O DELEGADO E O MODELO (Livro...

By KaiusCruz

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Preparem-se pois a segunda parte de nossa surpreendente história de amor vai começar... Preparem seus cor... More

INTRODUÇÃO
PRÓLOGO
CAP.: 01 - ENCONTROS, REENCONTROS E SURPRESAS
CAP.: 02 - CONFLITOS
CAP.: 03 - FILHOS
CAP.: 04 - CONVIVÊNCIA
AVISO DE GRUPO WATSAPP
CAP.: 05 - DESAPARECIDO
CAP.: 06 - APOLLO
CAP.: 07 - OS GÊMEOS E AS AVENTURAS DE BRUNO E FELIPE EM SEXLAND
CAP.: 09 - QUEDA
CAP.: 10 - TROPICAL E EQUATORIAL
BÔNUS : MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO
CAP.: 11 - PARADISE
AVISO
CAP.: 12 - DESAPARECIDOS
CAP.: 13 - DÉJÀ VU
CAP.: 14 - DESAFIOS
CAP.: 15 - CLOSER: PERTO DEMAIS
CAP.: 16 - IMPACTO PROFUNDO
AGRADECIMENTOS
ADQUIRA JÁ SEU EXEMPLAR OU LEIA DE GRAÇA NA AMAZON!

CAP.: 08 - CAVEIRA

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By KaiusCruz




"O desejo pela sanidade tem o poder de corromper nossos sonhos, nossas vontades e promover o medo que sobe das nossas almas e vão até as nossas mentes, nos dominando, nos prendendo e nos fazendo sucumbir diante de nossos medos e angustias... fazendo nos questionar, qual o limite de nossos corpos, de nossas mentes e de nossas vidas... Amar sem limites é possível? É permitido? Ou devemos nos limitar as nossas formas simples de amor? O que define um amor bandido? Quem manda nos nossos corações?"


(Kaius Cruz)




*Por Apollo


            Mas uma vez estou aqui, dentro de um avião, rumo ao estado do Amazonas, mas especificamente fronteira do estado com a Colômbia, país onde eu encontraria um dos bandidos mais procurados no estado do Rio de Janeiro e São Paulo. O famoso Caveira, ninguém sabe como ele é de verdade, seu rosto é uma incógnita até para o serviço de inteligência da Policia Federal, pois sempre que o investigávamos, era sempre a mesma coisa, pegamos o homem errado.

            Já faz um tempo que o ministério público, junto com a policia civil e federal estão organizadas, no sentido de tentar localizar e prender o famoso e ao mesmo tempo desconhecido, traficante de armas conhecido como Caveira.

            Dizem que ele é muito perigoso, que até seus próprios homens o temem. Mas estou despreocupado, pois de acordo com a Interpol, o mesmo fora pego na Colômbia, tentando traficar drogas e armas para o Brasil, através da fronteira do estado do Amazonas. Pelos relatórios que recebi, o mesmo estava trabalhando com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionaria da Colômbia (As FARC), com vistas a negociar e receber armas e drogas, para trazer para o Brasil, mais especificamente São Paulo e Rio de Janeiro.

Quando sai do Rio, deixei correndo o processo de adoção das guardas dos gêmeos, por parte de Lucas e Guilherme, já que a mãe, claramente os abandonou, para que os mesmos não viessem a morrer de fome, para que não passassem necessidades.

Agora estou só aguardando o resultado que receberemos amanhã. Mas já é dada como certo o processo de adoção por parte dos dois.

É incrível como aqueles dois se amam e brigam. Guilherme com seus ciúmes, o que eu não entendo, já que Lucas é o cara mais fiel e dedicado que conheço, e Lucas que busca por sua independência profissional e financeira. Mas no final do dia, bom, no final do dia, toda a casa escuta os dois se reconciliando, já que eles não fazem a mínima ideia do barulho que costumam fazer, ainda bem que o filho mais velho dele parece de alguma forma entender o que está acontecendo e os mais novos, esses são tirados de dentro de casa pela avó do modelo e ator.

E por falar em fama, como Lucas é famoso. Sua beleza me cativou, assim como cativa a todos a sua volta, ele é seguro, firme, integro, humilde e tem um coração do tamanho do mundo, acho que por isso Guilherme, mesmo sendo hétero, se apaixonou por ele, por que ele é uma pessoa incrível.

Confesso que no inicio, assim que nos conhecemos meses atrás, que ele não foi muito com minha cara, e nem eu com a dele, haja vista que ele me viu como uma propensa ameaça a seu casamento, e eu o vi como um usurpador do homem que eu amava.

Pois é, já fazem meses que estou na mansão, enquanto meu novo apartamento não fica pronto, e nesse tempo, já consegui me desvencilhar do amor platônico que sentia pelo delegado, descobri finalmente, que ele nunca será meu, pois seu coração nunca foi e nunca será meu, já que um certo modelo internacional, tomou esse lugar, que de uma certa forma, nunca foi meu, e só estava esperando a hora certa de ser ocupado pela pessoa certa, no caso, Lucas.

Ainda sinto um sentimento forte por ele, não sei se ainda é amor, ou mesmo uma paixão reprimida, mas sei o meu lugar e sei que ele nunca olhará para mim, como ele olha para ele. Guilherme fica com os olhos brilhando quando ele ver Lucas na tela da televisão. Sim, eu já o peguei diversas vezes, assistindo a novela que Lucas está atuando, e é engraçado, já que ele nunca foi de assistir esse tipo de programa. E mais engraçado ainda é que ele fica puto de raiva, quando ver Lucas em alguma cena mais intima, que envolve abraços ou mesmo beijos, já que o personagem dele, é um dos personagens principais.

Pois bem, mas aqui estou eu, faltando apenas algumas horas para finalmente pousar no aeroporto na cidade de Manaus, cansado e ansioso para que isso acabe logo e que esse bandido seja logo preso, sentenciado e preso. Pois quero muito voltar para a minha vidinha, sem graça e sozinho, vendo os outros sendo felizes.

Fiquei pensando na minha vida, na minha família, nos meus novos amigos e na minha vida sem graça. Um promotor federal gay, que é incapaz de se assumir para a família, apaixonado por um homem casado, que até pouco tempo achava que era hétero; com vinte e sete anos e ainda virgem, minha vida definitivamente é um fiasco.

Pensei tanto que acabei caindo no sono...


****


**Algumas horas depois...


- Senhor!! Senhor?! Acorde! Já chegamos! – Senti alguém me chamando enquanto me balançava.

Abro os olhos e dou de cara com um comissário de bordo, ele era lindo. Moreno, cabelos pretos, corpo parecia escultural, olhar marcante, ele era lindo e sem querer falei:

- Eu estou no céu?! Por que se for, você é um anjo!

O comissário, que antes sorria, de repente fecha a cara e fala:

- Tu tá me estranhando cara!? Sou casado! – ele mostra a mão fechada que tinha sua aliança. – Tá pensando que só por que sou comissário de bordo, que sou boiola? Sai fora meu irmão... E vamos descer, que faz hora que o avião está parado! – o comissário que perdeu toda a beleza sai pisando firme, ele estava furioso.

Acho que ele deve tá acostumado a ser confundido com gay, pelo fato de ser comissário e ter que ser muito educado e gentil com as pessoas.

Me levanto de meu lugar e penso: Meu Deus em que nível de secura eu cheguei, dando cantada barata até em comissário de bordo, devo está no fim mesmo!

Desço do avião e sem querer acabo dando de cara com o tal comissário na saída da aeronave. Olho para ele e falo firme:

- Me desculpe pelo engano! Não quis ofende-lo... – abaixo a cabeça e desço do avião.

Já estava quase chegando no saguão do aeroporto quando, escuto:

- Ei!? Senhor!? – não olho para trás, pois estava envergonhado demais e podia não ser comigo. Mas rapidamente sou chamado a olhar para trás, quando de repente sinto uma mão quente sobre o meu ombro esquerdo, olho para trás e vejo quem estava me chamando, era ele, o mesmo comissário que me mostrou o punho fechado mostrando a aliança.

- O que você quer?! – sou ríspido.

- Não quero nada... apenas lhe entregar seu iPhone! O senhor esqueceu na sua poltrona! – ele me mostra meu celular, que ainda estava desligado.

- Ah... sim! Muito obrigado! – pego o celular e saio andando, mas logo sou parado com alguém puxando meu ombro.

Me viro e me deparo novamente com o mesmo comissário.

- Esqueci mais alguma coisa?!

- Não! Só me esqueceu de dizer seu nome! – ele sorria sem graça.

- Para que você quer saber o meu nome cara?! – sou ríspido.

- Ei! Calma ai... só quero saber o teu nome cara! Não quero briga não! – ele rebate.

- Meu nome não é da sua conta! Agora deixa eu ir... pois eu tô atrasado! – saio andando. Ele grita:

- Me desculpa a grosseria, eu me chamo André!

Saio andando e nem dou a mínima para ele. Sigo até o ponto de taxi que ficava logo na entrada do aeroporto, pego um táxi e peço que me leve até a superintendência da policia federal, sigo todo o trajeto em silêncio, pensando na atitude daquele homem, daquele comissário de bordo.

Mas logo saio de meus pensamentos, manifestados pela minha extrema necessidade de fazer sexo e ter alguém ao meu lado, pois o taxista se manifesta:

- Senhor!? Senhor?! Já chegamos! É aqui que o senhor desce! – ele avisa e eu finalmente acordo de meus devaneios.

- Ah! Sim! Obrigado! Aqui está o valor da corrida! O senhor pode ficar com o troco! Muito obrigado!

- Obrigado o senhor! – ele agradece e eu desço de seu carro.

Sigo até a entrada da superintendência, me identifico e logo sou direcionado para a sala do delegado regional.

Entro e o aguardo... e quando ele chega, eis que minha surpresa, não era um delegado, e sim uma delegada. E muito bonita, diga-se de passagem.

- Boa tarde Dr. Apollo! – ela me cumprimenta apertando a minha mão.

- Boa tarde Dra.? – pergunto.

- Paula! Eu me chamo Paula!

- Ah... sim! Mas então doutora, onde está o prisioneiro?!

- Eis aí o nosso problema dr. Apollo! O prisioneiro não está em território nacional e nós ainda estamos esperando a autorização do Ministério da Justiça e de autorização do Itamarati para que possamos entrar com um mandado de prisão em território estrangeiro, já que estranhamente o tal Caveira, possui dupla cidadania.

- Como assim?! Eu não sabia disso!

- Pois é! Ao que parece... ele já foi casado com uma colombiana... e ao que me consta morou lá por muito tempo! Parece que a mulher era uma guerrilheira... mas isso não é de todo, verdade, já que muita coisa sobre ele é formado de histórias que escutamos de outros bandidos ou de relatos, muitas vezes infundados sobre onde e como ele é.

- Não se sabe nada sobre ele?! Quer dizer... uma foto, um vídeo?! – pergunto.

- Infelizmente não... o cara é um mistério? Não está nas redes sociais... e muita gente se faz passar por ele! E se você colocar Caveira no sistema de busca de criminosos da policia federal ou mesmo da policia civil, vão aparecer centenas de homens e até mulheres, com esse codinome... Entendeu a dificuldade de identifica-lo?! Fora que ainda existe, as pessoas que tem esse apelido... – a delegada explica, mas também estava cheia de dúvidas.

- E como vamos fazer para ir até a Colômbia Dra. Paula?! Pois até chegar o mandado de oficio feito pelo Ministério da Justiça, para o pedido de extradição, é possível que ele já tenha fugido! – revelo.

- Pois é ai que o senhor entra meu caro promotor...

- Como assim eu?

- Simples! Você vai para a Colômbia! E como um civil, vai acompanhar de perto, a entrada de Caveira em nossas fronteiras, assim que ele entrar... você dará voz de prisão a ele!

- Mas isso é ilegal?! Como vamos fazer isso?!

- Nós não! Só você e um agente da policia! Nós não podemos ir... mas estaremos a postos no aeroporto, perto da fronteira! No exato momento que Caveira descer do avião, um aparato policial já o estará aguardando!

- Mas por que eu?!

- Por que o processo de prisão e toda investigação, está sendo feita pelo MP do estado do Rio de Janeiro! E você é um dos poucos que tem disposição física para isso Apollo! A PF do Amazonas não pode interferir em território internacional, sob o risco de causar um evento diplomático entre os dois países... Você entende o tamanho da complexidade?!

- Sim... infelizmente sim! Mas quando que eu e o agente vamos?!

- Vai ser uma agente! Uma mulher... ela irá como se fosse sua esposa! Para não dar muito na vista! Entende?

- Entendo... – falo desanimado, pois estava esperando a companhia de um homem, de preferência alto e forte, que pudesse me proteger de um possível perigo.

Meu Deus, por que ultimamente eu só penso em homem? Será a seca? Será meu Deus? Não posso nem pensar em nada, que lá vem o desejo por algum homem... – penso e suspiro angustiado e sou tirado de meus pensamentos, quando Paula fala:

- Vocês saem a amanhã! Agora vá para seu hotel, durma bem e descanse a viagem pode ser longa...

- Tudo bem... Boa tarde! E você já tem meu número de telefone, qualquer coisa é só ligar no meu celular ou lá no hotel que vocês reservaram para mim... Ok?

- Tudo bem! Até amanhã!

- Até!

Sai da sala e logo depois da delegacia regional. Fui até a rua e graças ao bom Deus, logo consegui pegar um táxi, que logo me deixou no meu hotel. A cidade de Manaus é realmente linda, tirando o calor causada pela floresta equatorial, o resto é maravilhoso, cheio de gente diferente, o aspecto indígena de muitos habitantes é fascinante, as cores, a cultura, a forma de falar, tudo no pouco da cultura manauara que pude conhecer me surpreendeu.

Chego ao meu hotel e logo faço meu check-in e sigo para meu quarto. Como vou viajar amanha logo cedo, nem desarrumo minha mala, apenas retiro as roupas que irei usar no hotel para dormi, junto com minhas escovas de dentes, já que essas dada pelos hotéis são péssimas.

Sigo para o banheiro e resolvo tomar um banho frio, para poder acalmar o calor de Manaus, o banho é rápido, pois estava com muita fome e com vontade de dormi um pouco. Saio do banheiro, troco de roupa e resolvo ligar para o serviço de quarto para pedir algo para comer, já que ainda não tinha comido nada. Peço um lanche rápido e leve, que logo chega.

O garçom bate na porta e logo entra no meu quarto, quando me viro para atende-lo eis que me surpreendo... O homem era lindo demais, que garçom lindo, meu Deus! – deixa disso homem de Deus, para de ficar encarando o garçom, que tá ficando cada vez mais estranho.

- Senhor?! Senhor?! A comanda?! O senhor tem que assinar a comanda!

Eu estava completamente extasiado, mas logo os chamamentos do garçom, me fizeram vir a tona.

- Ah sim! Me desculpe...

- O senhor está bem?! – ele pergunta.

- S-sim! – gaguejo.

- O senhor tem certeza?!

- Onde eu assino?! – pergunto nervoso.

Aqui senhor, ele fala e se aproxima de mim. Puxo a comanda rapidamente, assino e a devolvo a ele.

- Pronto! Aqui está! – falo suando e nervoso.

- O senhor tem certeza que estar realmente bem?!

- Estou sim! Muito obrigado!

- Tudo bem senhor! Tenha uma boa tarde! – ele pega a comanda assinada e sai, fechando a porta logo atrás de si.

Me sento, e como estava muito nervoso, logo começo a comer, terminando rapidamente meu lanche.

Com a imagem do garçom, do comissário de bordo acabei dormindo...





****


**No outro dia pela manhã...


Me acordo atordoado com o telefone tocando na cabeceira da cama do hotel onde eu estava hospedado, o quarto era muito bonito, bem decorado com motivos clássicos e ao mesmo tempo que misturava toda a exuberância da região amazônica.

Ainda dormindo, pego o telefone e falo:

- Alô!? Quem é!?

- Acorda Apollo! Já são mais de nove e meia! E você está atrasado!!!

- Oi?! Como?! Onde?! – dou um pulo da cama e olho para o relógio no visor de meu celular.

- Sim! Aqui é a Paula! E você tem menos de dez minutos para pegar todas as suas coisas e descer aqui nesta recepção!!! Anda Apollo, o pessoal já tá na pista esperando por você!!!

- Tá certo Paula! Me desculpe! Até mais! – corro até o banheiro, escovo os dentes, tomo um banho bem rápido para espantar o sono, visto uma calça jeans que fica apertada em meu corpo, coloco meus itens de higiene pessoal na mala, onde também carregava os meus itens de primeiro socorro, sou sempre precavido e meio desastrado, então sempre andei com uma pequena maleta com pomadas, água oxigenada, esparadrapos, antitérmicos, curativos, band-aids, dentre outros medicamentos para dor e para infecções.

Desci pelo elevador e com a mala nas mãos corro para a recepção, onde Paula já providenciava meu check-out.

- Bom dia Bela Adormecida! – ela sorria. – Dormiu bem?!

- Bom dia Paula! Tudo certo ai!?

- Sim, já paguei tudo! Tem uma viatura esperando você lá fora! Pode ir indo! Sua parceira já está no aguardo!

- Ok! Até amanhã!

- Até! E tome muito cuidado! O prisioneiro tem fama de ser muito perigoso... – Paula tenta me alertar.

- É já me disseram isso...

- Boa sorte!

- Obrigado... eu acho...

Saio do lobby do hotel e logo dou de cara para a viatura da PF, que me aguardava. Sigo até ela e logo percebo a minha parceira, já dentro do carro. Sua cara estava fechada, carrancuda, aparentava ter um 38 anos e era deveras feia, usava um óculos Ray-ban estilo aviador, possuía braços e corpo forte, e quando entrei na viatura, logo pude sentir outra coisa, não muito agradável. A viatura toda fedia a cecê, a sovaqueira tava matando e olhando para o motorista, logo percebi, que o cheiro forte e desagradável não vinha dele, e sim, dela.

- Demorou por que? Tava se maquiando?! – pergunta de maneira grossa e extremamente rude.

- Bom dia para a senhora também! – sou irônico.

- Senhora é o cacete, oh promotorzinho de merda! Eu sou senhorita! Senhorita! Tá me entendendo?

- Dar pra ver... que ainda é virgem... com esse cheiro... e esse humor masculino, quem é que chegaria perto?! – penso alto e ela acaba escutando.

Ela se vira para mim, pois tava sentada no banco do carona, abaixa seus óculos de sol, me olha de cima abaixo e esbraveja:

- Repete o que tu falou! Repete se tu for homem!? – ela sorri irônica e completa – Não tem coragem não é!? Pois nem homem tu é verdade... – ela me olha de cima a baixo e termina – Tu pensa que eu não sei qual é a tua... que tu gosta é de uma piroca grande e grossa no meio dessa tua bunda grande e branquela! Pois é... eu sei! Alias todos na delegacia já sabiam... por isso me colocaram com você, pois os outros policiais estavam com medo de serem atacados por você no meio da floresta... Seu veadinho de merda!

Depois daquela resolvi ficar calado, baixei a cabeça e me resignei a minha insignificância.

- Muito bem! É assim que gosto de ver... caladinho...

- Toca esse merda Haroldo! Temos que pegar um avião ainda porra!! – ela esbraveja com o outro policial que estava ao volante.

Logo o carro sai e eu resolvo ligar para Guilherme:

- Alô!? Guilherme?!

- Sim! E ai Apollo... como tá Manaus?!

- Nada bem... – suspiro.

- Ainda não encontrou nem um indiozão gato para te agarrar macho velho?! – Guilherme com suas brincadeiras de sempre.

- Guilherme!!! – ele repreende o amigo que dava altas gargalhadas.

- Mas diga ai... já conseguiu prender o Caveira?!

- Não! Ele ainda está na Colômbia, quer dizer... na fronteira, numa cidade próxima da fronteira com o Brasil! Estamos indo para um aeroporto, para de lá pegar um avião que nos levará até essa cidade...

- Ah sim... eu entendo... Mas por que você tem que ir junto?!

- Por que é uma operação não oficial... estamos indo para o outro pais a paisana, para não chamar a atenção de narcotraficantes e nem causar um evento diplomático constrangedor... você sabe... nós estamos passando por cima da soberania de outro pais...

- Mas você tá indo com algum tipo de escolta?! Certo?!

Olho para a candidata a sapatona caminhoneira, suspiro profundamente e respondo:

- É tenho... sim! Só espero que ele não me mate durante a operação...

- Então é ele?! É um cara?! – Guilherme pergunta brincalhão.

- Não exatamente, mas tá quase isso... um cara! – suspiro novamente.

- Como assim?!

Apollo ia respondendo o amigo, quando de repente a mulher o chama:

- Ei! Larga o celular loira! Já chegamos! E pega tuas malas, que eu não carrego mala para ninguém!

- Depois te ligo Gui! Tenho que ir agora! Ok?!

- Ah sim! Boa sorte ai meu amigo!

- Valeu! Até mais! – desligo a chamada e vou para trás da viatura, pegar minhas malas, era duas na verdade, uma grande com as roupas e a outra com meu material de higiene e os primeiros socorros.

A minha parceira pega a mochila dela, olha para minhas coisas e resmunga:

- Tu vai levar isso tudo?

- Sim!

- Mas para que isso tudo hein!? Nós voltamos no mais tardar depois de amanhã, isso se acontecer algum imprevisto... Mas comigo ao seu lado, pode ficar tranquilo, protegerei essa sua bunda gay e branca, não vai acontecer nada!!! – fala e dar dois tapões fortes em minhas costas, quase me derrubando. Olho para ela e pergunto:

- Ei!? Por que você me chama de gay!?

Ela me olha de cima a baixo, sorri, levanta os óculos, se aproxima lentamente e fala:

- Hum... deixa eu ver... Roupa alinhada demais, cabelo cortadinho e bem penteado, sobrancelha feita, perfume marcante, sapatos muito lustrados, pele hidratada, mãos finas, unhas feitas, anda rebolando, fala manso demais e posso apostar como depila as pernas e a bunda?! Estou certa?

Não falo nada... pois de fato ela estava certa em absolutamente tudo! Eu sempre detestei pelos pelo meu corpo, então sempre que posso vou a um salão especializado e retiro tudo! Ficando lisinho...

- Viu! Quem cala consente! Por isso acho que você é bicha! Mas fica tranquilo... não tenho preconceito não!

Estava furioso com os comentários homofóbicos dessa sapatona fedorenta, mas minha timidez e meu medo de apanhar dessa policial metida a caminhoneira, estava me assustando. Então resolvi relevar, peguei todas as minhas coisas e quando olhei para o local que deveria ser um aeroporto, fico abismado com o que vejo, então pergunto:

- Onde estamos?! Não deveríamos estar num aeroporto?!

- Já estamos no aeroporto inteligência rara! – a sapatona fedorenta fala sarcástica.

- Mas e cadê o nosso avião?!

- Você está olhando para ele! – ela fala apontando para um avião monomotor, que deveria ser do inicio do século passado e que mal cabia o piloto e o copiloto.

- Mas isso ai não é seguro! Eu não entro ai nem a pau! – me viro para voltar para a viatura, mas logo percebo que ela já tinha partido, já ia bastante longe. Me viro de volta e vejo a policial caminhoneira colocando as minhas malas dentro da aeronave, se é que aquilo podia ser chamado de aeronave. – penso comigo.

- Vamos logo frutinha! Se não eu te jogo aqui dentro a força!

- Quem vai pilotar essa coisa?! E será que esse aviãozinho consegue chegar até a Colômbia inteiro?!

- Quem vai pilotar é o Caramuru, um parceiro meu de confiança! E não se preocupe, ele tem mais de quarenta anos que ele pilota essa belezinha... – ela dar uns tapinhas na carcaça enferrujada do pequeno avião, que o faz soltar uma espécie de ruído. Fico deveras preocupado.

- E cadê esse Caramuru?!

- Já tá lá dentro, botando a Jurema para esquentar os motores!

Ela aponta para dentro do avião e percebo um senhor com características indígenas marcantes, olho para ele e logo ele também me olha e depois sorri, gritando:

- PESSOAL VAMO BORA, QUE A JUREMA TÁ LIGADA!

- Vamos seu promotor fresco!

- Se você não parar com esses apelidos de péssimo gosto eu vou te dar voz de prisão policial! – tento ameaçar. Ela sorri debochada e pergunta:

- E quem vai me prender, me algemar?! Você?!

- Sim!!! – falo inseguro.

- Chega perto de mim com essas mãos finas e toca nas minhas algemas que eu quebro os seus dois braços! Tá me ouvindo!

Fico calado e parado com ela me encarando brava. Até que ela sobe no avião e grita:

- ANDA, E VER SE MEXE ESSA MALDITA BUNDA GAY! NÃO TEMOS O DIA TODO NÃO!

Saio as pressas em direção ao avião e logo já estamos levantando voo. O avião tremia e as vezes rangia forte, eu claro, estava tremendo de medo, daquele negócio cair ou explodir no meio do nada, no meio daquela floresta imensa e desabitada.

- Você tem certeza que esse negocio é seguro?! – pergunto nervoso.

- Escuta aqui Doutor Apollo de merda, que gosta de dar bundinha... Se um dia essa merda cair, quero tá dentro dela... Então para de reclamar e cala essa merda que tu chama de boca!!! – ela grita.

Não falo nada, encosto minha cabeça no vidro do monomotor e olho para fora, e mesmo com os solavancos do pequeno avião consigo relaxar e finalmente posso admirar as belas paisagens formadas pelas nuvens e pela imensa floresta, estava logo abaixo de nós. Fico a pensar, na paisagem e sem ao menos perceber, começo a pensar no tal Caveira, o prisioneiro, que eu e minha "colega" de trabalho estávamos indo buscar. Seria ele tão perigoso, como Fernandão, pai de Lucas, havia me informado? Mas não importava mais... ele estava detido, preso, e voltaria preso para território nacional, onde eu mesmo lhe daria voz de prisão... – pensava até que de repente pensei: - Seria ele um homem muito velho? Seria ele forte? Fraco? Seria ele um homem bonito? Mas será... ele poderia ser uma mulher? Não! Ele é um homem! Será que é bonito?! – me peguei me interrogando – Para de pensar tanta besteira Apollo! Se concentra na missão! – eu tentava repreender minha própria consciência.

E a viagem acontecia... até que finalmente, cai em sono profundo....


****


- Acorda!!! ACORDA!!! – escutava alguém gritando longe. Estava no meio de um sonho maravilhoso.... Sonhava que estava no meio da floresta Amazônica, perdido, mas estava feliz, pois estava vivendo com o amor da minha vida, com o homem que sempre amei... era estranho, pois não conseguia vê-lo, não sabia qual era seu rosto, mas sabia, sentia, que ele me amava... no meu sonho ele era um homem muito alto, forte, com pernas e braços forte, ele me protegia dos perigos da imensa floresta e me aquecia nas noites que fazia frio... eu dormia em seu peitoral quente e forte, e ele me abraçava forte, como se eu fosse parte dele...

- SE TU NÃO LEVANTAR ESSA BUNDA GAY AGORA APOLLO... EU JURO QUE VOU TE JOGAR PARA FORA DESSE AVIÃO!!! – A policial metida a caminhoneira me balançava, até que a infeliz, conseguiu finalmente me tirar do meu doce e perfeito sonho, com o homem da minha vida.

- O que é que você quer sapatona nojenta?! – pergunto furioso e ainda dormindo.

- DO QUE TU ME CHAMOU?! REPETE SE TU FOR HOMEM!!!

Ela termina de gritar e logo depois eu dou um sobressalto, batendo com a cabeça no teto do avião. Olho ao meu redor assustado e logo percebo que já estamos no chão, mas o local eu não reconhecia direito.

- Já chegamos senhor! – quem fala é o piloto velhinho.

Desço do avião e logo sigo para onde estava minhas malas, mas quando ia pegá-las, eis que a maldita policial, que não fazia questão de perguntar o nome, fala:

- Pode deixar ai! Só viemos pegar nosso prisioneiro! Vamos pegá-lo e vazar!

- Como assim?! E os protocolos de extradição?! Nós não vamos espera-los?

- Não! E é por isso que viemos em avião, em um voo não oficial! – ela responde.

- Como assim?!

- Esse avião que nós viemos, não aparece nos radares e nem estar seguindo um plano especifico de voo!! Por isso que estávamos voando tão perto do solo, para que ele não fosse pego nos radares do exercito brasileiro... se fôssemos pegos, teríamos sido abatidos no próprio ar! – ela fala de modo lacônico, como se estivesse cansada ou pouco interessada em explicar aquilo tudo.

- Mas não é a Interpol que está com o prisioneiro? – pergunto curioso.

- Era... agora o prisioneiro está em local seguro, com um pessoal nosso! – ela afirma.

- Como assim... um pessoal nosso?! – pergunto sentindo um leve arrependimento, um certo receio na minha fala, como se fosse descobrir algum tipo de crime.

- Vamos! Cala a boca e me segue... temos que ir pegar nosso pacote...

Não falo nada, apenas resolvo seguir seus passos. Andamos até uns carros, que já nos esperavam ali. Pareciam viaturas, mas era viaturas! Minha parceira olha séria para mim e depois para um homem vestido de policial e parece conversar com ele em outra língua, acho que era espanhol.

Eles conversaram muito, conseguia ouvir algumas coisas, até que o homem sai de perto dela e vem até mim, e em bom português, fala:

- Você é o promotor federal do seu pais?!

- Sim! Sou eu mesmo... por que?!

- Perfeito! Preciso que o senhor por favor me acompanhe até meu carro... preciso que assine os papeis da extradição! – falava seguro de si. O policial era um homem de aproximadamente seus quarenta e cinco anos, tinha cabelos meio grisalhos e falhos, quase careca. Sua barriga era protuberante e sua expressão dura, carrancuda.

Sigo-o até sua viatura, onde ele fala com outro policial, que logo lhe entrega uma espécie de prancheta, ele a pega, se aproxima de mim, me entrega e fala:

- Assine na linha pontilhada, uma assinatura para cada folha! – aponta na prancheta. Era quase fim de tarde, mas dava para ver o documento, com selos da Colômbia e da Policia Internacional.

- Aqui!? – pergunto.

- Sim! – ele confirma.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro! – foi firme.

- Por que esse procedimento... para a remoção do prisioneiro... por que não usar de meios oficiais?!

- Simples! Este meu país não é o pais mais oficial do mundo meu caro promotor... Esse país ainda é controlado pelos narcotraficantes, e eles estão em todos os lugares aqui, inclusive nos tribunais... e até mesmo na policia... então ninguém é de muita confiança, além de mim e de meus poucos parceiros, que ainda tentam trabalhar dentro e de acordo com a lei...

- Mas por que a falta de protocolo com esse prisioneiro em questão?!

- Por que ele não pertence a esse país... e vamos dizer que ele é procurado não só no seu país... Ele também é procurado aqui também, e o pior pela pior forca policial que um homem pode ser procurado em toda Colômbia...

- Ele é procurado por quem?! – pergunto curioso.

- Pelas Forcas Revolucionaria da Colômbia, a As Farc!!

- Sério!? Mas por que?!

- Sinceramente... Eu não faço ideia do que ele fez... Só sei que deve ter sido algo muito grave, pois ele mesmo resolveu se entregar na Interpol junto com o filho!

- FILHO!? – Grito surpreso.

- Sim! Ele e o filho, serão deportados ... O menino nasceu no acampamento a As Farc, mas de fato é filho dele... parece que ele teve um caso com uma das guerrilheiras, e ao que me consta, a mulher morreu logo depois do parto, devido a complicações...

- Como você sabe que essa criança é de fato o filho dele?! Como sabe que ele não o está sequestrando?! – pergunto confuso.

- Primeiro, que o garoto é a cara dele, segundo, ele tem um registro de nascimento, terceiro, o menino o chama de pai e não larga dele, e por ultimo, e não menos importante, tem o exame de DNA, que fizemos as pressas, que comprova a paternidade e a consequente dupla personalidade do menino. Entendeu?!

- Mas como nós vamos fazer?! Digo... com esse garoto?!

- Olha promotor... o que vocês vão fazer eu não sei... e também não me interessa! Só sei de uma coisa, se ele ficar aqui, vai ser morto... morto da pior forma que um garoto como ele pode ser...

- Como morto!?

- Ele é filho de um desertor... de um traidor das forças revolucionarias... então, se eles não conseguirem pegar o pai, com toda certeza eles pegarão o garoto e o farão pagar pelos crimes e erros do pai! – o policial falava com veemência e certeza, que até me arrepiei.

- Certo! Mas e os documentos do garoto?! – pergunto.

- Acho que está com o pai dele na viatura...

- Como assim na viatura?! Ele já está aqui?! – pergunto abismado.

- Está sim! E quanto mais tempo ele passa aqui, em solo Colombiano, mais perigo, ele e o garoto passam... Então por favor... assine logo essa merda e pare de fazer tantas perguntas! Pode ser!?

- Tudo bem... eu assino... mas... mas...

- Deixa de besteira homem de Deus! Assina logo essa porra... que aqui no meio desse descampado está todo mundo correndo risco de vida!!!

- Tá! Tá bom.... – falo exasperado e olhando ao redor. E de fato agora é que tinha percebido, estávamos no meio do nada, só tinha a pista clandestina de pouso, as viaturas e o avião monomotor que viemos e que provavelmente voltaríamos.

Assino todos os documentos, olho para o homem e pergunto:

- Onde eles estão?!

Ele aponta para uma das viaturas e fala:

- O pai e o filho estão na segunda viatura! A que está cercada pelos meus homens!

- Mas para que tantos homens?! – perguntei curioso.

- Você vai ver o por que de tantos homens... já! Já vai ver o motivo... – parecia misterioso.

Seguimos até onde estava a viatura, ele acena com a cabeça para um dos policias, que abre a porta da viatura. Lá de dentro ele retira um menino, parecia ter uns treze ou quatorze anos, era meio magro, mas bem alto para sua idade, parecia muito zangado, com a cara fechada, estava com as mãos para trás e logo eu descobri o motivo, ele estava algemado.

Logo depois o mesmo policial grita em espanhol:

- SAIA DA VIATURA LENTAMENTE! COM CALMA!

Logo depois que ele termina de gritar... Eis que o homem começa a sair da viatura, e quando sai, eis que sua presença, faz com que minha fala se esvaia, desapareça... ele era imenso, quase um gigante, não, não... ele era um gigante literalmente falando. Acho que caveira media uma altura média de dois metros e doze centímetros, ombros muito largos, braços extremamente fortes, pernas e peitoral grande, que ficavam extremamente apertados dentro daquela camisa regata cinza, só sua calça parecia ficar solta em seu corpo, mas mesmo assim, dava para perceber, o quanto aquelas pernas eram grossas, ele deveria pesar uma média de cento e trinta a cento e cinquenta quilos, tudo bem distribuído em muitos músculos, o cara parecia uma versão brasileira do Rambo, quer dizer, ele era até muito parecido, os cabelos pelos menos era um pouco grande assim como no personagem do filme. Seu olhar e seu rosto quadrados era extremamente marcante, olhos pequenos e a barba por fazer, tornavam sua aparência cada vez mais provocante, hostil, cara de homem mal, de homem perigoso e daquele tamanho e altura, finalmente pude entender o motivo para tantos homens ali presentes, pois seria difícil para um único homem domina-lo, em caso de resistência.

- Vamos Major Caveira! Ande! Não temos o dia todo e já está anoitecendo! – fala o policial de forma ríspida, me tirando de meu momento de devaneio gay. Nesse momento percebo algo que ainda não tinha percebido, o tal Caveira estava me olhando dentro dos olhos e dava um sorrisinho sacana para mim, outra coisa que me chamou a atenção fora o fato de terem chamado de Major.

- Escuta... por que chamaram ele de Major Caveira!? – pergunto curioso.

- Não sei exatamente e como disse nada mais me interessa... agora ele está sob a jurisdição de seu país! Temos que ir embora! – chefe da guarda fala meio que aliviado, como se tivesse tirando um piano de suas costas.

- Vamos Major Caveira! Anda! Entre naquele avião! – a minha parceira fala.

- E meu filho?! – pela primeira vez percebo ele falando, sua voz extremamente grossa, parecia um trovão, mas ao mesmo tempo ele parecia preocupado.

- Não se preocupe Major Caveira... seu filho irá conosco! – falo, mas logo sou interrompido.

- NÃO! NÃO! ELE NÃO PODE IR... PESADO DEMAIS! O AVIÃO VAI FICAR PESADO DEMAIS... NÃO VAI LEVANTAR VOO... – o piloto velhinho falava alto.

- Como assim meu filho não pode ir?!! – Caveira pergunta nervoso, parecia que ele iria conseguir quebras as algemas apertadas em seus pulsos.

- O avião não suporta mais que trezentos quilos! Fora que ele é imenso, não tem mais espaço para ninguém! Teremos que fazer a viagem toda no aperto... além do mais, alguém vai ter que se apertar la na parte de trás! – revelou o piloto.

- Se meu filho não for comigo.... eu não vou! – de repente Caveira trava no local onde ele estava. Sua expressão era severa e ao mesmo tempo preocupada.

- Ah você vai sim! – fala a policial federal que me acompanhava.

O filho correm em direção ao pai e em espanhol grita:

- PAPA! PAPA! EU NÃO QUERO FICAR SOZINHO!!! – O menino alcança o pai e este o tenta abraçar, mas não conseguem, já que ambos estavam algemados, mesmo assim um colocou a cabeça sobre o ombro do outro, simulando uma espécie de abraço entre pai e filho. A cena toda era particularmente comovente para mim, que sempre sonhei ter um filho, assim como Lucas e Guilherme, com a diferença de que eu não queria ter uma penca de filhos.

- Eu não vou deixa-lo, não se preocupe! – ele olha para mim muito sério e ignorando os outros dois policiais vem pisando forte até mim, e mesmo com as mãos algemadas ele me segura pela gola da camisa me levanta e fala, praticamente gritando:

- Você! Você é o chefe aqui! Quero que meu filho vá comigo! Tá me entendendo?! – ele esbravejava.

Olho para o piloto e muito preocupado pergunto:

- Não tem mesmo como ele ir?! Digo o garoto?!

O piloto não responde, apenas meneia com a cabeça dizendo que não.

- Sinto muito Caveira... mas não podemos! – sou reticente, pois não estava contando com um pacote extra na bagagem.

- Mas como não!? Ele é meu único filho! Minha única família! Ele só tem a mim nessa porra de mundo... ele não pode ficar nesse país sozinho, eles o matariam! – ele estava agoniado, preocupado demais com a situação de seu filho.

- Ponha o promotor no chão! Agora! – ordenava a policial que me acompanhava, apontando uma arma para a cabeça dele.

- Se não o largar agora, eu juro que estouro seus miolos agora mesmo e seu filhinho ficará aqui e sem pai! E ai?! A escolha é sua!?

Ele não diz nada, apenas me coloca no chão lentamente e logo depois, faz algo inimaginável para um homem daquele tamanho.

Caveira começa a se abaixar lentamente, ficando completamente de joelhos na minha frente, ele coloca as duas mãos, que estavam algemadas, atrás da cabeça, em sinal claro de rendição e com os olhos marejados, começa a implorar:

- Eu nunca me humilhei para ninguém cara... mas hoje eu me humilho... por favor... deixa meu filho, meu único bem, ir comigo para o Brasil... ele não tem ninguém aqui que possa defendê-lo, protege-lo... se eles pegarem ele vão querer se vingar nele... vão torturar meu filho até a morte... Então por favor... não deixe que ele fique... ele é só uma criança... – Major Caveira abaixa a cabeça, ele estava domado, completamente rendido. E fazia até pena, ver um homenzarrão daqueles de cabeça baixa e implorando. Olho para o adolescente e percebo, que diferente do pai, ele parecia está completamente desnorteado, amedrontado e as lágrimas caiam de forma copiosa, desenfreada.

- Tudo bem! Tudo bem ele vai sim conosco!

- Como é que é?! Você tá falando mesmo sério?! – de repente Caveira se levanta rápido e sem que eu ao menos perceba, me abraça forte, me levantando do chão, sinto uma corrente elétrica estranha atravessando meu corpo, quando ele me abraça forte. Nunca tinha sentido isso antes, nem mesmo quando Guilherme me abraçava.

O abraço durou cerca de dois minutos, parecia até que ele tava gostando de me ter em seus braços. Seu cheiro era forte e seu corpo, estava extremamente quente, seu coração parecia uma máquina, de tão rápido que batia no peito. Eu estava tão bem no meio daqueles braços fortes, que nem percebi o tempo ou que tinha outras pessoas presentes ali, até que a chata e estraga prazeres de minha parceira caminhoneira, irrompe meu doce momento com sua voz de homem:

- Desculpa acabar com o momento gay de vocês... mas dá para deixar para se beijarem quando você for fazer sua visita íntima no presidio federal?! Isso tá me dando nojo!

Ela foi grossa e estúpida como sempre. Major Caveira me coloca lentamente no chão e sussurra no meu ouvido:

- Valeu! Só por isso te deixarei viver...

- Como?! – sussurro.

- Nada! Deixa para lá! – ele responde e sai em direção ao filho. Olho para o piloto e falo:

- A garoto irá conosco! E isso é uma ordem direta de um promotor federal... Se o senhor ousar me desobedecer, lhe darei voz de prisão, confiscarei sua aeronave e o processarei por atividade ilegal envolvendo voos não registrados, através de nossas fronteiras! O senhor está me entendendo?! – falo duro e firme pela primeira vez, como se estivesse defendendo os interesses de algum parente meu que amo muito.

Olho para o garoto e depois para o policial federal da Colômbia, então ordeno:

- Liberte o garoto das algemas agora mesmo! Ele é menor, e não pode ser algemado sem que haja uma denúncia formal contra ele! Ande! Faça o que estou mandando!

O policial vai até o garoto e o desalgema, neste momento o menino corre até o pai e o abraça de verdade, parecia muito assustado, e tinha um comportamento estranho, muito infantil para sua idade, muito dependente.

- Mas... Mas... – a policial que veio comigo começa a falar, mas eu me viro para ela e esbravejo:

- JÁ CHEGA DE ME QUESTIONAR SOLDADO! FIQUE CALADA TÁ ME OUVINDO?! E SE CONTINUAR A ME QUESTIONAR OU MESMO A ME OFENDER... VOU COLOCAR NO MEU RELATÓRIO TODAS AS SUAS CONDUTAS E LOGO DEPOIS ENTRAREI COM UM PROCESSO SUMÁRIO DE EXPULSÃO DE SUA PESSOA DA POLICIA FEDERAL BRASILEIRA! ESTÁ ME ENTENDENDO!?

A policial apenas balançou a cabeça positivamente, dando a entender que ouvira muito bem o que eu acabara de falar.

Olho para o pai e para o filho e falo:

- Entrem naquela aeronave agora! E me esperem lá! Tão me entendendo?! – falo muito sério e logo os dois entram no pequeno monomotor. Olho para o piloto e falo:

- Você também! Ande! Vá e ligue logo essa joça, pois não quero perder meu tempo esperando o motor esquentar! Ande!

Ele vai e entra dentro do avião, e logo ouço o motor tentando pegar, mas com certa dificuldade.

- E quanto a você... – me viro para a policial federal – Você ficará, já que é muito pesada! Vá até o avião e retire suas coisas, que não são muitas e aproveite a presença dos policiais colombinos e peça que ele a leve, até um aeroporto, quando você chegar em Manaus vou reembolsar sua passagem! Ok?! Você me entendeu bem policial!? – pergunto firme. Ela parecia furiosa, mas respondeu, mesmo a contra gosto:

- Sim! Senhor... – fala entre dentes.

Ela vai até o monomotor, logo depois volta até onde estou, me entrega uma pistola, um pente extra de balas e fala:

- Caso você precise! E não hesite em atirar nunca... ou então você morre! Tá me entendendo senhor promotor?!

- Tudo bem! Muito obrigado! – peguei a arma e guardei na minha cintura, o pente eu guardei no bolso da minha calça, junto com as chaves das algemas que estavam nos braços do Caveira. Os outros policiais jogaram duas sacolas de viagens no fundo do avião e falaram:

- São as coisa do prisioneiro e de seu filho! Acho que eles podem precisa! – um dos policiais falam.

- Muito obrigado! Adeus a todos... temos que ir! – me viro para onde a policial estava, me aproximo e pergunto:

- Qual seu nome?! Não tinha perguntado ainda... me desculpe... – estava meio envergonhado.

- Andréia... meu nome é Andréia e desculpa ai pelo mal jeito!

- Tudo bem Andreia... Agora me responde uma coisa, se esse voo é sem registro, caso aconteça algo, como nós ficamos?!

- O voo não tá regulamentado, mas segue um plano de voo, que é de meu conhecimento e de conhecimento da delegada Paula, não se preocupe! – ela me tranquiliza.

- Mas e o tempo de viagem, daqui até Manaus!? – pergunto. – É que dormi durante a viagem toda de vinda para cá?!

- São aproximadamente três horas e meia, já que viemos sem fazer escalas ou abastecimentos! – ela responde.

- Pois nos encontramos lá! E você sabe... acho que estaremos seguro... ela não fará nada comigo em pleno ar!

- Mesmo assim cuidado! Qualquer coisa não hesite em atirar... ou então você morre! Tá me entendendo?!

Eu apenas meneio com a cabeça e afirmação e logo vou até o avião, onde pai e filho já estão em seus lugares, quer dizer, Caveira, com todo seu tamanho ocupava sozinho o espaço de duas pessoas e outro espaço era ocupado pelo seu filho. Ou seja, estava sem opções de onde sentar-se e como o lugar, que ficava do lado de Caveira era maior e menos estreito que do lado de seu filho, entrei e me sentei, quase entre as pernas daquele homenzarrão, tentava a todo custo passar o sinto de segurança que sobrava, mas não dava certo, até que sinto um puxão.

- Vem! Senta mais perto! – Caveira me puxa para entre suas pernas e com os braços a minha volta, consegue finalmente fechar o cinto de segurança.

O voo então deu-se inicio, de forma tranquila, graças a Deus. O silêncio e a escuridão pairavam por todo o interior do avião, já era noite e parecia ventar muito, não sei o que deu em mim, no meu corpo, só sei que estava sentido o peitoral extremamente quente de Caveira nas minhas costas, como não podia vê-lo, só senti-lo, não fiquei com tanta vergonha assim, mesmo na penumbra daquela aeronave escura iluminada apenas pelas poucas luzes de comando do avião, eu consegui visualizar o rosto pueril e ao mesmo tempo infantil do filho de Caveira. Então sentido o hálito quente daquele homem forte na minha nuca, viro lentamente a cabeça em sua direção e sussurro:

- Ele dormiu?!

- Sim! – responde seco.

- Qual o nome dele?

- Gabriel! Mas chamo ele de Junior!

- Qual a idade dele... ele parece uma criança mas tem corpo de um adolescente!?

- Tinha treze anos, mas fez quatorze a algumas semanas atrás!

- E a mãe dele? Onde está!? – pergunto curioso.

- Morta!

- Do que ela morreu?!

- De parto! – ele não parecia tão incomodado com o assunto, como se não se importasse muito.

- Você a amava?! Quer dizer... a mãe dele? – pergunto curioso e sinto ele dando uma suspirada forte, como se buscasse por paciência.

- Não! E vamos calar essa boca... tu é muito enxerido! – Caveira me da um sopapo com seu peitoral.

- Desculpa... não queria ser invasivo!

Ele suspira novamente e sussurra perto do meu ouvido:

- Foi mal camarada! E para sua pergunta, a resposta é: Não! Eu não a amava, foi apenas uma foda e ela acabou engravidando... Eu queria me aliviar e ela também, nós fodemos a noite toda e depois ela descobriu que estava grávida depois... pela lei das Forças Revolucionarias ela tinha que abortar, mas eu nunca iria deixar ela fazer isso, ela inda tentou, tomou alguns medicamentos, mas não matou ele não... em consequência meu filho nasceu com uma espécie de deficiência de aprendizagem e de desenvolvimento emocional lento... – ele explica sussurrando nos meus ouvido, sua voz rouca e seu peitoral forte e quente estava me levando a loucura, e a todo momento eu sentia aquela corrente elétrica forte passando pela minha espinha, meu pau tava para estourar dentro da cueca, e minha entrada parecia que queria falar, de tanto que se contraia e relaxava.

- É por isso que ele é tão apegado a você?! – pergunto arquejante.

- Também... mas no fundo, ele sente falta de uma figura materna... uma mãe... – Caveira sussurra nos meus ouvido e logo eu começo a sentir uma protuberância nas minhas costas, era muito quente.

Não podia acreditar que aquele homenzarrão estava ficando excitado, mas resolvi ignorar. Até que ele falou de novo ao meu ouvido...

- Ele só precisa de uma mãe... eu de uma mulher, para me aliviar quando tiver vontade... – Ele termina de falar aquilo e minha respiração já está deveras ofegante, meu coração bate de forma alucinada, até que eu resolvo tomar uma atitude profissional:

- Espero que consiga achar uma mulher para você logo! Mas enquanto estiver preso, seu filho será mandado para alguma instituição, ou para adoção!

Assim que termino de falar, sinto o calor do seu membro, que estava tocando minhas costas se afastando, e logo paro de sentir seu hálito quente que me queimava, voltando a sentir aquele frio característico, de quando estamos voando.

A viagem ocorre durante algum tempo de forma silenciosa, e eu fico refletindo sobre algumas coisas da minha vida, entre elas uma decisão que eu havia tomado, que era a de assim, que eu chegasse de volta ao Rio de Janeiro, sairia para uma balada GLS, iria conhecer um homem bacana e iria com ela para um motel e finalmente perderia minha virgindade, para que só assim, eu pudesse parar de ter e sentir esses rompantes e devaneios sexuais, com todo homem bonito que eu conhecia. E pensando nisso acabei caindo no sono e nos braços do Major Caveira, seu peitoral quentinho, me acalmava e suas pernas grossas ao meu redor, me trazia uma sensação de segurança e proteção, que eu nunca havia sentido na vida.

Foram movimentos involuntários, eu estava tão carente, que nem percebi, quando virei parte de meu corpo para frente do corpo de Caveira, segurei em sua regata cinza e afundei meu rosto no calor e no cheiro inebriante de seu peito, eu sonhei novamente, só que dessa vez, no meu sonho... eu podia ver o rosto do homem da minha vida... e ele era... e ele era... ELE!





*Continua...


Gostou?! Espero que sim!

Peço que gentilmente der seu VOTO, Seus COMENTÁRIOS e que me ajude a divulgar essa, que é a nossa história de amor, sonhos e fantasia...

Convido a todos para conhecer minhas outras obras:

- O DELEGADO E O PRISIONEIRO (LIVRO I)

- O PADRASTO (LIVRO I)

- O PRÍNCIPE E O LADRÃO

- A DAMA E O PEÃO

- AS CRÔNICAS DE RAFAEL


E lembrem-se sempre...

Vocês sabem que me adoram...


Kaius Cruz

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