Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

55| Rejeição

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By crystalpale


C A P Í T U L O 55

R E J E I Ç Ã O

Quando crescemos num determinado meio por um longo período de tempo, mudar é um processo muito complicado. Talvez seja praticamente impossível. Em alguns casos é impossível, porque dependendo da história de vida de cada um, as reações mudam. Ajuda é imprescindível se alguém quer mudar, mas, em todo o meu historial de vida, poucas pessoas vi com os meus próprios olhos a mudarem por vontade própria. Porém... porém eu estava a mudar. E não conseguia encontrar uma resposta aparente.

Estava a mudar num sentido. Estava a permanecer junto de alguém por demasiado tempo, a dar importância. Tal como aconteceu com os Carter.

No momento em que o Niall me soltou, tudo o que eu devia ter feito era ter morto o Matt e ter desaparecido de seguida. Ter dado ouvidos ao Niall só me deixou num estado pior. A Ava não queria saber de mim. O Carl parecia neutro em relação ao meu estado. O Niall estava a ser demasiado controlador. E o Matt ainda estava vivo e com sede de vingança.

Se ao menos a Ava não tivesse reagido daquela maneira, talvez eu ainda tivesse conseguido dar a volta por cima. Conseguia mantê-la como eu queria e assim podia trabalhar, ainda que com a mente cheia de monstros.

Eu era possessivo. Eu queria tudo à minha maneira. Tudo tinha até então corrido à minha maneira. Tinha controlado a Ava como queria. Mas quando me vi naquela situação deixei de saber o que fazer. Ela ia passar a controlar-me, porque eu tinha perdido os argumentos.

- Se der uma entrada de duzentos dólares agora, fazemos-lhe um desconto de vinte e cinco por cento no preço final. – a mulher no balcão falou e eu encolhi os ombros.

Tínhamos aterrado à cerca de três horas. Eram cinco da tarde e já tínhamos conseguido arranjar uma casa para ficarmos os cinco. Os Carter queriam ajudar a pagar, mas eu recusei. Com o dinheiro que tinha, conseguia pagar qualquer coisa e ao menos dava utilidade ao dinheiro sujo que tinha ganho nos negócios com o Matt, e que por vezes ainda continuava a receber por fazer pequenos trabalhos.

Porém, se havia uma casa para nós os cinco, o Carl era uma situação muito complicada. Que ninguém se convença de que a duração dele iria ser muito prolongada. Com tanta droga injetada ao longo daqueles anos, sem qualquer vigilância médica dos sintomas, o organismo dele estava destruído e de forma subentendida eu era o principal culpado.

Talvez numa maneira de tentar ter de novo a atenção da Ava, uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei a Portland, foi procurar uma clínica de reabilitação. Apesar disso e embora o meu orgulho fosse maior, o Carl era a única pessoa boa naquele meio e ele não mereceu nada do que lhe aconteceu. Nem antes, nem depois.

- Tem meia hora para se despedir do paciente. – voltei para junto do grupo

O Carl e o Niall estavam a falar, enquanto que o primeiro ocupava uma cadeira de rodas com um aspeto demasiado devastador. Olhei para a Ava. Estava de olhos postos no chão. Queria tocar-lhe. Queria leva-la para longe. Queria poder hipnotiza-la e fazê-la acreditar que eu não era aquele que ela tinha visto e conhecido verdadeiramente. Mas porquê? Porque razão lhe dava eu tanta importância? Eu, que nem com a minha pessoa criava tantos pensamentos.

- Dentro de meia hora vão levar o Carl para dentro. – avisei, tendo por segundos o olhar de todo preso em mim.

- Posso falar c...contigo? – o homem olhou para mim. Assenti e logo todos dispersaram daquele pequeno meio.

Fiquei a olhar para ele com os braços cruzados. Fazia-me imensa impressão o facto dele não mostrar qualquer sentimento de raiva depois de tudo o que tinha feito.

- P...prec...preciso que to...tomes conta da Ava. – não queria olhar para ele. Mal conseguia falar e tinha o corpo a tremer, e aquilo fazia-me muita confusão. – Não a deixes sozinha nun...nunca. O Matt quer tira-la de ti.

- A Ava não é minha Carl. No mínimo ela pertence-te. – revirei os olhos.

- Não, ela minha não é mais. Mas ela pode ser t...tua.

- Não Carl. Isso nunca vai acontecer. – encarei-o depois de um longo suspiro. – Eu nunca quis estar com a Ava da maneira que as pessoas querem. Nem sei como deixei as coisas chegarem a este ponto, mas elas chegaram. Se quero que ela agora se vá? Não. Mas também não sei o que quero, honestamente. E não sei porquê, faz-me muita confusão que não estejas zangado comigo com tudo o que se passou. Não entendo e isso deixa-me de certo modo zangado, porque estou habituado a que aconteça de cada vez que faço algo, que parece que é uma rotina.

Calei-me e não se ouviu um único som entre nós os dois. De um momento para o outro mudava a minha maneira de agir e ficava totalmente desesperado. Tanto tinha certezas, como a seguir as perdi-a.

Talvez eu não quisesse admitir o que se estava a passar comigo. Eu queria ficar neutro em relação a ela, mas não podia. Porque se antes era eu que a rejeitava, naquele momento era ela que o fazia comigo, e eu sentia-o da maneira que ela antes senti-a.

O problema das pessoas é que deixam escapar as oportunidades. Foi o que eu fiz.

- Eu sei que tu não és assim Harry. Eu consigo ver. – o Carl não me deu alguma oportunidade de responder.

Se houve pessoa que não mereceu nada daquilo que lhe aconteceu, foi ele. Desde o primeiro, até ao último dia.

As despedidas fizeram-se de maneira muito rápida. Fui o primeiro a ir para fora, enquanto que todos os outros ficaram lá dentro. Não queria assistir a mais lágrimas, muito menos se fossem vindas da Ava.

O meu telemóvel tocou. Peguei nele e deslizei o dedo pelo ecrã depois de ver o nome do John.

- Meu, onde é que te meteste? E a Ava, e a Ingrid? O que é que se passa? – afastei o telemóvel da orelha. Tinha sido um erro atender a chamada.

- Vamos com calma John. – apertei a cana do nariz. Era irónico pedir que alguém estivesse com calma quando eu me chateava por ma pedirem.

- Com calma. – ele repetiu. – Então vamos lá. Primeiro. Onde está a Ava?

- A Ava está comigo.

- E onde é que vocês estão? – perguntou, dando ênfase à última palavra. – Eu preciso que ela venha trabalhar, eu não consigo dar conta de tudo sozinho.

- A Ava não vai mais trabalhar. – olhei em volta. Aquela cidade era mais rica do que Carson. Estávamos a milhares de quilómetros de distância e eu não queria nunca mais lá voltar, só para destruir o que me consumia. – Nós estamos no Maine.

- O quê? – ele perguntou demasiado alto. – Como assim vocês estão no Maine? A Ava tem um contrato comigo, e a Ingrid também.

- John, presta atenção. – suspirei. – Nós. Não. Vamos. Voltar. Entendido? Nós estamos a ser perseguidos no momento, não podemos ir para o sítio onde melhor nos conhecem. Tens de ignorar a existência do contrato, tens de fingir que não sabes quem somos.

- Mas porquê? O que é que vocês fizeram?

- Nós não fizemos nada, eu é que fiz tudo. – não podia, não podia cair na asneira de lhe contar a verdade. – Ouve. Nós não podemos voltar aí, ao menos enquanto eu não resolver um assunto. Preciso de me mantenhas ao corrente da situação. Se for aí um homem chamado Matt, tu tens de me ligar e dizer o que ele te disse ou perguntou.

- Eu não pergunto o nome aos meus clientes. – constatou com ironia.

- Eu envio uma fotografia, mas tens de me prometer que o vais fazer. É importante, é muito importante.

Acabei por desligar, antes que fosse atingido por mais perguntas.

O John poderia ser uma grande ajuda, se o Matt não chegasse primeiro. Porque como ele era e com o que fez anteriormente, confirmava bem que não iria desistir, mas eu não ia ceder. Já estava mais preparado, ao menos eu pensava que sim.

Guardei o telemóvel e numa questão de minutos, todos saíram. Sorrateiramente agarrei no braço da Ava e puxei-a lentamente para trás.

- Precisamos de continuar a nossa conversa.

- Para quê? Para me mentires mais? Não. – com uma pequena força ela soltou-se de mim.

- Compreende que mesmo que quisesse não te podia mentir. – falei zangado. – Há uma série de coisas que aconteceram que têm uma explicação.

- Mas agora eu não quero saber. Quando quis tu ocultaste-me e agora queres contar-me? Agora que tenho tudo à vista? Não, não funciona assim. E não penses que lá por estares a pagar a estadia do meu pai na clínica estás a trabalhar para ser desculpado, porque não. Isto é uma obrigação tua.

- Não Harry. – o Niall agarrou-me quando estava prestes a ir atrás da morena dos olhos azuis. – Tens de a deixar pensar.

- Pensar? – perguntei retoricamente. – Se ela pensar nunca mais vai querer saber do que realmente aconteceu. Tudo bem que eu tenho culpa. Mas sabes? Tu tens culpa, tu és parte do culpado aqui. Fugiste com a Ambar e eu fiquei com o pior nas mãos até chegar a este ponto.

- E lá vamos nós para o mesmo. – ele disse abanando a cabeça. – Tudo bem, queres usar esse argumento em todas as situações, usa-o. Mas sabes que mais? Não fazias metade disto se não gostasses da Ava. Então cala-te, porque estás a agir como eu, ou ainda pior.

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