46| Sentimentos

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C A P Í T U L O 46

S E N T I M E N T O S 

No dia seguinte, quando abri os olhos depois de algumas horas de sono, um cheiro intenso reinava o quarto. Era um cheiro diferente de todas as outras vezes, porque cheirava a ela e ela era diferente. Ela era tão diferente ao ponto de no futuro me fazer ter reações das quais eu nunca pensei que chegassem a uma pessoa como eu. Ela corrompeu-me, mas eu matei-a.

Respirei fundo. A cabeça dela em cima do meu peito subiu. Não sabia se era exatamente aquilo que queria que acontecesse. Porque nunca acontecia. Uma noite não passava nunca de uma noite, e ali ela estava depois da noite. Ela estava deitada em cima de mim, como se aquilo fosse habitual, ou até normal. A sua cabeça estava apoiada no meu peito e metade do corpo por cima do meu. As nossas pernas estavam entrelaçadas e tudo era pele com pele.

Fechei os olhos. Talvez não devesse ter avançado tanto com ela. Tinha sido um erro, mas um erro bom, o que era praticamente impossível de compreender.

Erros bons são coisas que só se podem sentir e não para os de fora. Só a pessoa em questão o sente e vê como apesar de ter sido um erro, beneficiou em algo, por mais errado que soe. Porém eu não estava preocupado se era errado ou correto. Só se era bom, para mim.

- Hmm. – aquele suave gemido preencheu o silêncio que reinava o quarto e a mão dela abraçou ainda mais o meu peito, aconchegando-se toda ela em mim, com os seus seios espalmados.

Sem fazer nada continuei com um braço em redor da cintura dela, porém um pequeno movimento com os dedos fez com que ela se contorce-se um pouco com as cócegas que lhe causei. Rápido os seus olhos azuis foram abertos, encontrando a floresta verde de frente para ela. Um sorriso nasceu-lhe nos lábios.

- Hey. – ela disse com a voz baixa e rouca.

- Hey. – respondi de volta sem nenhum tipo de expressão visível.

Os lábios dela colidiram com o meu peito e depois de um rasto, rapidamente encontraram os meus lábios, deixando também pequenos beijos. Até que o seu corpo se impulsionou um pouco, deixando-me aproveitar da situação para a ter melhor nas minhas mãos e no meu controlo. O único tecido que existia entre nós era o da parte de baixo da roupa interior e um lençol a tapar-nos.

Desci uma mão até ao rabo dela, mas logo depois quebrei o beijo e levantei o meu corpo, sentando-me na cama. Ela fez exatamente o mesmo, levando o lençol consigo.

- Vais trabalhar hoje?

- Não, estou de folga. – virei-me para ela e assenti, esfregando os olhos de seguida.

– Bem, eu vou tomar um banho. Se quiseres estás à vontade.

Vi apenas um aceno de cabeça por parte dela. – Se me puderes arranjar uma camisola, por favor.

Levantei-me e tirei uma t-shirt do armário, atirando-a para ela de seguida. Ela vestiu-a e depois levantou-se, porém os seus movimentos fizeram-me falar.

- Dói-te? – o seu olhar moveu devagar até encontrar o meu. – Se te está a doer depois da noite de ontem.

- Não. – um sorriso forçado preencheu-lhe o rosto. Aproximei-me. – Só um bocado. Mas vai passar. Eu acho. Vai passar não vai?

Ri-me da confusão dela. Não sabia mais o que pensar em relação à Ava. Num momento ela surpreendia-me das maneiras mais incríveis e estranhas que eu algum dia podia imaginar.

Vi-lhe os olhos arregalarem-se numa expressão horrorizada. Segui o trajeto dos mesmos.

- Tem calma. – disse-lhe. – É só sangue. Da próxima vez não vai acontecer.

Callous | h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora