E lá estava ela. Junto à porta de vidro a olhar para o mar azul turquesa.
Ela vinha sempre aqui todos os dias como se fosse já uma rotina.
De certo modo, sentia que já a conhecia por a observar durante tanto tempo.
Vejo um rapaz se aproximar dela e beijar a sua mão. Não era a primeira vez que o via com todas aquelas confianças. Talvez fosse seu namorado, não sei.
Vejo o seu sorriso aumentar há medida que ele ia acariciando o seu rosto angelical com as suas mãos cobertas com umas luvas pretas.
Eles falavam sem parar, como se o tema não faltasse. Reparei nks seus olhos azuis que estavam agora mais brilhantes do que nunca, mas será que ela era feliz?
Teria de agir agora.
Mas, aquele rapaz precisava de saír dali ou eu não iria conseguir levá-la comigo.
Decidi intervir na conversa dos dois, com o intuito de puxar a morena para longe dele o mais rápido possível.
Fui até à sua beira, sem receios e medos, colocando os meus óculos escuros, no rosto.
— Bom dia- Falei ao chegar à beira deles.
Os dois olharam-me com espanto e desconfiança. Vejo-o pousar a mão na cintura dela, chegando-a mais para perto.
Meninos cautelosos, nunca me agradaram.
— Precisava falar com você. Assuntos de negócios.
Ela desviou-se do rapaz ao seu lado, ficando curiosa com a conversa. Dei um sorriso desafiador para ele, como quem não quer nada.
— Mas, eu não o conheço.
Era a primeira vez que ouvia a sua voz após tanto tempo. Não era nada igual à do seu pai, era doce e meiga. Igual à de minha mãe, bem... Antigamente era assim, pelo menos.
- Posso saber o seu nome?
O moreno de cabelos compridos falou, interessado no facto de eu ter vindo falar com a sua possível namorada.
Não iria dizer o meu nome verdadeiro, pois Roger poderia desconfiar, por isso, improvisei na hora com o primeiro nome que me veio à cabeça.
— Adams Brooklyn, amigo de seu pai.
Respondi, encarando a morena nos olhos. Vi que o seu olhar mudou por completo, ao ouvir-me pronunciar a palavra "amigo".
Ela sabia a que eu me queria referia: "fornecedor de droga".
— Po-ois... os assuntos do meu pai não são comigo.
Ela falou de um jeito nervosa e percebi que o rapaz que se encontrava ao nosso lado não fazia a mínima ideia do que se estava a passar ali.
O nome dela era Zaira. Zaira Bernardi.
Ela usava um vestido branco, solto ao seu corpo, mas realçando na mesma todas as suas curvas e perfeições. O seu cabelo escuro, encontrava-se ao natural, coisa que é comum todos os dias. Mas, mesmo assim parecia demasiado arranjada para um mero encontro à beira mar.
— Era mesmo importante.
Insisti mais uma vez e a morena pareceu ceder, desviando a mão do seu companheiro, por fim, da sua cintura.
— Okay, só um momento - Diz antes de avisar o rapaz ao seu lado de que não iria demorar- Diga lá o que precisa de mim.
Agora estávamos os dois sozinhos. Nunca na vida tinha raptado ninguém e nem eu mesmo sabia como o fazer.
Mas, a dor de ter perdido o meu pai por algo tão insignificante era tanta que eu tinha que tentar fazer alguma justiça.
Vi a desconfiança no seu olhar azulado e ingénuo. Reparei desde o início que ela não tinha ido nem um pouco com a minha cara, apenas estava curiosa com a ideia de descobrir mais sobre o seu pai, que lhe parece guardar milhares de segredos. E talvez ela estivesse correta, quando pensava no porquê de todas aquelas suas incertezas para com o seu pai.
Eu não estava aqui para lhe fazer carícias ou para lhe dar uma boa notícia, mas sim para a levar comigo. Para atingir aquilo que quero.
Fazer justiça.
— Eu gostava de falar...
Começei a enrolar a minha voz, enquanto tirava um pano com álcool do meu bolso. Quando ela descobriu o que eu pretendia, eu já estava com o pano bem por baixo do seu nariz.
A morena caiu nos meus braços de forma involuntária, fazendo com que eu tivesse que pegar nela ao colo para a tirar daqui. Cobri o seu corpo com o meu casaco, para não repararem que era ela que levava comigo.
Saí por o lado contrário do sítio onde estávamos e com sorte fui bem sucedido.
Como eu me sentia depois disto?
De certa forma, estranho... Apesar de ter a fama de cara macho e mau, eu não era isso tudo. Talvez só um pouco.
Mas nunca tinha raptado ninguém, nunca tinha levado alguém inconsciente no carro para bem longe daqui, nem tinha pensado que talvez precisasse de atar as suas mãos para caso acordasse.
Nunca.
DUAS HORAS DEPOIS
Conduzia atento, sempre desviando o olhar para a rapariga adormecida no banco de trás. Zaira estava completamente inconsciente e não mostrava nenhum sinal de que iria acordar tão cedo. Começava até a estranhar a demora para ela acordar.
Ao fundo, vi uma quinta com uma casa de pedra, enorme por sinal, e sorri. Era para lá que iríamos os dois, mesmo que Zaira não tivesse a escolha de decidir se queria ir ou não. Até, porque essa resposta iria ser bem óbvia.
A casa estava abandonada há quinze anos, mas ainda estava bem conservada, apesar do vidro de uma janela estar partido e um pouco embaciado do frio. Decidi respirar fundo e caminhar até lá, sem ainda saber o que fazer quando ela acordasse.
Deixei-a a dormir no meu carro e bati à porta, só para ter a certeza que não estava mesmo ninguém aqui. Eu havia vindo cá há um tempo, quando me lembrei deste plano e fiquei ainda mais empolgado ao saber que não era habitada. Afinal, quem vai procurar aqui?
Como era esperado, ninguém veio abrir. Decidi eu fazer as honras e empurrei a porta de madeira para trás, abrindo-se, em seguida, para trás.
Fui ao carro e peguei nela com cuidado, reparando que o seu vestido estava mais subido do que devia.
Decidi ignorar e levá-la para dentro da sua futura casa até receber aquilo que queria.
Roger Bernardi assumindo os seus pecados, os seus crimes e ir parar ao único sítio que merece: a cadeia.
A casa era muito grande, quase como um antigo castelo preenchido de louça prateada e uma enorme lareira na qual parecia ser a sala de estar.
Decidi colocá-la no quarto principal. Era uma divisão preenchida com a cor beje e pouco mobilada.
Tinha uma cama à beira de um quadro de algum autorretrato desconhecido. Agarrei forte o seu corpo ao preparar-me para a largar com cuidado. A sua figura misteriosa estava a provocar curiosidade na minha mente.
O seu rosto parecia ter sido criado por Deus. A sua pele era pálida e todo o seu corpo era bastante definido e curvilíneo.
Definitivamente, não saiu ao seu pai no que toca à aparência.
Sei que quando ela acordar, a sua reação não vai ser das melhores.
Mas eu só a pretendia soltar depois de ter a certeza de que o seu pai confessava o seu crime. Depois disso, eu deixava-a em paz, pois não pretendo fazer-lhe mal nenhum.
OLÁ MENINAS, ESTOU A ADORAR MUITO ESCREVER ESTA HISTÓRIA E ESPERO MESMO QUE ESTEJAM A GOSTAR. DEIXEM A VOSSA OPINIÃO AÍ NOS COMENTÁRIOS.
ADORO-VOS.