Música: Paramore: Ignorance
Selena teve um sono turbulento, acordou várias vezes durante a noite. Ficou pensando sobre o início de seu treinamento e em Henrique. Selena admirava capacidade dele em se manter calmo perante a situação em que se encontrava, mas também desconfiava que o vampirismo tivesse o mudado, o feito aceitar.
O dia seguinte chegou, Selena se levantou e tomou um banho rápido, vestiu o uniforme e foi para a sala de aula. O dia seria mais proveitoso se ela conseguisse prestar atenção na explicação do professor. Os seus pensamentos a atormentavam, não a deixavam racionar direito.
Selena as vezes se pegava olhando a mata pela janela, lembrava-se do dia anterior, do enterro, quando viu um garoto extremamente parecido com Drake. Ela esperava vê-lo de novo e de fato viu algo.
Enquanto observava aquela mata, sentiu aquele mesmo arrepio, como no enterro. Foi quando percebeu um corvo sobre o galho de uma das árvores. Ele observava, imóvel, seus olhos dourados e brilhantes ficaram ainda mais destacados devido as penas negras. Seu corpo congelou, pois não pensou muito para presumir que era um vampiro, e pela cor de seus olhos, o mesmo que viu no dia do enterro. Ela ficou ali, encarando aquele corvo com os olhos arregalados, esperando o sinal de alerta soar, mas não aconteceu.
— Selena, vamos prestar atenção na aula? — Selena rapidamente se vira. O professor a encarava sério. Os alunos depositavam olhares curiosos na garota.
— Desculpa professor, viajei agora. — Falou. Voltou no mesmo instante a olhar pela janela, e vou o pássaro sair voando até desaparecer por entre a mata.
A aula acabou ás 11h30min. Selena saiu da sala caminhando lentamente, com medo. Estava sendo observada por um vampiro, ou estava ficando louca, ela considerou a segunda hipótese a mais provável. Ao mesmo tempo, não desconsiderava a hipótese de estar sendo perseguida, afinal, cinco nobres morreram; ela matou um deles, a missão deles não foi cumprida.
Será que os vampiros estão planejando um novo ataque?
Selena se sentou em um banco frente ao portão do refúgio, observou novamente aquela mata, estava intrigada, queria saber se aquilo era alucinação ou de fato estava sendo vigiada. Ficou muito tempo ali, mas nada aconteceu, nem corvos, nem garotos com vestimentas de nobre apareceram. Foi ai que concluiu que aquilo era coisa da imaginação dela.
Selena percebeu que há muito tempo estava ali, sentada. A fim de saber as horas pegou seu celular e verificou, percebeu que estava dez minutos atrasada.
A garota levantou-se no mesmo instante correu para dentro da escola e saiu em disparada pelos corredores deixando os alunos confusos.
Finalmente chegou, Lucia estava acompanhada de Luke, conversando, enquanto a esperavam.
— Desculpa pelo atraso, eu acabei me distraindo lá fora. — Justificou colocando sua mochila no canto da sala.
— Nunca mais se atrase, não pode se atrasar caso seja solicitada sua presença na caça aos vampiros.
— Entendo, não vai se repetir.
— Bom, Lucia e eu conversamos, e decidimos treiná-la, afinal, os vampiros provavelmente irão realizar um novo ataque, para executá-la, já que matou mais um vampiro de classe alta.
— Ai obrigada, não sabe o quanto eu esperei por isso! Quando começamos? — Selena perguntou ansiosa.
— Agora mesmo, precisamos primeiramente, conhecer seu condicionamento físico. Faça trinta flexões. — Mandou a encarando sério.
— TRINTA FLEXÕES?— Selena perguntou em tom alto, espantada.
— Pode desistir se quiser. — Luke deu de ombros.
— Não eu faço. — Respondeu confiante. Logo se prontificou a agachar-se e começar a fazer as flexões.
Depois de um tempo, sentiu-se esgotada, quase não conseguindo terminar as flexões, porém persistiu, mesmo sabendo que seu corpo poderia não aguentar.
—Vinte e cinco... vinte e... seis... não vou aguentar senhor... Selena murmurou. — Vinte e sete... vinte e oito, vinte e... — Quase baqueou ao terminar a vigésima nona flexão, mas juntou toda força que ainda restava e continuou. —Trinta!— Terminou de contar se jogando no chão. — Deus, já tô morta, chega de treinamento por hoje.
— Ficou assim com trinta flexões, não vai aguentar lutar contra um vampiro nunca. — Luke debochou rindo.
— Matei um ancião, foi mais o que você já fez em toda sua vida. Ridículo. — Selena retrucou irritada tirando o riso de Luke no mesmo instante.
— Na sorte, devo ressaltar. Vampiros não sentem fadiga, tem que estar preparada para lutar estando cansada, seu corpo tem que aprender a ultrapassar limites, mas hoje é só o primeiro dia.
— Por quê? Tem mais do que isso? — Ela levantou a cabeça o encarando desanimada.
— Lógico.
— Tô fudida. — Ela abaixou a cabeça novamente.
— Luke ela ainda está começando, deixa ela descansar. — Lucia se virou para ele, que ficou pensativo.
— Tá, cinco minutos.
— Eu queria estar na minha cama, mas é melhor que nada. — Selena disse ainda jogada no chão.
Selena fechou os olhos e tentou descansar. Porém sua mente novamente foi aos pensamentos confusos. Nem percebeu que os cinco minutos acabarem.
— Você dormiu? — Perguntou Luke, fazendo Selena abrir os olhos.
— Nem se eu quisesse eu dormiria nesse chão duro, misericórdia. — Reclamou.
— Levante-se, vamos pra segunda fase do seu treinamento, essa vai ser com a Lucia.
— Menos mal. — Levantou-se com dificuldade.
— Te garanto que vai preferir as flexões do Luke. — Lucia advertiu.
— Lá vai eu...
Lucia caminhou na frente e Selena foi atrás quase se arrastando. A caçadora abriu uma porta a direita e entrou Selena fica frente a porta, encarando aquela sala escura, revestida de carpete preto.
— Não vou entrar aí não.
— Vampiros são rápidos, e se camuflam nas sombras. Às vezes, um vulto que você ver, pode não ser coisa da sua imaginação, e sim um vampiro, então você deve estar preparada para antecipar os movimentos do inimigo. — Explicou calmamente. Selena levantou uma sobrancelha encarando a amiga.
— Tá, mas por que eu tenho que lutar sem ver?
— Por que os vampiros não expõem sua localização facilmente. Você raramente vai vê-los até se aproximarem de você. E se você não tiver uma reação rápida, bom, provavelmente sua cabeça sairá rolando e você nem saberá o que aconteceu.
— Meu Deus, tá. — Selena rendeu-se. Relutante entrou na sala e fechou porta. No breu Lucia partiu pra cima lhe dando vários golpes, que não conseguiu identificar da onde vinham. Devido a escuro, as pupilas de Selena começaram a dilatar e sua visão melhorou. Tentou revidar os golpes, porém sem sucesso.
Lucia deu uma rasteira em Selena fazendo-a cair com força no chão, soltando um "Ai". A garota caminhou até a porta a abrindo, a luz entrou na sala mostrando Selena vermelha de tanto apanhar.
— Ainda peguei leve com você, nesse caso, o inimigo estaria sugando seu sangue.
— Vamos de novo então...
Lucia fechou a porta e as duas continuaram com o treinamento.
Enquanto isso...
— Mestre...
— Não precisa me chamar de mestre quando estamos a sós. O que quer me dizer?
— Nada, só lhe entregar essa carta, é do conselho. — Disse o oficial entregando a carta para o nobre.
— "O Conde Vladimir por meio desta exige uma solução para os problemas dos recém-imortais na zona Sul". — Leu em voz alta. — Mas eles não pertencem ao meu clã. — O nobre questionou indignado.
— O Conde nunca tolerou sua presença no conselho meu senhor, fez isso para irritá-lo.
— Sim, porque nasci humano, e não sou puro-sangue. Não é surpresa ele ter essa mentalidade atrasada, afinal, ainda envia cartas em pleno século XXI.— Debochou. O oficial sorriu discretamente. — Diga a ele que não moverei um dedo, os caçadores farão o serviço por mim.
— O que planeja meu senhor?
— Logo saberá Dimitri.
— Pelo tom de voz do senhor, percebo que acaba de pensar em algo.
— Sim. — Respondeu com um sorriso sádico.
Quando o treinamento acabou, eu estava mancando, com um olho roxo, co, vários cortes no braço, isso por que a vaca da Lucia não corta as unhas. Tomei um banho longo, que ajudou a diminuir as dores. Tomei um remédio para dor e deitei na cama. Lucia entrou logo depois.
— Selena, me desculpa, acho que peguei pesado com você. — Lúcia desculpou-se, tirando Selena de seus pensamentos.
— Eu tenho certeza...
— Mas é assim que treinamos os caçadores, não quer desistir?
— Não, amanhã irei para o treinamento apanhar de novo.
— Mas logo você será como nós, tenha fé.
— Tô tendo fé até demais, nenhuma pessoa sensata iria voltar amanhã.
— Mas se não voltar, não seria quem é. — Falou Lucia com um sorriso amigável.