Contratos Velados

By JS_Malagutti

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Daniel e Estela se esbarram numa noite em que o céu presenteia a Terra com um rastro de fogo. Desde que os do... More

Corpos que caem
O desespero de uma mãe
As vítimas da ala particular
A visita
A experiência
A verdade e uma ameaça
O sumiço
O caso Anelise
A aparição
Cicatrizes e silêncio
A busca
Em face
Aos poucos se revelam
O vendaval da madrugada
O pacto de silêncio
Não estão sós
Mudança de Planos
Fuga desesperada
Realidade ou ilusão?
A transfusão
Retratos da loucura
Fora de controle
Fábrica de mentiras
Batalha no canavial
O resgate
O Dossiê dos 8
O corredor da morte
Refém
Ele se revela
Lá fora!
Do fundo do poço
A plataforma
Sangue Azul
Xeque!
A viagem no tempo
Operação 53
O reencontro
O bunker frigorífico
O cemitério clandestino
Susto na escuridão
Matar ou morrer!
A proposta
Corra, governador!
Os dias passam
Perdendo a razão
No limbo
Aparições
A Rede
Descortinando os planos
A Conspiração
Uma parte do quebra-cabeça
Queda de Braço
Os próximos e perigosos passos
Revelações
É chegada a hora
Mais deles chegam à Terra
O círculo de abduzidos
O último contato?
Quatro anos depois; o fim.

A ajudante

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By JS_Malagutti

"Sete horas e trinta minutos. Encontro-me diante de uma casa simples no interior do Estado. Estamos a cerca de quatrocentos quilômetros da capital. Para entrar nessa cidade tive que falsificar informações e documentos, pois o meu nome já corre entre os abutres do exército brasileiro. Estou sendo procurada por auxiliar os ufólogos em pesquisas. Eles querem esconder o que não se pode esconder mais. A comunidade ufológica não entende o porque desse silêncio sobre uma realidade tão gritante. Não percebem, mas a existência de alienígenas na terra e suas visitas têm aumentado consideravelmente. O motivo de me locomover até a Vila de São Sebastião é extenso. O que posso afirmar no momento é que estou em frente à casa em que o número telefônico foi encontrado na bina do Observatório Espacial B-002, de Alberto Cohen. Ao estabelecermos contato, uma mulher, com voz nervosa e fragilizada disse precisar de ajuda e fui destinada com a missão de auxiliá-la. Devo me alocar por aqui durante um período indeterminado para auxiliá-la e estudar os fenômenos. Vou estabelecer o primeiro contato com essa senhora agora. Ela se aproxima" -, Vanessa desliga o gravador.

"Desculpa fazê-la esperar. Estava precisando tomar esse banho. Maria José, prazer" -, disse a senhora abrindo o portão e se apresentando.

"Dra. Vanessa" -, cumprimentou Maria com um aperto de mão e erguendo o seu chapéu. "Podemos conversar lá dentro. Não é prudente sermos vistas juntas, o exército está policiando as ruas e não podemos ser vistas ainda sem entender o que acontece" -, adiantou Vanessa.

Maria José titubeou, mas acenou para que a mulher entrasse. Era tudo ou nada. Estava perdida. Não sabia em quem confiar. Fosse como fosse, essa mulher sabia da ligação que recebeu. Entraram.

Vanessa colocou o seu chapéu sobre um móvel próximo da entrada e foi observando a casa. Minuciosamente. "Nenhum arranhão na casa, nenhum sinal de invasão e o odor, pelo menos desse cômodo é de limpeza" -, comentou Vanessa.

Pensou em revelar Daniel no quarto, mas embargou. Ela não tinha nem alguns segundos de contato, como poderia já colocar o rapaz em risco. "Não compreendo isso de odores pela casa" -, jogou Maria José querendo desviar o foco sobre Daniel. Tinha medo de entrega-lo sem perceber, afinal, nunca fora de omissão e mentiras.

"Logo a senhora entenderá. Posso?" -, apontou a mesa. Maria acenou que sim com a cabeça. Vanessa abriu a bolsa e retirou uma série de papéis e fotografias e expôs sobre a mesa. Coma mão pediu para que Maria se aproximasse.

Maria olhou atentamente as fotos e ficou perplexa a cada foto e documento que lia. Estava diante de quem conhecia o que estava acontecendo.

"E agora? Revelar ou não Daniel para ela?" -, enfrentava esse dilema em sua mente.


*****

"A sorte é que estamos numa cidade pequena, Pastor. A promotoria deixou sob minha avaliação os cuidados dessa jovem. Por ser uma fiel de sua igreja, eu vou deixa-la em suas mãos porque sei do vosso caráter. Mas, por favor, tente auxiliá-la o quanto antes. Essa história é muito sem nexo e a promotoria vai ficar em cima do senhor" -, disse Amanda. "Eu sou assistente social e não deveria ser passional nas minhas escolhas, principalmente me deixando levar pela minha religiosidade, afinal o estado é laico".

"Siga o seu coração. Ela estará melhor aqui. É um caso além da normalidade. Ouça os burburinhos da cidade, Amanda. Se realmente for milagre ou coisa do outro mundo, não há ninguém mais preparado que um líder religioso. Seja Pastor ou Padre. Nós podemos acolher essa pobre criatura. E, não faço isso somente por mim. O padre me confiou os cuidados também. Estou atendendo um pedido da comunidade religiosa. Em breve ele chega para visita-la" -, explicou Isaías.

"Assim, seja. A paz do Senhor!" -, disse Amanda se despedindo.

"O Senhor é contigo, irmã!" -, respondeu o Pastor. Amanda saiu e o pastor fechou a porta. Olhou para a sua esposa e soltou o ar profundamente. Luana, a sua esposa, identificou que o caso era grave. Há anos ao lado do marido, nunca se meteu onde não lhe cabia. O seu casamento era permeado de sucesso, liberdade e confiança. Afinal, o amor requer esses predicados.

Isaías cruzou a casa e subiu as escadarias até o quarto de hospedes. A 'menina da madrugada' estava lá. Sentada na cama e olhando para o nada.

O pastor ajeitou uma cadeira de frente com a cama. Sentou e olhou nos olhos dela. Ela o via. Ele sentiu isso. Talvez não quisesse falar. Ele respirou fundo, abaixou a cabeça e falou em tom de segredo: "eu também os vi".

De repente seu olho sentenciou uma fagulha de vida e curiosidade. Ele continuou. "Bem, na realidade, eu vi um deles. Ele esteve aqui. Quando estava no carro percebi bem atrás de mim dentro do meu carro. Foi horrível aquela coisa. Eu sai do carro correndo e fechei a porta na cara dele e entrei em casa. Peguei uma..." -, pensou antes de dizer: "uma coisa para me defender. Jamais pensei em fazer isso na minha vida".

Ela o encarou com os olhos marejados. Ele prosseguiu: "Sou um líder religioso. Imagine a minha situação. Não posso assumir uma coisa dessas publicamente. Irão me chamar de louco, perderei o respeito na minha comunidade e tentarão me convencer de que o que vi foi uma ilusão dada a uma estafa por excesso de trabalho ou sei lá o quê, mas eu vi! Eu sei o que vi! E sei que você também viu". Isaías deu uma pausa para se convencer. Estava incomodado: "Não me faça acreditar que eu estou louco, por favor".

"Eu vi!" -, sussurrou ela. Isaías levantou a cabeça surpresa e respirou aliviado. Ele não estava louco.

"O que mais viu?" -, perguntou Isaías com sede de saber o que estava acontecendo.

"Eu não me lembro. Não estou certa do que vi" -, respondeu a moça num tom quase imperceptível. Isaías se debruçou à cama para conversar com ela: "Como se chama?" -, perguntou a ela.

Ela pensou. Pensou e silenciou. Baixou a cabeça como um sinal de timidez: "Eu... eu, não sei".

Isaías entendeu que estava indo depressa demais. A 'garota da madrugada' tinha passado por um trauma e devia ter seu tempo respeitado. "Descanse, querida. Aqui você estará segura e ninguém te fará mal. Quando estiver preparada, vamos retomar o assunto. Precisamos saber quem é você e lhe entregar de volta a sua família. Enquanto isso, essa casa é sua e eu serei a sua família, se sentir a vontade para isso" -, explicou.

"Estou com sono, preciso dormir" -, ela queria ficar sozinha. Isaías entendeu o recado. Aproximou-se dela e ajeitou a sua coberta como um pai ajeita uma filha. Abaixou-se para acariciar o cabelo de forma fraternal e ela se afastou. Parecia temer contatos.

"Vitimizada. Conheceu a violência" -, pensou. Se afastou respeitando o espaço da garota. "Durma sob a vigilância de Deus. Ele vai te curar as feridas" -, desejou Isaías saindo e encostando a porta.

"O que será que fizeram com a pobre moça?" -, ficou pensando em torturas bizarras e fantasiosas. "Preciso me recompor, não posso deixar esses pensamentos tomarem conta da minha sanidade. A vida não pode parar, tenho um rebanho a pastorear" -, pensou e seguiu para a cozinha bebericar um café.

"Que coisas são essas, para que eles nos querem?" -, se pegou pensando nisso novamente. Lembrou de Maria José e Daniel. Agora entendia na pele o que eles passavam.


*****

"Essa é a valise de Cohen" -, disse Vanessa temerosa. "Com certeza deram um fim nele. Ele jamais deixaria isso facilmente. O que tem aqui pode mudar o destino da humanidade" -, supôs Vanessa preocupada.

"Meu Deus, tudo isso parece tão monstruoso, não consigo ficar tranquila diante tudo isso" -, se colocava Maria José.

"Não tem como se acalmar" -, disse Vanessa.

Um silêncio imperou. A casa estava toda revirada. Maria José e Vanessa reviraram cada canto da casa em busca de materiais que pudessem ajudar Vanessa a comprovar a invasão extraterrestre. Vanessa seguia obstinadamente derrubando gavetas a procura de coisas que nem ela sabia.

Maria José percebeu que a mulher estava ansiosa e desesperada: "Se a senhora pudesse compartilhar comigo, talvez eu pudesse ajudar com mais eficácia". Vanessa não deu ouvidos. Ao abrir uma porta de uma cômoda antiga de madeira achou a máquina fotográfica e um saco de filmes usado por Inês.

"Sabe o que tem aqui?" -, perguntou Vanessa já suada e esperançosa de ter encontrado algo.

"Fotografias. Gostaria que não mexesse nessas coisas. Nem nesse walkman, por favor, são da dona da casa" -, apontou Maria José.

"Você não é a dona da casa? O que se passa aqui" -, indagou Vanessa desconfiada.

"Conte-me como pretende me ajudar e quem saiba eu conto o que está se passando aqui" -, disse Maria José num tom ameno. Vanessa parou e a encarou. Não imaginava que aquela caipira pudesse ser dura em negociações.

Vanessa resolveu ceder: "Vamos lá. Meu verdadeiro nome é Vanessa, já sabe porque me apresentei como tal, sou ginecologista e psiquiatra. Para qualquer efeito me chamo Rosa Arantes. Sempre que for falar comigo em público me chame assim. Faço parte de uma comunidade ufológica coordenada por Dr. Cohen. Investigamos e pesquisamos abduções e no meio do processo descobrimos algo muito obscuro sobre a existência alienígena. Toda vez que chegamos perto de provar que eles estão entre nós o exército nos toma tudo. Recentemente achamos coisas preciosas que por motivos que não conhecemos nos colocou sob a mira do exército" -, Vanessa parou e retomou: "Temo pela vida de Cohen"- , seu tom parecia verdadeiramente preocupado. "Quando saiu do nosso observatório montado aqui perto ele sabia da queda de um OVNI. Aliás, essa cidade é investigada há alguns anos, mas o que sabemos ainda não podemos revelar. Só preciso achar Cohen e coisas que possam nos ajudar a quebrar esse segredo que o exército impinge sobre a humanidade" -, explicou Vanessa.

Maria José, a olhou com um olhar duro esperando que ela esquivasse. Mas Vanessa a encarou firme. Aquela mulher na sala de Inês não era uma louca e nem uma mentirosa, realmente ela estava procurando esse 'tal de Cohen' e de certa forma sabia com o que estavam lidando. Resolveu investigar mais: "Já viu muitos casos de abduções?" -, perguntou Maria José.

"Alguns. Isso é mais comum que podem imaginar. Se divulgássemos tudo o que vimos ou sabemos, as pessoas enlouqueceriam nas suas fantasias" -, confessou Vanessa demonstrando credibilidade.

Foi a vez de Maria ceder: "Vem comigo" -, pediu destinando-se ao quarto de Daniel.

Vanessa a seguiu com a sensação de uma curiosidade esmagadoramente infantil. Daquelas que parecem enlouquecer diante uma novidade. Maria debruçou a mão sobre o trinco e segurou um pouco. Vanessa estava quase saltando para abrir a porta. Assim que Maria abriu a porta revelou Daniel sentado sobre o guarda-roupa.

Vanessa ficou boquiaberta. "Quantas cicatrizes!" -, nunca tinha visto algo assim. "Um caso atípico para mim, a comunidade científica precisa ver isso e estudar isso".

Maria José colocou a mão sobre o peito de Vanessa impedindo que ela desse mais um passo: "Esse rapaz é um ser humano e não um rato de laboratório e quero que o respeite como tal enquanto tiver sob meus cuidados. Caso contrário, jamais o verá novamente".

Vanessa a observou com respeito. "A senhora esta certa, não vou trata-lo como tal. Mas podemos conversar?" -, pediu.

"Se conseguir tirar uma palavra dele, eu agradeço. É o que mais quero" -, confessou Maria.


*****

Abriu os olhos e viu um facho de luz vindo do alto. Não conseguiu identificar o que era. Estava ainda confusa. Estava com o corpo doído de ficar deitada. Assim que esfregou as costas da mão nos olhos conseguiu ver que a claridade vinha de uma janela.

Observou ao redor e o lugar em que estava cheirava mofo. Paredes úmidas e com lodo. Porta de ferro com uma pequena porta. Estaria na cadeia? No seu braço um soro. Tirou os esparadrapos com cuidado e retirou a agulha e o soro.

"Com certeza colocaram algo nisso para me prender" -, pensou. Olhou para a janela e notou uma falha entre as grades. Estava numa altura bem acima do que pudesse alcançar.

Com muito sacrifício arrastou a cama de ferro até próximo da janela. O suor lhe escorreu a testa. A cama era muito pesada para a sua força. Subiu e com um pouco de esforço retraiu os braços subindo o corpo para tentar ver o que tinha do outro lado.

"Apenas matagal grande" -, pensou. "Onde estou?".

O corpo estava pesado demais para as suas funções físicas no momento. Não estava normal. Sabia disso. Inês começou a chorar. Sentou na cama e debruçou na parede e chorou como criança.

"O que está acontecendo? Só quero salvar meu filho!" -, desesperadamente começou a gritar. "Quero meu filho! Quero o meu filho!" -, escutou quando a tranca da porta bateu. Um grupo de enfermeiros de grande porte físico adentrou a sala e avançaram para cima dela.

Tentou espernear e se mexer como defesa. Foi em vão. Gritou muito, o mais alto que pode. Parece que não adiantava no corredor somente o seu eco. Sem que dissessem uma palavra, um deles lhe aplicou uma seringa na veia com um líquido amarelo.

"5, 4, 3, 2, 1..." -, disse o aplicador. Inês se calou e parou de fazer força. Rapidamente o sono apareceu. Estava entregue ao medicamento. "Crise nervosa. Anote no prontuário e leve ao doutor" -, disse o gigante. Inês apagou.

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