Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

36| Revelações

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By crystalpale

C A P Í T U L O 36

R E V E L A Ç Õ E S

Aquilo não era uma alucinação. Não era pelo simples facto de que a Ava também estava a ver o mesmo que eu. Era real, e confuso. Não conseguia compreender. Nem sequer conseguia dizer uma palavra ou mover o meu corpo. Parecia que estava tudo a passar-me à frente dos olhos e ou eu agarrava em algo, ou então ia ficar sem nada.

Aqueles olhos azuis claros comprovavam que durante aqueles anos uma mentira dominou-me e fez-me querer acreditar que eu tinha cometido um crime, que eu tinha matado o meu melhor amigo, com as minhas próprias mãos, quando na verdade, nada daquilo tinha acontecido. Mas, mesmo a vê-lo, eu não deixava de estar confuso. Como poderia ser possível? Eu tinha visto com os meus próprios olhos. O sangue à volta dele. Eu tinha visto...

- Harry... o que é que fazemos? – senti a voz da Ava perto do meu ouvido. Não me virei. Tinha medo que aquele corpo à minha frente desaparecesse. Tinha medo que tudo voltasse a acontecer. Que tudo aquilo que eu acreditava que era certo não passasse de uma criação da minha imaginação, que me apunhalava e me fazia crer em coisas impossíveis, mas que na sua realidade eram a mais pura das verdades.

Não havia oportunidade para conseguir formar algo coerente como resposta. Eu estava... completamente sem palavras. Eu sentia-me traído por ver o Niall ali à minha frente. Havia alguma coisa que me garantia que ele tinha grande culpa do que se tinha passado, e que eu tinha sido apenas usado, pelo meu próprio melhor amigo. E isso eu nunca tinha imaginado.

Ele tinha sofrido exatamente o mesmo que eu nas mãos do Matt. Nós éramos os seus bonecos favoritos, aqueles com que ele podia sempre brincar quando se sentisse entediado com a vida. Ele usava-nos e manipulava-nos. Nós fomos comprados por ele como se nos tratássemos de meros objetos. E sem mais nem menos, o meu melhor amigo resolveu aparecer-me à frente, quando eu o tinha matado...

- És mesmo tu? – acabei finalmente por conseguir dizer algo, ainda que a minha voz estivesse demasiado presa no fundo da minha garganta para ser totalmente compreensível.

Tudo o que recebi pela pessoa à minha frente foi um aceno de cabeça.

Aquele não era o meu melhor amigo. Era impossível tal ser real. Não havia mais cabelo loiro. Já estava num castanho deslavado e coberto por um boné velho. As roupas escuras que ele outrora usava tinham sido substituídas por umas roupas com cores monótonas. Ele parecia dez anos mais velho.

- Preciso de te levar para casa. – virei-me finalmente para a Ava. – Eu preciso de perceber o que se passa. – voltei o meu olhar para o rapaz, que não sei se por cobardia, medo, arrependimento, ou o que quer que fosse, ainda permanecia junto à porta. – Só que tu. – apontei um dedo para ele. – Vens comigo, antes que fujas. Precisas de me explicar muita coisa.

Passei por ele e saí, indo diretamente para o carro. Logo a Ava ocupou o lugar do pendura e o Niall o detrás. Fiz inversão de marcha e conduzi pela estrada demasiado concentrado nos meus pensamentos para me preocupar com a velocidade. Num instinto parei o carro. Não me tinha apercebido através do olhar que estava em frente à casa da rapariga que me controlava estranhamente, mas algo dentro de mim tinha-me feito perceber tal coisa. Saí do carro e acompanhei-a até à porta de entrada.

- Promete-me que não vai acontecer nada. – a Ava olhou-me com medo, como se pressenti-se algo. Aproximou-se de mim, como numa necessidade urgente de eu não a deixar.

- Não vai acontecer nada. – eu queria estar firme enquanto àquilo, mas com a raiva que balançava dentro de mim, qualquer coisa poderia acontecer. Porém eu não podia deixa-la no embalo da negatividade. – Não saias de casa sozinha. – olhei-a nos olhos. – Depois eu passo por aqui.

Olhei para trás, apenas para confirmar se o carro não se encontrava deserto. Acabei por deixar escapar um suspiro que nem sabia que estava a conter, quando vi que ainda se encontrava lá dentro e nada se tratava da minha imaginação. Voltei-me para a Ava, que me beijou sem eu estar à espera, mas que eu acabei por corresponder.

- Eu tenho de ir agora. – tentei manter-me indiferente. Se deixasse transparecer aquilo que estava a sentir era mil vezes pior.

Ela apenas assentiu, deixando-me ir para trás, de volta para o carro. Quando entrei não disse uma única palavra. Estava a tentar formular algo para depois o confrontar, mesmo que mais tarde não saísse nada do que planeara. Mas eu tinha muitas perguntas, demasiadas até.

Se ele estava vivo, quem o tinha encoberto durante todo aquele tempo todo? Ele tinha conseguido sobreviver ou tinha sido tudo uma farsa para me fazer acreditar em algo que me iria comprometer para toda a vida? Era uma armadilha para me apanhar? Como é que eu consegui viver tanto tempo com aquela culpa em cima, ao ponto de me querer destruir? Como é que...

- O que é que queres saber? – quando entramos dentro do esconderijo e eu fechei a porta à chave, apenas para salvaguardar a entrada de mais alguém, tendo em conta que já não confiava em mais ninguém, o Niall virou-se para mim como se nada fosse. Como se tudo aquilo fosse algo normal.

- O que é que eu quero saber. – repeti com um riso nervoso. – Tu deves estar a brincar comigo, certo? – passei a mão pelo cabelo em sinal de nervosismo. – Apareces aqui como se nada fosse, depois de eu me ter acreditado que te matei. O que é isto? O que é que tencionas fazer a seguir?

- Isto tem uma explicação. – ele parecia nervoso, mas ao mesmo tempo descontraído, e isso estava a deixar-me louco, porque... Como é que ele poderia agir daquela maneira? Eu olhava para ele e não via absolutamente nada. Nem arrependimento, nem uma ponta de culpa.

Naquele exato momento tive ainda mais certezas de que vimos ao mundo apenas para estarmos sozinhos. Não interessa quem nos trás ou quem nos acompanha. Todos nos deixam e todos ficamos meramente sozinhos. As pesssoas apenas se aproveitam de nós, e quando acreditamos que podemos confiar nelas, somos apanhados de surpresa ao levar com facadas invisíveis mas que doem mais do que as reais.

No entanto nós acabamos por fazer exatamente o mesmo com os outros. Queixamo-nos todos os dias, quando a nossa frustração nos leva a dar a quem não tem culpa, aquilo que nos afeta. É um ciclo vicioso e esse mesmo destruiu toda a minha vida.

- Quero ouvir. Tudo. – encostei-me ao sofá cruzando os braços.

- Muito antes daquele dia... – ele pegou numa cadeira, sentando-se ao contrário. – O Matt descobriu uma coisa, uma coisa que me poderia comprometer, e então passou a controlar-me mais do que aquilo que fazia. Eu tinha uma namorada, que ninguém sabia. – semicerrei os olhos e senti o sangue borbulhar na ponta dos dedos. – Ele já desconfiava há muito tempo daquilo, só que planeou um dia para me apanhar em flagrante com ela. E quando o fez... quando o fez ele pôs tudo em risco e ameaçou-me de que se eu não a deixasse poderia haver consequências muito pesadas, especialmente para ela. Só que eu disse que não o fazia. – os olhos dele viajaram para outro ponto, ignorando a minha figura. – Então ele propôs-me desaparecer de vez com ela naquele exato momento, mas eu disse que não. Que não ia embora sem mais nem menos, sem te dizer alguma coisa a ti. – aquilo só podia ser uma brincadeira. Uma brincadeira de mau gosto. Como podia ele ter sido assim tão hipócrita? – Foi aí que ele teve a ideia do que realmente aconteceu. Ele planeou tudo. Pediu ao Ryan para ir connosco e fazer de conta que era ele que estava a efetuar a troca. Estudou todas as posições. Tu e o Carl eram os únicos que não sabiam de nada. E quando me acertas-te, deste-me de raspão no braço. Aquilo que pensavas que era sangue, era apenas um dispositivo que estava acionado para libertar quando disparasses o tiro na direção do Ryan que acabou por acertar em mim. Depois o Matt desapareceu contigo e eu fugi com a Ambar. Ele prometeu dar-me dinheiro todos os meses, mas há meio ano que deixou de o fazer, e eu voltei.

Eu estava confuso com todas aquelas confissões. Não conseguia formular uma frase coerente para dizer alguma coisa que mostrasse a minha indignação e revolta. Tudo aquilo que eu conseguia era um silêncio arrebatador, para tentar processar alguma daquela informação.

As visões... eram verdadeiras? Eu tinha-o mesmo visto? Porque é que o Matt me fizera acreditar naquilo? Porque é que ele planeou tudo aquilo? Porque é que o Niall concordou ao invés de se ir embora sem me dizer nada? Ele nem me contou que tinha uma namorada. E ele dizia que eu era o melhor amigo dele e eu considerava-o o meu. Afinal de contas aquilo não passava de uma fachada estúpida.

- Fui eu que furei o pneu do teu carro. – ouvi-o confessar. – Mas não era eu quando pensavas que me vias. – senti-me aturduido com aquela confissão. – Eu tenho-te seguido frequentemente. Eu queria arranjar uma maneira de te poder encontrar.

- Porque é que voltaste? – levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro. – Fizeste-me acreditar que te tinha morto. Fizeste-me acreditar que eu tinha disparado contra o meu melhor amigo. Sabes, por acaso, o peso que isso tem? Sabes quantas vezes pensei em dar cabo da minha própria vida por causa de me sentir culpado?

- Eu...

- Tu nada Niall. – respirei pesadamente. – Olha que merda fizeste. Eu era teu melhor amigo e tu fizeste isto. Porque é que não me contaste que tinhas uma namorada? Custava assim tanto? Fizeste-me acreditar que te matei. Passou-te alguma vez pela cabeça como é que eu estava a sentir-me? Sabes o que é acreditar que se fez uma coisa deste género? Pois claro, não sabes. Fizeste tudo nas minhas costas e depois apareces como se nada tivesse acontecido. – a minha voz aumentou à medida que ia falando e tudo o que me apetecia era partir para a violência e descarregar toda a minha raiva.

- É tua namorada?

- Não tens nada a ver com isso. Não és o meu melhor melhor. – respondi ríspido, saindo logo de seguida daquele espaço.


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