"Déjà vu é a prova que o destino, é mais real que os planos que fizemos... O Déjà vu é como a poesia doce dos olhos daqueles que estão em sintonia... sem cerimônia, sem anestesia, sem medo... apenas uma doce repetição dos fatos mais raros e necessários, que nossa alma tem vontade de reviver... para no final... morrer..."
(Kaius Cruz)
* Ouçam a música vocês vão entender melhor o capítulo*
*Por Guilherme
O tempo passa rápido, pois já faz mais de um ano que eu conheci Lucas e já faz um ano que estamos casados. A vida a dois não é fácil e com cinco filhos, ai é que ela fica complicada, e quando se tem um marido que é modelo e ator internacional, multiplique por mil as nossas dificuldades, que você acaba encontrando o tamanho de nossos problemas.
Lucas está para a Europa a mais de duas semanas, e eu estou para enlouquecer com as crianças. Bruno com seus namoros relâmpagos, Ricardo com suas brigas na escola, Daniele que deu para não gostar de tomar banho e os bebês, que passam a noite toda chorando.
Ontem mesmo, cheguei acabado na delegacia, parecia que eu tinha sido atropelado por um caminhão, dez vezes. E o pior de tudo, parecem que eles respeitam mais Lucas, do que a mim...
Outra coisa tá para me matar, a vontade de fazer amor com o meu marido, meu Deus, tá muito difícil ficar sem Lucas por esse tempo todo. Estou a ponto de pirar, não aguento mais me masturbar vendo só fotos do meu homem, do meu amor...
Resolvo ligar para ele... O celular dele chama, chama, até que finalmente cai na caixa postal...
- Mas que porra!!! – ainda bem que estava na minha sala e ela é a prova de som, pois senão toda a delegacia teria ouvido meus gritos de fúria. – Por que você não atende minhas ligações Lucas!!!??? – Estava furioso, pois esta era a sétima vez, que eu ligava para ele e nada.
- Alô!? Mãe?! – resolvo ligar para Dona Marrie.
- Oi meu querido!! Como você tá? – seu tom de voz sempre me acalmava.
- Estou péssimo! Cadê o meu marido!? Ele não tem mais casa não?! Se esqueceu do marido e dos filhos??!!
- Ou!! Calma ai Dr. Marcus dois!!! – Mamãe estava sendo irônica.
- Como calma mãe!! Tô com saudades do meu marido... e a senhora e ele sabem muito bem que eu não durmo direito quando ele não está em casa! Além do mais as crianças estão morrendo de saudades e os gêmeos passam a noite chorando e não me deixam dormi! – minha voz sai quase desesperada.
- Calma meu filho... Eu sei que tá sendo difícil, mas já estamos voltando para casa.... – sinto minha mãe suspirando.
- Como ele tá?!! – estava preocupado.
- Ele está pior que você!! Impossível!! – mamãe revela.
- Como assim??!!
- Não dorme direito, não come direito... vive chorando com saudades dos filhos e o principal... do marido! Meu filho... tenha calma... Lucas passa o dia pensando em você e nas crianças! – minha mãe parecia entender bem minha angustia e a de Lucas.
- Mas mãe... a senhora não entende.... é que...
- É que você quer muito fazer sexo Guilherme! – minha mãe completa – Você é igualzinho ao seu pai!!
- E eu tô errado!?
- Não! Não tá... Mas filho... Lucas é tão jovem, tão trabalhador... e você não sabe... Ele tem estudado muito para o vestibular de medicina!
- Isso é sério?!
- Muito sério! Agora filho... Vou ter que desligar... Seu tio Pierre acabou de chegar... Vai ajudar o Lucas a pô as roupas! Tchau filho...
- Espera ai mãe!! – falo tarde demais, pois logo depois ela desliga.
Volto ao meu trabalho, mas logo sou interrompido.
- Bom dia chefe!! – Jéssica bate e depois entra. - Trouxe alguns relatórios para você assinar Guilherme!
- Tudo bem! Traga-os aqui!
- Mas e ai... Lucas está mesmo em Paris?!
- Pior que está!
- E como estão os cinco anjinhos?!
- Eles tão mais para pestinhas! – suspiro fundo e logo depois assino os documentos.
- Não fale assim... são seus filhos! – Jéssica tenta me repreender, mas em seu semblante vejo um sorriso preso.
- Ah Jessica! Pode parar... que eu sei bem que você está doidinha para me zoar!! – falo meio raivoso. – E do jeito que estou, acho melhor você nem tentar!!! – ameaço.
- Tá bom... então... Vou nessa! Bom dia!
Ela sai rápido e logo depois volto a trabalhar. Meu trabalho segue normal, até que recebo um torpedo...
-"Bom dia meu amor! Estou morrendo de saudades de vc e das nossas crianças! Elas estão dando muito trabalho?"
- " Bom dia! Lembrou que tem um marido agora?" – sou bastante irônico na minha mensagem de resposta, pois estava no meu limite de estresse.
- "Ah Gui... vai ver se eu to na esquina!! Depois falo com vc! PS: te amo! ;-)" – ele sempre carinhoso comigo.
- "Vai lá! PS: também te amo muito! ;-) Muitas saudades... volta logo!" – tento ser romântico, pois se bem conheço meu marido, é bem capaz dele chegar estressado e fazer greve de duas semanas de sexo. Só de pensar nisso... já fico todo nervoso.
Lucas não me responde e logo que percebo... já é quase hora do almoço...
- Tô indo almoçar no Saint Denis pessoal! Retorno as duas! – saio da delegacia, entro no estacionamento, adentro meu carro, passo o cinto de segurança... e ligando a música bem alto saio em busca do meu restaurante favorito...
Estava dirigindo de forma calma... tudo parecia perfeito, o vento que entrava pela minha janela semiaberta, a luz do sol... estava um início de tarde ameno... perfeito... até que de repente, recebo uma mensagem de Lucas, pego rapidamente o celular e abro a mensagem...
- "Não se esqueça... Eu te amo! Em breve em casa..."
Tudo aconteceu de forma muito rápida. Em um segundo estava lendo a mensagem de Lucas... no outro... bom... No outro eu estava atropelando um ciclista que atravessava a rua com o sinal aberto.
Jogo o celular no banco do carona, saio rapidamente do carro e grito:
- CALMA! CALMA AI! NÃO SE MEXE... VOU LIGAR PARA A EMERGENCIA!!! – sigo em direção ao homem que estava caído no chão. Quando me aproximo, eis que me surpreendo... não era um homem, e sim um rapaz...
- Tudo bem... ai! Tudo bem! Acho que não quebrei nada... – ele fala fazendo uma careta de dor, tenta ficar de pé, mas logo depois desmaia...
- Meu Deus! Será que ele morreu? – uma mulher pergunta ao meu lado.
- Não! Sou policial federal... por favor vá até meu carro... lá está minha identificação! Pegue ela e meu telefone! – peço e a senhora corre até minha caminhonete que estava com a porta aberta, pois havia saído às pressas.
- Aqui! – ela me entrega o telefone.
- Alô!? Emergência... Sou o delegado federal Guilherme Leão de Albuquerque Araújo... Aconteceu um acidente...
Expliquei para a atendente todo o ocorrido e logo que a ambulância chegou, pedir que levassem o jovem atropelado por mim, para o hospital onde costumeiramente minha família era atendida.
Cheguei poucos minutos depois, pois fui seguindo a ambulância. Liguei para a delegacia e expliquei o ocorrido e que demoraria a voltar, pedir que Luiz Paulo assumisse o posto até eu aparecer...
Adentro ao imenso e movimentado hospital, logo que me identifico sou direcionado para a ala de urgência e emergência, onde o rapaz estava sendo atendido.
- Bom dia doutora! – cumprimento a medica que o examinava.
- Bom dia! O senhor quem é?! É parente?!
- Não! Fui eu quem o atropelou! Sou o delegado Guilherme Leão de Albuquerque! – estendo a mão em sinal cumprimentar.
- Espera! O senhor não é o famoso delegado federal que é casado com o modelo e ator internacional Angel Leão de Albuquerque?! – a sua pergunta parecia incerta e deveras duvidosa.
- Sou eu mesmo! Muito prazer! – ela me cumprimenta apertando a minha mão. – Então, como ele está!?
- Aparentemente bem! Só sofreu alguns arranhões de leve!
- Mas por que ele tá desacordado?
- Acho que pelo susto! Mas vou solicitar uma radiografia do crânio, só para confirmar... O senhor por acaso conhece o paciente?
- Não! Estava dirigindo, quando o sinal abriu e ele apareceu de uma vez na minha frente de bicicleta... – explico o ocorrido.
- Tudo bem! Mas o senhor já avisou a polícia?!
- Ah sim! Já tá tudo resolvido... e não se preocupe, todo o gasto com exames, atendimentos e medicamentos serão por minha conta!
- Tudo bem... Mas que engraçado, parece até um Déjà vu...
- O que parece um Déjà vu? – pergunto confuso, pois não sabia onde ela queria chegar.
- Você atropelar esse rapaz.
- Mas por que?
- Porque, senão me engano... foi assim que vocês se conheceram... O senhor e o Angel! – ela afirma sorridente. – Desculpa, mas é que sou muito fã de seu companheiro... Além de ótimo ator... ele é um modelo perfeito! Sempre acompanhei a história de vocês dois... e li numa revista, que foi assim que você e Angel se conheceram... Não é verdade?! – A médica que parecia relativamente jovem estava sorridente ao fazer suas perguntas.
Paro para pensar, olho para o garoto, que diferente de Lucas, não era loiro e muito menos possuía os olhos azuis, mas que aparentava ter a mesma idade dele, quando o conheci naquele início de noite, quando eu o atropelei... e me apaixonei pela primeira e última vez.
- Isso de fato é verdade...
- Onde ele está? – a médica parecia curiosa.
- Em Paris, cumprindo trabalho numa importante semana de moda... Acho que Paris Fashion Week...
- Nossa! Deve ser incrível a vida de vocês dois... Um delegado e um Modelo... – ela parecia refletir sobre meu casamento com Lucas.
- Pode se dizer que sim...
- Onde estou?! – de repente nossa conversa é interrompida, quando o tal garoto finalmente acorda.
- Você está no hospital querido! Você se lembra do que aconteceu? – médica pergunta.
- Não... foi tudo muito rápido! Estava andado de bicicleta quando um idiota atravessou o sinal vermelho com tudo e me atropelou! – ele parecia confuso, mas ao mesmo tempo furioso.
- No caso... o idiota aqui, te salvou! – entro na conversa. O garoto me olha de cima a baixo e fala:
- Então foi você o idiota!?
- Me desculpe... não era minha intensão... – tento me explicar. – Mas se você quiser me processar... ou fazer qualquer coisa do tipo... fique à vontade... – esclareço.
- A mais isso eu com certeza vou fazer!! – ele estava bastante nervoso. – Ah! E pra início de conversa... quero uma bicicleta novinha! – ele exigia sério.
- Sem problemas! É só me dizer o valor que eu pago! – respondo ele na mesma moeda.
- Pois saiba que vai lhe custar bastante caro... muito caro... – ele não fica por baixo.
- Mas então doutora... Posso ir embora?! – ele pergunta nervoso.
- Infelizmente não... você levou uma pancada forte... deve fazer alguns exames e ficar de observação... – a médica explica.
- Agora sim ficou perfeito... o meu vestibular está chegando e eu aqui preso numa cama de hospital, porque um idiota não sabe dirigir, sem ao menos matar alguém!! – ele parecia revoltado.
- No caso... o idiota aqui se chama Guilherme! Guilherme Leão de Albuquerque... Delegado federal da Cidade do Rio de Janeiro! – lanço de uma vez. Ele me olha de cima a baixo, faz cara de pouco entendido e dispara arrogante.
- Prazer excelência... Mauricio Soares Bitencourt... Filho do governador do estado do Rio de Janeiro!
- É mesmo?! – pergunto irônico.
- Vou ligar pro meu pai agora mesmo... – fala o rapaz moreno saindo da maca.
- Mauricio... o senhor ainda tem que fazer uma tomografia... para ver o seu real estado! – a médica o segura pelo braço e faz ele voltar a se sentar.
- Tudo bem! Mas saiba doutora... O delegadinho ai... vai pagar tudo! – ele olha para mim com o semblante desafiador – Tá me ouvindo!?
- Não se preocupe senhor filho do governador... – Sou irônico.
- Ah vai se ferrar!! – ele era muito mal criado, mas tinha algo nele que me despertava algo diferente.
- Êpa Dr. Guilherme! Acorda! Deixa de besteira.... tu é muito bem casado e pai de cinco filhos agora... – Pensava comigo mesmo.
- Tá com medo? Delegado? – ele olhava de uma forma diferente para mim.
- Não!
- Mas êpa! Espera ai... – ele parecia que tinha acabado de sofrer um epifania. – Você não é aquele delegado que se casou com o modelo favelado?!
- Olha o respeito moleque!! – fui grosso.
- É verdade sim! Você é o famoso delegado federal que casou com a modelete favelada, que gosta de dar uma de Angelina Jolie e adotar tudo quanto é criança pobre!!
Não percebi, mas quando me dei conta, já estava segurando Mauricio pelo pescoço e o enforcando.
- Nunca mais! Nunca mais, ouse falar assim de meus filhos ou do meu marido!!! – eu falava alto e carrancudo.
- Calma Dr. Guilherme! - A médica e alguns enfermeiros que estavam ali presentes ajudaram a eu voltar a si e soltar aquele moleque atrevido.
- Ficou nervoso foi? Delegado... um homem como você... merece coisa melhor... você não acha dout ora?! – Mauricio agora estava se insinuando de forma irônica.
- Me deixem de fora da confusão de vocês! – a médica se retira, nos deixando sozinhos, com apenas alguns enfermeiros que ainda faziam curativos nos arranhões dele.
- Tipo quem?! – pergunto com a sobrancelha levantada.
- Tipo eu!! – ele se insinuou e eu cair na gargalhada.
- Muito obrigado! Estou satisfeito! – respondo na lata e vejo seu sorrisinho desaparecer.
- Nunca se satisfaça com carne de segunda meu caro delegado... quando o senhor pode ter a sua disposição filé mignon da melhor qualidade!!! – ele me olhava de cima abaixo, até que ele parou o olhar em um ponto especifico. – pera ai, ele tá olhando para meu pau? – penso.
- O tal de Angelic... deve se esbaldar? Não é?! – de seu semblante eu podia perceber ele sorrindo safado e olhando fixamente para meu pau, enquanto lambia os lábios.
- Escuta aqui garoto, vai logo fazer esses exames antes que eu te der voz de prisão!! – estava furioso. Mas que garoto atrevido.
Ele foi fazer os exames e depois de tudo feito, finalmente foi liberado.
- Vamos?! – ele pergunta, seguindo para fora do hospital.
- Vamos... – suspiro fundo. Chegamos no estacionamento e logo que desativo as travas ele adentra a minha caminhonete.
- Você quer ir a delegacia?! – pergunto.
- Mas é claro! Que não! – ele completa irônico. – Não aconteceu nada... e eu ainda pude conhecer de perto o delegadozão, que de machão pegador se apaixonou por uma bicha da favela!!
- Se você continuar falando mal do marido... eu juro que te jogo da ponte Rio- Niterói!!
- Você não teria coragem!!?? – ele tinha um tom deveras desafiador e sarcástico.
- Eu mato pessoas Mauricio! O que você acha?! – não consegui me segurar e acabei caindo na risada e ele me acompanhou.
- Sabe Guilherme... quando você não tá tentando matar pessoas atropeladas ou sendo um chato... você é bastante interessante....
- Como assim interessante? – estava curioso.
- Ah... um homenzarrão, todo trabalhado no distintivo, pai amoroso... Angel deve ter muita sorte... – seu tom de ironia havia desaparecido.
- Muito obrigado... eu acho...
- Tô com fome! Quero comer algo! – ele dispara depois do breve momento de silencio que se formou entre nós.
- Eh... eu também tô morrendo de fome... e tô te devendo, depois do que aconteceu...
- Isso é verdade! Então vamos procurar um shopping!!?? – ele sugere e sua proposta me assustou.
- Um shopping?! – minha cara era de surpresa.
- Claro! Tô morrendo de vontade de comer um mega sanduba! Um milk-shake! E muita batata frita!!! – estava impressionado com seu apetite e fazia um bom tempo que eu não comia esse tipo de comida.
- Partiu shopping!!
Entramos no estacionamento e seguimos para a praça de alimentação.
- Espera Guilherme!
- O que foi?!
- Eu não vou entrar numa praça de alimentação lotada parecendo um mendigo! Tô todo rasgado e sujo! Vamos você vai comprar roupas e sapatos novos para mim!! Anda! Vamos!! – ele sai puxando meu braço por entre as lojas, até que ele chega de frente a uma das lojas da marca da minha mãe. – Ótimo! Adoro as roupas que sua mãe desenha! É aqui mesmo que quero ficar antes de irmos almoçar...
Entramos na loja e algumas vendedoras pareciam estranhar eu está ali com Mauricio, pois olhava de uma forma estranha para mim...
- Bom dia Dr. Guilherme! Onde é que está seu Angel!? – a gerente que me conhecia e conhecia Lucas parecia intrigada.
- Tá na Europa... Trabalhando...
- Entendo...
- E esse rapaz?! – ela aponta para Mauricio, que escolhia algumas roupas afastado.
- É o filho do governador... que bem, eu quase atropelo hoje! Trouxe ele para comprar roupas novas, pois as deles ficaram bem detonadas! – tento explicar todo o ocorrido.
- É um rapaz bem bonito... – ela comentava.
- Obrigado querida! – Mauricio entra na conversa. – Vou levar essas daqui!! Onde posso trocar de roupa?! – ele entrega as peças para a gerente.
Tudo aconteceu muito rápido, ele trocou de roupas e jogou as que estava vestido na lixeira. Saímos da loja e logo demos de cara com alguns paparazzi, que tiraram algumas fotos minha e dele, que sorria e fazia pose me agarrando...
- Para com isso Mauricio!!! – empurrei ele. – Qual é seu problema?
- Nada! Só queria tirar umas fotos... qual o problema?!
- Tem... que sou muito bem casado!! E que se uma dessas malditas fotos vão parar na internet, Lucas me mata!!
- Fica tranquilo... que de onde ele está... nunca vai ver essas fotos! Além do mais... nós não estávamos fazendo nada!
- Tá! Mas nada de abraços ou coisa do tipo! Nem te conheço... não fica bem! Além do mais... amo meu marido!! – fui bem direto. Mauricio sorrio lacônico e suspirando falou:
- Tá senhor eu sou casado! Vamos logo comer...
- Vamos!
Chegamos na praça de alimentação e algumas pessoas que me reconhecia, devido as muitas fotos em que eu aparecia com Lucas, além dos programas de entrevistas, que toda nossa família as vezes era convidada.
Todos olhavam, algumas até tiravam fotos...
- Anda Guilherme!! Faz seu pedido... a moça tá esperando... – Mauricio me apressava numa fila do Mc Donalds, que tinha ali naquele shopping.
Fiz meu pedido rapidamente e logo fomos para uma mesa. Era impressionante a velocidade que ele comia seu sanduiche e comia suas batatas fritas.
- Caramba!!! Você come!!
- Muito obrigado! Amo comer um bom sanduiche! Ainda mais com uma batata tão crocante... e essa Coca-cola tão geladinha...
Mauricio já estava no seu segundo lanche e eu ainda comia o meu primeiro, quando ele fala sorrindo:
- Desculpas!
- Pelo que? – pergunto.
- Por ter te tratado mal... você e sua família... – seu pedido parecia ser sincero.
- Tudo bem... vamos esquecer isso! Tudo bem?
- Beleza!
- Mas me diz uma coisa... Para onde vai tanta comida? – eu estava sorrindo e muito curioso.
- Só Deus sabe! Mas por que a pergunta?
- Tipo... Lucas, ele não comeria um hambúrguer desses nem amarrado... – acabo revelando um dos motivos de eu e Lucas discutimos as vezes.
- Mas por que?! – ele parecia muito curioso.
- Oras por que? Porque ele é modelo... e tem aquele papo de que ele não pode engordar uma grama se quer!! – tento explicar.
- Ainda bem que eu não sou isso! Quero mesmo é fazer o vestibular e ser um bom profissional!
- Quer fazer vestibular?! Para quê?!
- Medicina! Quero muito ser médico! Meu pai queria que eu fosse político igual a ele, mas não faço o tipo que faz o que os outros querem, não! Sou o tipo que faz o que quer e o que bem pensa!! – Mauricio parecia ser o tipo muito espontâneo, verdadeiro...
- Lucas também! Ele quer muito fazer medicina! – revelo.
- É mesmo? Mas por que ainda não o fez?
- A carreira dele... – suspiro.
- Pelo visto... você não gosta muito do fato dele ser o que é?! Não é verdade?! – Mauricio parecia ler meus pensamentos.
- Não é bem isso... é que...
- Ah Guilherme! Admita, você detesta o fato de seu companheiro ser modelo! Ser famoso! Tá escrito na sua cara... – Mauricio não estava todo errado em sua afirmação.
Não respondo, apenas volto a comer, mas de repente, ele fala sorrindo:
- Só um momento... – ele pega um guardanapo, e olhando dentro dos meus olhos, limpa o canto da minha boca que estava sujo pelo molho do hambúrguer... – Tava sujo!
Não sei o que deu em mim, fui invadido por uma sensação estranha, até que tive a impressão, de que alguém nos observava, e de repente percebo um flash rápido de luz. Olho ao redor, mas não vejo nada... então, mesmo sobre aquela sensação de estar sendo observado, resolvo voltar a comer.
- Obrigado... – estava sem jeito, sem entender, pois como Mauricio deixou de ser chato, para de repente virar esse rapaz tão gentil.
- De nada doutor! Vamos! Você ainda tem que me deixar em casa!
Saímos do shopping e fui deixa-lo em casa, quer dizer no condomínio de casas de luxo, que ele morava.
- Vamos entrar... acho que minha mãe vai adorar conhecer você!
- Acho melhor não!
- Ah! Qual é Guilherme! Eu não mordo não! Só se você quiser... – ele falava de forma sedutora.
- Deixa pra próxima! – resolvi sair pela tangente, pois estava achando as investidas de Mauricio muito atrevidas.
- Tudo bem... Então... ehh... até a próxima esquina! E não se esqueça... Olhe sempre para os dois lados!! – Ele entra em sua casa empurrando sua bicicleta, que carregava alguns amaçados.
Pego meu carro e resolvo voltar para a delegacia....
****
*Por Lucas
- Mas por que será que Guilherme não me atende Marie!? Ele me ligou diversas vezes... e agora o celular dele só dar descarregado! – estava nervoso e queria muito ouvir a voz do meu marido, para avisá-lo que chegaria em breve ao Brasil.
- Deve tá no trabalho... meu filho... – Marie estava com seu iPad olhando algumas fotos e quando me aproximei...
- Deixa eu ver como ficou as fotos sogrinha... – sorria para ela, pois sabia que ela detestava quando a chamava assim.
- Agora não Lucas! Depois! – ela fechou o tablete de uma vez e entregou para a sua assistente.
- Tá bom... Mas me diga... acha que podemos voltar para casa amanha...?!
- Claro! Mas o que você acha de ir para o hotel e descansar um pouquinho!? – Marie estava estranha.
- O que foi Marrie? Você tá estranha... aconteceu alguma coisa com meus filhos?! – pergunto sério e logo ela sorri gentil e responde:
- Claro que não! Imagina... estou normal! Deve ser impressão sua... – ela desconversou.
- Acho que vou ligar para meu pai...
- Não!! – ela toma meu celular de uma vez da minha mão. – Agora você vai para o hotel, vai tomar um bom banho e descansar.... E nada de comer bobagem... só uma saladinha verde...
- Tá... tá... mas nem uma barrinha de chocolate?! – implorava por um doce, pois estava com muita vontade e fome.
- Nada disso mocinho!!! Quer perder esse corpinho que as passarelas e os fotógrafos adoram?! Hein!?
- Claro que não! Mas poxa é um pedacinho de chocolate... e vai ser diet! Eu juro!
- Nem pensar! Só uma saladinha verde e um suco Detox... para limpar o organismo!! Também pedir uma agua de coco... que sei que você adora...
- Muito obrigado, sogrinha... vou indo então!
- Vai lá! E nada de internet! Vá descansar... isto é uma ordem!!!
- Tá bom! – me despeço de todos e com o carro da produtora sigo para o hotel, tinha direito a um motorista só para mim, regalias de ser famoso.
Entro no hotel e já sou cercado por vários repórteres, fotógrafos e câmeras...
- Angel! Angel! Você já viu as fotos do seu marido!? – um dos muitos repórteres me abordou de forma violenta.
- Que fotos?! – perguntei sem entender nada.
- Essas fotos... – um outro jornalista me mostra o iPad, onde se podia ver Guilherme em cenas bem intimas com um rapaz desconhecido...
Continua...
Em memória de:
- Raphael Martins Soares (*1981 – 1998)
- Guilherme de Albuquerque Silva (*1983 – 1998)
- Lucas Fontenele Soares Fonseca (*1981 – 1998)
"Ao quarteto Fantástico... Aqueles eram tempos de verão e alegria, nós éramos jovens e livres... mas a morte é poderosa... Eu vivi... e lembrando de nossa promessa, digo: Estaremos sempre lá esperando por você..."
*Obrigado meus amigos... sei que já fazem algumas décadas e hoje estou com quase quarenta anos, mas não se preocupem... pois eu continuo LIVRE!
Kaius Cruz ( *1980 - )