Callous | h.s

By crystalpale

227K 20.5K 3K

Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
04| Hipnose
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

05| Injetar

5.1K 428 41
By crystalpale

C A P Í T U L O  05

INJETAR

Olhei para ela pela milésima vez naquela manhã. O café esteve sempre calmo e então ela praticamente que ficou a manhã toda no balcão, com um lápis na mão a traçar alguma coisa que eu claramente não consegui ver do meu lugar. Por vezes ela olhava para mim, mas eu fingia estar concentrado noutra coisa qualquer.

Quando a vi naquela manhã alguma coisa me chamou a atenção nela. Não sei o que foi, mas algo me disse que já a tinha visto, que aquele rosto me era familiar. No entanto eu não me consegui lembrar de nada em concreto. Mas eu sabia que já a tinha visto, pelo menos o rosto dela em algum lugar. E não, não tinha sido sobre o dia na floresta, tinha sido antes, mas eu não me lembrava. Porém, eu não me podia dar ao luxo de investigar algo. Ela podia a qualquer momento lembrar-se de mim. A mulher que estava com ela quando estávamos na floresta pode comentar com ela e fazê-la acreditar que eu estava lá. E pelo que eu percebi naquele momento, ela não era o tipo de rapariga que fica com medo. Ela era daquelas que se atirava de cabeça e não queria saber quem estava do outro lado. E isso, de certa forma era interessante, mas nada que fosse suficiente para eu ter algum interesse por ela.

Olhei para o relógio na parede. Quase meio o dia e eu tinha ficado o dia todo sentado naquela cadeira. O meu telemóvel tinha ficado sem bateria e o meu pé estava magoado e cada vez doía mais. Apesar disso eu não quis ir embora. Podia apanhar um táxi, mas isso iria piorar a situação, uma vez que teria de ir embora, e mesmo que fosse para minha casa, iria ter o Matt a fazer-me uma espera, e se não fosse o Matt ia ser um dos seus idiotas e fieis homens, que apenas faziam o que ele queria por dinheiro.

Acabei por me levantar, caminhando até ao balcão. Quando lá cheguei ela fechou abrutamente o caderno, como se lá estivesse algo demasiado importante, algo que ninguém pudesse ver. Olhei para ela com as sobrancelhas franzidas. Ela olhou para mim com algum receio, como se eu tivesse visto alguma coisa. Acabei por encolher os ombros e depois tirei a carteira no casaco. Tirei uma nota da mesma e entreguei-lhe.

- Será que me podes explicar agora o que aconteceu hoje de manhã? - ela perguntou depois de ter feito uma pausa ao retirar o troco da máquina.

- Não. - estendi a mão para ela me dar o troco, mas isso não aconteceu.

- És sempre assim? - os olhos dela viajaram até aos meus. Azuis, frios, intensos e arrogantes.

- Assim como? - pousei um braço no balcão.

- Assim tão... - não diria dificuldade em encontrar palavras, mas sim tempo para não se baralhar nelas. - Misterioso e irritante?

- Sempre! - lancei-lhe um sorriso sarcástico e depois fiz sinal para ela me dar o troco.

- Vejo que já não se dão tão mal. - o John passou por nós e a frase dele deixou-me nervoso.

Olhei em volta, como se estivesse à procura de um lugar para me esconder. A frase do John deixou-me com o coração aos saltos, a adrenalina a correr pelo meu corpo. Quando eu olhei para a cara da Ava, ela estava confusa, os olhos semicerrados e as sobrancelhas erguidas.

- Yah, sim... - passei as mãos pelas pernas e depois cocei a cabeça. - Eu vou... indo. Sim, eu tenho de ir.

Saí do café. Ainda olhei uma vez para trás e através do vidro consegui vê-la novamente a olhar para baixo, talvez estivesse com o caderno e o lápis. Eu gostava de saber o que ela estava a fazer. Não que ela sorti-se algum efeito em mim. Era-me indiferente a presença dela. Se ela era bonita? Era. Se ela era jeitosa? Também. Mas, se fossemos por esses padrões, eu tinha a Savannah que me ocupava bem as medidas. Só que eu não era desse tipo. Quer dizer, às vezes eu tinha de satisfazer as minhas necessidades. Afinal sou um homem! No entanto eu escolhia muito bem os meus alvos, e fazia com que eles nunca mais me vissem, nem eu a eles.

Acabei por fazer paragem a um táxi e depois de entrar disse para onde queria ir. Rapidamente fui deixado em casa. Tirei uma nota da carteira e dei-a ao homem, não me preocupando com o troco. Subi as escadas para entrar no me duplex, e quando o fiz, bati a porta com muita força. Subi até ao meu quarto, lentamente devido à dor no meu pé, e quando pensava que ia estar em paz, eis que vi o Matt, sentado na minha cama. Quando ele me viu, foi como se me tivesse lançado fogo com o olhar, e esse mesmo me tivesse atingido brutalmente. Eu não disse nada, preparei-me para caminhar até ao meu armário. No entanto a voz dele impediu-me.

- Eu espero bem que tu tenhas uma explicação. - ele falou firme. Virei a cabeça para ele e vi-o olhar para a porta. - E espero que seja realmente uma boa explicação.

- Eu não tenho de te dar explicações da minha vida. - respondi no mesmo tom.

Ele levantou-se e vei-o até mim. A sua altura um pouco superior à minha, mas não muito. Os olhos escuros dele olharam bem para mim, talvez com o intuito de me causar medo. Mas, naquela altura, ele já devia saber que medo era algo que eu não tinha em relação a ele.

- Vamos lá ver Harry. - dei um passo atrás devido a toda a proximidade dele. - Enquanto viveres com o meu dinheiro, tens de fazer tudo aquilo que eu quero. Eu pensei que isso já estivesse esclarecido.

- Vai-te foder. - desviei-me para o lado e tirei uns boxers da gaveta. - Eu tenho idade suficiente para fazer o que eu quiser.

- Também tens idade suficiente para ser preso. - paralisei, por completo. O meu corpo ficou tenso e a linha do meu maxilar devia ser bem notória naquela altura. - Pois é! Estás a ver como eu consigo tudo o que quero?

- Se eu for preso, tu vais primeiro. - atirei, com o intuito de causar medo.

- Quando vierem à minha procura, já estarei longe. - ele virou costas e caminhou para a saída. - Às dez no laboratório. Tenho produto novo e vamos experimenta-lo hoje.

Depois ele saiu e quando ouvi a porta da frente bater, atirei um pequeno cinzeiro contra a parede em sinal de frustração. Fez um pequeno estrago, mas pouco me preocupei. Vou ter de mudar as fechaduras. Pensei e depois fui logo para a casa de banho, onde tomei um banho.

Às nove da noite eu estava sentado em cima da bancada da cozinha a comer uma caixa de lasanha pré cozinhada. Eu tinha dormido a tarde toda para poder recuperar energias e cozinhar era claramente a última coisa que me apetecia fazer. Por vezes eu até ganhava vontade e fazia alguma coisa. Para ser sincero acho que aprendi a cozinhar para poder escapar um pouco ao Matt. No entanto sempre comprei caixas de comida pré cozinha a partir do momento onde troquei os meus horários e passei a viver de noite. Não valia a pena continuar a esforçar-me para fazer uma coisa que ao fim eu não iria desfrutar.

Quando acabei de comer, atirei a caixa para o lixo e bebi um copo de água. Passei pela casa de banho para lavar os dentes e depois desci para ir para o carro. Ainda consegui ver um dos meus vizinhos, que me cumprimentou e que eu ignorei. Entrei no carro e depois conduzi até à quinta do Matt. Assim que lá cheguei o enorme portão foi aberto. Entrei com o carro e estacionei-o perto do laboratório.

A chuva bateu contra a minha roupa quando saí do carro, e isso deixou-me num nível de irritação demasiado elevado. Suspirei e depois de ter entrado tirei o casaco e pendurei-o no cabide. Desci as escadas para o laboratório e quando lá cheguei já o Matt estava com a sua bata branca e com os tubos de ensaio à sua frente. Vesti a minha e fui para a beira dele.

- Quero o Carl para hoje. Ele tem sempre reações rápidas. - ele nem olhou para mim. Continuou a fazer a mistura que pretendia. - Mas traz-me também o Scott, eu preciso de testar a reação nos dois.

Deixei-o sozinho e caminhei pelo corredor até chegar às escadas que davam para a cave. No meu caminho parei a meio e percebi o quão reprovador aquilo era para mim. O Matt tinha raptado três homens sem culpa nenhuma e tinha feito deles reféns para o resto da vida. Tal como fez comigo. Só que ligeiramente diferente. Comigo os meus pais deram consentimento e eles venderam-me ao Matt. Acho que nunca na minha vida inteira percebi que tinha sido vendido. Mas eu tinha. E ao contrário do que eu pensava, a minha vida apenas piorou. Se ela já estava péssima quando vivia com os meus pais, no momento onde passei a viver com aquele monstro pior se tornou. Mesmo com tudo o que ele me deu.

- Carl, Scott. Vocês os dois. - abri a porta do quarto e chamei-os. Eles saíram e depois seguiram-me.

Entramos no laboratório e o Matt já estava com as seringas prontas. Aquilo deu-me a volta ao estômago. Nunca lidei bem com agulhas, especialmente quando elas eram usadas para injetar diretamente na veia daqueles homens. Não que eu sentisse pena. Apenas sabia que depois que o líquido começasse a circular nas veias deles e se misturasse com o sangue, eles ficavam rapidamente infetados com aquela droga.

- Eu injeto no Scott e tu no Carl. - passou-me uma seringa. Tentei controlar-me para não ser preciso atira-la para o caixote do lixo e sentei-me.

O Carl estendeu o braço e depois eu procurei pela veia correta para injetar a droga que o Matt tinha feito. O homem sentado à minha frente gemeu de dor quando eu lhe apertei o braço. Olhei para ele e o olhar que me lançou pedia urgentemente que não o fizesse. No entanto eu não tinha opção devido à presença do Matt. Até que a campainha tocou.

- Foda-se. - ele praguejou. - Eu vou lá em cima. Mas injeta na mesma. Quando eu vier faço ao Scott.

Ele desapareceu pelas escadas e logo a voz do Carl impediu-me de fazer fosse o que fosse.

- Não o faças. Não aguento mais. - ele falou desesperado. - Estou cheio de dores. Aquele filho da mãe tem abusado.

- Tu reages muito rápido Carl, é por isso que ele te escolhe. - tentei justificar os acontecimentos.

- Mas eu já não aguento mais Harry. Olha para o meu braço. Doi só de tocar.

Não pensei duas vezes. Puxei a manga da bata para cima e depois de procurar pela veia, injetei o líquido que estava na seringa. Ao início senti um ligeiro desconforto, mas depois ignorei.

- Para todos os efeitos eu injetei esta merda em ti, mas não deu efeito. Agora cala-te e tu também. - passei o meu olhar do Carl para o Scott enquanto a minha voz saia no seu tom mais rude.




Continue Reading

You'll Also Like

168K 7.8K 23
Richard Ríos, astro do futebol do Palmeiras, tem uma noite de paixão com uma mulher misteriosa, sem saber que ela é a nova fisioterapeuta do time. Se...
315K 21.4K 37
Brandon é o típico garoto de cara fechada e que todo dia está em uma festa diferente. Quando ele está a beira de ser expulso do time de futebol ameri...
5.4K 138 7
Alexa Smith é uma advogada de 26 anos, muito renomada e respeitada, tem gênio forte e uma petulância fora do normal,ela nao acredita mais no amor,poi...
258K 9.7K 12
O destino parece gostar de brincar com Violet, ela precisa de dinheiro e misteriosamente um homem aparece para solucionar o seu problema, porém ela t...