Oi gnt <3
Que horas fica melhor pra vcs lerem essa fic?
Comentem xx
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Ally estava animada. Abraçá-la me trouxe extrema felicidade, pois notei que ela não havia mudado muito. Ela me analisou rapidamente antes de envolver seus braços em meu pescoço, tentando encontrar alguma diferença em minha aparência. Acredito que ela tenha notado que eu me encontrava desanimada, pois abraçou-me com força e beijou-me a bochecha carinhosamente.
Seu marido não parecia o tipo de homem a quem eu estava acostumada. Não realizava piadas, tinha uma aparência extremamente polida e era muito educado. Se ele não gostara de mim, não sei, sua educação e gentileza eram tamanhas que nem sequer notei.
"Dinah espera que estejas lá pela manhã, mas não sei se posso prometer-lhe isso. Senti a sua falta" Ally comentou enquanto James carregava minhas malas (Ele insistira) até o carro. Seu marido era muito rico, mas minha amiga parecia a mesma, o que me alegrara.
"Não se preocupe, nós teremos tempo para conversar, eu prometo" Respondi-lhe. Porém, nós nunca tivemos o tempo que eu prometera.
Eu passei uma noite na casa de Ally. A hospitalidade de minha amiga não me decepcionou, seu marido também foi muito educado. Lembro-me, em particular, da conversa que tivemos antes que eu fosse dormir.
"Como está sua condição?" Indagou de repente
"Creio que não tenha cura" Dei de ombros
"Você parou de procurar?" Ela perguntou.
"Cansei-me. Estou tentando viver com isso. Até agora, o pior que me aconteceu foi a culpa que eu sinto" Expliquei enquanto encarava o teto, eu odiava falar sobre minha anomalia e observar as expressões de Ally ou Shane.
"Mas viver com isso poderia ter algum efeito colateral" Minha amiga sugeriu e eu soltei uma leve risada.
"O único efeito colateral que eu sofrerei será ir para o inferno" Grunhi.
"Você pelo menos já tentou algo com mulheres?" Ally perguntou e eu ruborizei-me. Admitir minha condição era algo novo, contar-lhe sobre minhas experiências era algo que eu nem sequer havia contestado.
"C.. Como assim?" Gaguejei e pude ouvi-la rir.
"Bom, eu espero que você não tenha feito nada sujo antes do seu casamento" Ela deu de ombros.
Eu havia de fato feito algumas coisas. Afinal, eu não creio que eu vá casar algum dia.
"Como diabos eu vou esperar algo que não vai acontecer?" Arqueei as sobrancelhas e ela suspirou.
"Ah, Lauren, eu não sei como você não admira a ideia do casamento. Eu e James estamos tentando engravidar" A menor contou e eu sorri fraco.
"De fato, tem algo de errado comigo" Respondi enquanto me aconchegava na cama do quarto de hóspedes, Ally se levantou e iniciou seu caminho até a porta.
"Talvez tenha algo de errado com as pessoas em volta de você, Laur" Suas palavras não me pareceram de grande importância enquanto eu fechava meus olhos. Mas, hoje em dia, essa é uma das coisas mais importantes que alguém chegou a falar-me.
O dia seguinte amanhecera nublado e consideravelmente frio, lembro-me de sorrir ao notar que teria uma desculpa para usar calças em vez dos desconfortáveis vestidos que normalmente se ajustavam em meu corpo. Eu sempre me sentira rebelde demais quando fazia algo como usar calças, por mais que, nos tempos em que vivo, desde a guerra, o uso de calças tem sido menos julgado do que diversas coisas. Até hoje, me pergunto o porquê de eu me sentir como uma adolescente revoltada quando realizo coisas triviais que vão contra pequenos padrões.
Ally me acompanhou até a estação de trem. Minha amiga parecia sentir muito frio, pois sua meia calça e vestido não esquentavam-lhe o suficiente. Então eu dei-lhe meu blazer, ela sorriu para mim enquanto se embrulhava na peça de roupa. Seu sorriso não fora acompanhado por seu olhar detalhista de sempre, ela simplesmente me encarar de modo agradecido. O que me fizera sentir inteiramente normal por um momento.
"Então, o que eu deveria esperar do teatro?" Puxei assunto enquanto esperávamos
"É fascinante. Eu fico maravilhada a cada vez que eu e James visitamos os espetáculos" Ela começou a contar
"São apresentações de peças clássicas?" Indaguei
"Não! Os temas são bem diferenciados, ás vezes existem as peças tradicionais, mas o mais interessante são as atrações. Eles não seguem uma apresentação linear." Minha amiga explicou
"Você está descrevendo um circo, Ally" Revirei os olhos
"Lauren, eu lhe garanto que aquele teatro é extremamente refinado e tem apresentações bem produzidas. As cores, as luzes, os sons... Tudo é muito bonito. É como estar alterada por causa de alguma droga, as suas emoções se desorganizam inteiramente." Ela descreveu e eu arqueei as sobrancelhas
"James nunca me deixa ficar até o final, ele acha todas as apresentações indecentes, mas tem um ódio em particular pela apresentação final" Ally murmurou
"Então você não sabe como acaba? Isso é aterrador" Comentei
"Realmente. Talvez você possa me mandar uma carta quando assistir á apresentação de hoje. Dinah lhe reservou um lugar especial" Ela sugeriu
Senti-me muito apreensiva quando Ally mencionou que eu teria de assistir ás apresentações do teatro. Sem motivo aparente, naquele momento, mas, hoje em dia, sei que um mau pressentimento me invadira, por mais que eu não o admitisse.
Meu trem chegou algum tempo depois, Ally e eu abraçamo-nos e eu suspirei pesadamente. Sentir sua falta parecia pior após passar algum tempo com ela novamente, mas eu precisava arrumar minha vida.
As viagens que me levaram até a pequena cidade nunca tiveram nada de importante, portanto, eu não as descreverei.
A cidadezinha era algo novo para mim. Desembarcar não foi tão difícil quanto embarcar, porém, eu tive certas complicações para encontrar Dinah Jane. Minutos após procurar uma mulher com suas descrições, eu fora notificada por um jovem de aparência peculiar de que Dinah não viria ao meu encontro, e sim eu iria ao seu.
"Meu nome é Liam, eu sou ajudante de palco do teatro" Ele explicara enquanto nós caminhávamos pela cidade
As cidades britânicas não eram muito diferentes das americanas. Construções urbanas preenchiam as ruas, homens engravatados caminhavam pelas calçadas em direção à seus trabalhos, algumas crianças corriam pelas ruas, sorrindo de maneira inocente, alheias às preocupações dos mais velhos. Eu suspirei, lembrando-me de que, um dia, eu e meu irmão fôramos daquele jeito. Correndo imprudentemente pelas ruas, ignorando os homens engravatados e mulheres preocupadas.
Liam parecia ser um jovem comum, seu andar era rápido e ele brincava com as mãos de maneira nervosa. Eu o encarei, mas não recebi olhar algum em retorno. A única coisa estranha em Liam Payne era seu aparente nervosismo, eu vim a descobrir seus motivos algum tempo depois.
Bom, eu suponho que o tapa olho que ele possuía no local onde seu olho esquerdo deveria estar também o tornava um pouco estranho.
Eu não me recordo do tempo que levamos para chegar até o teatro, apenas lembro-me da leve dor que preenchia meus pés quando nós atingimos uma enorme construção. Um enorme letreiro anunciava "HALF MOON PLAYHOUSE"
"Peço que fique á vontade, eu vou avisar a Srta. Jane" O homem ao meu lado disse enquanto pegava minhas malas gentilmente e caminhava até o interior da casa
Soltando um longo suspiro, eu olhei em volta. A rua estava cheia, porém, estranhamente, nenhum dos pedestres em minha volta caminhava por perto do enorme teatro. Alguns olhares vinham em minha direção. Muitos deles, surpresos, outros, incomodados, mas a sua maioria, me lançava o conhecido olhar que eu sempre recebera em Miami. Uma irritante mistura de cinismo e surpresa, algo que eu jurara não existir em outros lugares. Eu estava terrivelmente errada.