Callous | h.s

66| Paz

C A P Í T U L O 66

P A Z

O Matt era meticuloso e bem sucedido naquilo que fazia e por isso eu guardava um ódio intenso que tivera aumentado ao longo dos anos. Nunca tinha conseguido destruir uma única coisa que tivesse sido feita for ele. Porém eu não passava e um protótipo dele. Éramos iguais, tínhamos o mesmo objetivo, vingar o que tivera acontecido, tanto no passado como no presente. Porém, naquele preciso momento eu não me queria identificar com aquele homem. Ele estava a um passo daquilo que pretendia, mas eu não iria deixar. E não que aquilo fosse bom ou saudável. Claro que eu não queria que ele tirasse a Ava de mim, mas na realidade eu também não a protegia só por isso.

Seria o meu ódio maior do que aquilo que me fazia aproximar dela?

Não demorou muito para que os restantes pousassem o olhar no mesmo local onde eu e a Ava tínhamos o nosso. A minha tentativa em manter o regresso do Matt escondido tinha acabado de ser um completo falhanço e eu só queria gritar para que todos desaparecessem e me deixassem sozinho com aquele homem. Apesar disso uma parte de mim avisou-me para ir com calma. Afinal de contas não valia mais a pena arrastar os outros para o mesmo lado do barco onde eu estava, ou iríamos cair todos.

Quando todos o encaramos ele levantou uma mão e acenou, sorrindo ao mesmo tempo. Aquele foi o pior ato de provocação que ele poderia ter feito, especialmente naquelas circunstâncias.

A Ava estava tensa e a força exercida na minha mão era cada vez mais forte. Ela estava realmente com medo.

- Podem continuar. Não vim para atrapalhar. – foi com aquela fala que a minha paciência explodiu.

- Tu o quê? – perguntei com o tom de voz baixo. – Como é que é Matt? Repete lá o que disseste.

A mão da Ava puxou-me para trás, juntamente com a do Niall. Preparava-me para me soltar, mas a força do loiro não me deixou. A fúria começou a subir pelo meu corpo acima. Sabia que não era o momento certo para me precipitar, mas não o sabia naquela altura e isso era tudo o que eu queria fazer, precipitar-me e dar cabo do Matt.

- Então, não precisam de ficar tão surpresos por me verem. Aí o Harry não vos tinha dito? – cerrei os punhos. Era aquilo que ele queria, fazer com que todos ficassem a ver-me como o único causador de todos os problemas, quando era ele que os proporcionava.

Olhei para a Ava. Por uma vez, por uma única vez a Ava poderia confirmar as minhas intenções e ver que nem sempre eu mentia e fazia as coisas a meu favor. E talvez eu precisasse daquilo, talvez eu precisasse daquilo para que ela me pudesse ver de outra forma. Mas para quê? Porque queria eu uma coisa que nunca tinha querido outrora?

Ela fazia despertar em mim aquele estúpido sentimento e eu não o sabia controlar. Irritava-me profundamente e deixava-me cada vez mais consumido, com vontade de puxar os meus próprios cabelos e fazê-la desaparecer da minha mente. Porém ela não desaparecia nem nunca iria desaparecer. Ela tinha aparecido e iria estar constantemente na minha mente, mesmo com todos os acontecimentos. Já eu não sabia se iria ser sempre lembrado por ela.

- Tu sabias que ele estava de volta? – o Niall perguntou, diminuindo a força exercida no meu braço para me agarrar. – Tu sabias e não me disseste nada?

- Ele não fez por mal. – a voz da Ava interviu no preciso momento onde me preparava para dizer algo. – Nós estávamos apenas a tentar diminuir os riscos tendo em conta toda esta situação. – o seu corpo rodopiou um pouco, virando-se para o Matt. – E por favor, vá-se embora e deixe-nos em paz. Como pode ver já não nos pode tirar mais nada. Já estamos demasiado arruinados para tal. – a voz estava a tremer-lhe, mas não era só de medo, era também de coragem. Apesar de tudo ela conseguia ser destemida.