C A P Í T U L O 72
E X P E R I Ê N C I A
Eu queria poder reagir quando o Matt apareceu, o problema é que eu estava demasiado apagado para tal. Não conseguia raciocinar direito e o meu corpo estava paralisado de mais, talvez devido àquilo que ele injetou em mim para me poder levar para aquele local. O seu rosto estava sério, mas alguma coisa dentro de mim sabia que por dentro ele se estaria a rir às gargalhadas com tudo o que se iria passar. Ele ia torturar a Ava à minha frente e depois iria matar-me.
Respirei fundo, mas até esse simples processo fez com que ficasse com o peito a doer. A luz que entrou naquele espaço fez-me perceber que os meus braços estavam cheios de nódoas negras. Queria poder fazer alguma coisa para escapar daquele lugar, mas nada podia ser feito comigo naquelas condições.
O Matt baixou-se à minha frente e num movimento brusco puxou o meu queixo para cima, fazendo com que eu o encarasse. Desviei o olhar daqueles olhos azuis que gritavam ódio, mas logo ele colocou-me a olhar novamente para ele.
– Olhas para mim quando eu mando! – num instante a voz dele fez-me estremecer. Queria colocar as mãos nos ouvidos para não ter de ouvir aqueles gritos. Até isso me estava a fazer ficar louco. – Agora não podes fazer nada contra mim. Vais morrer e depois disso eu vou poder fazer o que sempre quis, e a Ava vai-se aliar a mim.
– A po-polícia... – só depois de ter falado é que percebi realmente no estado em que estava. A minha voz estava muito fraca e baixa.
– A polícia nunca me vai apanhar. Nem a polícia nem ninguém.
Num movimento brusco ele puxou-me para cima. Quando me levantei quase que não sentia as pernas. Tossi para tentar conseguir falar melhor, mas foi em vão, porque parecia que a minha voz se estava a despedaçar aos poucos. Entretanto o Matt começou-se a empurrar, fazendo com que saíssemos daquele espaço. Um instante depois já estávamos à frente de uma porta. Quando ele a abriu um cenário macabro foi revelado. Macabro para mim, que sabia o que se iria passar ali dentro. Depois de entrarmos ele mandou-me sentar numa cadeira. Olhei para todas as seringas em cima da mesa. Eu tinha de arranjar uma maneira de sair dali.
Sem estar a contar a porta abriu-se. Virei-me para trás e o meu coração começou a bater com mais força. A Ava entrou depois da porta se ter fechado. Quando os olhos dela encontraram os meus, ela arregalou-os como uma urgência muito grande. Tal como eu ela estava com as mãos atadas e o seu aspeto era deplorável. Entretanto o Matt voltou-se para nós, soltando uma gargalhada.
– Senta-te Ava! – ele ordenou. – Eu vou buscar o vosso almoço. Devem estar cheios de fome. Além disso precisam de energia para o que se vai passar a seguir.
– Harry. – a voz da Ava também estava fraca. Quando ela se virou para mim vi os seus olhos escuros. – Nós te-temos de fugir. O Matt vai matar-te e... e depois... e depois eu vou ficar sozinha com ele. – rapidamente ela desatou num choro profundo.
Queria cala-la de alguma maneira, mas com as mãos atadas eu não conseguia fazer nada. Além disso não estava a raciocinar direito.
– Xiu. – cheguei-me mais para ela. – Alguém pode ouvir-te. – os olhos dela encararam-me.
– Eles vão matar-te Harry. Será que não entendes? – naquele momento talvez eu não tivesse noção total do que se poderia aproximar de nós. Mas a verdade é que eu começava a ficar encurralado dentro da minha própria mente. – O Matt e... e aquele homem que encontramos. – ela disse quando me viu sem perceber a referência a "eles".
Voltei a respirar apressadamente. Nunca me tivera sentido tão fraco. Nem no tempo em que ainda vivia com os meus pais e a falta de comida era escassa. Há quantos dias estaria eu ali? Sem comer, sem beber, apenas num profundo sono causado por alguma substância perigosa.
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Callous | h.s
FanfictionUm mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados: @crystalpale