Capítulo 20 - Sem olhar para trás

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Acordei com uma forte dor de cabeça, levantei da cama e me arrastei ate o banheiro, me encostei na pia e olhei minha imagem no espelho. Meu rosto estava inchado - resultado de horas de choro - meu cabelo parecia um ninho de passarinho e abaixo dos meus olhos tinham enormes olheiras roxas.
Soltei um suspiro e peguei minha escova para escovar os dentes, depois de terminar minha higiene bocal, decidi tomar um banho - hoje seria um longo dia - tirei minha blusa e tomei um susto quando vi as marcas da noite anterior, os roxos se espalhavam pelo meu colo, peito e alguns pela minha barriga - como ele conseguiu fazer isso? - fiquei alguns segundos me observando através do espelho e lembrando da nossa última noite juntos, seus toques, seus beijos, tudo era perfeito e com certeza eu sentiria sua falta.

Terminei meu banho, vesti uma calça jeans e uma regata branca - não estava com animo para me arrumar muito - dei um jeito para disfarçar minha cara de acabada e tomei um remédio para amenizar a dor que eu estava sentindo. Depois de pronta peguei minha bolsa e desci as escadas encontrando a Sra. Collins na cozinha terminado de tomar seu café.

- não vai para faculdade? - perguntou me estudando. Eu odiava quando as pessoas faziam isso.

- não - respondi sem encará-la - será que eu poderia ter uma conversa com a senhora? - perguntei sem jeito e ela assentiu sorrindo.

- vamos até a biblioteca - falou e saiu andando.

Quando entramos na enorme sala repleta de livros, Marta sentou-se em uma das poltronas de coro no meio da sala e apontou para que eu me sentasse na outra. Respirei fundo procurando as palavras certas. Há alguns meses atrás eu estava bem aqui, nessa mesma sala, sentada nessa mesma poltrona fazendo uma entrevista para o emprego que eu tanto precisava, naquele dia eu senti que alguma coisa mudaria, e hoje aqui estou, pronta para pedir demissão e ir morar na cidade onde eu vivi os piores momentos da minha vida - a morte dos meus pais - impressionante a velocidade que as coisas mudam.

- então Sara, pela sua cara acho que já sei o motivo dessa conversa - marta indagou me olhando.

- Sra. Collins primeiro eu queria agradecer pela oportunidade - sorri sem jeito - mesmo ficando pouco tempo eu me apeguei muito a sua filha, mas infelizmente eu não posso mais ficar aqui - olhei para minhas mãos enquanto continuava - eu quero me demitir - soltei a última parte e continuei com os olhos fixos nas minhas mãos, até que senti sua mão na minha perna - em um gesto carinho - e um sorriso amigável brotou nos seus lábios.

- eu entendo - comentou - Diego é uma pessoa bem difícil de lidar, mas quando eu vi vocês juntos e ele tão empenhado, confesso que acreditei que daria certo - explicou - a culpa não é sua Sara - segurou minha mão - ele escolheu esse caminho e nem um de nós pode interferir se ele não quiser nossa interferência. Você é uma garota jovem, esta no começo da vida, pense um pouco, bote sua cabeça em ordem e se algum dia quiser voltar saiba que as portas dessa casa estarão abertas para você - como sempre lá estava eu chorando, não sei por que, mas ultimamente tenho me sentido um pote de manteiga em um sol de quarenta graus. Marta me puxou para um abraço e eu obviamente retribui.

- obrigada... - agradeci com a voz embargada pelo choro.

Depois de conversar com a Sra. Collins eu peguei o ônibus e parti para faculdade. Conversei com o diretor e cuidei de tudo para minha transferência, eu já estava indo embora quando uma voz grossa e familiar chamou meu nome, virei para trás e lá estava kaio, um curativo encima da sobrancelha, um corte perto da boca e um sorriso impecável no rosto - como se nada tivesse acontecido - eu olhei bem o homem na minha frente, o homem que foi meu único amigo aqui, a pessoa que mais me ajudou nesse tempo que eu estou na florida e que de repente se tornou um estranho, só o fato de olhar na sua direção já faz meu estômago revirar.

A babá (COMPLETO)Where stories live. Discover now