Acordei com o sol entrando pela janela do quarto. Soltei um suspiro e ainda com os olhos fechados tentei me levantar da cama, o que não deu certo graças a um braço envolvendo minha cintura. Abri meus olhos lentamente dando de cara com dois diamantes me encarando. Senti meu rosto corar e um sorriso tímido escapou dos meus lábios. Diego estava muito perto, seu cabelo todo bagunçado e sua cara amassada fazia com que ele ficasse ainda mais lindo - como isso é possível? - ficamos alguns segundos apenas nos encarando, até que ele me puxou para mais perto e afundou o rosto na curva do meu pescoço inalando o cheiro do meu cabelo.
- está cheirosa...- sussurrou com a voz abafada pelo meu cabelo - obrigado por me deixar ficar...- completou agora se afastando - e desculpa por aparecer daquele jeito...
- tudo bem - se ele lembra como veio parar aqui, provavelmente lembra do beijo - você lembra de tudo que aconteceu ontem? - perguntei sem conseguir esconder meu interesse.
Diego me olhou pensativo e sorriu logo em seguida.
- acho que sim. Porque? Tem alguma coisa que eu deva lembra? - perguntou com um sorriso provocante.
Por um lado eu realmente queria que ele lembrasse... mas por outro talvez seja melhor que ele esqueça.
Se decida minha filha!
- não - respondi sua pergunta tentando disfarçar minha frustração.
- Sabe Sara.. - ele começou a falar ficando de barriga para cima, Diego botou o braço atrás da cabeça e sorriu olhando para o teto - você beija bem pra caralho - falou e virou sorrindo na minha direção. Não pude deixar de ficar envergonhada. Depois de mais alguns segundos em silêncio, Diego levantou da cama e olhou em volta procurando a sua camisa.
- sabe onde eu deixei minha camisa? - perguntou me olhando, eu nem prestei atenção no que ele estava falando. Minha atenção estava toda voltada para o seu corpo, Diego estava usando apenas uma calça jeans escura que caia deixando toda barra da sua cueca amostra. Essa sem dúvidas é a melhor visão para começar o dia. - quer que eu tire a calça? - perguntou notando meus olhos queimando seu corpo.
- sua camisa está no banheiro - ignorei sua última pergunta e levantei da cama disfarçando o quanto ele me afetava. Mesmo sendo um babaca ele me afetava e com certeza isso não é uma coisa boa.
Diego entrou no meu banheiro e eu passei a mão com força no meu rosto - para de ser tão idiota Sara! - sussurrei comigo mesma.
- você vai para casa? - perguntei quando ele voltou pro quarto.
-não sei - respondeu sem da muita importância.
- seus pais estão preocupados - avisei - e sua irmã fica o tempo todo perguntando de você - contei.
Mesmo trabalho a pouco tempo na casa dos Collins, eu já pude perceber o quanto a Rosa venera o irmão. Mesmo que ele quase nunca esteja em casa, ela fica o tempo todo falando o quanto Diego e "incrível". As vezes eu me pergunto como uma pessoa com uma família como a dele - aparentemente perfeita - com tudo ao alcance das mãos, chegou onde ele chegou.
- olha, eu estou muito agradecido por você ter me ajudado ontem - Diego falou me encarando - pra falar a verdade eu nem sei porque vim aqui. Mas eu não sou problema seu... você é babá da minha irmã Sara, não minha. - e lá estava o idiota grosso de antes. Como ele consegue mudar de fofo gostoso, para grosso gostoso tão rápido?
- você tem razão. Eu sou uma idiota por me preocupar com você - levantei meu tom de voz - estou cansada de receber seus coices Diego! Você aparece na porta do meu apartamento de madrugada sem nem conseguir ficar em pé direito, me beija, passa a noite aqui, e do nada começa a me atacar? Quer saber? Vai pro inferno! - gritei com raiva.
Diego me olhou assustado por alguns segundos, de repente se aproximou puxando minha cintura contra a sua e me beijou. Diferentes de ontem o beijo de hoje foi mais intenso, forte e desesperado. Sua mão direita estava na minha nuca puxando meu cabelo enquanto a esquerda pressionava mais minha cintura contra a dele.
- você me deixa completamente louco garota - sussurrou com a testa colada a minha - é a pior droga que eu já usei - completou fazendo todo meu corpo se arrepia. - minha vida é muito complicada Sara... eu sou muito complicado... não é tão simplesmente quanto você imagina - se afastou e me olhou com um pequeno sorriso no canto dos lábios.
- Então me explica como é. Talvez eu possa te ajudar, eu quero ajudar - supliquei
- não é assim que funciona, minha vida é toda errada. Eu não tenho planos, não tenho nada. Minha relação com o meu pai é a pior possível, perdi as duas pessoas que eu mais amava, tenho a porra de uma doença crônica que mexe com tudo dentro de mim e para completar sou uma merda de um drogado - Diego gritou transtornado - não é justo trazer todos os meus problemas para sua vida! - sussurrou antes de bater a porta com força e me deixar completamente sem reação.
Me joguei na minha cama e fitei o teto branco do meu quarto. O que foi isso que acabou de acontecer?
"perdi as duas pessoas que eu mais amava" - essa frase ficou dando voltas na minha cabeça. Quem são essas pessoas? Uma namorada? Algum amigo? Algum parente? Merda!
Talvez ele tenha razão, o melhor para mim é ficar longe!