Callous | h.s

By crystalpale

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Um mundo cruel. Duas almas insensíveis. Início: 02/08/2015 Fim: 24/08/2017 Todos os direitos reservados... More

00| Prólogo
01| Aparências
02| Frustrações
03| Fogo
05| Injetar
06| Efeitos
07| Medo
08 | Fotografia
09| Visão
10| Arma
11| Desenho
12| Corrida
13| Gritos
14| Escuridão
15| Descobertas
16| Ações
17| Esconderijo
18| Chantagem
19| Desespero
20| Confirmação
21| Ciúmes
22| Aliados
23| Mentira
24| Festa
25| Barulhos
26| Preocupação
27| Confissões
28| Passado
29| Ódio
30| Proteção
31| Equipa
32| Desconfiança
33| Segredo
34| Rivais
35| Inesperado
36| Revelações
37| Superioridade
38| Amizade
39| Frio
40| União
41| Incompreensão
42| Regressão
43| Perigo
44| Recuar
45| Toque
46| Sentimentos
47| Consequências
48| Fuga
49| Provocação
50| Reflexões
51| Escuridão
52| Reencontro
53| Dor
54| Traição
55| Rejeição
56| Risco
57| Corte
58| Sufoco
59| Ouvir
60| Novidade
61| Explicação
62| Enfrentar
63| Pistas
64| Culpa
65| Surpresa
66| Paz
67| Perda
68| Adrenalina
69| Regresso
70| Sobrevivência
71| Rapto
72| Experiência
73| Sangue
74| Vingança
75| Miséria
76| Fraqueza
77| Decisão
Epílogo

04| Hipnose

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By crystalpale


C A P Í T U L O  04

HIPNOSE

Se eu tivesse certezas de que o Matt não me mataria, então eu fugia. Fugia para um lugar bem longe onde ele não me pudesse encontrar. Talvez eu até fosse para Oregon tentar encontrar os meus pais e a minha irmã. Não que eu a conseguisse identificar, porque a última vez que a vi ela era praticamente recém nascida. Mas a eles, a eles eu conseguia identificar facilmente. Isto se eles ainda estivessem vivos, o que não me pareceu. O dinheiro que eles receberam em minha troca foi muito pouco. Talvez eles nem tenham conseguido manter a minha irmã viva, e tudo por minha culpa. Se não fosse eu, não aconteceria nada do que aconteceu. Não haveria um Harry completamente emerso em raiva e tão sem coração.

O nascer do dia deu lugar ao som dos pássaros, o que me deixou um pouco incomodado. Parei assim que vi um banco num jardim e respirei fundo algumas vezes para acalmar o cansaço. Tornou-se difícil, mas com tempo lá consegui. Sentei-me no mesmo e quando olhei à minha volta percebi que tinha estado a noite toda a dar voltas e voltas ao redor da floresta e que estava no parque perto da entrada da mesma. Algum receio apoderou-se de mim quando me lembrei do incêndio, mas rapidamente foi excluído quando percebi que já estava apagado, devido às chamas que já não eram visíveis. Peguei no meu telemóvel, que estava quase sem bateria. Nas horas marcava 7:15 am e eu senti automaticamente fome. No entanto isso foi excluído assim que me lembrei da rapariga e das suas acusações.

Eu não a podia deixar contar às autoridades sobre o incêndio, especialmente se ela tinha tantas certezas de que tinha sido eu a atear fogo à floresta. Especialmente com o meu historial com ela no café do John. Não que ela tivesse um pingo de importância, mas ir parar à prisão era a última coisa que eu queria, especialmente tendo o Matt a controlar-me. Porque se eu fosse preso por atear fogo, eu podia muito bem ser investigado e aí eu nunca mais saía da prisão, nem que desse todo o dinheiro existente na minha conta bancária.

Levantei-me então e comecei a caminhar novamente para o local onde tinha estado na noite anterior. Fui devagar devido às dores no meu pé, mas mesmo assim consegui chegar em dez minutos ao local. Procurei pela casa que ela tinha referido. Estava um pouco rodeada por árvores e talvez tenha sido por isso que eu não a tivesse encontrado. Subi pelas pedras acima com algum esforço e sentei-me numa, quando encontrei uma boa visão para a casa. Consegui ver uma luz acesa e não tardou a que a porta se abrisse e a rapariga saísse de lá.

Ela vai agora para o café. Pensei quando a vi guardar as chaves na mala e descer pelo caminho de terra batida. Ela estava com um longo casaco e com um cachecol envolta do pescoço. Depois colocou o capuz e isso foi a cereja em cima do topo do bolo para ela não reparar em mim.

Saltei das pedras e bati com as mãos no chão. Quando olhei para as mesmas vi pequenas linhas de sangue a serem formadas, mas pouco me importei com isso. No entanto foi o suficiente para a rapariga ter colocado uma distancia considerável entre nós. Por isso mesmo, e sem pensar nas consequências eu corri na direção dela, o pé a doer-me fortemente, mas tentei não pensar muito nisso, e num instante consegui chegar-me perto dela.

Pensei em colocar-me à sua frente, mas isso implicaria muito possivelmente levar um estalo por sua parte, e então agarrei o seu ombro com uma mão e não tardou a que ela se virasse para trás.

Ao início ela semicerrou os olhos, confusa e talvez com medo, mas depois de ela ter olhado bem para a minha cara ela apenas fez uma expressão furiosa. Revirei os olhos com aquilo, mas deixei-a falar.

- O que é que queres? Andas a seguir-me com medo que conte à polícia o que fizeste? – soltei uma gargalhada falsa com as perguntas dela.

No entanto eu não falei e agarrei o seu pulso, empurrando-a para um beco. Ela deu um pequeno grito, mas não exerceu força para contrariar e tornou tudo mais fácil.

- Larga-me, estás a magoar-me. – ela falou alto e tentou sair do meu aperto, mas foi tarde de mais, porque bloqueei-a com uma perna, colocando-a em torno de uma das dela e ainda a segurar o pulso dela com uma mão, tapei a sua boca com outra. Ela emitiu alguns sons, mas foram desnecessários e inúteis, uma vez que ninguém conseguia ouvir nada aquelas horas da manhã e também porque aquele lugar era demasiado assustador para alguém lá passar.

- Eu vou tirar a mão, mas se gritares vais sofrer as consequências, e olha que elas não serão nada agradáveis. – sussurrei, apenas com o intuito de lhe meter medo, porque na realidade eu não lhe ia fazer mal. – Entendidos? – os olhos dela analisaram a minha cara e para minha satisfação eu senti medo neles.

Tirei então a minha mão, mas lentamente, não fosse ela gritar. Depois agarrei o outro pulso dela e então ela não tinha como lutar contra mim para fugir. Mas primeiro tirei o capuz da sua cabeça, revelando os seus cabelos castanhos compridos. Os seus olhos azuis grandes, dando-lhe um ar exótico e os seus lábios bem definidos. Abanei a cabeça apenas para pensar coerentemente e conseguir ouvir a sua voz.

- Deixa-me ir embora, eu tenho de ir trabalhar. – embora ela estivesse a tentar soar convincente, sem nenhum medo, eu consegui notá-lo todo.

- Não te preocupes com isso. – deixei de prender a sua perna quando a vi mais suscetível às minhas palavras. – Agora não fales e daqui a pouco eu deixo-te ir embora, apenas relaxa, eu não te vou fazer nada de mal, se tu não fizeres nada que o peça.

Ela assentiu e eu sorri falsamente. Depois larguei os pulsos dela e olhei apenas mais uma vez em redor da rua, apenas para confirmar que não estava ninguém a passar ou a observar-nos.

- Quero que juntes os pés e coloques as palmas das tuas mãos nas coxas. – as suas sobrancelhas ergueram-se. – Agora! – mandei e ela fê-lo sem dizer nada. – Agora vais olhar para cima e fechar os olhos, e não te preocupes porque não vais cair. Eu estou aqui. – fiz com que a minha voz se torna-se calma e suave.

Quando ela o fez eu coloquei-me de lado sobre o corpo dela e deixei que uma mão fosse para a frente do seu peito e outra para as suas costas, como se a estivesse a segurar apenas com a ajuda do ar. Ela estremeceu um pouco, mas continuou na mesma posição.

- Agora eu vou contar números, como um, dois e por aí em diante. Vais começar a sentir-te cada vez mais desequilibrada à medida que eu for contando e o teu corpo vai balançar para trás e para a frente, mas não tenhas medo porque não vai acontecer nada de mal e eu vou acompanhar-te. Certo?

Ela respondeu baixinho e logo de seguida eu comecei a contar. À medida que eu ia passando pelos números o corpo dela balançava cada vez mais, e perto do número cem ela foi obrigada a levantar um pé. Isso foi o mote perfeito para perceber o grande nível de oscilação dela, percebendo que ela era suscetível à hipnose.

- Não tenhas medo se te sentes a cair. O teu corpo está pesado e cansado, mas tu estás completamente relaxada. Apenas imagina que estás num local que gostas e estás tranquila. – entretanto o corpo dela parou de balouçar. Eu voltei a ir para a frente dela e ela ainda estava com os olhos fechados. – Agora vais sentar-te no chão, mas imagina-o confortável, o teu local favorito. – ela fê-lo sem protestar e logo eu aninhei-me à sua frente.

O Matt ensinou-me desde cedo a hipnotizar os outros e também como me hipnotizar a mim mesmo. Quando o fiz pela primeira vez eu estava sozinho e correu tudo mal. Eu não consegui sair da hipnose e fiquei naquele estado de transe por umas horas até o Matt me encontrar. Basicamente eu usei-a para tentar esquecer o que tinha acontecido entre o Matt e os meus pais. Mas eu não consegui e permaneceu sempre comigo. No entanto, sempre que o Matt me fez uma hipnose, houve sempre sucesso. No fundo acho que ele soube sempre como gerir a situação e como me deixar relaxado. Normalmente eu combinava a descontração com a impossibilidade e daí nunca resultou nada. Mas, sempre que o Matt me mandou hipnotizar alguém, tudo correu sempre com sucesso.

- Tu estás calma, apenas respira fundo. – ela obedeceu às minhas ordens, dando-me a indicação de que quem a estava a controlar era eu. No entanto a parte mais intensa, a de controlar o seu subconsciente com a ajuda dela ainda estava para vir. – Vais esquecer tudo o que aconteceu na floresta ontem à noite. Vais esquecer que me viste e, inclusive que já me conheces. Quando me voltares a ver vais questionar-te sobre o que estou a fazer contigo e não te vais lembrar de mim. Apenas quero que te lembres do incêndio, mas não de mim. Tu nunca me viste. Não sabes o meu nome. – parei de falar e apenas encarei-a. Os seus olhos estavam fechados e ela estava a respirar calmamente, como se estivesse a dormir. – Agora vais respirar fundo três vezes. Mas fa-lo calmamente. Não tenhas pressas. – mais uma vez ela fez o que eu mandei, respirando calma e controladamente. – Eu vou contar até dez e a cada número vais sentir-te mais calma, revigorada. – comecei a contar os números e depois de ter passado o dez voltei a falar. – Agora quero que abras os olhos e depois de olhares para mim quero que respires fundo.

Os seus olhos acabaram por abrir e depois de ela olhar para mim, mostrou-se um pouco confusa. Eu continuei a olhar para ela, como se não a conhecesse de lado nenhum.

- Quem és tu? – ela perguntou. – E o que é que eu estou aqui a fazer? Como é que eu vim aqui parar?

Eu ri-me para ela e levantei-me, depois estendi-lhe uma mão e ela cedeu. Ajudei-a a levantar, e senti uma enorme dor no pé quando o peso dela caiu sobre o meu.

- Estavas sentada aqui, parecias desmaiada. – eu disse.

- Como? Eu saí à pouco de casa para ir para o trabalho. Oh meu Deus, o trabalho. – ela levou a mão à boca e depois procurou pelo relógio no pulso. – Eu estou super atrasada.

E depois ela começou a correr e desapareceu completamente do meu campo de visão. Sorri orgulhoso por ter feito um bom trabalho e depois acabei por sair do beco. Andei um pouco e acabei por encontrar um táxi. Pedi que me levasse para o café do John. Quando lá cheguei já passava um pouco das nove. Algumas pessoas estavam a sair do mesmo. Paguei ao taxista e depois entrei no café, ainda a mancar. O John logo me viu e ficou parado a olhar para mim.

- O que é que se passa mano? – ele perguntou depois de ter posto um pano ao ombro.

- Se me desses uma ajudinha em vez de estares aí com perguntas parvas era muito melhor. – atirei logo de seguida.

- Hey, calma lá Harry. Não precisas de invadir o meu café com a tua má disposição. – revirei os olhos às palavras dele e depois fui sozinho até uma mesa. – Se quiseres podes dar meia volta e mostrar às outras pessoas como ser adorável não é a tua cena.

- Adorável nem consta no meu dicionário idiota. – estendi a perna com o pé magoado e pousei-o em cima de outra cadeira. – Agora traz-me lá um café e um bolo qualquer que estou cheio de fome.

O John não disse nada. Virou costas e foi para o balcão. Ainda olhei em volta para ver se via a Ava ou como é que a rapariga se chamava, mas não havia sinais dela.

Peguei no meu telemóvel e encontrei uma mensagem do Matt. Abri-a antes que o telemóvel ficasse sem bateria e li.

De: Matt [8:26 a.m.]

É bom que apareças em casa ou podes dizer adeus ao teu carro.

Ignorei a mensagem. Como se o Matt fosse esmagar o meu carro. Bem, ele até o podia fazer, mas que lhe servia isso se eu tinha dinheiro de sobra para comprar outro? Apenas um prejuízo para ele. E não é como se o Matt controlasse toda a minha vida. Bem, na realidade ele sempre tentou, mas daí até o fazer por completo, faltava muito.

Entretanto o meu pedido foi deixado em cima da mesa. Olhei para cima para ver a rapariga. Ela também olhou para mim e não tirou os olhos de cima de mim, até eu falar.

- Uma fotografia? – perguntei ironicamente.

- És o rapaz de à pouco. – ela constatou e depois sentou-se. – Podes-me explicar o que aconteceu realmente?

- Eu sei lá miúda. – dei um gole no café e depois voltei a olhar para ela. – Para que é que queres saber na realidade?

- Porque eu estava sentada ali e eu não me lembro de lá ter ido parar.

- Não tenho culpa que tenhas memória de peixe. – tirei o papel do bolo e deixei de olhar para ela.

- Hey, também não precisas de ser tão mal educado. – notei uma ponta de ofensa na sua voz. – Só te fiz uma pergunta.

- Da qual eu não sei a resposta. – olhei mais uma vez para ela e sorri ironicamente. – Agora, se não te importares. – fiz sinal para o meu pequeno almoço.

Ela entendeu o que eu quis dizer e logo se levantou. Caminhou para outra mesa. Ainda fiquei a olhar para ela e depois comi, não me preocupando com o que tinha acontecido e com o que ainda ia acontecer.




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