de fogo. Desde que os do... Lebih Banyak

Corpos que caem
O desespero de uma mãe
As vítimas da ala particular
A visita
A experiência
A verdade e uma ameaça
O sumiço
O caso Anelise
A aparição
Cicatrizes e silêncio
A busca
Em face
Aos poucos se revelam
O vendaval da madrugada
A ajudante
O pacto de silêncio
Não estão sós
Mudança de Planos
Fuga desesperada
Realidade ou ilusão?
A transfusão
Retratos da loucura
Fora de controle
Fábrica de mentiras
Batalha no canavial
O resgate
O Dossiê dos 8
O corredor da morte
Refém
Ele se revela
Lá fora!
A plataforma
Sangue Azul
Xeque!
A viagem no tempo
Operação 53
O reencontro
O bunker frigorífico
O cemitério clandestino
Susto na escuridão
Matar ou morrer!
A proposta
Corra, governador!
Os dias passam
Perdendo a razão
No limbo
Aparições
A Rede
Descortinando os planos
A Conspiração
Uma parte do quebra-cabeça
Queda de Braço
Os próximos e perigosos passos
Revelações
É chegada a hora
Mais deles chegam à Terra
O círculo de abduzidos
O último contato?
Quatro anos depois; o fim.

Do fundo do poço

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Oleh JS_Malagutti


--- 7 horas e 33 minutos.

Silvério não conseguiu subir na torre humana. Seus ombros estavam doloridos e não conseguia colocar força muscular para subir. Apesar da idade o padre era ousado e tentava se superar.

No escuro estava ainda mais difícil, afinal, não sabia como pisar e onde pisar. Tentou uma vez subir em Ney que estava na base, mas escorregou e caiu. As meninas o ajudaram a levantar.

O cheiro estava forte. Aquele cadáver já estava começando a apresentar sinais de decomposição. Isso deixava tudo psicologicamente ainda mais difícil. Ney estava com os ombros ardendo de aguentar o peso de Adam naquela posição.

Os calcanhares de Adam estavam apertando os seus nervos.

"Desisto" -, disse o padre. "Fico na base e vocês mais novos sobem".

"Não vai conseguir, seus ombros estão machucados" -, disse uma das meninas.

"Podem pisar, se vai ter que cuidar deles agora, que cuidemos por uma ação que possa nos salvar" -, insistiu Silvério.

"Vamos então" -, apressou-se Adam descendo e com tontura. "Estou me sentindo fraco, mas vamos o quanto antes".

Silvério abriu as pernas e apoiou bem o peso do corpo sobre elas e apoiou as mãos na parede. Adam subiu na sequência e mesmo fraco apoiou as mãos na parede tentando resistir ao fracasso.

Ney era pesado. Era o maior e mais forte de todos. Subiu com destreza até o ombro do padre que gemia em sussurros. Procurou subir em Adam, mas não conseguia equilíbrio. Percebeu as pernas do rapaz tremendo. Mas, era preciso seguir e salvar todos.

"Flexiona os joelhos, Adam, preciso de apoio" – pediu Ney.

O rapaz atendeu e assim que Ney colocou os pés na suas coxas ele procurou fechar os olhos e manter a força. "Agora vai erguendo devagar". Adam obedeceu com as pernas tremendo fazendo doer ainda mais o ombro do padre.

Assim que Adam terminou de subir Ney sentiu uma brisa vindo de frente e avistou ao longe uma luz acesa saindo de uma caverna.

"Estou vendo onde eles ficam. Vou subir. Quantos mais puderem sair do buraco enquanto procuro uma corda, será melhor" -, disse Ney forçando os braços na beira do poço.

O rapaz subiu. Estava fora.

"Espere. Estou subindo!" -, disse uma voz feminina aguda.

"Acelera!" -, eles podem aparecer.

"Já estou quase" -, disse a moça com dificuldade de falar devido a força que fazia. Silvério e Adam tremiam. A moça conseguiu passar as pernas no pescoço de Adam e não conseguiu ficar em pé. "Não alcanço" -, disse desanimada.

Ney deitou ao chão e esticou os braços tocando a mão dela. A puxou com muito esforço escutando os ossos estralarem. "Passe os braços em meu pescoço". A moça obedeceu.

Com os braços livres ele usou a mão para apoiar na força e se afastar do buraco a tirando dali.

"Vamos achar algo para tirá-los. Descansem e recuperem as energias enquanto isso" -, avisou Ney aos demais.

Adam soltou o seu corpo ao chão. Silvério estava com os olhos lacrimejando tamanho a sua dor nos ombros.

Agora era contar com a sorte e esperar que eles voltassem com ajuda.

*****

"Olhei pela janela de todos os cômodos. Nem sinal de vida lá fora" -, informou Joaquim.

"Se é mesmo o prisioneiro que estava aqui e fugiu, ele está escondido, vai nos atocaiar e nos pegar" -, disse Vanessa tentando esconder a tensão.

"Quem diabo está lá fora afinal?"-, perguntou Jandira de forma hostil. Já não era mais a enfermeira doce que fora até a noite passada. O estresse e o medo estavam a tornando uma pessoa difícil de lidar.

"O prisioneiro é o chinês do exército do qual vocês estavam fugindo" -, disse Vanessa.

"Se tivesse dito isso antes eu mesma teria o matado e acabado com essa agonia" -, gritou a enfermeira para Vanessa. "Porque esconder isso de nós sabendo do risco de vida que estamos correndo?".

Jandira estava visivelmente alterada.

"Acalme-se, o nervoso não vai adiantar de nada" -, pediu Joaquim.

"Temos mais chance de sobreviver se seguirmos sozinho. Chega dessa doutora dizendo o que fazer" -, disse Jandira irritada. "Vamos lá fora e matamos aquele desgraçado e estamos livres para voltarmos às nossas vidas".

Vanessa se aproximou dela e tentou acalmá-la. "Matar uma pessoa não te deixará livre se descobrirem".

"Não vão descobrir. Isso é um segredo que fica aqui" -, Jandira pegou a faca sobre a mesa e foi rumo a porta. Assim que virou para sair Vanessa jogou um dos vidros contendo um pedaço alienígena dentro em sua cabeça.

O pote espatifou deixando o cheiro do formol subir por toda a casa.

"Ficou louca?" -, disse Joaquim dando um safanão em Vanessa.

"Se ela saísse ia morrer, aquele homem é perigoso. Mata tudo que está no caminho" -, retrucou.

Joaquim tentou se controlar. "Isso não lhe dá o direito de machucar as pessoas".

"De tudo só me arrependo de ter que perder os miolos do alienígena. Não tenho outro vidro e nem formol para colocar dentro" -, disse Vanessa sem dar ouvidos a Joaquim.

*****

--- 8 horas.

Cohen bateu à porta da sala de Ulysses e não veio resposta alguma. Tentou abrir a porta e estava trancada. Brandão se aproximou.

"O doutor saiu. Está cuidando de uns pacientes fora" -, informou o enfermeiro com seu ar bonachão.

Cohen sentiu que era hora de saber sobre o que estava acontecendo. "Cuidando dos fugitivos encontrados?" -, investiu.

Brandão ameaçou responder, mas engoliu.

"Que foi home, o gato comeu a sua língua?" -, provocou Cohen.

"Não posso falar do trabalho do Doutor. É uma ética de nosso trabalho" -, afirmou o negrão.

"Eu queria ajuda-lo. Estou cansado de não fazer nada" -, mentiu Cohen. "Ele se demora?" -, insistiu.

"Sempre demora quando vai até lá" -, deixou escapar o enfermeiro.

"Lá onde, Brandão?" -, pressionou.

"Na clínica experimental" -, deixou escapar de novo. "Olha, já falei demais sobre. Preciso ir, pois se o exército souber que falei dessa clínica eu estou fora da jogada e preciso desse emprego" -, disse o enfermeiro quase pedindo para guardar segredo.

"Ninguém vai saber. Só preciso saber se devo ficar e espera-lo ou se eu posso continuar minhas pesquisas aqui dentro" -, jogou Cohen.

Brandão pensou um pouco. "Acho melhor não fazer nada; deita e dorme à tarde ele deve estar por aí e vocês conversam" -, sugeriu o funcionário. "Caso faça algo que me coloque em risco, eu te aplico um sossega-leão dos brabos" -, tentou intimidar o enfermeiro saindo.

Cohen saiu pelo corredor sorrindo. O enfermeiro tinha dado tudo o que ele queria saber. O próximo passo era preparar Inês.

*****

Ney e Brenda seguiram tateando pela caverna. "Tem que haver algo aqui que possa tirá-los de lá e nos ajudar a fugir" -, sussurrou Brenda com perceptível nervosismo.

Ney permanecia em silêncio. Ele tinha certeza em sua mente que não haveria outra alternativa que não ver de perto o que acontecia lá na caverna de luz acesa. Porém, tinha medo do que poderia encontrar. A situação era desesperadora. Cansaço psicológico, fraqueza física, fome e desânimo.

Desde a 'maldita explosão' no bosque que nenhum dos envolvidos teve paz naqueles dias. Arrancados dos lares e das famílias. O que mais doía é que ninguém os procurava. Era possível que os tinham esquecido?

Quando Ney deu por si, viu o vulto de Brenda se aproximando da caverna da luz. Correu em sua direção. Quando se aproximou saltou sobre a mesma. "Está louca?"

A moça relutou com ódio: "solta-me".

"Não. Vai matar a todos" -, insistiu.

"Precisamos ver o que tem lá. Não sabemos com o que estamos lutando, idiota" -, disse a moça alterando a voz e fazendo eco.

Silvério ouviu lá de dentro do poço. "Estamos perdidos, se foi a nossa última esperança".

"Não se gritarmos sem parar" -, retrucou Adam e emendou: "Idiota".

Silvério entendeu a proposta. "Gritamos todos então: idiota!". Todos começaram a gritar em tumulto. Pela primeira vez Juciney ouviu outras vozes que até ali se mantiveram caladas.

"Tem algo acontecendo lá dentro" -, ouviu Brenda e Juciney vindo da caverna de luz. Possivelmente os vigilantes apareceriam.

"Vamos nos esconder entre as pedras perto do poço" -, disse Ney arrastando Brenda pelo braço como se fosse um raio. Os dois correram como se fossem atletas e saltaram por trás de um entulho de pedras. Não demorou para que os primeiros jatos de lanterna aparecessem nas paredes.

Do fundo do poço os prisioneiros continuavam gritando. "Idiotas, nos tirem daqui".

Um dos recrutas estranhou: "Porque bradar agora depois de tantas horas presos?".

"Desespero, fome, iminência de morte. Sabem que vão morrer, estão tentando lutar" -, explicou um deles.

"Se fosse assim teriam feito antes" -, insistiu.

"Deixe de coisas. Vamos ver o que se passa" -, podou o outro.

Os recrutas se aproximaram do poço e iluminaram os prisioneiros. Todos eles colocaram as mãos sobre os olhos pela força da luz que há tempos não viam. Os olhos estavam doendo.

"Quem são vocês e porque nos prendem?" -, perguntou o padre aos recrutas.

"Não interessa! Fiquem em silêncio que será melhor para vocês. É inútil gastar as energias".

"Estamos com fome" -, bradou Letícia. "Temos sede".

Um dos recruta se compadeceu: "Pelo menos água. Acho que não custa matar a sede deles".

"Não. É para morrer de inanição"-, disse o outro em tom autoritário.

Mais uma vez direcionaram as lanternas para o poço. Todos puderam ver seus rostos. Para o desespero de Adam. A moça morta era Samantha. Seu corpo estava torto. Fora jogada ali. O chão estava manchado de sangue seco.

Adam debruçou sobre ela e começou a chorar. "Você não, meu amor! Porque? Porquê!" -, fez um brdo longo que arrepiou até mesmo os recrutas que mantiveram a luz focado na cena.

O coração de Silvério estava cortado com a cena.

"Não quero ver mais esse circo de horrores" -, disse o recruta mandão. Até mesmo aquele que parecia ser o chefe se compadeceu com a cena.

"Água, por favor, imploro a vocês" -, disse Letícia ajoelhando.

Silvério notou um moço quieto em posição fetal. Era André e sua fobia.

O recruta tentou explicar: "Sem água, sem comida e sem barulho. Caso contrário, pegamos as armas e terminamos com vocês agora!" – disse o recruta.

Brenda se levantou e se preparou para atacar. Ney viu que não podia contê-la e então decidiu comprar a ideia. Enquanto os soldados estavam distraídos ela correu na direção deles. Ney aproveitou o embalo. Com duas passadas abertas já alcançou a garota. Num impulso conjunto os dois bateram os pés nas costas dos recrutas que caíram ao poço aos gritos.

*****

Inês estava ajeitada na cadeira de rodas. Cohen terminava de ajeitá-la. "Evite de se mexer para não fazer barulho dos mantimentos, o que está aí dá para nós passarmos um dia ou dois na mata até estarmos longe daqui, tudo bem?".

"Estou com medo" -, revelou Inês. "Eu também, mas temos que seguir" -, disse Cohen preparando a fuga.

"Para todos os efeitos, você finja estar sedada se formos pegos. Não relute. Assim que sairmos daqui a gente abandona essa cadeira e usamos as pernas. Tem certeza que está bem para correr? Se não escolhemos outra oportunidade" -, colocou o ufólogo.

"Tem que ser agora. Chega desse inferno" -, disse Inês obstinada. "Vamos logo para esse jardim, não vejo a hora de dar um abraço em meu filho!" – apressou Inês.

Cohen entendeu a ansiedade de Inês, mas tinha medo. Ela não estava tão bem quanto pensava. Estava debilitada e ele sabia disso. Mas não podia lutar contra o desespero e o desejo de uma mulher desesperada.

O plano era ousado. Pular o muro do jardim não era fácil. Era alto! Mesmo porque, antes do muro havia um bosque mal cuidado e de mata fechada. O maior desafio era sair dali, mas saindo, o resto era mais fácil, se embrenhar na mata e correr para o nada.

Era só torcer para não acionarem o exército. E, assim, obstinados seguiu a dupla de corajosos. 

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