Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

27| Confissões

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By crystalpale

C A P Í T U L O 27

CONFISSÕES

Abri a porta do meu apartamento. Precisava de descansar e repor as ideias. Precisava também de dormir umas boas horas e acordar quando o mundo estivesse menos hipócrita, começando por mim. No entanto, se eu pensava que ia encontrar a minha casa tranquila para poder abstrair-me um pouco dos meus pensamentos, eu encontrei a minha casa do avesso. Com tudo fora do sitio. Havia objetos no chão, alguns deles partidos. Havia uma confusão. Todo o espaço gritava a assalto. Porém não havia nada de maior que me pudessem tirar. O dinheiro estava guardado no banco, assim como algumas das coisas mais preciosas. Tudo o que me poderiam roubar eram os aparelhos eletrónicos.

Fechei a porta atrás de mim. Iria mentir se dissesse que não estava com receio, porque eu estava. Aquilo nunca me tinha acontecido e eu podia jurar que tinha alguma coisa a ver com o que estava a acontecer à Ava. Podia, porque também podia não ter nada a ver. Só que às vezes não sabia se aquilo era mesmo mão do Matt. Havia uma boa quantidade de pessoas que me queria ver debaixo da terra. Por isso se me vissem com ela podiam associar algo e usa-la como meio para me assustar. Mas mesmo assim alguma coisa não batia certo. Estavam a acontecer muitas coisas ao mesmo tempo. Pareciam idênticas, mas ao mesmo tempo não.

Avancei. Não havia nada, aparentemente, que tivesse sido roubado. Até que me lembrei da arma que tinha roubado ao Matt. Eu já não tinha posse de arma, por isso tive de a guardar em casa. Corri para o móvel da televisão e abri a gaveta que não estava fechada à chave. A arma estava lá, mas não estava sozinha.

"Usa-a bem antes que alguém o faça por ti."

Era o que estava escrito num pedaço de papel. Letras pretas e carregadas. Senti-me ficar tenso quando li aquilo. Alguém estava atrás de mim, alguém queria que eu provasse daquilo que anteriormente dei a provar.

Sentei-me no sofá e tapei a cara.

Nada estava a correr bem. Ou melhor, nunca nada tivera corrido bem. Eu estava a jogar com mentiras. Perigosas mentiras. Havia uma rapariga que me estava a controlar em todos os sentidos e que eu não queria acreditar em tal. Havia uma quantidade de coisas absurdas. Coisas essas que me levaram à loucura.

***

Caminhei pela estrada sozinho. Não estava a chover, mas estava um terrível frio. Muito mas muito frio que até fazia com que respirar fosse uma tarefa complicada.

Tinha de resolver o problema com o meu carro. Podia tê-lo feito logo de manhã, mas eu queria estar sozinho e poder colocar as ideias no sítio. O que não foi uma boa ideia, porque quando cheguei a casa deparei-me com algo bastante ameaçador. Porém deixei isso de lado um pouco e dormi o tempo necessário para poder ser transportado para outro local. Só que quando acordei a desarrumação ainda lá estava e aquela nota também.

Acabei por sair de casa e lá estava eu, a ir resolver um problema para me deparar logo com outro de seguida.

Quando alcancei o meu lado da floresta, avistei o meu carro e o esconderijo mesmo à beira. Só precisava de mudar o pneu. Podia fazer isso perfeitamente sozinho. E além disso, não era propriamente benéfico levar alguém para aquele lado. Ninguém era de confiança e quem me quisesse apanhar fá-lo-ia rapidamente.

Optei por ir primeiro até ao esconderijo. Tinha uma certa necessidade em fazê-lo. Todo eu tinha uma necessidade em reviver momentos anteriores. Era estranho, mas iria fazer-me sentir um pouco mais em paz. Ou talvez fossem os lábios dela que o fizessem.

Introduzi a chave na fechadura, mas a porta estava aberta. Senti pânico, um leve pânico. Eu tinha-a fechado. Não havia maneira de entrarem lá dentro.

Abri a porta e ouvi um leve choro. Acendi então a luz e vi a Ava deitada no sofá. O choro vinha dela.

- Ava? – perguntei, mas ela não respondeu. Fui então até à beira dela, baixando-me. – Ava.

O choro dela aumentou e aquilo estava realmente a deixar-me perturbado. Era difícil para mim ouvir e ver alguém chorar, talvez por eu não ter chorado desde os meus oito anos.

- Aconteceu alguma coisa? – queria que ela falasse comigo. Precisava que ela falasse comigo. Só que ela não o fazia e isso estava mesmo a deixar-me encurralado. – Alguém seguiu-te?

Se tinham ido a minha casa e se alguém a tinha mesmo seguido, poderia ter sido a mesma pessoa. Mas podia não ter sido e eu já não sabia o que pensar.

- Não. – aquela pequena palavra tirou um grande peso de cima dos meus ombros. Porém ela voltou a calar-se

Vi-me encurralado ali. Não sabia se havia de sair ou de permanecer à beira dela. Se fosse noutra altura eu nem me teria preocupado em perguntar-lhe algo. Só que ela já estava tão presente em mim e eu tão envolvido nela.

- Então o que é que aconteceu? – eu era péssimo em situações como aquela e era mesmo estranho eu estar a tentar algo. – Fala comigo, foda-se. Diz alguma coisa.

Levantei-me passando as mãos pelo cabelo. Ouvi a respiração dela pesada atrás de mim. Quando percebi que ela não ia dizer nada saí e fui até ao carro, preparando-me para mudar o pneu.

Havia hipocrisia dos dois lados. Demorou a compreender, mas havia. E naquele momento era o que ela estava a ser, hipócrita ao ponto de não querer dizer o que se estava a passar, quando eu estava a preocupar-me com ela e talvez desnecessariamente. Mas eu também o estava a ser ao pensar daquela maneira.

Tive de tirar o casaco devido ao calor do trabalho. As coisas não estavam a correr bem, talvez devido à fúria que estava a sentir. Algo estranho que eu não conseguia encontrar explicação, mas que aumentava de minuto para minuto.

Quando terminei o trabalho voltei para dentro para lavar as mãos. Olhei para ela vendo-a sentada. Observei-a a pegar numa caixa de comprimidos e a colocar alguns na mão. Juntei as sobrancelhas ao vê-la.

- Ferro. – esclareceu. – Eu tenho anemia e preciso de tomar isto quando fico nervosa.

- E estás nervosa porquê? – via engolir os comprimidos.

- Problemas com família. Sabes o que é? – mostrou-se revoltada.

- Se a tivesse sabia. – respondi. Não tinha problemas em revelar aquilo que me tinha sido tirado. Não contava a verdade, mas não escondia. Apenas aquilo. – Agora acalma-te aí. Porque se temos um acordo é para o cumprir.

- Acordo? – olhei-a nos olhos. – Que acordo?

- Não queres ajuda? Então facilita e conta o que se passa.

Estava um silêncio intenso no nosso meio. Alguma coisa não estava bem ali. Ela estava muito nervosa e eu também, como se alguém nos estivesse a controlar.

Vi-a escorregar novamente para o sofá e a levar as mãos à cara.

- Quando as pessoas te deixam sem dar uma explicação... – ela engoliu em seco e percebi que estava a falar do pai. – Porque é que não ficaste de manhã?

Fechei os olhos e encolhi os ombros.

- Vem comigo. – disse-lhe e depois comecei a caminhar.

Sabia que ela não se iria contrapor. Ela queria ir. Aliás, ela queria ir desde manhã. Talvez ela se esquecesse um pouco da miséria dela quando estava comigo. Só que eu era uma miséria maior e o portador de uma parte da miséria dela.

Conduzi até casa e guardei o carro na garagem. Esqueci-me da confusão que ainda não tinha arrumado e isso foi motivo da curiosidade dela.

- O que é que aconteceu aqui?

- O mesmo que vai na tua cabeça. Penso eu. – e na minha também. Uma enorme confusão sem saída possível. – Podes subir. Eu vou já lá ter.

Ela assentiu e depois via subir as escadas. Ainda fiquei um bocado em baixo a tentar perceber a necessidade dela de me ter por perto quando anteriormente parecia que me odiava. Aconteceu tudo tão repentinamente que foi difícil de compreender.

- Posso fazer-te uma pergunta? – ela estava sentada na mesma cadeira que da outra vez se tinha sentado quando estivera no meu quarto. Caminhei para a cama e sentei-me.

- Estou a ouvir. – olhei para ela intensamente.

- A fotografia que eu parti a moldura no outro dia. – senti-me ficar tenso. – Eras tu e um rapaz e disseste que ele era o teu melhor amigo. O que é que aconteceu para ele já não o ser?

Ela pressentia. Havia alguma comunicação que a fazia perceber certas coisas. Mas acima de tudo ela era observadora e ela sentiu a minha tensão quando naquele dia me perguntou quem era.

- Eu matei-o.





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