Famílias desajustadas.
Beth e Elisa tiveram a ideia de fazer a comemoração em uma mine fazenda e como a maioria era de crianças da idade de seus filhos entre seis e dez anos fazia sentido, nós adultos ficamos de supervisionar as crianças e nosso grupo é composto por mim, Sam seu sobrinho Ramon, o meu sobrinho Nolan e as gêmeas Aisha e Amy que acham que Sam é uma fada feliz. Depois de participar de atividades como plantar, colher, alimentar os animais, montar pôneis as crianças agora foram para as atividades com os fazendeiros e os adultos estão bebendo conversando e principalmente descansando, Beth avisou que quando terminar as atividades das crianças iremos para a mesa do bolo do Nolan. Sam e eu escolhemos sentar a beira do lago onde podíamos acompanhar toda a agitação e ter um tempo sozinhos, Raul e Selma estavam conversando com Drew, Beth e mais alguns pais sobre a escola dos filhos e Elisa conseguiu convencer o Carl a ir com ela pegar as velas esquecidas em casa, claro que só o Carl acreditou nisso.
_Sua irmã é decoradora e das boas, porque parou de trabalhar?
_Ela engravidou e foi uma gravidez complicada, a mãe do Raul infernizou sua vida indo a sua casa, ao seu trabalho tantas vezes que ela teve uma crise nervosa e o medico mandou ela ficar de repouso para sua pressão estabilizar e a proibiu de trabalhar a crise colocou em risco sua gestação, seu chefe ainda pede para que ela volte, mas ela gostou de ser só mãe e esposa em tempo integral até porque ela ficou disponível para viajar com seu marido quando ele vai inspecionar seus outros hotéis.
_Você não aceitou as investidas do Stuart pensando que podia passar pelo mesmo desgaste?
_Sim e não, eu não gosto dele de forma carnal, ele foi um doce quando precisei, mas também sei o posicionamento de sua família, para eles negros e latinos só servem para trabalho e convivência social eles não são como a senhora Cuervo que agora sabemos nem conviver socialmente aceita essa mistura, ela vem de uma família pobre da periferia mexicana, mas nasceu aqui assim como eu ela é americana, seus avós fugiram da pobreza e aqui conseguiram por meio da construção fazer fortuna então sua mãe cresceu numa situação melhorada financeiramente e casou com um empresário espanhol que expandiu os negócios, o mesmo aconteceu com a mãe do Raul que se casou com José Cuervo, ela queria que ele se casasse com a filha de um amigo de seu marido uma herdeira da hotelaria, quando ele apresentou minha irmã como sua namorada e futura noiva ele achou que seu preconceito era por Selma ser pobre, mas no dia do noivado ele descobriu que era por minha irmã ser negra, ele desde aquele dia só conversa com o pai que não se opôs ao casamento e adora o neto. A senhora Cuervo não senta a mesa se houver um negro nela.
_Minha mãe é do sul, ela nunca demonstrou ser assim apesar dos outros defeitos ela não foi racistas com nenhum dos meus amigos na minha infância.
_A senhora Cuervo também Bill. Ela escondeu bem e só soubemos por que seu filho casou com uma como ela arenga miscigenada.
_Sam eles não são diferentes se não aceitam seu filho com você. Eles não deixam de serem preconceituosos, eles são mais camuflados são o tipo que não querem ser apontados. Não aceito isso por não me sentir diferente de você, eu sangro como você e vou morrer da mesma forma e ir para debaixo da mesma terra. E não tolero pessoas assim no meu convívio. Eu amo o contraste de minha mão em seu corpo fada feliz, por falar em fada feliz você tem jeito com crianças elas te cercaram assim que chegou.
_Sempre que posso ajudo nas festas dos filhos de meus amigos e do Ramon, sou inventiva.
_E alegre isso faz muita diferença, até o bebê daquela senhora se jogou para você.
_Isso já causou problemas uma vez, uma vizinha vendo que seu bebê era muito apegado a mim numa emergência pediu que eu ficasse com ele para ela viajar para um enterro e o Morgan brigou comigo e passou a noite fora.
_Por quê? Não entendi o motivo.
_Toda vez que uma criança vinha para o meu lado e eu surgia na frente dele com uma ele dizia que eu estava jogando piada, só que eu não estava querendo dizer nada com isso, nesta noite ele falou que passei do limite que não queria filhos e que eu me livrasse do garoto que estava chorando, eu falei que ele gritando daquela forma assustou o menino e que isso seria um problema entre nós porque eu amo crianças, isso foi oito meses antes dele morrer e depois desta noite ele não me tocou.
Olhei seus olhos secos e isso me satisfez, um mês atrás ela estaria chorando com aquele sorriso que passei a odiar. O sorriso de agora é de alivio e chega a seus olhos.
_Hoje estou feliz de não ter sido mãe de um filho dele, não pela criança e sim porque quero que o pai dos meus filhos os queira e os amem tanto quanto eu.
Filhos, crianças minhas eu não pensei em tê-los até ela falar agora de bebês, imaginei ela barriguda segurando a mãe de uma menininha linda e sorri sim eu quero filhos e com ela.
_Porque meu irmão tem esse sorriso de gato que comeu o passarinho?
Estava tão enlevado pela imagem que não vi e não senti a aproximação de Drew, que agora gasta a palavra irmão toda vez que pode. Sam respondeu.
_Não faço a menor ideia já que o assunto está fora de sua zona de conforto.
_E qual era o tema que o fez sorrir e ficar tão distraído que não me viu ou ouviu.
_Crianças Drew Sam falava de filhos, seus filhos.
_Parabéns! Você é rápido homem...
_Espera ai, não est...
Drew já estava me abraçando e depois a Sam e isso fez os outros virem em nossa direção curiosos. Drew esfuziante deu a suposta noticia.
_Meu irmão vai ser pai eu serei finalmente titio.
Pronto as congratulações me fez falar mais alto que o falatório porque a Sam mesmo negando ninguém lhe dava ouvidos.
_Nós somos apenas namorados ainda._Obtendo a atenção e o silencio desejados continuei._Por mais que isso me agrade, ainda não seremos pais meu irmão interpretou uma frase minha num contexto errado._Entretanto, Sam só se fixou num ponto da minha fala.
_Te agrada? Por quê?
_Oras porque quero filhos também um dia Sam, uma menininha para começar e depois um garotão e quem sabe mais, vai depender da mãe._Espero que meu olhar para ela fale mais que a falta de palavras.
_Uma pena porque Sam será uma mãe maravilhosa e Morgan jamais seria pai mesmo.
_Raul meu amor isso foi inconveniente neste momento._Fiquei intrigado com esse assunto do casal Cuervo.
_Falei sem pensar amor.
_O que mais vocês sabem que eu não sobre meu muito mentiroso falecido noivo?
_Este não é o lugar e nem a hora de falar disso Sam._Selma tentou.
_Pois terá que ser depois que partir o bolo iremos embora. Terminem de soltar estas línguas.
_Tudo bem vamos contar, venha conosco até o estacionamento.
Eu também vou se eles pensam que ficarei de fora se enganam, mas Sam me surpreendeu ao tomar minha mão e me puxar para caminhar com ela. Sentamos numa mesa de madeira destas de piquenique e Raul pigarreou.
_Eu não sou um idiota Sam, eu só não concordava ter que ouvir Morgan e guardar seus segredos. Lembra do dia que Morgan chegou bêbado e machucado por brigar no bar?
_Lembro ele não queria me contar quem foi o agressor e quando sai para saber quem era todos fizeram pacto de silencio contra mim.
_Isso porque Stuart foi quem bateu nele, ele só ia passar uma semana antes de voltar e no ultimo dia bebeu muito que começou a te depreciar, falou que você queria engravidar e que se quando ele voltasse e você estivesse prenha ele teria certeza que você o traia, claro que o chamamos de doido que neste distrito quem não sabia de sua devoção cega? Foi quando ele contou que era estéril, mas fazia parecer que era você que não engravidava.
_Engravidar como, se ele passava mais tempo fora e poucas vezes me tocava? Mais que imbecil ele era eu tomo injeção, me achava jovem e com sua carreira militar inconstante não queria filhos ainda.
_Ai que a merda fedeu, uma namorada do Stuart na época trabalhava na clinica que você ia e ele soube das suas aplicações. Sabemos que não foi ético dela, mas não é esse o ponto, ele falou disso para o Morgan o chamando de porco e o Morgan revidou dizendo que ele queria sua mulher e Stuart falou que por ele sim, mas que você era honesta e tola por amar um filho da puta desalmado. Acabou com o Morgan daquele jeito.
_Raul chegou em casa e queria te contar e falei que você não ia acreditar, nos desculpe mais uma vez Sam.
_Você tem razão Selly eu não sei que tipo de obsessão era essa que eu tinha por ele, penso que a vitima era ele as vezes, eu o idolatrava e alimentei seu complexo de herói só que depois de um tempo e com a idade ele não suportou mais, acho que eu até já sabia, mas não queria assumir a derrota. Vamos deixar sua alma descansar.
_Porra Sam você ainda o desculpa! Ele era dependente de seu afeto distorcido, ele abusava de você ele podia e não queria terminar...
_Raul, por favor, pare, por mim!
_Eu te amo Selma, mas não posso mais ver isso. Sam, Morgan te controlava para seu próprio beneficio, e se vangloriou muito disso ele não te deixava porque dizia ter o melhor dos dois mundos, fodia quem queria e você ainda estava lá de estepe quando não tinha opção que era só te fazer um fago de vez em quando e você abanava o rabo. Quando sua mãe ameaçou contar para você ele escárnio dizendo que só via o queria ver.
_Raul desculpa por tantas vezes brigar com você, acho que você deve ter lavado a alma agora por me contar isso, mas eu sou feita de um material resistente amigo e muito disso é sim culpa minha de minhas inseguranças de ter usado Morgan por muito tempo como muleta e como uma muralha para me proteger das pessoas e do mundo, sei disso agora tive bastante tempo para pensar e sei que para muitos ele não tem perdão, porém eu deixei isso acontecer por medo de enfrentar a vida, mas garanto que essa fase passou.
_Como passou se você nem com raiva dele está minha amiga?
_Ele está morto se vale de conforto, ele teve sua divida paga e não vai mudar o passado eu ter raiva só vai envenenar meu coração e você me conhece melhor que isso meu amigo. Está na minha natureza aprender com os erros. Você me culpa por aprender uma lição disso tudo que vivi?
_Você é tão diferente de sua irmã, ela ia quebrar o tumulo e fazer isso aos berros e depois ficar uma semana ruminando e resmungando.
_Por isso Sam e eu temos uma boa convivência eu esbravejo e ela acalma.
_Página virada em nossas vidas, vamos voltar para o bolo que tenho uns assuntos pendentes com este senhor mais tarde.
_Já era tempo senhorita! Este senhor está ficando seco de tanto esperar.