Capítulo novinho,meus amores
Tenham um feliz natal,com paz,alegria e amor.
Enjoy
...
Clarie
Eu não tinha reação.Fiquei parada olhando para o rostinho pálido do meu pequeno.
Meu filho acabara de desmaiar em meus braços.
—Miguel—o Artur deus tapinhas no seu rosto para ver se ele reanimava—Miguel,filho.Acorda.
Artur começou a mexer ele de um lado para o outro.Balançava ele de forma frenética.
—Filho,acorda—minhas lágrimas já estavam caindo livremente pelo meu rosto,mas logo se transformaram em soluços.Eu estava chorando feito uma criança.Pode soar um pouco dramático,mas eu tenho muito medo e nunca passei por isso antes.Sou uma mãe de primeira viagem,e apesar de já ter muito conhecimento materno,eu não esperava que isso iria acontecer nem tão cedo.Tenho muito medo de perder meus filhos-Filho,acorda pra mim.
—Calma,Clarie—Artur continuou a chacolhar o Miguel.Depois de 5 minutos tentando reanimar ele,meu filho finalmente acorda.Ele piscava seus olhos freneticamente devido a claridade.Passei a mão pela sua testa e ele estava realmente pegando fogo.Dava para fritar um ovo.
—Vamos levá-lo para o hospital—Artur pegou Miguel no colo.
Disquei o telefone da Tia Ane—que morava perto daqui—e expliquei toda situação.Ela disse que eu trouxesse a Sofia e não teria nenhum problema.
Artur estava com Miguel no colo e na outra mão segurava uma pequena bolsa azul,provavelmente com algumas coisas que ele colocou e que o Miguel irá precisar.
—Vou indo para o carro—disse.O Miguel estava acordado no seu colo,porém estava tentando manter os olhos abertos.Estava lutando contra o sono.
Eu fui até o quartinho da Sofia,que provavelmente deve estar no seu décimo sono.Peguei-a cuidadosamente e levei para o carro.
Se o seu sonho,meu caro leitor,é ter gêmeos,adianto desde de já que é a coisa mais complicada do mundo,porém gratificante.Imagine só você em una situação semelhante a minha:meu filho doente e minha filha dormindo feito anjo.Ou seja,em cada perna eu tinha um filho.Os dois tem seus devidos banquinhos,mas é realmente desconfortável para dormir.Quando chegamos na casa de Tia Ane,ela já estava na frente da porta,o que facilitou muito.
—Meu anjinho—ela abriu a porta e tocou na testinha.Miguel,apesar de estar muito fraquinho,abriu o o seu melhor sorrisinho—Você vai ficar bem,meu lindo.
Tia Ane pegou a Sofia cuidadosamente e eu fechei a porta.
Eles podem ter 6 anos,mas são magrinhos,e isso facilita pegar no colo levar para aqui e para ali.
—Mamãe—Miguel murmurou com sua voz quase inaudível-Não quero ir para o hospital.
Meu coração aperta ao ver meu filho assim.Nenhuma mãe que ver o seu filho passando por isso.
—Oh,anjinho—acariciei seu rostinho—É melhor você ir para ficar logo bem.
Ele ficou reclamando do frio,mas eu tentava deixá-lo o máximo sem cobertor.Ele usava apenas uma blusa de pijama e um short.Quanto menos roupa,melhor.Quando a Sofia pegou uma gripe a 6 meses atrás,Tia Ane me recomendou colocar uma toalhinha molhada na testa,e eu deveria ter feito isso com o Miguel desde do momento que ele chegou em casa,mas sou extremamente lerda e não pensei logo nessa possibilidade.Neste instante,estou me sentindo uma péssima mãe,não por ter esquecido o que Tia Ane me ensinou,mas por não ter checado antes como estava ele.Miguel saiu do meu carro após ter pegado a Sofia na escola e foi direto para o quarto dormir,eu deveria ter percebido que ele estava estranho,porque depois do almoço ele tirou uma soneca muito extensa,que eu fiquei com medo dele não dormir à noite.E olhe que o Miguel não é daqueles que tem muito sono.Por que não percebi isso logo?
Droga,sou uma péssima mãe.
—Chegamos—Artur falou,e percebo que já estamos na frente da emergência do hospital.Ele pega o Miguel dos meus braços e fomos até a recepção.
Quem me conhece sabe que tenho certos traumas com hospitais,e por isso que nunca pensei em cursar Medicina.Como eu era muito serelepe,vivia no hospital para tratar os machucados que eu fazia.
Quebrei o braço direito duas vezes,torci meus dois pés,cortei o queixo três vezes—inclusive tenho a cicatriz—e já quebrei três dedos.Ou seja,eu vivia no hospital.Meu pai dizia que eu tinha um corpo de ferro,porque tenho uma cicatriz em quase todo canto do corpo e não precisei passar por nenhum procedimento cirúgico.Nenhum.
Tento olhar o mínimo possível para o movimento do local e concentro em fazer a ficha do Miguel.Quando termino,me encaminho para a ala infantil,onde o Artur e o Miguel estão sentandos assistindo algum programa da Discovery Kids.Sento do lado deles,e espero pacientemente o nome do Miguel aparecer na televisão do hospital.
Quando pequena,eu achava um máximo aparecer nessa televisão.Me sentia uma famosa.
Tipo "olha só,meu nome tá na televisão",até eu crescer e perceber que isso era apenas um televisor do hospital indicando que será o próximo paciente.Eu realmente era muito maluca.Depois de alguns minutos,o nome do Miguelzinho foi anunciado e entramos na sala do pediatra de plantão.
Ele era super simpático,parecia que tinha dormido o dia todo e estava no seu primeiro paciente do dia.Era super brincalhão,o que fez com que o Miguel ficasse mais animado.
—A febre dele passou de 40°C?—o médico perguntou.E eu realmente não soube responder-Geralmente,quando uma pessoa fica com febre acima de 40°C e não toma nenhum medicamento ou não trate,é possível que aconteça desmaios ou convulsões.E no caso do Miguel,ele estava com febre e agora durante o turno noturno ele apresentou um desmaio.Mas esse meninão parece estar bem melhor.Tenho quase certeza que isso é apenas uma gripe forte,mas irei passar uns exames para sossegar a cabeça de vocês.
Saímos da sala dele e fomos direto para a área de exames.Miguel fez tudo comportado,e não precisou refazer nenhum,o que é incomum,porque o ele é uma criança que chora até para fazer exame de sangue.O médico confirmou que era apenas uma gripe bem forte e passou alguns remédios.
Saímos do hospital por volta da meia-noite.Eu e o Artur mal conseguíamos deixar os olhos abertos,e o Miguel estava muito exausto.Antes de ir para casa,paramos na farmácia para comprar os remédios.
—Pai,eu quero sorvete—Miguel falou quando o Artur estava saindo do carro.Bom,parece que ele está bem melhor.
—Nem cogite nessa ideia,Miguel—ele disse e saiu rindo para dentro farmácia.
Ficamos em silêncio assistindo Toy Story na mini-televisão do carro.Dentre 5 minutinhos,o Artur voltou e fomos buscar a Sofia na casa da Tia Ane.Como já estava de madrugada,não tinha mais trânsito e as ruas estavam basicamente inabitáveis,tirando aqueles adolescentes que ficam a noite toda perambulando pelas ruas.Muitas vezes fico perdido nos meus pensamentos em relação à esses adolescente que não querem nada com a vida.Nunca fui uma adolescente de dar trabalho com namoro,baladas,festas.
Somente com as pegadinhas.
"Pai,eu não fumo,não uso drogas,não chego em casa tarde,não gosto de baladas,ainda sou virgem,não sou pegadora e você ainda quer me deixar de castigo por 1 mês?"—esse era o único argumento que eu usava.
Muitas vezes me pergunto se esses adolescente tem pai,mãe ou algum responsável por eles,porque por enquanto há vários adolescente estudando madrugadas,existem esses que não querem nada com a vida.
Nunca imaginei que iria dizer essa frase,mas estudem.Estudo é tudo na vida de vocês.
—Clarie—o Artur me corta dos meus pensamentos—Chegamos.
Me dei conta que já estávamos na frente da casa da Tia Ane e ela já estava trazendo a Sofia no colo,que ainda dormia como um anjinho.
Ajeitei Miguel no meu colo e peguei a Sofia.
—Meu príncipe está melhor?—Tia Ane perguntou.Miguel assentiu.
—Queria até tomar sorvete—falei e ela riu
—Mas não pode,né?
Trocamos algumas palavrinhas e voltamos para casa.Artur pegou as crianças—mesmo eu insistindo em levar um dos dois—e colocou cada uma em sua cama.Miguel adormeceu no meio do caminho,porém eu tive que acordar ele para tomar o remédio.Ele já não estava tão quente como mais cedo,mas mesmo assim eu dei todos os remédios que eu o médico recomendou.Prefiro não arriscar e passar por isso tudo de novo.
Deitei ao lado dele na sua cama e esperei ele adormecer novamente.Quando o Miguel estava quase no seu décimo sono,desliguei a televisão do quarto e fui para o meu quarto,na esperança de encontrar o Artur também no seu décimo sono.Porém a cama estava vazia.
Como um ser humano consegue trabalhar a todo tempo?
Andei até o escritório dele,e lá estava o própio.Com os olhos centrados no computador.
—Artur,vai dormir.Você está morto de cansaço—falei,ele parou de olhar o computador e centrou seu olhar para mim.
—Por que você não vai?—ele falou num tom desafiador,dando início a uma discussão.Se ele quer briga,vai ter briga.
—Você passa o dia trabalhando,chega em casa trabalha a todo instante.Artur,você não é de ferro.
—Droga,Clarie,eu tenho o que fazer—ele gritou,se levantando.
—EU TAMBÉM ARTUR,MAS EU ESTOU EXAUSTA E PRECISO DESCANSAR.E VOCÊ TAMBÉM.
—DANE-SE,EU PRECISO TRABALHAR.
Respirei fundo.Não quero mesmo discutir.
—Ok,você que sabe.Trabalho em primeiro lugar,eu sei.
Não espero ele falar mais nada.Sai de lá,percebendo que meu casamento não está dando muito certo.