Capítulo 19 - O outro lado da moeda

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Diego

Sara dormia profundamente nos meus braços, já eu não consegui pregar os olhos nem por um segundo. Fiquei horas olhando seu rosto, observando cada detalhe, depois de gravar tudo na minha cabeça eu levantei da cama e andei até a escrivaninha do outro lado do quarto, peguei um papel e um lápis e sentei na poltrona de frente para cama. Comecei a desenhar seu rosto, seus lábios, seus olhos grandes e escuros como a noite, seus cabelos caindo no rosto e deu corpo coberto pelo lençol branco. Quando estava acabando escutei o barulho do meu celular, olhei o visor e não conheci o número, tirei o volume e deixei ele de lado voltando a focar no meu desenho. Passaram-se cinco minutos e o mesmo numero ligou outra vez. Suspirei cansado e atendi.

- Alô - falei me levantando da poltrona e vestindo uma cueca para sair do quarto, não queria acordar a Sara com o barulho.

- alô, Diego? - uma voz feminina perguntou do outro lado.

- sim, quem é? - perguntei sem paciência.

- Hanna, irmã da Sara - respondeu minha pergunta me deixando tenso, eu esperaria qualquer pessoa, menos ela. Com certeza ela não ligou para dizer que me ama. - bom, vou ser direta - suspirou - eu fiquei sabendo o que aconteceu hoje, e sinceramente você não é o cara que eu imaginei para minha irmã.

" e que é você para imaginar alguma coisa?" - pensei

- nossa - respondi apenas. Não sabia o que dizer.

- Diego, minha irmã e uma garota de vinte anos, Sara está no começo da vida, ela tem planos, sonhos para realizar e você... Você é um cara cheio de problemas, com uma vida toda errada. O que você poderia oferecer a ela? - perguntou.

Suas palavras me atingiram em cheio, eu pensava exatamente como ela, mas escutar alguém falando era diferente. Eu não podia ficar com a Sara, mesmo que eu a amasse, as vezes só o amor não é o bastante...

- você precisa mandar ela se afastar! - falou.

Se algum dia ela quisesse ir embora eu entenderia, mas eu a mandar ir? Seria como matar o último fio de esperança que me mantém vivo.

- eu não vou mandar ela embora - avisei - porque você não faz isso?

- eu já tentei, ela não me escuta. Por mais absurdo que seja ela te ama – nossa, belas palavras.

- eu prometi que ficaria com ela, não posso fazer isso. Ela vai me odiar...

- ela tentou te ajudar, você falhou! Chega! Você não tem controle sobre si mesmo, quem me garante que minha irmã vai está segura? - perguntou e desligou na minha cara.

Eu joguei meu celular no chão com toda força e me sentei em uma cadeira na sacada olhando o mar e sentindo meu rosto ser inundado por lágrimas. Sim eu estava chorando, esse negócio de que homem não chora só funciona até você perder alguém que ama, e lá estava eu, pela terceira vez.

Fiquei um bom tempo pensado, tentando achar uma solução para os meus problemas, uma solução que não envolva perder a única mulher que amo. Passou-se uma hora e lá estava ela, seus cabelos soltos se moviam de acordo com o vento forte que vinha do mar, seu rosto a amassado e minha blusa cobrindo seu pequeno corpo. Como sempre estava linda, parada na porta da sacada e me olhando com toda atenção.
Puxei ela para mim e a mesma sentou-se no meu colo, ficamos um tempo apenas nos olhando até que finalmente eu tomei coragem e soltei a bomba.

- quero te pedir uma coisa... - sussurrei prendendo uma mecha do seu cabelo atrás da orelha - quero que você vá para o Texas e fique um tempo lá com a sua irmã... - ela me olhou confusa.

- está falando sério? - perguntou segurando as lágrimas.

- por favor, não chora... - pedi secando seu rosto, eu definitivamente odeio ver ela chorando - eu não posso prender você aqui, você é linda, inteligente, qualquer cara teria uma puta sorte de ter você - senti meu estômago embrulhar com essas palavras, eu não queria nem imaginar ela com outro cara. - quero que seja feliz, não importa se vai ser comigo, Apesar de que eu queria muito que fosse - mais mentiras - nunca aceite mais do que você merece...

- chega! - ela gritou me interrompendo - esse é o pior jeito de se terminar um relacionamento - levantou e ficou de costas para mim - você... Você entrou na minha vida bagunçado tudo, e agora... e o pior é que a culpa nem é sua, eu não deveria ter aceitado isso, não devia - falou sem me olhar e uma lágrima desceu pelo meu rosto. Sara entrou e foi direto para o quarto, eu fui atrás e fiquei parado na porta enquanto ela se vestia com pressa.

Depois de me dizer que eu sou o cara mais fraco que ela conhece - o que eu tenho que concordar - eu insisti muito e ela me deixou levá-la para casa. O caminho foi percorrido em silêncio, eu tentava focar na estrada, mas não conseguia evitar de olhá-la, já Sara chorava o tempo todo e eu não podia fazer nada, estava me sentindo o pior dos homens.

Quando eu parei o carro enfrente a casa do meu pai ela soltou um suspiro e abriu a porta pronta para sair, nesse momento eu senti uma necessidade tremenda de dizer uma coisa que eu não sei se vou ter a oportunidade de dizer de novo.

- eu te amo... - sussurrei e na mesma hora ela parou e olhou na minha direção. Seu olhar era o mais frio possível. Quase gelado, como eu prévia ela estava me odiando.

Depois de sair do carro e bater a porta com toda sua força, Sara entrou em casa sem olhar para trás, eu encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos com força. Estava completamente perdido, sem saber o que fazer e foi bem nesse momento que meu celular apitou anunciando a chegada de uma mensagem.

" essa foi a coisa certa "

Joguei o celular no banco com força, estava com ódio, ódio do kaio, da Hanna, do meu pai e de mim. Soquei o volante com toda força e senti minha mão latejar, olhei uma última vez para casa a minha frente e dei partida no carro.

Perdi a última coisa que tinha, agora não tenho nada a perder...

****

Já passava das 6:00h da manhã. Eu tinha passado a noite fora e nem sei como consegui chegar ao apartamento do Luiz. Depois de jogar meu sapato por algum lugar, eu cai morto na cama e quando dei por mim já estava em um sono profundo.

Acordei às três da tarde com Luiz me chamando, ignorante e continuei de olhos fechados, até que a porta do quarto se abriu e o idiota entrou gritando.

- o que foi caralho! - exclamei sem olhá-lo.

- pensei que depois da noite de ontem você estaria mais calminho - zombou - falando nisso, cadê a garota?

- foi embora - respondi apenas

- foi embora? E deixou você aqui? - perguntou confuso.

- ela não foi embora daqui, ela foi embora da minha vida - suspirei passando a mão no cabelo - terminamos.

- terminaram? Mas... Ela não te perdoou? Eu pensei que... - o cortei.

- eu a mandei ir, mandei ela ir logo depois de prometer que ficaríamos juntos - falei sentindo meus olhos marejar.

Luiz ficou um tempo me olhando - como se procurasse alguma coisa - e depois de um longo suspiro ele olhou para o chão e me encarou de novo.

- você está brincando? Porque fez isso? Ontem você parecia tão disposto a fazer ela te perdoar, e agora mandou ela ir embora? - sua expressão era de pura confusão, nem eu estava entendendo o que aconteceu.

Eu estava moreno de ressaca e a última coisa que eu queria naquele momento era falar sobre ela, isso só fazia com que eu me sentisse pior e convenhamos eu já estava me sentindo um lixo.

- olha Luiz - suspirei - eu não estou a fim de falar sobre isso, para ser sincero eu quero esquecer tudo isso. Eu não sou o cara certo para ela, não sou o cara certo para ninguém. Tudo que eu quero é deitar nessa cama, dormir e descansar para continuar vivendo minha merda de viva - sorri sarcástico - o conto de fadas acabou, e infelizmente não teve um final feliz, sinto muito se você foi iludido pela Disney, mas raramente aquilo acontece.

- então é isso? Você está desistindo? Deixando a única pessoa no mundo que faria qualquer coisa para te ajudar? - meu amigo perguntou - cara, ela ama você... - sussurrou a última parte.

Eu também a amo - pensei

- vai ser melhor assim... - sussurrei de volta - me deixa sozinho, por favor - pedi

Ele me olhou por mais alguns segundos e saiu do quarto batendo a porta com toda força, eu passei a mão com força no meu rosto e suspirei. Será que é tão difícil de entender que eu foz isso por ela?
As palavras de Luiz não saiam da minha cabeça, e junto com ela uma dor intensa se estalou no meu peito. Eu perdi a última pessoa que amava, mas dessa vez foi eu que a mandei ir...

A babá (COMPLETO)Where stories live. Discover now