Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)

By tamires_menaldo

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Em meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condena... More

Introdução - Personagens e Playlist
Prólogo
Capitulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capitulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulos 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capitulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Epílogo

Capítulo 60

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By tamires_menaldo

Mosteiro da Graça



Adrian estava no pátio treinando arco e flecha com o alvo em uma placa de madeira, com alguns bruxos treinando com as espadas a sua volta, quando Dimitri aproxima-se.


- Você não vai arrumar seus pertences para partirmos?


- Eu não vou - avisa Adrian atirando uma flecha no alvo e voltando-se para o outro.


- O Rei convocou todos os cavaleiros para se organizarem, pois partiremos amanhã ao raiar do sol.


- Eu sei, mas não vou voltar com vocês.


- Por que?


- Porque a luta dos bruxos contra a Igreja ainda não acabou, vou ficar para ajudá-los e também não vou sair do lado de Freya.


- Nesse caso, eu também ficarei.


- É melhor que você volte para a Corte com os outros.


- Eu também quero ajudar os bruxos.


- Eu sei, mas tem alguém te esperando no Castelo Real e que você precisa proteger.


- Você está falando da Charlotte?


- Sim, você deveria se preocupar com o bem-estar dela.


- Por que está me dizendo isso?


- Porque a notícia de que o Rei é um bruxo logo chegará aos nobres na Corte, não dá para saber como eles vão reagir a isso, além de que agora os bruxos também sabem que Sua Majestade era aliado da Igreja, não pense que eles vão deixar isso quieto. Freya não vai deixar isso quieto, então é melhor que você esteja ao lado de Charlotte e preparado para qualquer coisa que vier a acontecer.


- Você tem razão, mas ainda não entendo porque parece se preocupar com minha esposa.


- O Conde de Salinas, infelizmente, é meu pai, portanto, Charlotte é minha irmã. - Dimitri olha incrédulo para o amigo. - Eu não me importo com o Conde Ricardo. Ter descoberto que ele é meu pai não vai fazer diferença nenhuma na minha vida, até por que sou bastardo, mas Charlotte é uma boa pessoa e merece que você cuide bem dela.


- Você e Charlotte são irmãos - diz Dimitri tentando digerir a informação.


- Foi Charlotte, inclusive, quem descobriu por causa desse anel que pertenceu ao pai dela. - Adrian mostra o anel em seu dedo anelar da mão direita.


- Realmente esse é o brasão da família do Conde de Salinas.


- Por isso te peço que volte ao Castelo Real e a proteja do que estiver por vir, o próprio Rei não é confiável.


- Eu farei isso.


Dimitri dá um tapinha nas costas de Adrian em despedida e afasta-se dando de encontro com Beatrice saindo da capela.


- Bea, estou voltando para o Castelo Real junto aos outros cavaleiros e à Sua Graça.


- Você precisa ir?


- Eu queria muito ficar, mas é meu dever como cavaleiro atender as ordens de Sua Majestade, além de que Charlotte está à minha espera.


- Já perdermos a Cat e eu nem pude dar o último adeus a ela. Tenho medo de não ver você de novo; o único irmão que me restou.


- Vamos nos ver de novo sim. - Ele abraça a irmã. - Quando tudo isso acabar, nos reencontraremos, até lá cuide-se, por favor.


- Você também, Dim. - Ela retribui o abraço enlaçando-o fortemente pela cintura.


Algumas lágrimas teimosas rolam pelo rosto de Beatrice. Dimitri afasta-se um pouco da irmã e seca, com o polegar, as lágrimas na bochecha dela.


- Não chore, apenas estou voltando para casa.


- Mas ainda estamos lidando com conflitos entre os bruxos e a Igreja. E agora que sabemos que o Rei é um bruxo, temo que esses conflitos cheguem a Corte.


- Eu que me preocupo por você querer ficar aqui, onde é o centro desses conflitos.


- Mas é aqui que meu marido está e é ao lado dele que vou ficar. Já fui deserdada por nosso pai, então minha família se resume ao Oliver e a você.


- Estou confiando que ele vai te manter segura e longe de perigo.


- Com certeza ele fará isso.


Dimitri beija Beatrice no rosto e ambos caminham lado a lado em direção a ala do refeitório. No entanto, o cavaleiro vê, a distância, Freya saindo sozinha do mosteiro por uma fresta na muralha para a Floresta da Lua.


- Com licença - diz ele afastando-se da irmã, que também vira Freya, e partindo atrás da outra.


O cavaleiro sai pela mesma fresta e a segue de longe, até que a vê parando por entre as árvores e ajoelhando-se sobre as folhagens com as mãos espalmadas no chão. Dimitri esconde-se atrás de uma das árvores enquanto a observava de costas.


Uma leve brisa começa a soprar ao redor de Freya, que estava com os olhos cerrados, fazendo os cabelos pretos dela esvoaçarem. As folhas do chão, aos poucos, levantam-se formando um redemoinho ao redor da bruxa.


Dimitri continuava observando tudo em silêncio, enquanto a brisa ganhava força transformando-se em uma ventania.


Freya finca as unhas no solo agarrando-se a terra para tentar controlar o ar a sua volta. Sua respiração começa a ficar entrecortada e ela sente seus olhos arderem fazendo, involuntariamente, lágrimas escorrerem por seu rosto. Sangue começa a verter de seu nariz manchando seus lábios e queixo.


O cavaleiro percebendo a velocidade do vento aumentando, corre na direção de Freya, mas ao encostar no redemoinho de folhas, seu corpo é repelido para longe estatelando-se de costas no chão. Ele arfa de dor sentindo o ar lhe faltar dos pulmões.


Freya, que mantinha os olhos fechados, não conseguindo mais conter o vento que a rodeava, lança os braços esticados para frente arremessando o ar na direção das árvores, que como um furacão, derruba algumas pelo caminho até perder a força.


A bruxa ofegante com a respiração curta, apoia os punhos no chão curvando o tronco para a frente e abrindo os olhos percebendo que sua vista estava um pouco embaçada, mas, lentamente, vai voltando ao normal. O cavaleiro arrasta-se até Freya colocando uma das mãos nas costas dela, que o encara aturdida ao, enfim, dar-se conta da presença dele.


- Você está bem? - preocupa-se ele ajoelhado ao lado dela.


Freya, ainda tentando recuperar o fôlego e sentindo seu coração acelerado, apenas faz um sinal afirmativo com a cabeça piscando os olhos demoradamente.


- O que foi que houve aqui? - indaga ele limpando o sangue do rosto dela com a manga de sua túnica.


- Estou tentando controlar a minha magia - responde ela virando o rosto para a floresta e fitando as árvores tombadas -, mas, pelo visto, falhei miseravelmente.


- Você tem que ser mais cuidadosa - diz ele seguindo o olhar dela -, senão pode acabar se machucando.


- Na verdade, eu machuquei você - diz ela voltando sua atenção para ele olhando-o preocupada.


- Eu estou bem. - Ele comunica ao notar o olhar dela. - Você não ia pedir a ajuda do Rei para controlar a sua magia? - indaga ele levantando-se e estendendo a mão para ajudá-la a levantar-se também.


- Ele me orientou de como fazer isso - diz ela aceitando a ajuda e pegando na mão dele -, também me disse que preciso treinar e era isso que eu estava tentando fazer. - Ela fica de pé parada a frente dele.


- E como que controla essa magia? - pergunta o cavaleiro ainda segurando a mão dela.


- Segundo o Rei, a magia negra também é canalizada através das emoções, diferente da magia comum que só se canaliza pela natureza. E esse pequeno vestígio de magia negra que está dentro de mim se descontrola por causa das minhas emoções sombrias que se afloram.


- Você precisa aprender a controlar as suas emoções para conseguir controlar essa magia.


- Exatamente isso.


- E o que a fez perder o controle agora?


- Eu pensei no maldito Padre Bartolomeu para ativar a magia dentro de mim e tentei controlá-la usando o sentimento de serenidade ao aguardar o momento certo de acabar com ele, mas em minha mente começou a surgir imagens de quando ele me torturou enquanto estive presa no Tribunal, então isso fez eu perder o controle.


Dimitri aperta levemente a mão dela entre a sua fitando-a com compaixão. Ele umedece com a língua a ponta de seu polegar e o passa no canto do lábio dela, onde ainda havia uma pequena mancha de sangue. Freya arregala, levemente, os olhos surpresa com o gesto.


- Eu vou ter que partir amanhã de manhã junto a comitiva do Rei - diz ele transformando o gesto em um carinho na bochecha dela. - Queria me despedir de você.


- Só me dói ter que dizer adeus a você, Dimitri.


- A mim também.


O cavaleiro aproxima-se o rosto do dela e lhe dá um beijo na testa.


- Se cuida, Freya - diz ele dando alguns passos para trás, mas ainda com seus dedos enganchados nos dela.


- Você também.


Freya, aos poucos, solta a mão dele deixando seu braço cair pela lateral do corpo enquanto vê Dimitri, vagarosamente, virar-lhe as costas e afastar-se sem olhar para trás.



○○○



No outro dia ao alvorecer, a comitiva do Rei já estava pronta para retornar ao Castelo Forte dos Espinhos. Freya e Adrian junto a alguns outros bruxos estavam no pátio para ver a partida de Sua Majestade e seus cavaleiros.


Henrique aproxima-se da filha enquanto sua cavalaria o aguardava montados em seus cavalos atrás dele.


- Ainda vamos nos ver de novo - profetiza ele encarando Freya.


- Eu preferia não ter que te ver nunca mais - cospe ela sustentando o olhar dele.


- Mas você sabe que jamais irá se livrar de mim. - Ele vira-se para Cassius, que estava ao lado de Freya. - Espero que vocês tenham sorte contra o Tribunal sem minha ajuda. - Volta a olhar para a filha. - Tome mais cuidado dessa vez, eu não estarei por perto e nem terei magia a suficiente para te trazer de volta novamente.


- Eu sei me cuidar, estarei mais vigilante dessa vez.


- Tem algo que estava me esquecendo de te contar. Você sabe que está mais poderosa agora apesar de ainda não ter controle sobre sua magia, mas o que você não sabe é que esse pequeno vestígio de magia negra que corre pelas suas veias te possibilita usar esse poder mesmo dentro do Tribunal, já que é a minha magia negra que bloqueia o uso de magia comum. Você tem essa vantagem que os caçadores e nem mesmo os Padres sabem disso, o único que sabia, está morto.


Freya fica surpresa com a informação, mas tenta manter sua expressão neutra.


- Por que não me disse isso antes? - indaga ela com voz dura.


- Porque me lembrei desse detalhe agora - responde ele cinicamente.


Freya revira os olhos indignada e respira profundamente se segurando para não avançar na garganta daquele que era o Rei e, infelizmente, seu pai também.


Henrique fingindo não perceber a reação dela, vira-se para Diana, que estava ao lado de Cassius.


- Espero te ver de novo também.


- Por que?


- Porque tem algo que gostaria de te dizer, mas vou esperar um momento mais adequado para isso.


- Seja lá o que for que você queira me dizer, Henrique, eu prefiro que guarde contigo, pois não pretendo te ver de novo.


- Como preferir - diz ele com voz baixa e inabalável, mas ao encará-la, seus olhos refletem por alguns segundos a mágoa com as palavras da bruxa.


Diana desvia o olhar fingindo não perceber.


Henrique vira-se a caminho de seu vagão, mas depara-se com o Abade Carlo.


- Agradeço mais uma vez pela hospitalidade, Abade.


- Eu sei que não posso negar abrigo a Vossa Majestade, mas, com todo o respeito e diante de todos os acontecimentos, espero que não precise se hospedar mais em minha abadia.


- Eu compreendo.


O Rei, sem mais delongas, sobe em seu vagão, que ruma para a saída do mosteiro, ao qual é acompanhado pelos seus cavaleiros.


Dimitri demora-se alguns segundos fitando Freya em uma despedida silenciosa, até que coloca seu destriero cinzento em movimento seguindo os demais para fora da muralha da abadia.

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