UMA SEMANA DEPOIS - já passava das sete da noite e eu estava terminando de arrumar minhas coisas para ir para casa. Hanna veio para florida resolver algumas coisas, por isso vamos passar o fim de semana juntas. Botei um livro que eu estava lendo na mochila junto com o carregador do meu celular, e fechei a mesma. Terminei de me arrumar e logo escutei a buzina do carro da minha irmã. Desci as escadas rápidas e sai de casa entrando no seu carro logo em seguida.
- que saudade - Hanna falou me abraçando bem apartado.
- eu também estava morrendo de saudades - falei quando nos separamos - você esqueceu-se de mim. Foi embora e me deixou - falei fazendo drama e ela soltou uma risada - ainda tem a audácia de ri na minha cara!
- continua a rainha do drama... - revirou os olhos contendo o riso e deu partia no carro.
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Tínhamos acabado de chegar em casa,
Eu estava jogada no sofá esperando a pizza que pedimos, enquanto minha irmã tomava banho. Cinco minutos depois a campainha tocou, eu abri a porta dando de cara com o entregador. Paguei a pizza e entrei fechando a porta em seguida.
- estou morrendo de fome - Hanna falou entrando na sala.
- eu também... - liguei a televisão e sentei no sofá - Vamos assistir um filme.
Ficamos um bom tempo assistindo e quando o filme acabou minha irmã levantou levando a louça suja para pia. Quando ela voltou para sala dentou-se ao meu lado e virou ficando de frente para mim.
- Sara, eu preciso te contar uma coisa - suspirou - eu... Eu estou gravida - disse olhando para o chão.
Eu olhei para ela sem acreditar. Grávida? Como assim grávida? Ela ficou apenas um mês longe.
- grávida? - perguntei sem conseguir esconder meu espanto. Era impossível ter outra reação com essa notícia - como?
- quer mesmo que eu explique? - perguntou - olha, eu também não acreditei quando fiz o exame... mas aconteceu. Eu conheci um cara, a gente saiu e rolou.
Isso é algum tipo de brincadeira?
- e o que você pretende fazer agora? - perguntei.
Ela ficou alguns segundos olhando fixamente para televisão desligada e depois de um suspiro voltou sua atenção na minha direção.
- vou continua fazendo o que estou fazendo. Vou continua no meu estágio e seguir minha vida - respondeu.
- e o "cara"? - fiz aspas na última palavra - vai te ajudar?
- sim, nos estamos namorando e ele gostou da noticia, então está tudo bem - sorriu - mas e você? Gostou da noticia? - perguntou.
- bom, se você está feliz...
Ficamos mais algum tempo conversando sobre a gravidez da minha irmã e depois eu fui para o meu quarto tentar digerir tudo que aconteceu. - minha irmã mais velha, que sempre deixou claro que não queria ser mãe, foi fazer um estágio e depois de um mês voltou grávida - sacudi minha cabeça para afastar esses pensamentos e entrei debaixo do chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo e pela primeira vez em dias eu consegui realmente me sentir relaxada.
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Estava deitada na minha cama de barriga para cima tentando a todo custo manter meus olhos fechados, mas por algum motivo não estava dando certo. Já tinha algum tempo que aquela sensação de "está faltando alguma coisa" estava dentro de mim. Soltei um suspiro pesado e resolvi ir até a cozinha beber um pouco de água.
O apartamento estava todo escuro e silencioso. A luz da rua iluminava apenas a cozinha, abri a geladeira pegando a jarra de água e enchi um copo. Andei até a janela e apreciei a linda vista do céu estrelado.
Já estava voltando para o quarto quando um barulho alto soou no corredor do lado de fora do apartamento. Senti um calafrio subir pela minha espinha e tudo piorou quando começaram a bater na porta.
Olhei para o relógio e percebi que já passava de meia noite, e pelo que eu sei ninguém sabe que eu e minha irmã estamos em casa. Me aproximei da porta com cuidado e olhei pelo olho mágico - nada - virei para voltar para o meu quarto - seja quem for pode esperar até amanhã - e nesse momento uma voz família fez todo meu corpo relaxar e ao mesmo tempo senti um frio na barriga.
O que ele estava fazendo aqui?
Abri a porta e me deparei com um Diego irreconhecível. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, suas pupilas dilatadas, seu cabelo todo bagunçado, sua roupa toda amassada e com alguns rasgos, mas o pior de tudo era o cheiro insuportável de bebida que exalava dele.
Assim que seus olhos encontraram os meus um sorriso brotou no canto dos seus lábios. Mesmo no estado lastimável que ele se encontrava, Diego conseguia ter o sorriso mais lindo do mundo, e mesmo com vontade de matar ele eu não pude deixar de sorri também.
- o que você está fazendo aqui? - perguntei com os olhos preso nos dele - você já viu a hora? Porq...- ele botou a mão na minha boca impedido que eu continuasse e se aproximou segurando a minha cintura com a outra.
- eu estou muito chapado Sara, amanhã não vou lembrar de nada disso - sorriu e tirou a mão da minha boca levando até a minha nuca - vamos pular essa parte e ir para o que realmente interessa - e foi nesse exato momento que seus lábios entraram em contato com os meus. No começo eu tentei resistir, mas quando sua língua encontrou a minha eu perdi todo o controle do meu corpo. Meu coração estava super acelerado, minhas mãos suando e o frio na minha barriga estava muito pior. Naquele momento nada mais importava. Não importava o fato dele ser problema, nem o fato dele está drogado e muito menos que ele não lembraria de nada amanhã, eu só queria ficar ali, mesmo sendo um erro, talvez o pior erro da minha vida.
tudo estava perfeito, até escutamos um barulho alto e logo Hanna aparecer atrás de mim. Diego se afastou me olhando e minha irmã se aproximou ficando do meu lado.
- quem é esse Sara? - Hanna perguntou olhando Diego de cima a baixo. Ele estava péssimo.
- Diego - respondi ainda com os olhos nele - filho mais velho dos Collins - acrescentei - Diego, essa é minha irmã mais velha, Hanna - fiz as devidas apresentações.
- então você é o babaca que tentou agredir minha irmã? - Hanna soltou com raiva. Na mesma hora Diego ficou sério, ele olhou nos meus olhos e passou a mão no cabelo.
- eu... Acho melhor eu ir - disse me olhando.
- não! - gritei meio desesperada. Hanna me olhou com as sobrancelhas arqueadas, como se perguntasse "qual é o seu problema? " - ele não tentou me agredir,foi um mal entendido... - expliquei - se você quiser, pode ficar - avisei a ele.
- não pode não! - Hanna me olhou incrédula - ele está drogado...- sussurrou a última parte.
- fica... - pedi ignorando o olhar assassino da minha irmã.
Tudo bem, eu não deveria deixar um cara que eu acabei de conhece - que aliás está drogado - dormir na minha casa. Ainda mais quando eu e minha irmã grávida estamos sozinhas. Mas se ele for embora pode ser pior, pode acontecer alguma coisa, sem contar no fato dele está dirigindo. Estou fazendo isso por ele, pelo bem dele.
- se você insiste... - ele respondeu voltando a sorri, eu peguei sua mão e puxei ele para dentro do apartamento fechando a porta logo em seguida.
- vou ficar com o telefone por perto, qualquer coisa é só gritar - minha irmã avisou indo para o quarto.
Ainda segurando sua mão eu puxei Diego até o meu quarto, entramos e continuei conduzindo ele ate o banheiro.
- não liga para o que a Hanna falou - avisei percebendo seu desconforto - ela estava brincando. - não estava não.
- eu não ligo pra sua irmã Sara, só não quero que você tenha medo de mim... - ele falou olhando nossas mãos ainda juntas.
- eu não tenho medo de você, tenho raiva - falei pegando uma toalha e jogando na sua direção. Diego me lançou um sorriso malicioso e todo meu corpo esquentou com esse gesto. - porque está me olhando assim? - perguntei disfarçando o quanto suas ações me afetava.
- pijama legal... - sorriu e fechou a porta do banheiro me deixando igual uma idiota do lado de fora. Só nesse momento eu percebi que estava usando uma camisola curta e transparente. Merda! Minhas bochechas estavam queimando de vergonha. Meu Coração ainda estava acelerado e um sorriso idiota preenchia meus lábios.
Qual era o meu problema? Que merda estava acontecendo comigo?
Eu estava quase dormindo quando senti a cama se mexer. Virei para o outro lado e vi Diego deitando. Ele virou ficando de frente para mim e repouso o braço na minha cintura.
- boa noite Sara... - sussurrou.
- boa noite - respondi de olhos fechados e escutei uma pequena risada seguida de um beijo na testa.
Beijo na testa?