Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

48| Fuga

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By crystalpale

C A P Í T U L O 48

F U G A

Mal parei o carro em frente à casa da Ava saí e corri rapidamente para a porta de entrada. O meu dedo colidiu com a campainha, pressionando a mesma por uns breves segundos, repetindo a ação até alguém me ter aberto a porta. A mínima esperança que tinha ao pensar que era ela a fazê-lo, desapareceu assim que vi o Evan. 

– A tua irmã? – perguntei quando o seu olhar se dirigiu para mim.

– A minha irmã está contigo. – ele respondeu devagar. – Ao menos ontem ela enviou uma mensagem a dizer que estava contigo e que não vinha a casa.

Expulsei uma quantidade de ar que estava a guardar dentro de mim. Se a Ava não estava ali, as minhas suspeitas estavam então corretas. Se a Ava não estava ali estava tudo completamente destruido. Eu nunca a devia ter deixado sair de casa sozinha. Eu devia ter ido logo atrás dela. Eu nem devia ter respondido aquela estúpida pergunta dela, que criou uma discussão ainda mais estúpida. Eu devia sim ter mudado o assunto como era habitual fazer.

Ela gostava de mim e eu estava-me nas tintas para isso. Eu queria lá saber dos sentimentos dela para alguma coisa. Eu nem conseguia encontrar os meus, quanto mais lidar com os de outra pessoa, que por acaso dominava a minha mente noite e dia, me fazia ter reações estranhas e não me deixava encontrar explicações e soluções para tal.

– Ouve puto. Preciso que me dês uma lista com todas as amigas da Ava e amigos, se ela os tiver. Toda a gente. – o sangue estava a correr nas minhas veias de uma maneira que era praticamente audível. O meu coração batia descompassadamente e se eu ainda não tinha perdido a cabeça era por algo ainda me estava a segurar, mas que brevemente se iria desprender.

– Amigos? – o ar dele foi irónico. – A Ava não tem amigos. A Ava não fala com ninguém desde que o nosso pai desapareceu. Tu deves ser a única pessoa a quem ela dirigiu a palavra nos últimos anos.

Senti-me a ser engolido por uma bolha. Uma bolha que misturava a culpa com a vontade de desaparecer. A culpa de todos os acontecimentos residia em mim. Qualquer um deles. Eu passava por todos, e só havia uma pessoa a quem eu devia ódio por isso. O Matt.

Porém, o facto daquele nosso passado deixava muitas questões no ar. Seria aquele presente um pagamento em relação às minhas ações do passado? O Matt sempre me dizia que cada um tinha aquilo que merecia. E eu sempre concordei com isso, especialmente quando a pessoa em questão era algo de quem eu não gostava. Mas ali, naquele momento, eu só queria gritar bem alto. Porque eu não gostava nada de ser confrontado com algo que me deixava tão no fundo. Algo que me destruía. E eu já nem sabia se era por mim ou pela Ava. Mas era como se eu estivesse a ganhar consciência para perceber que ignorar o óbvio não é e nunca vai ser uma solução. Ele está lá, e ele estava lá.

Foda-se. – dei um murro na parede em sinal de frustração. Não era possível o que estava a acontecer.

– O que é que se passa Harry? – o Evan perguntou já sem nenhum traço de ironia. – O que é que se passa com a minha irmã?

Não lhe respondi. Não conseguia fazê-lo. Era praticamente impossível. No fundo eu estava a ser um cobarde, mas eu não conseguia fazer outra escolha.

Virei costas e caminhei em direção ao carro.

– O que é que se passa com a Ava? – ele repetiu, mas num tom mais elevado.

– Fica atento ao telemóvel. Só isso. – depois daquelas palavras arranquei em direção ao café do John.

Não queria tirar conclusões precipitadas, apesar de ser óbvio de mais. Porém precisava de ir a mais dois sítios, e a seguir eu poderia sim desejar todo o mal a mim mesmo.

Porque razão as pessoas sentem necessidade em mostrar afeto? Ou que gostam umas das outras? Porque não podem simplesmente ficar caladas? Viver na sua e ficar completamente alheias a qualquer coisa que possa estragar uma vida?

Ter crescido com o Matt fez-me perceber que ninguém gosta de ninguém, e se alguém se dirige a outro alguém, é por puro interesse. As pessoas estão sempre à procura de uma maneira de crescer na vida e para isso usam sempre os outros como meio para atingir os seus próprios fins. Eu fazia isso, constantemente.

Antes de entrar no café peguei no telemóvel e liguei mais uma vez para a Ava, mas foi igualmente sem sucesso.

– Espero que venhas pagar o teu café, porque não admito que saiam do meu estabelecimento com dívidas. – o John virou-se para mim mal entrei.

– Agora não John. – estendi-lhe uma mão para me dar espaço. – Sabes da Ava?

– Tu é que devias saber. Andas sempre com ela agora.

– Sabes da Ava ou não? – perguntei já com um tom de voz mais elevado.

– Não, não sei. Hoje é o dia de folga dela.

Suspirei. Só restava uma hipótese, que nem era algo que eu pudesse realmente considerar como hipótese, porque aquilo seria uma provocação.

– Ela amanhã vem trabalhar?

– Acho que não. Mas espera um pouco. – assenti. – Ingrid! – ele chamou e depressa a Ambar apareceu. – A Ava amanhã vem trabalhar?

– Não, eu troquei a folga com ela.

Foi naquele momento que eu senti uma grande necessidade de partir para um ato violento com quem quer que fosse. Já não havia qualquer esperança. Os pontos ligavam todos. Ia dar tudo ao mesmo. Nada ficava fora do lugar, só eu.

Peguei depressa no telemóvel e liguei para o Niall que só atendeu ao quinto toque, deixando-me num estado de fúria.

– É bom que estejas em frente ao computador. – disse-lhe, recebendo uma resposta afirmativa. – Consegues localizar um telemóvel?

Sim, preciso do número e do e-mail. – talvez ainda houvesse uma réstia de esperança. Talvez eu ainda consegui-se encontrar a Ava a tempo.

– Só tenho o número. Tens de conseguir na mesma.

Dei-lhe o número de telemóvel da Ava e depois esperei e esperei e esperei. Cada vez mais a minha raiva aumentava. Não era só raiva, era uma mistura. Aquilo não podia estar a acontecer. Aquilo não me podia ter escapado.

Saí para fora do café e caminhei até ao carro. A demora do Niall estava a deixar-me com os cabelos em pé.

Não é possível. – ouvi-o do outro lado. Logo a minha postura mudou.

– O que é que encontraste?

Nada. – ele disse. – Aparece como localização desconhecida. Mas não pode ser.

Caralho Niall. Faz alguma coisa de jeito na tua vida. – disse com os dentes cerrados e com vontade de desfazer o telemóvel nas minhas mãos.

Não dá, okay? Não dá! – ele gritou igualmente. – Não está no mapa, ou então o telemóvel foi completamente desfeito, mas mesmo assim... Eu não entendo...

Dei um murro do volante.

O que é se está a passar Harry? Importaste por favor de me explicar esta merda toda? É que eu não estou a perceber nada. – a impaciência do Niall fez-se notar.

A Ava. Eu perdi a Ava.

Dizê-lo custava mais do que pensar para mim. Talvez por ter a consciência de que eu era o culpado.

– Aquele filho da puta do Matt. Ele tem alguma coisa a ver com isso. Eu vou perder a cabeça quando o encontrar.

Hey espera. – ia desligar, mas a voz do loiro travou-me. – Nem penses que vais sozinho.

– Eu vou sozinho Niall.

– Não, não vais. Ou vens buscar-me ou eu vou lá ter. Ainda me lembro muito bem do caminho.

Desliguei o telemóvel. Não podia cair no risco. Não podia cair no risco de deixar o Niall andar sozinho. Tinha deixado a Ava, se deixasse o Niall, então é que estava tudo mais que perdido.

Conduzi até casa e rapidamente o Niall desceu, entrando no carro. Não lhe disse nada. Não estava em condições de dizer fosse o que fosse.

Se calhar. Se calhar eu devia ter respondido igualmente. Mas, eu gostava da Ava? Eu não podia gostar da Ava, aquilo não era gostar. Ao menos foi o que eu aprendi mais tarde, quando gostar dela já não valia a pena. Quando gostar dela era o mesmo que ela sentia por mim quando eu a rejeitava das maneiras que ela possivelmente mais precisava.

Relembrei as palavras do Evan. "A Ava não tem amigos. A Ava não fala com ninguém desde que o nosso pai desapareceu. Tu deves ser a única pessoa a quem ela dirigiu a palavra nos últimos anos."

Eu era a única pessoa com quem ela se relacionava. E era a pior. A pior porque eu sabia de tudo e deixava-a a pensar que parte da vida dela já tinha acabado.

Abri o porta luvas e tirei de lá a arma que andava sempre comigo. O Niall fitou-me.

– Eu não tenho escolha Niall. O Matt ensinou-me a ser assim. – disse-lhe e depois abri a porta do carro.

Guardei a arma no bolso e trepei o muro, tendo o Niall ao meu lado a fazer o mesmo.

Não havia sinais dos homens do Matt. Não havia sinais de pessoas em volta da propriedade, então caminhei até à casa, encontrando a porta aberta. De lá provinha um choro. Encontrei a Savannah sentada no chão.

– O teu tio? – quando falei ela levantou-se, mas ao invés de responder, ela deu um grito.

– O que é que... – ela apontou para o Niall. – O que é que ele está aqui a fazer? Ele não estava morto?

– Não desvies o assunto. O Matt?

– Eu não sei. Eu não sei Harry. – ela chorou mais. – Eu cheguei e estava tudo assim. E o Carl não está lá em baixo. Nem o Carl nem os outros. Não está cá ninguém.

Olhei para o Niall e rapidamente corri para o escritório. Quando lá entrei havia uma quantidade absurda de papeis espalhados e via-se de longe que tinha sido feito de propósito. Olhei então para o placard.

– Diz-me uma coisa. – falei para o Niall, mas ainda a olhar para todos os papeis. – Há alguma probabilidade do Matt saber o que aconteceu no passado?

– Bem, só se ele fez também uma regressão. Quando o teu corpo morre, tu não passas de um esqueleto. Aquilo que fazia de ti vivo, o teu espírito, desaparece e é como se entra-se numa corrida para encontrar um novo corpo. Às vezes porque precisa de completar algo que naquela existência não fez. Mas nunca se lembra do que ocorreu. Porém, quando sentes que conheces alguém ou que já estiveste num determinado local, é como um abanão do passado. Tu não te lembras do que ocorreu, mas de certo modo algo te liga àquilo. O Matt não precisa de passar pela regressão, porque ele, tal como tu, tal como nós todos, tem uma ligação com o passado, mesmo que não saiba o que foi ou o que aconteceu.

Então era aquilo. Então de todas as vezes que eu pensava que conhecia a Ava estava relacionado com aquele passado longínquo.

Virei-me então para o Niall. o meu corpo já estava gelado e era como se nada passa-se na minha garganta.

– Já sei então o que aconteceu à Ava. – disse-lhe com o olhar perdido em algo que eu não encontrava. – O Matt raptou-a...


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