Castelo Forte dos Espinhos
Henrique estava em seu aposento sentado na beirada de sua cama com olhos fixos em um ponto indefinido do cômodo. Desde a morte da Rainha, ele não saíra de seu quarto nem mesmo para as refeições, que eram trazidas pelos servos até o quarto, mas mal tocava no prato que lhe era servido.
Também não conseguia dormir direito e as olheiras já adornavam seus olhos em demonstração de sua insônia, quando adormecia um pouco tinha pesadelos com aquela noite; com Cateline ensanguentada vindo em sua direção reclamar todos os filhos mortos por culpa dele. Nesses momentos, Henrique acordava assustado com a respiração entrecortada e ensopado de suor, que escorria por suas têmporas e costas.
Mais uma noite, ele tivera outro pesadelo com a Rainha, só que dessa vez, além de ela acusá-lo por todos os filhos mortos, também tentara matá-lo apertando sua garganta. Henrique acordara sentindo-se sufocar, com o ar lhe faltando nos pulmões. Não conseguindo conciliar o sono novamente, sentara-se à beira do colchão pensando em uma maneira de acabar com aqueles malditos pesadelos que o aterrorizava quase todas as noites.
Henrique continuava olhando fixamente para a parede, quando a Sombra da Morte aparece como fumaça negra a sua frente. Ele apenas olha para o rosto disforme da entidade materializada.
- Tenho péssimas notícias para você.
- Você só aparece para me dar péssimas notícias - rebate ele friamente voltando a fitar um ponto indefinido do quarto -, ainda estou me recuperando da perda da minha Rainha.
- Você está assim, não porque sente falta da sua Rainha, mas porque sabe que ela morreu por sua culpa.
- Como ousa me dizer isso? - esbraveja o Rei levantando-se de um salto e encarando, furiosamente, a Sombra.
- Você sabe que é verdade. Na tentativa inútil de ludibriar o destino achando que conseguiria trazer seu filho ao mundo vivo usando sua magia, você a matou.
- Eu não queria que ela morresse.
- Por isso se culpa pelo o que fez - diz a Sombra impassível. - Ela teria tido uma vida linda se não fosse por você entrar no caminho dela.
- É para isso que você apareceu? - irrita-se o Rei. - Para me atormentar com suas ladainhas?
- Eu disse que tenho péssimas notícias.
- Então diga logo do que se trata e suma daqui - diz ele se afastando até sua mesa de leitura e enchendo uma taça com vinho.
- Uma pessoa que talvez você se importe mais do que tenha percebido está com os dias contados.
- De quem você está falando? - pergunta ele desinteressado, dando um gole de sua bebida.
- Sua filha - responde a Sombra olhando fundo nos olhos dele.
Henrique engasga com o liquido que desce queimando por sua garganta e, com o impacto da notícia, a taça em sua mão escorrega desabando no chão e derrubando o vinho pelo assoalho de madeira. Ele olha para a bebida se espalhando pelo chão parecendo uma poça de sangue.
- Você está falando de Freya? - pergunta ele olhando fixamente para a Sombra, que ainda o encarava.
- Sim, ela é sua única filha. De quem mais eu estaria falando?
- Como e quando isso vai acontecer? - Ele aproxima-se da Morte.
- Em breve.
- Tem algo que eu possa fazer?
- Talvez, mas eu a sinto cada vez mais perto de mim, vindo ao meu encontro.
- Você não pode levá-la.
CZYTASZ
Caça às Bruxas (CONCLUÍDO)
FantasyEm meados do século XV, na época da Inquisição, a Igreja perseguia os bruxos acusando-os de heresia e condenando-os a morte. É nesse cenário que vive Freya, uma bruxa que quando criança viu sua mãe ser executada na fogueira. Anos depois, ela mesma é...