Apesar de saber que não estava bem para sair, não gostava de saber que a Ana estava sozinha procurando comida pra uma garota que ela mal conhecia. Estava cansada de todos cuidando de mim como se eu fosse uma garota indefesa.
- Me desculpe Ana, mas não posso ficar aqui parada enquanto você sai sozinha por ai. tenho que conseguir procurar comida também!.
Sai pelas ruas falando comigo mesma, as pessoas me olhavam como se eu fosse maluca.... Bom eu estava falando sozinha... talvez eu realmente fosse. Uma senhora me olhava com uma cara de nojo, aquilo realmente me incomodou.
- A madame nunca viu ninguém falando sozinha não é? Até parece que sou louca... eu em!.
Após me olhar da cabeça aos pés e não dizer nada, novamente retruquei:
- Alem de esnobe é mal Educada, me da licença madame.
Ao adianta os passos, minha visão escureceu imediatamente ao ponto que não me segurei e fui ao chão.
Não estava entendendo nada, talvez fosse a fome novamente. então sai a procura, de um lado para o outro a procura da Ana, mas era em vão já que não a encontrava em nenhum lugar.
Após algumas horas de procura, finalmente encontrei alguém que se disponibilizou a me pagar um lanche. e ainda prometeu que me daria outro pra levar para a Ana. era um dia feliz.
- Se continuar comendo assim vai passar mal. Coma com calma, te darei outro para levar a sua amiga.
- Você não faz ideia da fome que eu estava sentindo... muito obrigada é....
- Douglas, o meu nome é Douglas, e o seu gatinha?
- Fernanda!
- Lindo nome... não só o nome claro.
- Você acabou de me deixar sem graça.
- Não tem porque ficar, você é uma linda garota.
- Para! Olha pra mim, estou suja, a dias não me lavo. onde está vendo uma garota bonita?! Você é maluco.
- Suja você está mesmo... e o cheiro não é muito agradável, mas ainda assim é linda... nada que um bom banho não resolva
- Olha foi muito bom te conhecer, mas agora tenho que ir. obrigada Fernando.
- Tudo bem... Tenho que voltar ao trabalho. espere já trago o prato da sua amiga. Mas só te darei com uma condição..
- Estava bom demais pra ser verdade.... Olha nem vem de gracinha cara...
- Calma calma! A condição é que volte, quero te ver novamente.
- Se tiver comida pode ter certeza que volto.
- Vou deixar sempre um prato pra você e sua amiga, não se preocupe. assim poderei te ver todos os dias.
Ele estava dando em cima de mim? era isso mesmo? o que aquele cara viu numa mendiga? não dava pra entender. Peguei o prato e sai para comer em outro lugar, sabia que o Fernando não me deixaria comer em paz. Então me sentei em um pequeno banco na praça para comer antes de voltar.
Mas havia algo errado. A comida estava estragada? Como o Fernando teve coragem de me dar uma refeição estragada, ele pensa que sou quem?! Então me levantei para ir até ele novamente, quando a tontura me pegou outra vez.
Já quase caindo, apareceu um casal e me seguraram, sabiam que eu não estava nada bem.
- Moça o que ouve? você está passando mal?
- Eu...... Não sei! Estou enjoada e muito tonta, Não consigo ficar de pé... Por favor me ajudem...
Então apaguei. Minha visão simplesmente escureceu, e já não via mais nada.
(....) Quando voltei do desmaio. não estava reconhecendo o lugar em que estava. Então comecei a chamar pela Ana enquanto tentava me levantar.
- Calma! Se acalme está tudo bem agora.
Estranhei por não reconhecer aquela voz... Era um homem. Um medico. Eu estava em um hospital.
- Como eu vim parar aqui? O que aconteceu? Quem é você?
- Sou o Doutor Carlos. você chegou a pouco tempo desacordada acompanha por um casal. consegue se lembrar?
- Ah! sim... não muito. mas me lembro de um casal, eles me seguraram para não cair... Mas não me lembro de nada mais depois disso.
- O seu exame fica pronto em alguns minutos, fique a vontade para levantar com calma, tomar uma água... volto logo com o resultado.
- Claro...
O Doutor então se retirou da sala me deixando só. Novamente me peguei falando sozinha.
- Exame? Mas pra que iria precisar de um exame? é só fome, apenas um desmaio bobo... como se eu precisasse de um exame pra saber que estou com fome. Mas faz tanto tempo que não fico em uma cama tão macia quanto essa.... que maravilha.
Passaram se alguns minutos, voltou o Doutor para a sala... ele estava com um sorriso estranho no rosto.
- Não é possível que todos dessa cidade sejam tão mal, a ponto de rir da minha fome. Porque esse sorriso Doutor, não tem graça isso.
- Bom senso de humor o seu. mas estou assim porque já tenho m mãos o motivo pelos seus desmaios e mal estar.
- Foi exatamente o que eu disse... a Fome. a fome de deixou assim.
- Não! É um presente.
- Pela sua resposta não estou doente e nem vou morrer ainda.... Pare de enrolação Doutor, se não é a fome então o que seria?
- Você está Gravida!. de um mês e três semanas. Isso é um grande presente certo?
- Está brincando comigo?
- Não! isso é ótimo, filho é uma maravilha.
- Como assim gravida? Isso não tem graça Doutor Carlos, me diz o que tenho.
- Não estou brincando... mas pela sua reação esse não seria o melhor momento pra se ter um certo? Mas não se preocupe, imagine a felicidade do papai dessa criança..
- Para! Para! está mentido! Por favor me diga que está mentindo, eu não posso está gravida!. tudo menos isso.
- Sei que está surpresa e isso é normal. porque não vai contar a novidade a sua irmã que te espera lá fora. está liberada.
- Irmã?... ANA! Ana está aqui?! Sim, eu vou agora mesmo.
Não esperei o Doutor terminar de falar e sai imediatamente para encontro da Ana. Logo que a avistei, fui em sua direção e lhe dei um grande abraço.
- Ei Fernanda Calma! Está chorando, o que houve?
- Não! Não! Não pode ser Ana, Não pode ser.
- Se acalma e me diz o que houve.
- Gravida Ana, Estou gravida!!!
Ela ficou me olhando sem saber o que dizer. Então apenas me abraçou e me levou para o nosso cantinha na rua. ao chegarmos me deu um pouco de água e sentou-se ao meu lado.
- Gravida! Mas calma isso não é o fim do mundo. Na verdade isso explica muita coisa.
- É claro que é... Ana, olha pra gente. mal sabemos se teremos algo pra comer no dia. moramos na rua, pedimos comida a qualquer pessoa. Uma criança? mal consigo cuidar de mim...Não quero ter que dá essa criança... mas se ficar comigo ela irá morrer de fome.
- Iremos dar um jeito. Eu vou cuidar de vocês... você não está sozinha. iremos achar uma solução.
- O que eu faço?! Uma criança não!.
O que seria de mim sem a Ana? estaria perdida.
Uma criança! Não dava pra acreditar que dentro de mim estava crescendo uma coisinha tão pequena... Uma coisinha minha e do Felipe.....
Como pude ser tão irresponsável!
(....) Era tarde da noite. não conseguia dormir, virava de um lado para o outro. só conseguia pensar nessa criança que gerava em mim.
- Está melhor?
- Sim...
- Percebi que não está conseguindo dormir... Quer conversar?
- Não consigo dormir.. estou tão nervosa.
- Posso te falar uma coisa?
- Claro!.
- No fundo eu já sabia... na verdade suspeitei. apesar da fome você não está tão magra quanto eu... ou o fato de você sempre achar que a comida estava estragada. você estava sempre pálida e fraca... a criança está te sugando. mas você não me disse muito do cara que ama... Ele é o pai dessa criança?
- Sim... ele foi o único cara que me relacionei... Bom, o único que eu quis. o outro detalhe você já sabe. Mas quando me entreguei a ele não passou pela minha cabeça que isso poderia acontecer comigo... Como fui burra!.
- Então Felipe é o pai dessa criança....
- Felipe? Você o conhece? Nunca mencionei o nome dele!.....