O Preço da Adoração (AMOSTRA)

Por RBPlushie

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Introdução
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
FIM DA AMOSTRA GRÁTIS

Capítulo 12

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Por RBPlushie

Aquele dia era especial por muitos motivos.

O primeiro motivo descobri logo ao acordar. Eu segui o aroma gostoso de pão com café e me surpreendi ao ver a mesa posta. A mãe terminava de aquecer uma jarra de leite enquanto o pai marcava as palavras cruzadas do jornal.

"É o aniversário de alguém?" Perguntei, babando ao ver as torradas com omelete no meu prato.

Pela primeira vez desde nossa chegada à Orla, nós conseguimos sucesso nos negócios. Vendemos apenas dez tijolinhos de parafina, mas e daí? Poderíamos comer no café da manhã e isso, para nós, já era uma vitória enorme.

Eu me perguntava como os surfistas encontraram nossa loja, que continuava sendo um galpão velho no topo do morro. Papai dizia que nossas vendas à beira mar começavam a produzir clientela, mas eu acreditava em algo mais. Alisson devia estar contando aos amigos dele. Se isso fosse verdade, eu agradeceria de um jeito muito gostoso.

Pensando bem, eu não precisava de gratidão para realizar meus planos com o Alis. Eu não o via desde a festa do último domingo, pois minhas vendas à beira mar e o treino dele para o campeonato nos mantinham bem ocupados, e aquele era o segundo motivo de ser um dia especial: Naquela tarde eu assistiria o primeiro campeonato do Grande Alisson, só precisava dar um jeito de escapar.

"Mãe, pai, posso sair hoje?" Perguntei, enchendo as bochechas de torrada. "Prometo vender em dobro, amanhã. Por favor?"

Meu pai baixou o jornal e os dois trocaram um longo olhar. Eles olharam pra mim de um jeito desconfiado.

"Michel, o que tem te ocupado tanto?" Perguntou a mãe. "Você mesmo insistiu em abrir uma loja, seu pai não dará conta sozinho."

"Sem contar que você está de castigo." A voz do meu pai soou bem mais grave. "Você desapareceu domingo, e só voltou segunda de tarde. Nós quase morremos do coração."

Eu abri a boca, completamente frustrado. Nunca na vida meus pais me puniram por nada, eu sempre fui o filho de ouro deles. Pensei que estivessem brincando sobre o castigo, mas porque justamente naquele dia?

"Não vou desistir da loja, prometo que ajudo amanhã mesmo. Vou virar a noite limpando o galpão, qualquer coisa." Implorei, agoniado. Alisson não me perdoaria por faltar um dia tão importante.

Meu pai revirou os olhos e, bebericando o café, voltou a ler o jornal.

"Você pode sair na semana que vem." Ele disse. "Aprenda a não fugir de casa, como um delinquente sem criação."

Aquilo só podia ser um pesadelo. Eu arregalei os olhos pra minha mãe, pedindo socorro, mas eu conhecia a dinâmica daquela casa. Mesmo apiedada, minha mãe geralmente concordava com o meu pai.

"Pelo menos nos conte onde esteve, Michel. O que fez de tão importante, que não poderia nos ligar? Até uma praia como essa tem pessoas ruins, não quero ninguém te machucando."

Minha raiva foi tanta que, quando percebi, havia destroçado a torrada nas minhas mãos. Eu precisava ver o Alisson. Eu precisava assistí-lo competir. Eu sempre fui o filho perfeito, não era justo.

"Vou conseguir uma parceria pra loja." Falei, conseguindo novamente a atenção do pai. "É isso o que tenho feito. Desculpa não contar, queria que fosse uma surpresa."

Meu pai franziu a testa, como se eu fosse um bobo.

"Filho, essa cidade tem no máximo cinco agências, e nós fomos recusados por cada uma."

"Sei de alguém que quer, e é uma pessoa muito famosa, que sempre aparece na televisão." Falei, me empolgando com a minha própria mentira. "Vai dar certo, eu prometo."

Meus pais se olharam de novo daquele jeito que os pais se olham, parecendo falar por telepatia.

"É bom que goste de participar dos negócios." Meu pai esfregou a testa, com cara de quem não acreditava em metade daquela história. "Vai, mas se dormir fora sem avisar de novo, ficará de castigo por um mês."

Eu me levantei eufórico, e beijei a testa do pai e da mãe.

"Obrigado, não vou decepcionar." Falei, ajeitando o cabelo para trás com a minha bandana. "Nos vemos de noite."

Eu corri em direção à praia central, impressionado com a minha capacidade de improvisar. Por trás daquela mentira sem cabimento, havia uma idéia brilhante. Eu só precisava planejar direitinho, e aquele monte de bobagens se tornaria a realidade.

****

Quando avistei aquele monte de pessoas, o meu primeiro impulso foi sair correndo, mas eu me contive. Vestido naquela bermuda legal ninguém me incomodaria. Em todo caso, foi um alívio encontrar os caras do luau. Ninguém me olharia feio por andar entre os surfistas, durante um campeonato de surfe.

Eu assisti muitos campeonatos pela televisão, durante os estudos idiotas do meu pai sobre como construir uma prancha. Ainda assim, pessoalmente, tudo era mais empolgante. As pessoas conversavam, um reggae animado tocava ao fundo, e estandes de comida coloriam a praia, preenchendo o ar com um cheiro gostoso de comida quente.

Pela altura do sol, ardendo dourado no céu limpo e azul, o campeonato começaria em breve. Era difícil disfarçar minha ansiedade, o tempo todo eu me erguia na ponta dos pés, tentando avistar Alisson em meio aos competidores.

"Que fogo é esse, menino Michel?" Jones riu. Pela quantidade de comida nas mãos e nas sacolas, ele tratou os estandes como se fosse um buffet.

Percebendo o vermelhão no meu rosto, Jones me alcançou uma maçã-do-amor e sorriu travessamente. "O Alisson é um dos últimos, vai torcer o pescoço espiando tanto assim."

Eu torci o lábio, me perguntando se aquele presente era uma indireta, mas abocanhei mesmo assim. Maçãs-do-amor eram realmente gostosas, mas isso só aumentava meu desconforto.

Jones era tão legal comigo e eu estava prestes a ferrá-lo, roubando seu patrocinado para nossa própria loja. Ele e Alisson pareciam ser melhores amigos, mas um bom empresário não deveria se importar com isso.

Além do mais, a vantagem era minha: eu tinha algo que ninguém mais era capaz de oferecer, só precisava que Alisson percebesse isso.

"Qual é o prêmio de hoje?" Perguntei, tentando me distrair.

"Ah, nada grande não. Uma graninha, entrevistas... mas o Alis é dos bons. O cara tá em todas, e se não tem o Alis, a praia não fica assim essa muvuca cheia das câmeras."

"Câmeras?" Eu perguntei, e tentei avistar novamente o estande dos organizadores. Como Jones disse, haviam muitas pessoas com câmeras, microfones e gravadores, vários deles entrevistando os competidores.

Eu enfim pude ver a ponta de uma prancha amarela, mas Alisson não era exatamente alto. Minha chance de cruzar nossos olhares era nula.

O campeonato logo começaria então eu não queria atrapalhá-lo. Mas várias pessoas pelo visto queriam, porque uma nuvem de garotas me atropelou com caderninhos de autógrafos. Por pouco não despenquei no chão.

"É sempre essa loucura?" Eu mordi minha maçã-do-amor, cobrindo a boca de caramelo.

"Rapaz, de que caverna tu veio? Loucura, umas meninas correndo?" Jones trocou risadinhas com os outros caras do luau. "Então tu não aguenta o Nacional desse ano, que vai ser aqui na Orla. Essa parada de hoje é só pela zoeira, pro Alisson conseguir umas gatas novas."

"Gatas novas, tá certo." Peter deu uma risadinha sarcástica, tragando um baseado em plena luz do dia. "Tu conhece o Alisson melhor que isso, Jones. O cara tá nessa pelas medalhas."

"O Alis... digo, o Grande Alisson coleciona medalhas?" Eu franzi a testa, me lembrando da casa dele. Não haviam troféus ou medalhas em lugar algum. Nenhum prêmio, nenhum certificado de participação, nada.

"Então tu não sabe? Ele..."

Jones enfiou um milho-na-manteiga na boca do Peter, fazendo-o engasgar.

"Rapaaaz, comprei comida demais, de novo. Ajudem com isso aqui. Quem quer pipoca?" Perguntou ele, revirando a sacola.

Claro que aquele bando de maconheiros estava faminto. Todos se jogaram nos lanchinhos do Jones, esquecendo da minha existência completamente.

Eu suspirei em desânimo, mas o apito de uma sirene resgatou minha empolgação de uma só vez.

Trajando longos macacões de neoprene preto, os surfistas correram para o mar. Um deles avançou até a rebentação das ondas e iniciou sua apresentação. Mas quem se importava?

Empurrando a multidão de turistas eu alcancei a beira d'água e enfim avistei o Alisson, alinhado com os outros competidores.

"Alis! Ei, Alis!" Eu gritei, acenando para ele. Infelizmente, o som das ondas e dos alto-falantes vencia a minha voz.

Apesar do barulho eu devo ter enviado alguma energia, porque Alisson virou-se para mim e, para a minha alegria total, acenou com um sorriso no rosto.

Eu acenei alto, com as duas mãos, lhe desejando boa sorte. Mas claro que o Grande Alisson não precisaria de sorte. Ele era simplesmente o melhor.

****

Eu me joguei no Jones, abraçando seus ombros de pedra.

"Ele ganhou, o Alis ganhou, vocês viram?" Gritei agudo, como uma menina.

Jones e os outros também comemoravam, mas já estavam acostumados às vitórias do Alisson. Eu não dava a mínima, continuei gritando histericamente, e assim que avistei o pódio eu corri até lá, abrindo espaço naquele mundo de gente bronzeada.

Consegui lugar na frente bem no último instante, e pude ver Alisson subir ao degrau mais alto, ladeado pelos vencedores do segundo e terceiro lugar. Em seu peito pendia uma enorme medalha de ouro, que brilhava tanto quanto o seu sorriso.

Meu Alisson parecia tão feliz, que eu quis fotografá-lo mil vezes. E não fui o único a pensar nisso, porque flashes piscavam incessantemente, refletindo em seu olhar.

Vários repórteres filmavam e conversavam com a câmera, e eu só imaginei o nome da nossa loja bem ali, na prancha amarela do Alisson. Nós apareceríamos em todos os jornais e noticiários de esporte, não teríamos o que fazer com tanto dinheiro.

Alguém cutucou minhas costas com algo gelado, quando me virei percebi que era o Jones, me alcançando uma linda garrafa de champanhe.

"A Kandi trouxe essa parada e se mandou, quer fazer as honras?" Ele me perguntou.

Eu segurei aquela garrafa de rótulo dourado, com os olhos cintilando. Eu podia mesmo? Que nem nos filmes?

Todo desajeitado, eu tentei abrir a rolha antes que o Alisson descesse, e Jones precisou me ajudar, o que fez a galera toda rir de mim. Nada disso diminuiu meu ânimo, eu mostraria ao Alisson tudo o que ele era para mim.

"Alis!" Chamei, correndo até ele.

Eu puxei a rolha e espuma branca jorrou para o alto, chovendo mais sobre mim que sobre o Alisson, mas pela risada gostosa, ele se divertia da mesma forma.

Precisei fechar os olhos ou o champanhe entraria neles, então me assustei quando fui agarrado pelo braço, e puxado para cima.

Quando percebi onde estava, nem acreditei. Eu dividia o degrau mais alto com o Grande Alisson, e podia ver tudo lá de cima.

Alisson roubou a garrafa das minhas mãos e bebeu. Eu me sentia num romance de Hollywood, abraçado no meu ídolo sob a filmagem das câmeras.

Eu admirei a medalha dourada no peito do Alisson e bebi o champanhe com ele. Nunca desejei tanto poder beijá-lo, e acho que ele sabia disso, porque me manteve abraçado nele, por pura provocação.

Quando enfim me virei, percebi o público dispersando rápido. Até o pessoal do luau estava indo pra casa, restando apenas Jones e Peter. Os lados do pódio também foram liberados e eu logo avistei o segundo lugar, conversando com um casal de mais idade. A mulher admirava a medalha de prata em seu peito.

"É tão linda. Você é o orgulho da mamãe, Jean." Ela bagunçou seus cabelos.

"Ah, não exagera, mãe." Ele riu, todo animado. "É só uma medalha de prata, mas é bonita mesmo."

"Você competiu contra o Grande Alisson. Essa medalha é como uma de ouro, e vai direto para a estante." O homem mais velho, obviamente o pai do garoto, se uniu aos dois num abraço de família. "Nosso jovem campeão de surfe."

Os braços do Alisson estremeceram ao redor dos meus ombros. Quando me virei para ele, Alisson bebia o champanhe como se fosse água, até esvaziar a garrafa.

Só então reparei os grupinhos que se formaram, quando a multidão dispersou. Todos os competidores riam e conversavam com seus pais, avós e irmãos, exibindo suas medalhas de participação e saboreando os petiscos coloridos da feirinha. Para o Alisson, o grande medalhista de ouro, haviam apenas eu, Jones e Peter.

"Você foi incrível, hoje." Falei, ignorando a rispidez com que ele me entregou a garrafa vazia.

"Claro que eu fui. Eu sou o Grande Alisson."

Alisson apertou firme a medalha de ouro contra o peito, mas seu sorriso parecia tão vazio quanto seus olhos.

Eu tentei encontrar algo pra dizer, mas acho que Alisson percebeu minha comiseração, porque desceu do pódio e foi se abraçar nos amigos. Em segundos ele estava com um cigarro de maconha nas mãos, daqueles bem gordinhos.

Os três trocaram cotovelaços, tapas e aquelas brincadeiras idiotas de homem. Peter e Jones eram os melhores amigos do Alisson, talvez os únicos, entretanto só ofereciam conversas idiotas e drogas. Eu me perguntava se, entre risadas e piadas bobas, eles enxergavam o verdadeiro Alisson.

Eu me perguntava se, na verdade, quem falhava em entender o Alisson era eu.



****

Nota da Autora

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Se este livro chegar no top 50 da Amazon, publicarei o primeiro capítulo de Ondas em Rebentação aqui no Wattpad <3 Então conto com a ajuda de vocês para que mais pessoas conheçam esta série.

(Ondas em Rebentação também será postado integralmente no Wattpad, mas com OPDA chegando no top 50 eu posto o primeiro capítulo mais cedo, como agradecimento a vocês :3)

No próximo capítulo: Michel descobre o segredo do Alisson, e para sua surpresa, Alisson não se aborrece. Pelo contrário, Alisson parece disposto a realizar seu maior desejo.

Assim como em O Amante do Tritão, este livro será publicado até o fim no Wattpad, então continuem acompanhando <3

 Beijos, e até o próximo capítulo!    

R. B. Mutty

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