O Preço da Adoração (AMOSTRA)

By RBPlushie

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Introdução
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
FIM DA AMOSTRA GRÁTIS

Capítulo 07

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By RBPlushie


Dias após a noite louca com o Grande Alisson, eu subi o morro para trabalhar com o pai, e o interior da oficina me fez gritar.

"Fomos assaltados!" Gritei, percorrendo os olhos pelo galpão vazio.

Não havia mais nada. As plainas, serrotes, caixas de tinta... tudo desapareceu. Restavam apenas a mesa e alguns armários.

Meu pai ergueu uma caixa e jogou sobre a mesa, com um sorriso tranquilo. Só então percebi que a mãe também estava ali, e pelo sorrisinho em seu rosto cansado, pela primeira vez na minha vida eu não ouviria algum desastre.

"Não teve assalto, filhão." O pai abriu a caixa e chamou para que eu viesse. "Precisei vender algumas coisas, ou como eu compraria isso?"

Desconfiado, eu me aproximei da mais nova loucura do pai, já pensando no quanto deveríamos ao banco. Mas dentro da caixa não havia nada especialmente esquisito, apenas leashes para pranchas, uns potes estranhos, caixas de parafina, e muitas daquelas bisnagas prateadas que o Grande Alisson usou para consertar minha prancha.

"Comprou tudo isso vendendo nossos equipamentos?" Eu franzi a testa, vasculhando a grande variedade de produtos e percebendo que no chão haviam outras duas caixas como aquela. "Como pretende construir pranchas, agora?"

A mãe parecia prestes a aplaudir e dar risada, de tanta alegria. Mas em respeito ao pai ela só demonstrou um leve entusiasmo.

"Vamos transformar esse lugar numa loja de surfe. Alguém convenceu seu pai a tentar algo novo." Ela piscou pra mim, e pegou a vassoura que descansava entre vários produtos de faxina. Pelo visto os dois limpavam a oficina quando eu cheguei.

Eu arregalei os olhos, em choque mas também profundamente animado. Aquele galpão caindo aos pedaços precisaria de muita limpeza, mas era um lugar enorme. Poderíamos construir uma linda loja para os caras ricos do bairro central, e finalmente ter o que comer.

Emocionado, eu me joguei na mãe e no pai, abraçando aos dois. Eles também me abraçaram e afagaram as molas do meu cabelo.

"Essa vai ser a melhor loja de surfe do mundo." Eu me sentia prestes a chorar, não só por mim, mas pela mãe parecer tão animada. Há quanto tempo ela só se arrastava por aí, aguentando as idéias bobas do pai? "Me diz por onde começar, mãe. Vou varrer com a senhora e deixar brilhando esse lugar."

Eu tentei tomar a vassoura e a mãe recuou, dando risada.

"Não, não. A parte da limpeza é comigo. Você vá com o seu pai divulgar nossa loja."

"Como assim, divulgar? Ainda não tem nada aqui." Falei, começando a ter um pressentimento estranho.

E então meu pai desceu uma placa de papelão branco por cima do meu ombro. Havia uma segunda placa nas minhas costas, as duas se equilibrando por cordas nos meus ombros.

Eu baixei o rosto e li, de cabeça para baixo, a mensagem pintada na letra da mãe "Surfe Somos Nós".

"Não é um bom nome? Seu pai quem sugeriu, e me parece bem convidativo." A mãe ajeitou as alças nos meus ombros, enquanto eu tentava entender qualquer coisa.

"É um bom nome, mas... por quê estou vestindo ele?" Perguntei, e meu pai jogou a caixa pesada nos meus braços e pegou uma das outras caixas.

"Ninguém vai visitar uma loja no topo do morro sem divulgação." Falou o pai. "Por enquanto venderemos na praia."

Eu forcei um sorriso, me sentindo ridículo com aquela coisa. Mas era tudo pela loja. Poderia ser pior.

E então o pai vasculhou as outras coisas, e vestiu na minha cabeça um enorme chapeu de pelúcia, no formato de um polvo cor-de-rosa.

****

Por favor, alguém me mate. Eu repetia essa frase internamente, enfrentando o maior vexame que já passei na minha vida.

Eu afastei os tentáculos rosa na frente dos olhos e tentei desaparecer atrás da minha caixa de produtos, mas os gritos do meu pai arruinavam qualquer chance de passar despercebido.

"Surfe Somos Nós, a mais nova loja de Orla das Sereias! Equipamentos de surfe para todas as idades, venham conhecer!" Bravou meu pai, agitando um sininho e balançando seu chapéu de polvo igual ao meu, só que laranja.

Por onde passávamos, vários turistas em roupas caras e óculos de sol importado torciam o rosto em desdém, incomodados com a barulheira naquela praia tranquila. Pelo menos eles não fugiam como se eu fosse um bandido, mas até então não tivemos um único cliente.

Eu só rezava, com toda a minha pouca fé, que nenhum conhecido me encontrasse.

"Ânimo, Michel, tem que gritar também, olha quanta gente jovem, eles não vão vir com esse velho chato aqui." Meu pai me acotovelou, divertindo-se como se estivéssemos num parque de diversões. "Assim que vendermos algo, podemos comemorar comendo um milho, o que acha? Pergunta para aquele cara lá onde ele comprou."

Sentindo o sangue gelar, eu me virei para onde meu pai apontava. Droga, tudo menos o Jones, ele contaria tudo ao Grande Alisson.

Não, o cara comendo milho não era o Jones. Era alguém muito, muito pior. E ele logo me viu e veio na nossa direção, com um sorriso animado e lindo em seus lábios rosa-carne.

Grande Alisson. Por que justamente ele? Eu queria correr, me jogar no mar e ser levado pelas ondas.

"Oi, Alis." Sussurrei, tentando esconder o corpo atrás do pai, mas aquela placa era simplesmente grande demais. Isso sem falar no chapéu.

Alisson cravou sua prancha na areia e limpou a manteiga do milho na bermuda, para então apertar a mão do meu pai.

"E aí , Michel. Chapéu maneiro." Eu não sabia se ele falava com sarcasmo, mas ouvir meu nome sair de seus lábios compensou parte do constrangimento. "Oi, e aí, tu é pai dele né? Como tá?"

"É um prazer conhecer um amigo do meu filho. Meu nome é Morgan Goldapfel e nós..."

Meu pai apertou a mão do Alisson tranquilamente, e então, como se tomasse um choque, ele recolheu a mão e o olhou como se visse um fantasma.

"Ai, meu Deus. Eu te vi na televisão. Você é Alisson Dolinsky?" Perguntou ele, quase derrubando sua caixa na areia.

Socorro. Eu sentia que logo me ferraria de verdade, ainda assim mal conseguia respirar ou reagir. A memória daquela noite voltou fresca para a minha mente. Eu podia sentir o gosto do Grande Alisson na minha garganta, e meus mamilos se arrepiaram como se desesperados por mais lambidinhas.

Pensando bem, era ótimo vestir aquela placa enorme e ridícula, porque eu endureci como uma tora, e não fazia idéia de como me controlar. Mesmo que ele conversasse casualmente com o meu pai, a voz do Grande Alisson era quase uma hipnose. Eu queria ouví-lo gemer de novo, e ofegar quente contra a minha pele.

"Surfe Somos Nós?" Ele perguntou, e só então notei que eu mesmo deixei cair minha caixa. "Pensei que fosse ensaio de carnaval, mas tão abrindo uma loja? Que da hora."

"Sim, vamos abrir em breve. Gostaria de comprar alguma coisa?" Meu pai inclinou a caixa, mostrando nossos produtos novinhos.

Droga, que vergonha. Tanto eu tentei parecer legal, e lá estava eu, vendendo tranqueiras na beira da praia com o meu pai. Era como estar naqueles pesadelos em que se aparece na escola sem as calças, só que muito pior.

Grande Alisson deu uma olhadinha desinteressada e sorriu para nós, bastante sem jeito.

"Desculpem, mas tô recém voltando da loja do Jones." Ele apontou para o sabugo de milho e para a sacolinha em seu braço, que só fui perceber naquele momento. "Mas tô ligado em lojinhas novas. Onde é a de vocês?"

Ai, Deus, por favor não. Eu olhei para o meu pai, tentando engasgá-lo com poderes telepáticos. Mas claro que não funcionou, aquele era o dia da minha humilhação completa.

"No topo daquele morro, está vendo lá em cima? Abriremos na semana que vem."

"O morro da vila? Da hora." Alisson sorriu para mim. "Geralmente subo o morro pra comprar outras coisas."

"Peixes." Falei rápido, antes que o meu pai compreendesse. "Ele sobe o morro para comprar peixes."

"Será uma honra ter o maior surfista da cidade comprando conosco, também." Falou meu pai, empolgado demais para perceber o climão ridículo entre nós dois. Ele lhe entregou uma pequena caixinha. "Por favor aceite essa parafina como brinde, e conheça a nossa loja."

Alisson agradeceu o presente educadamente, com um sorriso tão doce que meu coração quase saiu da garganta. Eu recolhi a caixa do chão e cravei as unhas na borda, temendo que fosse me descontrolar e agarrar aqueles músculos.

"E como vocês dois se conheceram?" Meu pai olhou para mim.

Eu abri a boca, tentando responder qualquer coisa que não fosse indecente, mas só conseguia pensar na clareira sob as estrelas, e na textura daquele pau enorme contra a minha língua.

"Jones nos apresentou." Explicou Alisson, calmamente. "Nos encontramos na loja dele, outro dia."

"Que emoção, meu filho sendo reconhecido por um homem tão importante. Veja se não esquece dele, senhor Alisson. Meu Michel ajudará a erguer a maior loja da cidade, e então estaremos abertos a propostas de patrocínio."

"Vocês também querem me patrocinar? Que exagero." Grande Alisson tentou fingir humildade, mas era óbvio seu divertimento. "Infelizmente, se atrasaram de novo. O Jonnie tá piradão na idéia de me patrocinar, e o cara é amigão meu."

Finalmente meu pai suspirou em desânimo, e pareceu se acalmar. Talvez enfim fôssemos embora, e eu manteria meu pai e o Alisson bem longe um do outro pelo resto da vida.

"Não podemos te convencer a fechar contrato conosco?" Perguntou meu pai.

"Talvez." Alisson sorriu para mim travessamente, e voltou a olhar pro meu pai. "Por enquanto por que não tentam a Le Rouge? É a maior companhia da cidade, depois daquela universidade que estão construindo.

"Le Rouge?" Perguntei, tentando esfriar, e aquele chapéu peludo não me ajudava.

"É, aquela agência de modelos. O Jonnie trabalhava lá até uns anos atrás, antes de assumir loja da família. A agência tá capengando, então talvez aceitem um acordo com vocês."

"Muito obrigado pela sugestão." Meu pai deu um tapinha amigável no ombro do Alisson, e o som de pele batendo me deu um calafrio. "Vou estudar o caso hoje mesmo. E se precisar de qualquer coisa, sabe onde nos encontrar." O pai apontou de novo para aquele morro horroroso.

Isso, perfeito, uma despedida. Eu já podia sair correndo?

Grande Alisson deu uma risadinha, me observando com o canto do olhar por um breve segundo. Ele esfregou os dedos o tijolinho de parafina e olhou para sua prancha amarela.

"Vocês fazem serviço de parafinagem, também?" Perguntou ele.

"Ahm... claro que sim. O Michel é profissional nisso." Falou o idiota do meu pai. Eu não fazia idéia do que era parafinagem, e certamente nem ele.

Eu e o Grande Alisson nos entreolhamos, e a energia entre nós tornou-se tão intensa, que parecia feita de trovões.

"Nesse caso, se não se importa, tomarei seu jovem vendedor emprestado." Disse ele, guardando a parafina no bolso. "Tenho várias pranchas lá em casa precisando de um tratamento."


****

Nota da Autora


  Oi lindos <3 

O que acharam do capítulo de hoje?

No próximo capítulo: Michel segue Alisson para sua casa, e descobre que Alisson... realmente só quer parafinar pranchas. Mas será que Michel aceitará esse insulto? Seus desejos tornam-se tão fortes, que os segredos de Alisson passam despercebidos. 

Lembrando que domingo, dia das mães, tem entrevista com Gabe e Dylan, com perguntas dos leitores. A entrevista será postada após o capítulo final de O Amante do Tritão, e terá uma surpresa especial. 

Beijos e abraços, 

R. B. Mutty

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