Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

51| Escuridão

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By crystalpale


C A P Í T U L O 51

E S C U R I D Ã O

A primeira coisa que fiz quando parei em frente à porta foi pegar na arma, com a intenção de me defender se alguém lá estivesse. Depois dei um pontapé na porta e rapidamente ela foi aberta, revelando a mesma escuridão que da última vez pairava naquela casa já desabitada e um pouco degradada.

Entrei, percorrendo o espaço devagar.

Não havia maneira de conseguir com que alguma coisa fosse descoberta através do computador e dos dispositivos móveis. Eu não podia denunciar o caso à polícia e também não tinha muito mais pessoas a quem recorrer. Foi então que eu percebi que é nos momentos mais apertados da vida que estamos sozinhos. Não só nesses, mas em todos. Tudo provém de um mero interesse. Inútil, adequado ao engrandecimento das pessoas. Elas queriam crescer, mas eu queria pisa-las e o que é que se pode fazer quando sai tudo ao contrário?

Quando o meu desespero se tornou viral, sem que eu consegui-se com que algo avança-se, o papel que o Carl me tivera dado com o morada antiga dele surgiu.

Talvez fosse absurdo considerar tudo e nada como uma possível pista. Mas a verdade é que tinha de seguir aquilo que tinha, até chegar àquilo que me tinha sido tirado.

O mais provável era não haver nada. O Matt conseguia estar sempre à minha frente. Mesmo que eu tivesse demorado um pouco a entender tal situação, ele conseguia sempre, muito antes do que eu.

Percorri todos os aposentos no andar debaixo e quando não encontrei nada, subi. Estava tudo igual à última vez, por isso o Matt muito provavelmente tivera estado ali. Claro que ele tinha de saber da existência da casa. Se ele estudou tanto o Carl ele tinha de saber todos os sítios por onde ele passava.

- Foda-se. – suspirei e guardei a arma no bolso. – Foda-se. Foda-se. Foda-se.

Encostei-me a uma parede e deslizei até ficar sentado no chão. Cobri a cara com as mãos e rapidamente tudo ficou mais escuro. Escuro e vazio, como eu estava por dentro e como eu iria ficar se não a encontra-se.

Será que ela tinha mesmo de entrar na minha vida para depois sair e me deixar daquela maneira? Afinal de contas eu não dizia que não tinha sentimentos? Talvez eu só os escondesse com medo de que eles fossem descobertos.

O meu telemóvel tocou quando os meus pensamentos estavam a cair num local mais fundo. Tirei-o do bolso e pisquei os olhos quando a luz forte atingiu a minha visão. Deslizei o dedo quando vi o nome do Niall no ecrã.

- Estás muito longe? – ele apressou-se a perguntar.

- Um pouco, porquê? – se não fosse importante eu não iria. Precisava de ficar sozinho. Precisava de pensar e de arranjar uma maneira de acabar com tudo aquilo.

- Chegou uma encomenda para ti. Ela é um pouco suspeita. Eu acho que devias de ver isto.

Levantei-me assim que ele falou. Uma encomenda? Eu não tinha encomendado nada.

- De quem é?

- Não diz. Só tem o teu nome.

- Eu vou já para aí.

Desci as escadas a correr e depois de ter batido com a porta fui para o carro. Adotei uma condução rápida. Aquilo poderia ser alguma pista que me leva-se à Ava. Se bem que o Matt nunca me iria dar uma pista. Ele só queria ver-me sofrer e ficar completamente desnorteado para que eu não tivesse capacidade alguma de chegar até ela e destruí-lo.

Para além da Ava, eu precisava de encontrar também o Carl. Se bem que naquele meio a Ava era a mais importante. Porém o Carl era a peça chave e era através dele que tudo se movia. Mas ele podia já estar morto, e se isso fosse verdade...

Parei o carro no parque de estacionamento e logo corri para a porta, abrindo-a à pressa. O Niall apareceu com uma caixa na mão e logo eu tirei-a para mim.

- Quando chegou? – perguntei examinando-a.

- Pouco antes de te ligar.

Caminhei para a sala e sentei-me no sofá. O loiro fez o mesmo

Podia mesmo dizer que ele já estava loiro e que estava a voltar à antiga pessoa que era. No dia anterior a Ambar pintou-lhe o cabelo e eu arranjei-lhe algumas roupas que não tivessem qualquer cor. Era estranho não o ver a usar preto. Se eu ainda não o conseguia encarar de verdade, então com o cabelo castanho e roupas coloridas, era muito pior. Por isso tive de lhe fazer uma pequena transformação.

- Abre! – ele disse-me com os olhos arregalados, em resposta à minha falta de reação.

Puxei a fita-cola que estava em volta da caixa e logo a tampa abriu. Puxei-a com cuidado. Qualquer coisa poderia estar lá dentro e não sabendo de quem se tratava, era melhor jogar pelo seguro.

Havia um pequeno saco. Peguei nele e depois de tirar o que lá estava, constatei um conjunto de fotografias. Mas não eram apenas fotografias. Eram fotografias da Ava. Fotografias da Ava que o Matt tinha tirado. Fotografias da Ava nos últimos dias em que eu não sabia nada acerca do que estava a acontecer com ela.

- Eu não acredito. Aquele filho da puta. – disse baixo enquanto passava todas as fotografias.

Em todas elas a Ava aparecia, com as mesmas roupas que estava a usar no dia em que desapareceu. Ela tinha um ar cansado e triste. Em algumas os olhos dela estavam fechados, como se ela tivesse sido drogada para ficar inconsciente. Havia um pano preso na boca dela e as mãos dela estava atadas. Tentei procurar sinais de hematomas, mas não vi nada. Porque se eles lá estivessem, o Matt iria pagar por cada um deles, até não conseguir respirar mais.

- Ele está a fazer isto de propósito e eu não sei mais o que fazer. – levantei-me e passei as mãos pelo cabelo em sinal de frustração.

- Tens de ter calma Harry. Havemos de chegar a alguma pista. – o Niall disse.

- Calma? – perguntei retoricamente. – A última coisa que eu posso ter é calma. Nestes dias todos ainda não descobri uma única coisa. Uma única. Eu sei lá o que é que o Matt fez à Ava. Eu sei lá para onde ele a levou. Eu sei lá se ele já a matou.

- Matar não. – tapei a cara com as mãos. – Se ele te mandou isto é porque não a matou.

- Ainda Niall. Ainda.

Voltei a pegar nas fotografias, porém um papel no chão fez-me desviar a atenção. Peguei nele desdobrando-o e lendo o que lá continha.

"Número 50. As respostas a todas as tuas perguntas."

- Eu vou lá agora. – sai da sala, voltando a pegar nas minhas chaves.

- É perigoso. Não podes ir sozinho. – o meu corpo foi impulsionado para trás quando o Niall me agarrou no braço.

- Eu vou e não quero saber. A Ava pode lá estar e o Matt vai paga-las. – soltei-me e quando alcancei a porta abri-a. Porém antes de sair o Niall falou.

- Liga-me quando encontrares alguma coisa. E lembra-te que o prometemos fazer juntos.

Bati a porta e fui para o carro.

O número 50 era um armazém num local abandonado. O Matt usava-o muitas vezes para passar e trocar droga. Eu conhecia aquele lugar muito bem, e naquele momento questionava-me porque razão ainda não tinha procurado nesses locais tão óbvios.

O trânsito estava a aumentar, deixando-me frustrado. Buzinei para todos os carros, ultrapassando-os a uma velocidade elevada. O mais provável era receber uma quantidade de multas devido a todos aqueles dias. Mas eu estava-me nas tintas para o que quer que fosse.

Se o Matt lá estivesse eu iria perder a cabeça. Uma coisa que eu quereria ter feito há demasiado tempo. Aliás, eu deveria. Mesmo antes da Ava ter entrado na minha vida. Depois de todas as coisas que ele tivera feito, eu não percebia porque razão eu ainda continuava tão passivo em relação a tal. Mas depois daquela nada iria ser como antes.

Quando sai do carro olhei em volta para ver se não lá estava ninguém. Com o caminho livre abri o portão do armazém. A luz estava acesa e alguém sentado numa cadeira estava de costas.

Não tardou muito a que o meu olhar ficasse carregado de raiva quando a Savannah se virou para mim com o seu sorriso cínico.

- Bem mandado. – ela disse.

- Eu não posso acreditar nisto. – apertei os punhos em frustração.

Como assim ela tivera jogado daquela maneira? Como assim ela estava naquele espaço?

- Mas acredita, sou mesmo eu. Se quiseres tocar estás à vontade. – ela estendeu um braço para mim.

- Diz-me. – agarrei-a com demasiada força para ver uma expressão de dor na cara dela. – Onde está o Matt?

- Não te vou dizer isso. – apertei-a mais. – Larga-me. Estás a magoar-me.

- Eu não quero saber. – falei alto. – Ou me dizes onde o teu tio está, ou eu mato-te.

O olhar dela ficou estranho. Eu não diria que ela estava com medo. Mas ela estava claramente a tramar alguma e eu não estava a conseguir perceber o que era.

Quando lhe ia voltar a perguntar onde estava o Matt, os meus sentidos começaram a ficar trocados. Senti uma mão a tapar-me a boca e o nariz e depressa caí numa escuridão.


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