Artur
-Filho, acorda!-alguém me balançava de um lado para o outro.Abri um olho de cada vez e vi minha mãe-Bom dia, belo adormecido!
Bocejei, ainda sonolento,e pisquei os olhos para acostumar com a claridade do quarto da maternidade que estou há três dias, saindo apenas para ir para casa para pegar roupas e para ir à lanchonete do primeiro andar do hospital.Clarie e o Enzo chegarão hoje ao quarto, se tudo ocorrer bem. Eles ficaram sob cuidados por três dias, mas hoje, finalmente, vão vim para o quarto. Enzo nasceu com 49 cm e 2.500 kg e já vem tomando leite normalmente, porém, não é o materno.É apenas um complemento enquanto a Clarie não conseguir amamentá-lo.
Ela ainda está fraca. Já trocamos poucas palavras, mas logo ela voltava a dormir por causa do remédio que está tomando. Ela me perguntava sobre o Enzo, sobre os gêmeos e sobre quando iria sair dali. Tudo muito lento e sonolento.E depois ela voltava a dormir e eu tinha que voltar para o quarto da materninade que eu pedi que reservassem para ela. Tive que pagar mais caro, mas não faz mal. O hospital é um dos maiores que já vi e um quarto ocupado por mais de três dias não iria fazer muita diferença.
-Vim organizar o quarto-ela falou-Eu vou colocar as lembrancinhas aqui-apontou para a frente onde tinha uma mesinha vazia e mais acima uma estante também sem nada.A televisão ficava logo acima e um frigobar ficava embaixo.Ao lado tinha um mini guarda-roupa e mais na frente tinha um sofá cama para o acompanhante e de lado tinha a cama do paciente,que por enquanto estava intacta e sem ninguém. Havia um telefone sem fio pra receber ligações da recepção quando houver visitas e um aparelho que continha álcool em gel.
-Não precisa disso-minha voz saiu rouca e eu me levantei, porém ela já estava colocando as lembrancinhas cinza com amarelo em cima da estante.Ela trouxe um bolo e comida, fora todos os outros acessórios para decoração. Realmente isso era completamente desnecessário porque ficaríamos aqui por apenas três dias e não vamos recber tantas visitas. Eu estava com tanto sono que deixei ela organizar tudo de forma empolgada. Me deitei de volta e liguei a televisão em um canal qualquer.
-Qual vai ser a primeira roupinha do Enzo?Clarie não especificou isso. Eu morri de amores pelo macacão azul marinho com listras brancas. Aquele feito de lã, sabe? Que tal esse? E a primeira roupa da Clarie? Ela também não colocou isso quando fez a mala. E roupa da saída da maternidade?-começou a mexer na malinha do Enzo-Que tal essa? É linda e vai combinar com todo o enxoval amarelo e cinza. Mas também tem essa azul incrivelmente linda.
-Mãe...
-...E a verde nem se fala.Olha como vai ficar a coisa mais linda.
-Mãe...
-Clarie pode vestir esse vestido. E você já pensou na questão da escada? Como é que ela vai subir tudo aquilo? Não vai ser fácil.
-Mãe, deixa de se preocupar com isso. Eu tô com sono-viro para o lado oposto do sofá-cama e tento voltar a dormir.
-Artur, são onze horas da manhã. Eu demorei três séculos para trazer essas malas pra cá e tentar convencer a recepcionista que sou da família. Levanta pra vida!-ela me puxa pela mão mas eu me sinto totalmente atraído pelo sofá-cama e permaneço lá.
-Não.Eu passei quase a noite toda na UCI com o Enzo. Ele tem muita cólica e chora por isso. Chora alto mesmo. Não vai ser nenhum pouco calmo-eu disse e a única coisa que ela fez foi rir.
-Meu querido, você vai ter que aguentar até os três meses de idade.Aproveite por enquanto ele está sob cuidados das enfermeiras e não totalmente de vocês ainda.
Eu me sentia um pai de primeira viagem. Parece que tudo aquilo que eu aprendi quando os meus primogênitos nasceram apagasse da minha memória e eu não conseguisse fazer mais nada. Vou ter que aprender tudo novamente.
- Ai Jesus, eu não vou aguentar-eu coloco meu lençol na cara e suspiro. Sério, eu não vou aguentar e vou dormir antes da criança.
-Não vai mesmo-minha mãe me apoia tanto.
-Nossa,obrigado-ela riu.Me levantei que peguei uma garrafa de água que estava no frigobar.
-Sabe de que horas eles chegam?-minha mãe perguntava, enquanto colocava algumas bebidas em cima da estante.
-Daqui a pouco, se não me engano-bebo um gole d'agua com gás e percebo o quão ruim é beber isso em jejum.Deixo a garrafa de lado e pego uma maçã.
-As crianças estão super animadas. Sempre perguntando sobre o Enzo-ela diz.
Já mandei foto do bebê para todo mundo que conheço, enfatizando sempre o fato da genética que ele puxou.
-É quase impossivel não ficar empolgado com uma lindeza daquelas-eu falei,percebendo que vou ser um pai babão na mesma proporção que fui (e sou,até hoje) com os gêmeos.Clarie não vai curtir muito o fato de querer mimar mais uma criança.
Fiquei sentado,comendo minha maçã e concentrado em algum programa que a televisão exibia.Minha mãe ainda estava organizando e eu nem me ofereci para ajudar (quando dizem que homens atrapalham mais do que ajudam é super verídico.Eu tinha uma mania de organizar tudo quando era mais novo,porém esse dom terminou sumindo da minha vida)
-E falando neles...-mamãe direciona seu olhar para a porta e eu faço o mesmo.Lá estava minha mulher segurando o bebê nos braços.Ela estava realizada e eu via isso nos seus olhos.Passar por tudo aquilo teve um certo valor,uma certa recompensa.Sofrer pelos nossos filhos é uma coisa boa.
Eu me levanto tão rápido que quase caio,mas não perco minha postura e ando até a maca que estava sendo levada pelos enfermeiros.Clarie estava pálida,bem mais magra e parecia ter acabado de sair de um apolcalipse zumbi,porém,para mim,ela ainda tinha o seu charme.Só de vê-la com um sorriso no rosto e com uma felicidade indescritível transbordando só me fazia morrer de amores.
-Oi,meu bem-ela olha pra mim,ainda com um sorriso no rosto-Você está melhor?
-Sim-sua voz sai rouca e não tão clara.Talvez seja pela falta de exercitar as cordas vocais -Olha que maravilhoso.Acredita mesmo que fomos nós que fizemos isso?
-É difícil-Enzo estava tentando colocar a manta que o cobria,na boca.Tinha fome o tempo todo.E se estressava quando não tinha o que ele queria comer.
Os enfermeiros substituem a cama que estava no quarto pela maca da Clarie.Eles ajeitam os últimos detalhes,saindo do quarto e dizendo que se precisássemos de algo,era só apertar o botão que estava na parede.Clarie não parecia ter passado por uma cirurgia que acabou se tornando algo sério .Ela tagarelava sem parar com a gente (inclusive com o Enzo)
-Vocês não tem a mínima noção de como é chato ficar em uma UCI sem ter nada pra fazer-ela dizia enquanto tentava acalmar o Enzo,balançando o bebê de um lado para o outro,de um jeito desengonçado-E o pior que a comida de lá,é pior do que a comida normal que eles oferecem aqui no hospital. É tudo muito chato
-Isso é pra você aprender que teimosia não leve a lugar nenhum-minha mãe fala.Finalmente alguém me entende.
Clarie revira seus olhos.
-Não foi teimosia.Eu iria subir as escadas.Somente isso-ela diz
-Não foi isso que o Miguel me contou-eu falo e Clarie me olha com as sobrancelhas arqueadas.
-Por falar nele,você precisa ligar pra escola para marcar uma visita com eles.Esse menino aprontou de novo,sabia?
-Puxou a mãe.
-Artur,não me enche agora-ela tentou se levantar mais um pouco,mas não conseguiu porque a cirurgia atrapalha,além do mais,a médica disse que deveria permancer deitada pelas próximas doze horas.Clarie bufa e coloca a cabeça no travesseiro de volta.
Enzo começa a se remexer novamente.Ele parecia incomodado,provavelmente com todos nós falando o tempo todo.Mas na verdade,era fome.De novo.
-Eu não sei se posso amamentar-ela sussurra.Eu também não sabia,mas o chorinho do Enzo não cessava.Clarie passou a balançá-lo e tentava acalentar o bebê,mas foi uma tentativa falha-Ok,filho.Você consegue aguentar um pouquinho.
Óbvio que Enzo não tinha a mínima paciência e queria porque queria seu leite agora.
-Eu chamo a enfermeira-minha mãe aperta o botão que estava ao seu lado.
Uma moça nova chega segundos depois.
-Houve algum problema?-pela sua voz e pelo seu rosto,percebia-se que já faziam horas que ela estava no plantão,mas mesmo assim não perdia a postura de uma profissional da saúde.
Enzo já estava literalmente aos prantos.O seu choro ocupara todo o quarto.Eu o peguei com cuidado,percebendo que a Clarie já estava perdida.Começo a balançá-lo mas o gênio desta criança parecia indestrutível.
-Tudo bem,querida-ela sorriu gentilmente-Você já pode alimentá-lo com seu próprio leite.Vai ser difícil,mas com o tempo o leite vai saindo.
A enfermeira pegou o Enzo do meu colo e o posicionou em uma posição confortável nos braços da Clarie.Enzo não demorou para pegar o bico,afinal,parecia que estava morrendo de fome.Ele choramingou um pouco e às vezes desviava sua cabeça para outros lugares, provavelmente,incomodado.
-O segredo é só insistir.Ele vai choramingar por algum tempo porque não terá a quantidade de leite desejada,mas quanto mais ele mamar,mais leite você vai produzir.
Clarie assentiu.A enfermeira indicou mais algumas coisas e se retirou após pedir que a chamasse caso algo acontecesse.
Eu e Clarie suspiramos quase na mesma hora.Enzo ainda estava incomodado, chorando.
-E vai começar tudo de novo...-eu falo e sento no sofá-cama,observando o Enzo se alimentando.
*
Ok.Eu não tenho o que falar da minha demora mas vamos relevar 😂 ❤ Passei por probelmas na escola (ensino médio,sala nova,pessoas novas, professores novos,rotina nova e bem complicada...) e eu demoro demais para me adptar a novas coisas.Ainda não estou adaptada com tudo,mas voltei.
Estou escrevendo outro livro desde de dezembro (surprisee) mas não sei se vou postar.
A estória está legal e eu estou tendo mais ideia pra ela do que pra esse livro.Depois posto a sinopse pra vcs e me digam o que acharam.Beijão!